Era o Bruno quem estava me ligando. Talvez, se eu demorasse um pouco mais, George também acabaria ligando e, então, ficaria furioso comigo por eu ter saído sem avisar.Naquele momento, tudo o que eu queria era cortar completamente os laços com o passado e, depois, viver minha vida em paz e tranquilidade.Por isso, aquele número de telefone precisava ser trocado.Chamei um táxi na calçada e fui até uma loja de telefonia para adquirir um novo chip e cancelar o número antigo.Depois de colocar o novo chip no aparelho, a primeira pessoa para quem liguei foi meu irmão, informando que eu havia trocado de número e pedindo que ele não contasse a ninguém. Meu irmão riu, dizendo que eu estava muito misteriosa, mas não expliquei mais nada para ele.Em seguida, liguei para a Clara.Clara basicamente sabia de tudo o que havia acontecido entre mim e o George.Então, contei de forma simples minha situação e meus pensamentos atuais. Ela concordou plenamente com a minha decisão de me afastar do George.

"Mas se eu der à luz a eles, como vou criá-los? Eu mal consigo cuidar de mim mesma, como vou conseguir cuidar deles? Além disso, já decidi cortar totalmente relações com George. Agora aparecem dois filhos, não seriam mais dois laços que me prendem?"Quanto mais eu pensava nisso, mais perturbada eu ficava. Cobri o rosto com as mãos, sem saber o que fazer.Clara bateu levemente em minhas costas e me consolou:— Valentina, não fique assim. Esses dois filhos são um destino, uma ligação do acaso. Do que você tem medo? Daqui para frente eu sou a madrinha deles. Você traz eles ao mundo e nós duas vamos criar juntas.Olhei para Clara, emocionada.— Mas e se nós criamos bem essas crianças e, de repente, o George descobrir? E se ele vier tirar nossos filhos de nós?— A gente foge. Depois que você tiver os bebês, a gente se manda para bem longe, onde ele nunca vai nos encontrar. — Clara diz isso e, de repente, suspira profundamente. — É tudo por causa da nossa pobreza. Se tivéssemos dinheiro, já

Balanceei a cabeça, sorrindo:— Não precisa, eu só estou grávida, não é nada demais, não preciso que você cuide de mim. Além disso, hoteis são tão caros, eu tenho onde ficar.— Como assim? Quando você me disse que mora num conjunto habitacional de baixa renda, imaginei que o lugar não fosse dos melhores. Não dá, você precisa se mudar. Se hoteis são caros, vou alugar um apartamento para você aqui perto.— Não precisa mesmo! — Abracei Clara, emocionada, e disse. — Agora a gente precisa economizar, é melhor poupar. O lugar onde moro é realmente muito bom, as pessoas ao redor são calorosas, você não precisa se preocupar.Clara suspirou de novo:— Pena que agora eu sou só uma figurantezinha. Quando será que vou conseguir ser uma grande estrela, protagonista de novela? Quando essa hora chegar, eu vou ter dinheiro, e aí posso até te comprar uma mansão enorme.— Você vai conseguir. — Olhei para ela com firmeza. — Você com certeza vai ser uma grande estrela.Na verdade, Clara sempre teve muito

— Nos proxímos dias, é melhor não nos comunicarmos. Desde que ele não consiga nenhuma pista sobre mim a partir de você, não vai desconfiar de nada do seu lado.Clara me olhou, visivelmente preocupada.Dei um tapinha em seu ombro e sorri:— Não se preocupe, no máximo eu fico esse tempo todo escondida no apartamento alugado, sem sair.Clara apertou os lábios e respondeu:— Tudo bem, mas caso aconteça qualquer coisa, me ligue imediatamente.— Você também. Se o George mandar alguém causar problemas com você, precisa me avisar na mesma hora.Eu temia, naquele momento, que George pudesse prejudicar as pessoas ao meu redor para forçar meu aparecimento.Esperava sinceramente que ele ainda não tivesse enlouquecido a esse ponto.Clara só foi embora depois de me ver entrar no carro.Não demorou muito depois que entrei no carro para que meu irmão me ligasse.Ele perguntou, aflito:— Valentina, o que está acontecendo entre você e o George? Por que ele está te procurando desse jeito?Fiquei um pouco

Michel, com o rosto radiante de empolgação, disse à mãe dele:— Eu falei que, vendo de longe, realmente parecia a Srta. Valentina, mas a senhora continuou dizendo que não era.Lilian, a mãe dele, respondeu sorrindo largo:— Sim, sim, é verdade! Você é quem realmente presta atenção, enxerga a Srta. Valentina de primeira.Sorri, um pouco constrangida, agradeci pela comida que me deram nos últimos dias e perguntei por que não estavam trabalhando naquele dia.Michel respondeu:— Hoje é nosso dia de folga. — Ele faz uma breve pausa, olhou para o anúncio de vagas afixado na parada de ônibus e me perguntou. — Srta. Valentina, está procurando emprego?Eu assenti com a cabeça.Michel bateu na própria coxa e disse:— Poxa, se está procurando emprego, deveria ter me contado antes! Lá na nossa obra precisamos urgentemente de um assistente de documentação.— Assistente de documentação?Eu realmente não entendia muito bem, ainda mais se tratando de documentação em uma obra, área na qual eu era compl