Esse é o meu limite

- Caramba, quando ele ficou tão chato – no caminho para a loja de conveniência eu recebi nada menos que 23 mensagens com coisas que o Théo queria que eu levasse para casa, como se eu tivesse dinheiro para tudo isso!

- Olívia? – eu me virei e dei de cara com o Brian, meu “melhor amigo” fura-olho que pegou meu irmão, mas fazer o que ontem mesmo e acabei com o resto de dignidade que me restava. O Brian é importante para mim, eu não vou ficar me ressentindo por que ele teve um romance com o cara que eu gosto.

- Brian, você se mudou... – eu olhei para ele como se nada tivesse acontecido, e, bem o Brian tem essa cara puta que não muda quase nunca a não ser que ele sorria, ou pequenas carrancas, certo o Brian tem poucas expressões então eu tive que me aperfeiçoar ao longo dos anos em desvendar o que ele estava sentindo com esses pequenos sinais, e agora ele está confuso, confuso e surpreso com minha reação. Eu sou normalmente... Vingativa? Doida... Okay eu não sei falar sobre mim, eu só tenho certeza que não é o que eu faria normalmente. 

- Eu pensei que você...

- Não é motivo pra você ter me abandonado, sabe o quão perigoso é voltar para casa sozinha? – eu fingi falsa raiva, mas ele sabe o quão dramática eu sou normalmente, eu sou a Drama Queen acredite. E eu nem posso ficar ressentida por isso, pelo que o Théo falou ontem ele foi expulso de casa por causa desse problema todo, por que o papai foi fazer escândalo na casa dele, agora parando para pensar, ele realmente nunca mais havia me deixado ir na casa dele, então a quanto tempo ele se mudou e eu não sabia? 

- Você voltou para casa? O Théo meio que me mandou para merda quando você saiu... – ele falou com tristeza e frustração clara, eu também ficaria chateada se o meu relacionamento acabasse por causa da minha melhor amiga, eu pensei na Aileen agora e eu não deixei de rir um pouco, okay primeiro eu nunca ficaria com o irmão da Aileen ele... Nem parece ser hetero mesmo.

- Eu voltei, você sabe que se eu passar muito tempo fora ele morre de fome, ou com uma cirrose, Sim, sim, eu estou atrasada, por que não me dá seu número de novo, meu celular foi roubado, bem... Digamos que eu joguei ele contra o assaltante então não foi bem um assalto... E, bem, carrega minhas compras, é o mínimo que você pode fazer – ele me olhou meio culpado e pegou minhas coisas meio sem jeito, eu ri mentalmente da ideia de maltratar ele por um tempo obrigando-o a fazer as coisas para mim. 

- Eu me mudei para o prédio na rua 08, o aluguel é mais barato e eu tenho um companheiro de quarto, ele é bem divertido. – eu apenas assenti em compreensão, e a conversa morreu, ele percebeu que eu não superei realmente tudo que aconteceu, mais eu estou me esforçando por isso ele não está empurrando demais para saber como eu estou ou as coisas realmente estão acontecendo, o Brian é a pessoa que está ao meu lado á mais tempo... Eu sei que ele se importa comigo e que ele faria qualquer coisa por mim, mas... Mesmo eu amando ele também eu não consigo evitar de sentir raiva e ressentimento, ele sabia, ele sempre soube que eu gostava, amava... Sei lá o Théo, ele sempre soube disso e mesmo assim...

E quem sou eu para julgar alguém... Ele deve ter sofrido tanto quanto eu... Conhecendo o Brian eu sei que ele deve ter se sentindo muito mal... Por amar meu irmão.

- Brian, ele sabe... E deu merda... Mais eu estou bem sabe, eu sabia que isso iria acontecer – eu falei em apenas um suspiro e ele só me abraçou com as compras ao meu redor, eu senti o queixo pontudo dele na minha cabeça mais não reclamei – Sabe, se você gostar dele, e ele gostar de você eu não vou ser contra... Só não fiquem de lovey-dovey perto de mim. – ele soltou uma risada baixa e me soltou para continuar andando e eu fui calmamente ao seu lado até chegarmos na minha casa, ele não entrou apenas me deu tchau e saiu caminhando pelo mesmo caminho que fizemos. 

- Ei, eu não vou ser uma completa vadia então não desaparece okay – eu gritei para ele e ele apenas acenou de longe sem virar para me ver.

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- Com quem você estava? – o Théo apareceu subitamente na porta da casa com uma cara de pouquissimos amigos, e eu bufei, serio já não me basta o professor idiota agora vem meu irmão me encher o saco dentro de casa também? Eu ainda passei meio século numa loja de conveniência para pegar as porcarias dele. 

