Esse sou eu de verdade

Eu não sei o que ele disse, mas o Théo resmungou um pouco e foi embora. Eu esperei calmamente com minhas coisas perto da porta, quando ele voltou eu fiz parecer que eu estava caminhando e prestes a abrir a porta da saída.

- Onde você vai? – ele me perguntou de uma forma bem normal, sem aquela cara séria ou a cara de besta que ele geralmente faz.

- O Senhor já me ajudou, agora eu tenho que ir... Daqui a pouco fica muito tarde para ir embora sozinha. – eu falei sorrindo um pouco, como se eu estivesse realmente agradecida e aliviada, não que eu realmente não esteja, mas eu precisava deixar isso um pouco mais aparente na minha cara normalmente séria.

- Eu vou te levar em casa, espere eu pegar minhas coisas e vamos até o meu carro – ele deu as costas, ainda pensativo e distante e foi embora andando pelos corredores. E como eu não sou do tipo que espera eu resolvi segui-lo, eu sei que esse unicórnio é do tipo que fala alto, mas eu não imaginei que ele xingasse alto também, credo. Será que o Théo falou alguma coisa que irritou ele? Ou o simples fato dele ter que me ajudar, por ser meu professor, ainda mais quando eu falei aquele monte de coisas para ele antes está afetando seu ego ou algo assim?

E ele tá pensando muito em algo que provavelmente é relacionado comigo.

Eu deixei ele entrar na sala dos professores antes de eu grudar meu ouvido na porta.

-... Eu quebrei a minha promessa...

Eu ouvi o barulho de passos e corri um pouco antes de me virar e andar calmamente na direção da porta dos professores, como eu imaginei, ainda estava um pouco longe quando ele apareceu na porta

- Eu não disse para você me esperar lá fora? - ele falou de novo usando um tom mais normal do que ele geralmente usa dentro do colégio, faz ele parecer menos um unicórnio irritante.

- Eu não quis ficar sozinha... Está escuro – foi uma desculpa idiota mais, qual é eu sou uma menina, ele com certeza vai acreditar nisso.

- ... Vamos – ele só... Ele riu? Ele seriamente está rindo da minha cara? Seu... Se eu não precisasse da carona eu ia enfiar um soco na tua fuça.

A caminhada foi calma e silenciosa, eu estava com minha carranca, e ele está segurando a minha mão... Quem ele pensa que é para fazer isso?

- Onde você está morando agora? – ele me perguntou assim que entramos no estacionamento, aqui não é escuro como o estacionamento para os alunos/pais, agradeço a Deus por isso. 

- Perto da Starbucks do Hradcanske Namesti, mas indo para o Sul. – eu não dei o endereço do Kris, por que, cara se meu professor descobre que eu to morando com um cara mais velho que eu conheci a menos de um mês, e que tem cara de traficante de drogas, com certeza eu vou acabar obrigada a voltar para a casa do Théo.

A conversa morreu o caminho todo de carro, ele estava concentrado dirigindo, e... Me mate agora, eu não consigo desviar os olhos dele, eu sei que eu odeio o jeito dele de idiota, mas eu não tenho como negar que ele é muito bonito, primeiro que ele não parece ter essa idade, se alguém me dissesse que ele tem 18 anos eu acreditava, por que esse professor é tão lindo? Eu me recuso a virar mais uma daquelas meninas do colégio que seguem ele como patinhos.

 Ele não fazia meu tipo de jeito nenhum, mas agora sem aquele sorriso idiota e sem esse terno estranho que ele usa ele ta tão... Sensual?  Sério meu senhor, por que? Eu só posso estar na seca por que para achar ele sexy!? Eu tenho que estar muito necessitada e....

- Esses machucados que você tinha a uns dias atrás... Ele que fez em você? – ele me perguntou de repente quebrando o silêncio e meus pensamentos nada puros. Eu não acho que ele esteja falando do meu rosto, porque na verdade ele era o que dava menos de ver com toda a maquiagem que eu estava usando, ele deve estar falando dos curativos exagerados do Kris.

