História sem fim

Manhã de verão, os termômetros registravam quarenta graus. Já havia se passado dois anos, e o mês de janeiro, que estava só começando, prometia.

O telefone da casa de Laura tocou e, quando ela atendeu, tomou um susto. Do outro lado da linha, estava Marcelo, o surfista que a havia salvado, a quem ela ainda não tinha esquecido.

— Marcelo, há quanto tempo! Por que não me ligou? — perguntou Laura, como se tivesse sido abandonada.

— Pois é, gata, estive no Havaí durante todo este tempo, mas não consegui tirar você, um minuto sequer, da cabeça — disse o surfista, com um ar de apaixonado.

Para Laura, aquelas palavras foram suficientes, e ela estremeceu com o romantismo do poeta surfista. A conversa durou horas, e quando, enfim, o telefone alcançou o gancho, a menina, numa eufórica alegria, correu até a casa de sua amiga Raquel e lhe contou o ocorrido. O encontro iria acontecer em uma das centenas de lanchonetes da cidade.

Ao anoitecer, Laura estava irreconhecível, com um vestido preto, que deixava apenas uma parte de suas pernas à mostra; uma maquiagem suave que realçava sua beleza delicada; saltos altos; e meia-calça cor da pele, enfim, estava deslumbrante.

A alguns quilômetros dali, estava Silvana com Pedro, um rapaz apelidado de Mão de Fumo. Louco por aventura, ele adorava ralis e andava só com roupas de grife. Irmão do também famoso Tripa Seca que, ao contrário dele, era um trapo. Seu apelido fazia jus ao que se dizia a seu respeito: que morreu, mas se esqueceu de deitar. Só andava com Galo Gago, que por sinal, se tornou namorado de Elaine.

Mão de Fumo tinha uma moto alemã que era um espetáculo, uma legítima Harley-Davidson com aros cromados que brilhavam tanto de dia quanto à noite. Podia-se pentear os cabelos só de se olhar para o cano de descarga.

O grupo adorava se divertir, mas o modo da diversão deles era bem diferente. Amavam fazer pegas com carros envenenados. Havia também um fusca que foi eleito pelo grupo como o mais bonito da cidade, e uma Toyota quatro por quatro. Essa era a turma.

Mão de Fumo só andava com a Toyota com o som no volume máximo, curtindo heavy metal e Pink Floyd, e viajando ao som dos seus ídolos ao lado de uma boa erva. Fumava muito cigarro, fazia o que bem entendia da vida, morava sozinho num apartamento localizado num bairro de classe média. Tripa Seca era só pele e osso, fumava, cheirava e injetava drogas desde os doze anos; aos vinte e quatro, vivia somente para elas. Galo Gago gostava de drogas pesadas e era o que mais tinha dinheiro da turma, andava com cordões e anéis de ouro.

Silvana, desde garota, sempre foi muito rebelde. Começou a consumir drogas desesperadamente, achando que aquilo era a onda do momento; Elaine injetava e cheirava como uma louca. A menina que, até pouco tempo antes, odiava cigarros, havia se tornando uma dependente química. Ela já não andava mais com as meninas, chamava suas ex-amigas de caretas.

Certo dia, quando o pessoal marcou de se encontrar com os velhos amigos, na calada da noite, numa praia para surfistas, apareceram Marcelo e Laura de mãos dadas. Elaine e Silvana ficaram chocadas.

— E aí, mano velho? — disse Marcelo a Mão de Fumo.

— Quem é vivo sempre aparece! — respondeu Mão de Fumo, dando um abraço no amigo.

Laura e Silvana nem se olharam. Tripa Seca acendeu um baseado que passou de mão em mão até chegar em Marcelo. Laura olhou o namorado com segurança, pensando que ele não fumaria aquilo, pois nunca o tinha sequer visto fumar um cigarro. Mas, numa tranquilidade, o rapaz pegou a erva, tragou, segurou um pouco a respiração, soltou a fumaça e reclamou:

— Que bagulho ruim é este que vocês oferecem a amigos? Dando mole no produtivo, maninho? — falou Marcelo na malandragem.