- Era o Brian, ele me ajudou a trazer as suas porcarias – eu falei ácida, meu humor que havia melhorado um pouco com o súbito reencontro com o Brian desmoronou novamente. Eu só passei por ele sem nem olhar para a sua cara, jogando minha bolsa em qualquer lugar e desabotoando a minha roupa enquanto eu ia em direção ao meu quarto me arrumar e tomar um banho. Eu que deveria estar com raiva... Ou não, eu estou sendo infantil com ele há muitos meses, mas eu preciso de um tempo, ele não entende isso? E ainda teve tudo que aconteceu ontem… 

- Eu não perguntei isso, eu quero saber ontem! Com quem você estava? Com quem você dormiu? Você pagou muito caro? – ele veio irritado invadindo o meu quarto e falou com uma voz cínica, o tom que eu mais odeio, às vezes eu também sou cínica, mas eu odeio isso. Eu apenas fiquei mais irritada, agora quer controlar até com quem eu saio?

- Não é da sua conta! – ele me lançou um olhar sujo e, sabe quando você sente a última gota cair e transbordar o copo, assim que eu estou - Ah, e lembre-se eu paguei muito menos do que o que te pagam! – eu gritei e depois senti a mão dele batendo no meu rosto, ele... Ele teve coragem de me bater? – Desgraçado! – eu bati nele de volta, claro que não um tapa, tapa é coisa de mulher, eu dei um soco mesmo, e depois bati a porta do banheiro.

- Olívia! Olívia! Abre essa porta, vamos conversar! – ele ficou batendo e eu apenas ignorei, depois que bate em mim quer conversar? Ele nem pediu desculpas! Bem então fale com a porta... Merda meu rosto está marcado. – Que merda Olívia por que você começou a agir assim? Você se envolveu com drogas ou alguma coisa do tipo? – Que merda que ele tá falando? – Yah, não me ignore! Eu só estou preocupado, eu sou sua família você não pode se tornar uma vagabunda enquanto está debaixo do meu teto! – Minha cabeça está doendo... As coisas que ele está falando estão me deixando enjoada... Eu acho que vou vomitar... Não é exagero, não dessa vez.

Eu só ouvi quando ele saiu do meu quarto e bateu a porta

Eu realmente não sei o que fazer, antes ele estava magoado e se sentindo mal porque pensou que o fato dele ser gay iria me deixar com nojo dele, depois ele descobre que na verdade eu o desejava, ele deixa de me ver como uma garotinha e agora acha que eu sou uma puta atirada? Eu só sou apaixonada por ele. Mesmo que eu tenha dormido na casa do Kris eu não fiz nada, eu apenas pensei nele... Era ele que estava na minha mente e só ele... Sempre foi ele... Bem antes eu tinha uma queda por um amigo do Théo mais... Não era a mesma coisa, ele parecia um príncipe encantado, o Théo me dá segurança... Bem, me dava segurança, porque depois dessa eu duvido que eu vá comprar briga com ele de novo.

Eu deixei a água escorrer pelo meu corpo levando toda a tensão e relaxando meus músculos, às vezes eu só queria que tudo fosse mais fácil, eu queria achar alguém que me amasse e cuidasse de mim, o Kris não entra nesse quesito embora ele seja bonito e cuide de mim, eu sei que eu sou mais como uma irmã, ele não gosta de mim e embora ele tenha um pouco de desejo em cima do meu corpo, desejo que eu não sei até onde vai, eu sei que ele não me quer, ele pode dizer ao mundo que e bissexual mais no fundo ele quer é a irmã dele, e eu acho que ele não vai seguir em frente tão cedo enquanto ele não aceitar isso.

Nossa relação começou para nos ajudarmos, e mesmo que não tenhamos conversado sobre isso eu sinto que tem algo ai... Tem algo a mais, tem alguma coisa, eu não sei por que o Kris se abriu justo comigo, ele não fez isso pra mais ninguém por que eu? Eu pareço tão miserável ao ponto dele ter pena? 

Essas coisas estão martelando no meu cérebro, não só o fato de eu estar brigada com o Théo, nem o fato do Kris ter coisas escondidas de mim, nem meu reencontro com o Brian, e também tem meu professor... Agora parando para pensar... Eu não deveria ter dito as coisas daquela forma, ele pode ser idiota do jeito que for, é a vida dele eu não deveria me incomodar pelo que ele é, eu fui rude, é o trabalho dele tentar se aproximar do aluno e ajudar nas aulas. E o que as pessoas dizem que ele faz também não é da minha conta, se ele sai com garotinhas o problema é dele e da garota que foi iludida, antes de tudo eu não posso acusá-lo sem ele ter me feito nada para mim, eu... Para falar a verdade eu sou meio ciumenta em relação a ele, eu sei que o que ele faz é apenas aparência, ele sorri e ri de uma forma doce mais por dentro da para ver nos olhos dele raiva, frieza, ele... Ele não parece gostar de nada e só é falso com todos, e mesmo assim todo mundo ama ele, eu não entendo!  

As palavras da Aileen  fazem mais sentido agora, meu simples desgosto se tornou ódio por que eu quis, não por que houveram razões eu so fui idiota e egoísta, não é justo eu tratar ele mal só por que ele é diferente de mim... Eu não posso ficar julgando as pessoas.