- Não exatamente, professor me desculpe por... – sério isso tá difícil de sair da garganta, ninguém faz ideia do quão difícil é me desculpar com ele. 

- Por ter me enganado para que eu expulsasse seu irmão? – ele levantou uma sobrancelha, já me olhando com o canto do olho, será que ele está com muita raiva?

- Não não... Isso também, mas sério ele... Nós brigamos, ele me deu um tapa... Tudo bem que eu devolvi um soco, mas, e eu saí para a casa de um amigo... Ele é só meu amigo, e o meu irmão começou a me chamar de promíscua, bem não só isso mas na verdade um monte de nomes horríveis e me deixou trancada em casa, eu... Eu fugi pela janela e cai do segundo andar – ele me olhou ainda desconfiado – eu juro que é verdade, eu não quero voltar para a casa dele, não por enquanto, eu posso estar com muita raiva, mais o Théo sempre cuidou de mim, eu não vou deixar meu irmão para sempre eu só quero que ele pare de agir como... Como isso, ele deveria ser um bom irmão... O irmão que ele era antes.

- Então você quer um tempo disso tudo? – ele simplificou o que eu disse e eu apenas confirmei, eu não sei, falar sobre minha relação com o Théo é complicado, me deixa mal, realmente mal. Fora que é estranho falar com ele, caramba é o meu professor.

A conversa morreu e quando chegamos na frente do Starbucks e ele estacionou o carro eu... Eu realmente preciso agradecer ao que ele fez por mim mesmo quando eu o tratei tão mal e o deixei com tanta raiva antes... Eu lembro do que eu pensei a respeito disso e talvez, só talvez, ele não seja tão ruim quanto eu acho que é.

- Luciel, obrigado. Depois das coisas que eu te disse antes, eu quero que me desculpe por isso, eu só pensei que você era um tipo de pessoa, e você está mostrando que não é um pervertido abusador de menores... Só um idiota mesmo, oh, eu quero dizer que eu e apenas eu... Eu fui idiota e te julguei errado, me desculpe – antes que eu pudesse filtrar minha língua, apenas escapou eu não consigo... Sei lá quando eu estou sendo verdadeira demais saem coisas aleatórias no meio e... Droga eu estraguei tudo... E era um pedido de desculpas...

- Pervertido abusador? Idiota? – Ele me olhou incrédulo.

- É o que as pessoas dizem, que você era um cara que se aproveitava das alunas e...- ele está rindo? Não gargalhando é a resposta correta.

- Que merda... Como eu poderia dar em cima de alunas? Eu não tenho interesse nelas, é chato como esperam que um dia eu vá e queira alguma coisa com elas, é chato quando ficam em cima de mim tentando roubar a minha atenção ou me bajular... – Luciel? - É chato quando tentam chamar meu nome de uma maneira infantil e ridícula, é chato quando tentam me seduzir e eu tenho que segurar a minha vontade de rir... – Ele sorriu um pouco balançando a cabeça quase em sei lá zombando? Eu não sei, eu só acho que ele tá rindo por lembrar das garotas idiotas lá do colégio - Às vezes tenho que sorrir quando eu quero ficar quieto... E tenho que esconder o que eu sinto... Principalmente minha raiva e desinteresse… Eu me formei cedo na faculdade e com as melhores notas, por que eu deveria trabalhar ensinando essas garotinhas que não tem o menor interesse em medicina e apenas entram nesse curso complementar por causa da minha aparência?– Por que você está me olhando assim... Por que você está me olhando dessa forma tão verdadeira, com seus olhos cheios de emoção... Por que você está falando tudo isso para mim dessa forma como se... Como se eu fosse muito importante. Como se a minha opinião sobre você fosse uma coisa vital?