Laura não acreditou no que estava vendo. Perguntava a si mesma se era verdade.

— Nossos bagulhos estão mesmo ruins. Acho que o fornecedor tá alterando. Erva pura tem no cais, mas os policiais estão em cima, então, decidimos dar um tempo — disse Galo Gago.

— Mas se vocês querem uma coisinha pesada, aqui também tem, meu mano. E essa é das boas! — complementou Galo Gago, mostrando um vidro com líquido dentro. Era a famosa heroína.

Marcelo pegou o vidro e uma seringa jogada por Galo Gago, introduziu a agulha no braço esquerdo e, lentamente, injetou todo o conteúdo que continha no vidro. Laura olhava tudo aquilo ainda sem acreditar. Para ela, a noite se tornou longa.

De repente, Tripa Seca teve uma convulsão e caiu na areia se debatendo. Seu corpo tremia, e pior que isso, ele mordia a própria língua fazendo-a sangrar. Havia muita gente ali, mas o fato era que ninguém entendia do assunto. Amontoaram-se ao redor de Tripa Seca, sem dar espaço para que pudesse respirar, até que Galo Gago chegou, a toda velocidade, em sua Toyota.

— Abram espaço, abram espaço, e me ajudem a colocá-lo na caminhonete!

Correu até o hospital, mas não houve tempo: a droga havia feito sua primeira vítima entre os amigos. Em choque, Laura terminou tudo com Marcelo. Terminou o que não havia nem começado. “Namorar um drogado?”, ela pensou, “Nem morta!”. Não era como se o amor pudesse falar mais alto. Como se não bastasse aquela dor, quando Laura chegou em casa, triste pelo fim do namoro, encontrou sua mãe também triste, a um canto da mesa, chorando.

— O que aconteceu, mãe?

—Você tem que ser forte neste momento, minha filha.

— O que houve?

— Minha filha, olhe para tudo que está à sua volta, olhe para esta casa, nosso jardim, para esta sala que já foi motivo de tantas alegrias...

—Mãe, por favor, vá direto ao assunto. Está me assustando!

—Tudo bem, minha filha! — disse a mãe, que respirou fundo, contou até três, e desabou. — Teu pai perdeu tudo na jogatina. Tudo. Estamos pobres.

A menina virou a mesa, furiosa, e gritou:

— Pobre? Como assim?

— Pobre, minha filha, teu pai perdeu até o carro da família. Estamos sem nenhum tostão no bolso.

A menina não acreditou no que ouviu. Pulava, esperneava, não conhecia a pobreza, havia nascido em berço de ouro.

— Eu prefiro morrer a ser pobre!

Saiu correndo em direção à praia. Queria encontrar uma solução, talvez Marcelo. Correu até a casa do rapaz, que estava, naquele momento, alucinado.

— Entre — convidou ele.

Será que Marcelo seria a pessoa certa para desabafar? Não sabia o que fazer, pensou em sair dali, achou que, por estar alucinando, ele nem perceberia. Já tinha virado o corpo quando foi surpreendida pelo rapaz:

— Você está muito nervosa, Laura, quer conversar?

— O que corre em suas veias? Que tipo de pessoa é você? Com tudo que aconteceu agora há pouco, a morte do teu amigo, isto não te abalou em nada? — perguntou Laura aos berros.

— Tudo o que aconteceu hoje me preocupa, sim, e muito. Mas, às vezes, tenho a solução para alguns problemas como este de hoje.

— As drogas? É o teu remédio para um dia como o de hoje?

—Você já experimentou para saber? — desafiou Marcelo.

A menina olhou atravessada para o rapaz. Tremia, sem saber o que dizer, muito menos o que fazer. Percebeu que estava diante de um dilema, tinha duas escolhas: o certo e o errado. Ela poderia sair dali e encarar a realidade assustadora, ou ficar e viver de ilusões. Suando, andando de um lado para o outro, sentia seu coração acelerar. Marcelo lhe estendeu a mão com um cigarro de maconha.

— Experimenta! — incentivou ele.

