Depois que saíram do restaurante, passaram em uma praça, queriam que Fiorella visse a paisagem natural, que era muito bonita. Muitas pessoas ainda circulavam naquele horário: alguns faziam caminhada, outros namoravam, mexiam no celular, mas não havia barulho. Tudo estava muito tranquilo.Sentaram-se em um banco, enquanto Fiorella corria sem sair de perto deles. Eles sorriram. Quando a menina se cansou, estendeu os braços para o pai e adormeceu.Fiorella amava a mãe, mas tinha uma conexão surreal com Dante. Parecia que ela entendia que o pai precisava dela para estar sempre no controle, que ele precisava entender que maior que os transtornos que a síndrome poderia trazer, era o amor deles dois.Flor não sentia ciúmes, via o amor e cuidado que Dante tinha com a filha.Mesmo Flor não sonhando em encontrar o amor de sua vida, porque achava o amor distante de sua realidade e quase que intocável por conta do sofrimento da sua mãe, ela chegou a pensar que, em algum momento, encontraria algué

Cinco anos depois...Me chamo Dante , tenho síndrome de Asperger. Por muitos anos, minha síndrome me fez acreditar que muitas coisas na vida não eram para mim, como, por exemplo, o amor.A vida inteira, coisas que para muitos pareciam ser simples, para mim eram um terror. Na infância, os gritos no parquinho, a sirene da escola, os toques de pessoas que não eram próximas sempre pareciam facas cortantes.Na adolescência e também na vida adulta, o que para jovens e homens era diversão, minha síndrome me mantinha afastado. Especialmente shows, ambientes barulhentos e com muitas pessoas. E mulheres? Ah, as mulheres... Coisas simples me incomodavam de uma forma que eu não conseguia explicar: o barulho dos saltos, a falação exagerada e, principalmente, o perfume delas, que sempre foi um pesadelo.Sempre fui reservado e calado. Até que um dia, tudo, absolutamente tudo, mudou na minha vida. Desde que meus olhos cruzaram os olhos mais lindos que já vi, Flor Antunes, a mulher de cabelos bagunçad