- Eu vim para esse lugar por uma razão, por causa de uma pessoa, e é desesperador não poder ser quem eu sou de verdade e conquistar a única pessoa na minha mente... Isso é ser idiota? Isso é ser falso? Então me desculpe Olívia por estar lhe irritando tanto – eu lembrei do que eu disse a alguns dias atrás, é verdade ele ainda está com raiva

- Eu... Eu falei coisas erradas sobre você... Você é tão diferente de mim que às vezes eu sinto raiva, eu não gosto nenhum pouco de fingimento Luciel... Eu não gosto de pessoas covardes. Eu não gosto de como você mente para todos, eu consigo ver através do seu teatrinho, eu consigo ver o seu egoísmo e a sua raiva. – eu falei firmemente e ele sorriu.

– Que engraçado isso, você consegue ver por detrás do meu teatrinho... Ver o meu egoísmo... Mas você não sabe por que ele está ali... Eu sinto raiva por que eu não posso fazer tudo o que eu quero, eu tenho raiva por que eu sou um professor, eu tenho raiva por que eu tenho que atender as expectativas e ainda por cima lidar com um monte de garotas atiradas... Mas você quer que eu seja verdadeiro? Então eu vou ser verdadeiro – ele me encarou de tal forma que me fez querer recuar o máximo possível no banco, mas... Eu não conseguia desviar o meu olhar de forma alguma, e então com um suspiro cansado ele colocou a mão na minha bochecha fazendo uma leve carícia -  Por que você faz isso comigo Olívia? Por que... Eu tentei realmente sério me manter longe, não me envolver, eu... Por que você? Justo você? – Ele disse me encarando... Me olhando muito... Está me incomodando... Por que ele está se aproximando? E que merda que ele está falando eu não estou entendendo nada.

- A única garotinha que eu quero ter é você, eu cansei de fingir, eu cansei de fugir disso... Você é minha, só minha, desde muito tempo eu decidi isso. – ele terminou com um ar zombeteiro e os olhos cheios de... Luxúria?

Eu não sei se foi o choque do que ele falou o fato dele ter me beijado em si que apagou a minha mente, quando eu me toquei do que estávamos fazendo eu já tinha uma língua dentro da minha boca e meus braços agarrando sua costa, e que músculos... Peraí? Ele me beijou!? Ele me beijou?

- Que porra é essa? Professor o que... – eu não tive tempo de terminar por que ele me beijou violentamente dessa vez, esse beijo era... Quente, cheio de língua, saliva e mordidas e... Céus, esse carro ficou tão quente de repente.

Assim que eu senti sua mão que estava na minha nuca descer, parece que o meu cérebro voltou a raciocinar e eu lembrei que eu estava no carro do meu professor de 24 anos de idade, e eu uma adorável garotinha de 17. E ele ainda disse que não era um pedófilo. São sete anos! Porra de SETE anos! Eu mordi a boca dele até sair um pouco de sangue e quando ele me largou eu saí correndo do carro, eu o vi sair também e trancar a porta, e quando as coisas não podem piorar eu esbarro em alguém, mas não é só alguém é Kris Seifert.

- Olívia onde você estava eu fiquei preocupado – ele começou e me apertou um pouco em si, em um abraço desajeitado. Okay, esse é o meu fim.

- Olívia? Ele é o seu amigo? – o Václav perguntou com uma carranca e raiva, mas o que? ele que me agarrou então mesmo que eu tenha o beijado de volta por que eu estava simplesmente carente não significa que eu gosto dele... Só um pouquinho de desejo, mas também é só isso, ele não pode de repente dizer que eu sou dele e essas merdas todas, esse cara é simplesmente louco!

- Vamos embora Kris... – Eu disse empurrando de leve o Kris e ignorando o meu professor maluco e tarado.

- Quem é ele Olívia? – Agora foi o Kris que está me perturbando, ele parou e não deixou-se ser empurrado por mim, quer assim então vai ser assim á merda, foda-se tudo.

- Aishi, meu professor Sr. Václav e meu amigo Kris, fim. Todos felizes? Agora vamos – eu empurrei o Kris de novo, e começamos a ir embora, não sem antes dar uma última olhada no meu professor, e eu tenho certeza que aquele falso olhar doce e gentil que ele mandou na minha direção na verdade me promete um monte de merdas. 

Mas querido se você acha que vai conseguir está muitíssimo enganado. Eu não sou Olívia Rzaev á toa.

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