Laura olhou para aquele maldito cigarro. Não sabia se teria coragem, mas estava curiosa. Perturbada, colocou as mãos sobre a cabeça, depois, passou as mãos pelo rosto, enquanto sentia o cheiro da fumaça. Decidiu experimentar. Com receio, no início, levou em direção à boca. Alguns minutos depois, estava fora de si e caiu na gargalhada. Esqueceu-se de todos os seus problemas e se entregou ao namoro, às risadas e ao fumo.

Às mãos do rapaz percorriam todo o corpo da moça e, quando a boca dele saía da boca dela, percorria beijando o pescoço e o ombro dela, deixando-a louca de prazer. A mão dela acariciava o membro dele, ambos estavam perdidos de tanta satisfação. Ao retirar a roupa dela, ficou ainda mais excitado com o conjunto de lingerie que a moça usava, completamente sensual na cor preta, totalmente chamativo. Novamente suas bocas se encontraram, suas mãos percorriam o corpo um do outro e loucamente o rapaz foi beijando os seios dela por cima do sutiã, e foi descendo, ao chegar na barriga dela, ele mencionou:

— Uma mulher como você, tem que ser apreciada.

As mãos dele recorria os seios dela, fazendo-a gemer loucamente, tão loucamente que as unhas dela recorria as costas do rapaz, deixando-o louco. O calor gerado pelo prazer era tanto, que logo as duas bocas se encontraram novamente, Laura deu um imenso pulo para chegar no colo do rapaz, passando as pernas em volta da cintura dele. Os grudentos beijos os tiraram da órbita da terra, e ele a levou até a cama. Os apimentados beijos excitavam o casal, tanto que Marcelo retirou o soutien de Laura e logo retirou a sua camisa. Pegou às mãos da moça e a colocou em sua barriga, fazendo com que ela recorresse prazerosamente. Em poucos segundos, voltou a beijá-la só que desta vez, a mão dele recorreu por cima da calcinha dela. Ela gemia prazerosamente e gemeu ainda mais ao ouvir a forma que ele a chamava:

— Gostosa, cheirosa, macia, saborosa.

O perfume que Laura usava, exalava uma agradabilíssima essência, deixando o ambiente com o clima ideal, tão ideal que o rapaz colocou sua mão por dentro da calcinha da moça, acariciando-a, enquanto sua língua lambia os bicos dos seios dela. A boca e os seios dela era como veludo para o rapaz que alternava entre mordidinhas no lábio inferior e mordidas leves nos seios de Laura, os gemidos dela soavam como música nos ouvidos dele. A vagina úmida da moça já dava indícios que ela estava sedenta para ser penetrada, e a noite, parecia que estava a favor do casal. Laura delirava de prazer, era tanto prazer que cravou suas unhas pintadas de vermelho na pele de Marcelo, deixando uma extensão do tronco do rapaz, delicadas linhas vermelhas; em alguns pontos, podia-se ver o sangue saindo pelas finas linhas. A moça parecia querer rasgar, destruir ou despedaçar o rapaz que gemia profundamente com a pele arrepiada e as cordas vocais vibrando em uma ressonância de prazer. A boca de Marcelo foi descendo pelo abdômen e estacionou no umbigo da moça que se encontrava em outro planeta do sistema solar, minutos depois, a língua do rapaz chegou à calcinha dela, que vagarosamente, foi sendo retirada por Marcelo. Conforme o vento frio se chocava na pele do recém-lacerado, um ardor quente tomava conta do seu corpo, fazendo sua pele formigar, excitando-o ao extremo. Ele começou a mordiscar entre as coxas dela, lambendo a vagina e o clitóris levemente e abrindo aos poucos com a língua, alternando suavidade com abocanhamento e os suaves apertos nos bicos dos seios dela com às mãos. Esses detalhes faziam com que Laura pisasse em nuvens.

— Vou gozar — comentou Laura com a respiração completamente ofegante.

— Goza na minha língua, goza! Quero provar desse mel.

