Anna Narrando.Todos os dias têm sido iguais, chatos e cheios de saudades. As crianças estão começando a sentir muita falta do Viktor. Acho que agora estão percebendo que o papai não está mais aqui… O Dudu vive chamando pelo papai pelos cantos, e a Julieta, toda vez que vê uma foto, abraça e diz que está com muita saudade.Acho que a pior coisa é ter que lidar com as perguntas e ter que explicar sempre a mesma coisa em relação a ele, sempre dizendo que ele não vai voltar e que está descansando em um lugar muito melhor.Mas, para falar a verdade, ainda não estou convicta de que isso realmente aconteceu, ainda mais depois que vi a lápide trincada. Era como se alguém tivesse forçado para retirar algo de lá, ou alguém… E todas as vezes que penso nisso, meu coração dispara e me faz perceber que posso estar completamente errada quanto a isso, ou posso estar 100% certa.A questão é que ninguém nunca me dá ouvidos. Estou ficando de saco cheio disso. Eu insisto, insisto, e sempre quebro a cara

Viktor narrando.A saudade da minha família está me destruindo dia após dia, todas as vezes que pego o tablet e vejo a Anna da mesma forma, as crianças correndo pela casa, e a angústia que ela sente toda vez que vê minha foto. Eu não tinha ideia de que seria tão difícil ficar longe deles, mas sei o quanto foi necessário para mantê-los a salvo.Tudo o que eu quero agora é que isso acabe logo, e eu possa finalmente voltar para os braços do meu amor e aproveitar o crescimento dos meus filhos.Eu tenho medo de que a Anna comece a superar tudo isso e queira seguir com a vida dela. Corro o risco de, daqui a algum tempo, fazer parte apenas do passado dela, mas sei que, se isso acontecer, a culpa será minha. Estou tentando o melhor para nós, preferindo mantê-la distante e protegida, então só eu posso conviver com minhas escolhas.Por mais que saiba como eles estão, vendo pelas câmeras e sempre falando com o Nathan, parece que nunca é suficiente. Eu preciso ouvir a voz dela, abraçá-la, e mais

Viktor narrandoEu entrei em um conflito terrível. Ter a minha mulher tão perto de mim e, ao mesmo tempo, tão longe não me deixaria em paz. Eu precisava ficar com ela, nem que fosse por uma noite, e tentar explicar o motivo de tudo o que planejei. Tudo o que eu queria era que ela me entendesse e não me culpasse pela minha atitude, já que foi completamente pensado nela e nos nossos filhos que fiz isso.Com meus pensamentos a mil, fui até o quarto que a senhora simpática me indicou e entrei. Foi até fácil, parece que o cartão magnético destrava qualquer porta, uma falha terrível deles, mas nesse momento eu não me importei. O que eu queria era encontrá-la o mais rápido possível.Eu não pensei nas consequências que esse reencontro poderia trazer. Talvez, ela perto de mim e longe das crianças seja o ideal. Assim, eu me preocupo em proteger apenas a Anna, enquanto as crianças estão a salvo.Eu sei que pode parecer que não valeu de nada tudo o que aconteceu, o meu desaparecimento, mas agora

Anna narrando:Eu estava deitada na cama, enrolada apenas com o lençol. Meu corpo estava completamente extasiado com tudo o que estava acontecendo. Era um misto de sentimentos que confundiria a mente de qualquer pessoa normal, mas graças a Deus eu não sou. No começo de toda a nossa história, eu não entendia por que tinha que me casar com esse homem por conta de um contrato. Não fazia sentido para mim. Mas hoje, depois de tudo que passamos, ao olhar para esse homem maravilhoso, eu entendo. Não havia outro caminho, era para acontecer, era o nosso destino, mesmo que tenha sido escolhido por terceiros.Viktor estava em frente ao espelho, arrumando um colete à prova de balas, que ficava quase imperceptível quando ele vestia a camisa. De vez em quando, ele me olhava pelo espelho, sorrindo, como se fosse a primeira vez, o primeiro sorriso, o primeiro romance que tivemos.Antes, eu queria que fosse apenas um jogo. Queria dar o troco, seduzir Viktor e depois de um ano simplesmente cair fora, c

ANNA NARRANDO.1 MÊS E MEIO DEPOIS.A família estava reunida, todos na nossa casa para comemorar o aniversário do Viktor. Combinamos que seria algo simples, apenas uma reunião de família, sentados e jogando conversa fora, do jeito que ele gostava.— Será que ele vai gostar? — perguntei ansiosa para Nathaly.— Você tem dúvidas? — Ela sorriu enquanto preparava o laço.— Não sei… é tão cedo… tenho medo de dar tudo errado. — Abaixei a cabeça, sentindo a insegurança.— Nada vai dar errado. Não tem perigo aqui, você acabou com todos eles, não se lembra? — Ela me lembrou, e eu sorri ao recordar a coragem que tive para salvar a minha família.— Tem razão… vamos lá — falei, me levantando.Nós saímos do quarto e descemos as escadas. As risadas eram contagiantes, as crianças corriam pela sala. Viktor estava sentado na poltrona, observando o quanto as crianças se divertiam. Quando ele levantou o olhar e me viu descendo, estendeu a mão para mim. Eu a peguei, sentei no seu colo e entreguei uma pequ