NARRAÇÃO DE IRINA...Nunca pensei que viveria para sentir aquela dor. Dizem que ver um filho entre a vida e a morte, é de longe a pior dor que uma mãe pode sentir. Graças a Deus, eu não vivi isso e rezo para que continue assim. A dor agora é diferente, estou vendo o homem da minha vida, entre a vida e a morte...sinto uma dor, aquela malditä dor que nunca havia sentido. Era como se houvesse um buraco negrö aberto, debaixo dos meus pés, e eu simplesmente caí. Mesmo depois de permitirem minha entrada na sala de cirurgia por apenas trinta segundos, não me senti melhor, principalmente porque o olhar daquele segurança que permitiu minha entrada, carregava o luto, como se entendesse que aquilo era uma despedida. Mas não era... Não, não mesmo! Pedi para entrar por um único motivo, precisava falar em seu ouvido que o esperava. Por quê? Eu não seria forte o suficiente para deixá-lo partir, não teria forças para me despedir do homem que tanto amei, do homem que me ensinou tantas coisas boas

NARRAÇÃO DE ALEXANDER...Ofereci o pedaço da broa que havia abocanhado, mas ela negou com a cabeça, sem tirar os olhos do meu pai. Seu peitoral estava com aquele curativo branco, marcando onde havia sido o corte. - Tio Gabriel falou que ele vai sair dessa já já... - Eu tenho certeza disso. - Minha mãe respondeu acariciando os cabelos dele.- Quando você disse que havia pedido o divórcio, sabia que não era sério, sabia que isso não iria se concretizar. Sabe por quê? Vocês se amam... - Minha mãe, finalmente, se virou para mim e deu um breve suspiro antes de falar.- Sabe o que me fez pedir o divórcio? Descobrir que você foi agredido diversas vezes. Meu amor por seu pai é imensurável, não é a toa que sofri e ainda sofro, mas não posso fechar meus olhos, fingir que nada aconteceu, sabendo que ele machucou você. Quando ele se mostrou o homem que conheci anos atrás, disposto a ajudar e te proteger, eu não pensei duas vezes, o que mais desejo é que nossa família seja feliz. Quero que você

NARRAÇÃO DE KLAUS...Morrer protegendo minha família, seria a melhor forma de partir. Pelo menos era isso que coloquei em meus pensamentos e coração. Não havia motivos para tentar me aproximar, todos me odeiam. Gabriel, o amigo que tanto venerei, me afastei com o tempo. Estava tão deslumbrado e encantado com a falsa amizade do Leon, quando me dei conta. Eu já não era mais eu. É possível usar essa palavra? Fui fraco, como um animal que é mordido por uma dragão-de-komodo, morde, joga o veneno, vai rondando, se aproximando até ter certeza que o animal esteja fraco para atacar. Mesmo que o animal fraco seja muito grande, e foi isso que aconteceu. Me senti como um animal, fui persuadido à todo momento. À ponto de seguir todos os conselhos dele, admirado com sua inteligência. Mas também era possessivo, questionei uma vez sobre esse casamento forçado. Pois sabia que Alexander, não respeitava nenhuma mulher. Ele bateu com a mão na mesa esbravejando. Dizendo para olhar o que é bom para os neg

NARRAÇÃO DE ALEXANDER...Meu coração incendiou!! Estou todo arrepiado! Meu rosto parece ter formigas andando por dentro da pele, meus dedos suam. Estou tão ansioso, que sinto vontade de fumar! Mas não posso, o Doutor Mair não permitirá minha entrada no hospital fumando. Ele já me expulsou uma vez, mas era porque estava tarde, minha mãe dormia no sofá cama, e fiquei ali olhando meu pai desacordado. Simplesmente acendi um cigarro, esquecendo que estava no quarto do hospital. Minha mãe dormia profundamente, nem notou a fumaça. Já o médico entrou no quarto em surto! Sussurrando lutando para não gritar. Pela primeira vez o doutor Mair falou seu primeiro palavrão "Carälho" nunca vou me esquecer da sua voz falando esse nome. Porque ele é religioso e nunca xinga. Pois é, naquele dia fui expulso sem dó. Enxotado do hospital com ajuda dos capangas, pelo menos voltei para o meu quarto e fiz amor com Lilly. Então, agora ciente que não posso fumar dentro do quarto. Vou deixar a carteira de cigarr

NARRAÇÃO DE JHONNY...TIC TAC... TIC TAC... O relógio daquele maldito quarto ferrava com minha cabeça, mais do que já estava. Não conseguia fazer o básico que é abrir a boca e falar a porrä de uma frase. Quebraram minha mandíbula! Sentimentos intensos me dominaram depois que despertei, o olhar da menina Maxine para mim enquanto me batiam era carregado de tristeza, de culpa. Naquele momento tive a certeza de que Maxine era uma menina que nunca recebeu amor, ela tremia e chorava como uma garota assustada ao ser obrigada a assistir minha tortura. Ela só queria que parassem, não demonstrava prazer algum em me ver ser machucado covardemente. Eu tenho muitos anos de experiência na área da tortura, sei quando o inimigo é inimigo, não existe meio termo. Não existe essa de desejar a morte de um inimigo e logo em seguida desejar salvá-lo. Maxine não era uma inimiga, nunca teve escolhas. Foi criada para ser subordinada, caso contrário era maltratada. Gabriel acha um exagero eu me preocupar