ENRICO AOS POUCOS FOI RETOMANDO sua vida social, mesmo às escondidas. Deixou seu cabelo crescer, usava sempre uma jaqueta de couro preta, deixou a barba crescer e usava calças rasgadas, um verdadeiro punk dos anos 80.Dois anos já tinham se passado desde a morte de Gwen e nada de mal tinha acontecido com ele, muito pelo contrário, Enrico estava comendo do bom e do melhor, transava com uma mulher que fazia amor feito uma atriz pornográfica, sua bela vida de mordomias tinha voltado ainda melhor.Ele decidiu confiar em Alicia, ela disse que o sustentaria.Porque não? – Pensou ele.Afinal de contas, tinha sido sustentado por Gwen por tantos anos, dificilmente se acostumaria à vida de labuta novamente. Enrico tinha comido Caviar demais para querer voltar a comer frango a passarinho nas ofertas de cada esquina dos subúrbios nova-iorquinos.    Enrico estav

 ALICIA ESTAVA SENTINDO O CHEIRO DA MISÉRIA novamente. Lembrou-se de como sua vida tinha sido antes de a adotarem. Sua mãe morreu quando ela era muito nova para lembrar-se e fora abandonada pelo pai em um orfanato – depois de uma temporada com os avós –, por sorte, ela foi adotada por uma família muito rica, tão rica em dinheiro quanto em sentimentos. Mas Alicia acabou descobrindo que deveria ser amaldiçoada, já que, quando completou dezessete anos de idade, seus pais adotivos foram cruelmente assassinados em sua casa. Nesse dia, Alicia estava em um acampamento, e a notícia veio como uma bomba em seu coração, afinal, pela primeira vez na vida estava se sentindo um ser humano de verdade, repleta de sonhos, enxergando um futuro maravilhoso.Ela não ficou com muito dinheiro, pois seus pais adotivos não tinham colocado seu nome no testamento e seus irmã

AQUILO FOI QUE NEM UMA BOMBA para Gianfrancesco Rossi, enfim ele estava cara-a-cara com o seu fantasma de todos esses anos.— Filha... eu...— Nunca me chame de filha... está entendendo, seu velho inútil? Aceitei você aqui para saber se tinha se arrependido de ter me largado em um orfanato, por ser o padre mais salafrário que existe nos Estados Unidos... mas não, sempre foi e sempre será um egoísta medroso que adora ficar esperando as pessoas fazerem seu serviço sujo. Por muitos anos eu tinha esquecido a sua cara feia, queria que tivesse ficado assim, mas agora....Padre Rossi sabia que tudo que sua filha estava dizendo era a mais pura verdade, ele era uma fraude, era um velho preguiçoso que estava acostumado a ter todo mundo fazendo suas coisas, ele nunca tinha tomado vergonha na cara e limpado um banco de igreja sequer, tudo era feito pelas bondosas senhoras que iam fielmente em

ENRICO ESCAPOU PULANDO DENTRO DE UM BUEIRO aberto que estava com placas ao redor indicando que tinha homens trabalhando ali.Ele se escondeu em um buraco, sentou-se e começou a chorar desesperadamente.Não sei se Deus existe, mas... se existe, dá uma força, vai...Sem que desse conta, Enrico sentia falta de sua esposa Gwen, ele não sabia como consertar as coisas, talvez fosse tarde demais para ele, mas agora que o mundo todo estava nas suas costas, era mais fácil de admitir seus erros estúpidos.Enrico se lembrou de todos os bons momentos que viveu ao lado de Gwen, todas as viagens, todos os carinhos diários que ela fazia. Enrico não sabia de onde tinha tirado essa história de gostar de Alicia...Foi tudo uma grande ilusão... Ela sempre foi grosseira com ele, estava sempre de mau humor, descontava nele todas as suas preocupações

 AOS POUCOS A VISÃO FOI novamente tomando forma, mas não sabia muito bem onde estava.— Que bom que acordou – disse uma voz que ele conhecia muito bem, mas a visão era completamente o contrário.— Gwen?Ela estava simplesmente linda, a garota mais linda que já tinha visto na vida.Ele tocou seu rosto e disse: — Por acaso morri e estou no paraíso? — Alguns paraísos vivemos enquanto estamos vivos, esse é um deles.  Ele a abraçou, foi nesse momento que um garotinho veio até eles e os abraçou.— Esse é meu papá, mamá?Ela sorriu para ele e disse: — É sim, meu amor. Enrico se ajoelhou e abraçou o garoto. — Simplesmente, não entendo. — Um dia entenderá, querido, o impo