Até ser conduzida para fora da sala de operações após o término da cirurgia de curetagem, Larissa Couto ainda não tinha conseguido se recuperar do turbilhão de emoções ao engravidar inesperadamente e, em seguida, sofrer um aborto inesperado.- Larissa do quarto 1703, algum parente seu está aqui? - Perguntou a enfermeira, a conduzindo até o quarto, prestes a fazer o registro de internação. Larissa, olhando o teto branco, desolada, com o olhar perdido, não ouviu as palavras da enfermeira.- Larissa, seus familiares estão aqui? - Repetiu a enfermeira.Outra enfermeira, ocupada ajustando o frasco de soro, avistou as duas e se virou com pressa.- Deixe comigo, eu preencho. Quando a ambulância a trouxe, ela me entregou a identidade e o cartão bancário, pedindo para registrar e cobrar diretamente, ela não... - Disse a outra enfermeira.- Não tenho familiares. - Interrompeu Larissa, respondendo tardiamente.O cheiro de desinfetante invadiu suas narinas enquanto ela se encolhia, a perda do beb

Eles entraram no banheiro, o chuveiro já estava ligado, se assemelhando a uma chuva.Quando Walter a pressionou, Larissa se engasgou sem querer. Ela se lembrou do encontro deles que havia acontecido três anos atrás.Também era um dia chuvoso.A família dela administrava uma pequena mercearia, não abastada, mas confortável para uma família de cinco pessoas.Contudo, quem poderia prever que o pai dela seria vítima de uma armadilha, acumulando uma dívida colossal de cinco milhões?Eles venderam a mercearia, a casa e tudo o que podiam, mas ainda faltavam três milhões.Sem alternativas, quando o instigador da armadilha estava prestes a os alcançar, pediram a Larissa para quitar a dívida.Então, os pais dela consentiram.Numa noite chuvosa, ela fugiu apressadamente. O som das motocicletas atrás dela parecia feras brincando com sua presa. Assustada, perdeu os sapatos, seu cabelo se desfez e à sua frente, havia apenas uma escuridão interminável, sem vislumbre de luz.Então, ela tropeçou e ao c

Larissa ainda voltou para o apartamento alugado e arrumou suas malas.- Lari, você voltou! Se não voltasse hoje, eu iria procurar em todos os hospitais amanhã até te encontrar! - Exclamou Viviane. - Sim, está tudo bem agora. - Disse Larissa.A colega de quarto de Larissa, Viviane, também foi sua colega de universidade, elas moraram juntas por seis ou sete anos e sempre tiveram um relacionamento próximo.Durante os dias no hospital, Viviane foi a única que realmente se importou, mas Larissa não contou toda a verdade, apenas disse que estava doente e evitou visitas.Viviane trocou seus sapatos por pantufas e entrou no quarto, encontrando Larissa no chão dobrando roupas.- Outra viagem a trabalho? Você mal se recuperou e já vai viajar. Será que seu corpo aguenta? Aquele cafajeste Walter, porque ele tem que te atormentar tanto! - Disse Viviane.Viviane sabia sobre a relação entre Larissa e Walter e nunca gostou dele.Larissa, sem saber quanto tempo ficaria fora, decidiu ser honesta.- Fui

A porta da sala de reuniões ficou trancada por quase uma hora. Após, Larissa usou várias folhas de papel higiênico umedecidas com álcool para limpar a mesa da reunião.Ao terminar, ela se virou e viu que Walter já havia retomado sua postura habitual, impecável como sempre. Somente olhando de perto, era possível notar algumas rugas na camisa, indicando que ele não conseguia conter suas emoções.Larissa pegou a gravata e foi até ele, ajudando ele a amarrar.Walter estava acostumado com seus cuidados, inclinando o queixo para cima, revelando a proeminente maçã de Adão. Larissa guiou os dedos, ajustando a gravata.- Quero voltar para a sede. - Disse Larissa. Os olhos de Walter se estreitaram.- Eu disse desde o início, não é necessário voltar à matriz antes de concluir o projeto. Agora que o projeto está concluído, se deseja voltar, ninguém a impedirá.- Respondeu Walter, ao ver a expressão submissa de Larissa. Assim, com a conclusão da inspeção de Walter, Larissa se juntou à equipe para

Larissa soltou um suspiro profundo e foi até a farmácia do outro lado da rua comprar os remédios de Bianca.Enquanto estava na fila para pagar, recebeu uma ligação da mãe de Walter.- Lari, como tem passado ultimamente? Por que não aparece para nos visitar em casa? - Perguntou a senhora do outro lado da linha.- Sra. Pires, estou bem. Estive ocupada no trabalho recentemente, mas agora que as coisas estão mais calmas, vou visitar você e o Sr. Carlos no final de semana. - Respondeu Larissa, sorrindo.- Se está mais calma agora, não precisa esperar pelo final de semana. Venha jantar em casa com Walter esta noite. Eu mesma vou cozinhar alguns pratos que vocês gostam. - Disse a Sra. Pires.- Certo, vou falar com Sr. Walter. - Respondeu Larissa.- Não fique sempre chamando ele de Sr. Walter, é muito formal. Vocês estão juntos há tantos anos, meses atrás estávamos falando sobre o casamento de vocês. - Reclamou a Sra. Pires.Larissa quase escorregou ao ouvir isso, quase tropeçando nos degraus