Eu passei uma pomada no meu rosto de massageie um pouco, as marcas vermelhas da mão do Théo estavam sumindo, na hora doeu um pouco mais, eu sei que ele não bateu com toda a sua força ele estava se controlando, ardeu mais que doeu para falar a verdade, depois disso maquiagem dá um jeito no resto.

Assim que eu saí do meu banheiro eu fui vestir umas roupas confortáveis, mas quando eu fui sair do meu quarto a porta estava trancada, e depois de longos minutos tentando me acalmar eu não consegui, simplesmente o filho da puta do meu irmão conseguiu jogar toda a minha tranquilidade fora com a merda das ações infantis dele.

- Seu miserável abre a porta! – eu gritei com toda a minha força batendo na porta e a chutando

- Eu já disse que quero saber com quem você estava, eu não vou ficar vendo você virar uma prostituta! – ele ainda tem coragem de ficar repetindo isso?

- Prostituta?! Prostituta é a tua mãe – Eu gritei com todas as minhas forças antes de começar a bater na porta o mais forte possível, que merda, que ódio, que porra, oh não, Olívia controla sua boca suja, controla sua boca suja... – Abre essa porta, eu vou te matar seu imbecil! – aos poucos meu acesso de fúria foi passando e eu cai lentamente no chão com as lágrimas já caindo no meu rosto como cascatas não pelo fato dele ter me trancado, mais caramba, só por que ontem eu disse no impulso que iria atrás de alguém ele já me trata como se eu não tivesse valores? Eu sempre fui a garotinha, eu nunca gostei de ficar com meninos ou ser muito agarrada com meninas, eu sou normal, eu não sou promíscua... Eu, eu não sei por que isso está acontecendo, ele tá exagerando tanto, ele me conhece... Então por que Théo?

Por que você está me tratando assim? Eu sempre fui a sua princesinha. Você sempre me mimou... Sempre esteve comigo e acreditou em mim...

Eu... Por que eu estou pensando nele? Por que eu estou triste, eu deveria estar com ódio dele, ódio, que merda é essa? Ele virou isso? Como, como ele pode me tratar assim? Ele não me conhece? Ele não sabe que em todos os meus anos de vida eu só saí com ele e com o Brian? Eu não tenho nem amigas fora a Aileen ... Ele ta me chamando de barata, de vagabunda.

Não, não estou sendo mal agradecida, eu tenho amigos... Eu tenho a Kounicova a... A Scarlet... O Zen, o Honza e muitas mais pessoas.

- Isso não vai ficar assim... Eu voltei para casa, eu passei por cima dos meus sentimentos, da minha vergonha e de tudo por que eu pensei que ele estava sofrendo... Eu sei que ele não é assim... Eu... 

- Théo vamos logo para a boate – Oh não, que-quem é esse filho da puta? Quem tá ai? O que, ele vai para uma boate? Ele vai me deixar presa aqui?

 - Claro, vamos~ - que voz de viado é essa? Ele me acusa de ser prostituta e age como uma vagabunda oferecida! Quando foi que ele ficou tão... O Théo não era assim. 

- Yah! Seu canalha! Me solta!

- Olívia você vai ficar em casa pensando no que fez! Eu não quero que as pessoas associem meu nome com uma prostituta.

- Sua irmã é uma prostituta? - o cara desconhecido teve coragem de perguntar isso?

- O que não... Ela só não sabia o que estava fazendo...

- Théo você deve estar sofrendo tanto com uma pirralha fazendo coisas erradas... É um saco ter que cuidar de órfãos, sempre carentes e se metendo em confusões - eu não acredito no que estou ouvindo, eu… Não acredito que esse cara está falando essas coisas e o Théo não está fazendo nada 

- Aham... Ela não sabe o que está fazendo... E eu tenho tantos problemas... Uhn, não aqui... – ele porra gemeu? Ele gemeu? Que merda... Meus ouvidos inocentes... Que falta de vergonha eu... Que merda.

Esse filho da puta tá falando mal de mim, e... O que? Ele... Como eu pude gostar de uma pessoa assim? Ou melhor, como ele se tornou uma pessoa assim? Ele é mesmo o meu irmão?  Aquele que tem medo de fantasmas e de insetos, o mesmo que saiu gritando no parque de diversões e que morre por coisas fofas?

Okay... Estava sofrendo comigo fora minha bunda, eu posso ver claramente quanta falta eu faço na vida dele, com esse ai nessa tal boate ele vai vir tão chapado que é capaz de confundir o pote de feijão com sorvete. 

Eu vou embora, e dessa vez eu quero ver quão bem ele vai se virar, dessa vez eu não vou voltar... Hoho, eu espero que ele sofra bastante... Adeus Théo, dessa vez você ferrou as coisas, e não tem volta. Por que eu posso ser uma rainha do Drama, mas eu também sou extremamente vingativa, quero só saber como ele vai sobreviver, espero que esse aí saiba cozinhar.

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