Ace…Bella viajara para a Itália e, de alguma forma, meu apartamento parecia desolado sem ela. Dissera que precisava tratar de certos assuntos. Eu permanecia em meu escritório, refletindo sobre a mulher com quem me casara. Havia algo estranhamente familiar nela, mas eu simplesmente não conseguia identificar o quê.— Chefe, nós o pegamos. — Richard irrompeu no recinto.Lanceilhe um olhar enviesado e sorri de canto. — Ótimo. Eu mesmo vou cuidar desse desgraçado. Pegou o outro?Richard assentiu. — Sim, senhor.Perfeito. Ninguém mexia comigo esperando sair impune. Eles pagariam com a própria vida.Desci até o porão — um lugar escuro, gelado e à prova de som —, cenário perfeito para torturar alguém sem interrupções. Ao chegar, encontrei alguns dos meus seguranças de prontidão.Tirei o paletó e o entreguei a Richard enquanto arregaçava as mangas. Eu apreciava o espetáculo. Arrastei uma cadeira, senteime e acendi um cigarro. Aquele filho da puta devia imaginar que eu seria bonzinho.Observe

Bella…Francisco franziu as sobrancelhas enquanto me encarava. Eu sabia que ardia de curiosidade para descobrir quem era Ace para mim, ainda mais depois de ter invadido o camarote privado. Cerrei os lábios e meneei a cabeça.— Este é meu marido, Ace King. — Informei Francisco, e só pronunciar o nome dele já me fazia estremecer. Não de um jeito ruim.Olhei de Ace para Francisco. O sorriso de Francisco esvaneceu quando lançou o olhar de um para o outro.— Você e ele? — A pergunta soou azeda; ficou furioso ao conhecer meu marido. Eu sabia que nutria sentimentos por mim, mas ele nunca foi meu tipo; enxergavao apenas como amigo, nada além disso.Encareio. Conseguia ser irritante e presunçoso. As roupas pareciam saídas do século quinze. Era careca, e a barba parecia ter sido surrupiada do Papai Noel.Dei um gole no uísque e me voltei para Ace.— Como soube que eu estava aqui? — Indaguei, enquanto via Francisco levantarse.— Vou buscar mais bebidas. — Ele se afastou.Ace me observou em silênc

— E você? — Ela tomou um gole da bebida e pousou o copo sobre a mesa.— Um amigo. — Assenti, fingindo descompromisso. Precisava descobrir tudo sobre aquele sujeito. Meu dever era proteger Bella. Raffael não prestava; divertiase torturando mulheres. Jamais o deixaria chegar perto da minha esposa.Raffael voltou trazendo champanhe e largou a bandeja sobre a mesa.— Vamos celebrar o casamento de vocês. — Ergueu uma taça num meiosorriso. Nem eu nem Bella nos mexemos. A contrariedade cintilou no olhar dele, embora mantivesse a pose.— Estou organizando um baile e acho que vocês dois deveriam comparecer. — Anunciou, depois de minutos sendo ignorado. Lanceilhe um olhar fulminante. Nem morto eu apareceria. Volteime para Bella, mas ela sequer o encarava; estudava o próprio copo de licor com muito mais interesse.Jamais frequentávamos as festas dele — aqueles salões fervilhavam de gente da mesma laia. Curioso marcar o primeiro evento em dois anos justo agora. Cruzei o olhar com Richard e assenti

Ace…— O que você tem para mim? — Perguntei a Richard enquanto nos afastávamos.— Descobri que Raffael está associado ao chefão do tráfico russo, Igor Volkov. Ele mantém uma boate não muito longe daqui. Raffael lhe entrega as garotas e, em troca, Igor fornece drogas.Interessante. Eu já conhecia Igor Volkov; estava na hora de fazer-lhe uma visita.Uma hora depois, chegamos à boate. Richard e Daniel me acompanharam até o interior do local. Alguns homens e mulheres nos fitaram enquanto avançávamos; reconheci alguns rostos — todos canalhas que não mereciam respirar, porra.Olhei em volta e notei várias mulheres se exibindo quase nuas no palco, sob os olhares de homens que fumavam e bebiam. Percebi que a maioria das garotas era visivelmente menor de idade; algumas tremiam só de pensar em oferecer uma dança no colo.Senti vontade de arrancar o braço de um sujeito quando ele esbofeteou uma menina por ter desobedecido. Eu sabia que ela apanharia depois, principalmente se aquele babaca descobr

Bella…Depois de uma semana de cama, finalmente me sentia melhor. Descobriu-se que eu fora envenenada, mas restava a pergunta: quem, diabos, teria feito isso? O exame de sangue ficou pronto poucas horas depois de o médico me visitar — organofosfatos fluíam nas minhas veias. Tive de tomar remédios e permanecer no soro para neutralizar o veneno. Encontraria o desgraçado que tentou me matar e ele pagaria com a própria vida.Ace permanecera ao meu lado nos últimos três dias, certificando-se de que tudo corria bem. Foi gentil ele se preocupar comigo; só se afastava quando algum negócio exigia atenção. Ryder e o resto assumiram a máfia durante todo esse tempo, inclusive a burocracia — eu sabia o quanto Ryder detestava aquela merda.Soltei um grunhido ao sair da cama e caminhei até o guarda-roupa. Precisava voltar ao trabalho; havia uma porrada de coisas por fazer. Separei algumas roupas, peguei uma toalha e fui para o banheiro. Sob a água quente, não consegui evitar pensar em Ace. Ele soltar