A respiração fadigada da moça, excitava ainda mais Marcelo. Entretanto, a moça não queria só ser atacada, queria atacar também e, dessa forma, puxou o rapaz até seus lábios apimentados e os beijos se iniciaram. As mãos dela levemente arranhavam as costelas do rapaz, que se perdeu entre milhares de beijos. Pouco tempo depois, a boca da moça se encontrava no peitoral do rapaz que retirou sua sunga. Vagarosamente a língua de Laura passou sobre alguns arranhões que ela mesmo havia feito. Foi descendo e deslizando o corpo de Marcelo num único movimento, deixando a pele do rapaz úmida com sua saliva. Ao chegar ao pênis, que estava quase explodindo de tesão, a moça foi passando a língua em cada centímetro. O prazer fez com que Marcelo fechasse os olhos enquanto a língua da moça percorria pelos seus testículos em um ritual de pura sedução. Em seguida, o pênis do rapaz foi preso pela cadeia dos lábios da moça, que no movimento de sobe e desce, levou-o ao delírio. A boca dela se alargou e engoliu um pouco mais do membro dele, deixando-o encharcado de saliva. Movimentava o pescoço numa ação ritmada, sugando-o com um forte desejo, enquanto sua mão acariciava o testículo do rapaz. As mãos de Marcelo puxavam os longos cabelos de Laura, agora os gemidos dele era música para os ouvidos dela. Ambos estavam completamente fora de si. Não resistindo aos ataques de Laura, o rapaz se levantou e a colocou de quatro na beirada da cama, e a fez abaixar a coluna, até os seios dela encostarem no colchão, deixando-a completamente empinada e bem exposta. Penetrou a vagina dela que estava molhadinha tão rápido e tão forte que que a maioria dos vizinhos escutaram os gritos e os gemidos de Laura. 

— Gostosa demais! — falou o rapaz.

O clima estava quente, o rapaz apertava a cintura da moça e socava o mais forte que podia, dando leves tapas nas nádegas dela. Os suores percorriam seus corpos como água correndo em um rio. Em um momento, Marcelo puxou a respiração, diminuindo a velocidade das socadas retirou o membro de dentro da moça e se deitou, ela sentou no membro do rapaz e começou a rebolar, estimulando a fúria do rapaz que percorreu com as mãos a pele suada dela, indo dos ombros até a polpa da bunda dela. Ela, por sua vez, segurava a cabeça do rapaz, beijando-o como uma louca e rebolando sem parar. Marcelo começou a mover o quadril, de início, bem levemente, deixando os músculos vaginais dela, historicamente pouco exigidos. Laura começou a rebolar novamente, fazendo-o se sentir na liberdade de aumentar o ritmo. Então o rapaz acelerou, fazendo Laura gritar em silêncio.

— Nunca foi tão gostoso — comentou Marcelo, respirando ofegante. 

A vagina da moça fornecia bastante lubrificante para deslizar dentro e fora. Aproveitando da situação, o rapaz tirava o membro quase todo, e depois, numa fincada profunda, a penetrava de uma só vez.

— Cavalo! Soca tudo nela! Fode gostoso! — falou Laura, gemendo, com os olhos fechados e com a língua recorrendo todos os seus lábios.

— Princesa... vou... gozar — falou Marcelo, retirando rapidamente o membro de dentro da vagina da moça e gozando na bunda e nas costas da moça.

Meia hora depois, Mão de Fumo bateu na porta de Marcelo, comunicando que o enterro do irmão seria no outro dia, às duas da tarde.

O enterro contou com, no máximo, umas vinte pessoas, todos com óculos escuros, não para esconder os olhos inchados pelo choro, mas os olhos vermelhos de quem havia começado o dia fumando. Depois do funeral, alguns até tentaram demonstrar sua tristeza, e umas poucas lágrimas rolaram, mas foram interrompidas pelo irmão do falecido.

— O que é isso, pessoal? Tripa Seca já nos havia dito que, em sua morte, não queria choro, então, vamos detonar, festejar, como ele sempre quis.

As poucas palavras foram suficientes para fazer com que a galera festejasse. Logo começou um festival de drogas pesadas. Entraram na caminhonete e no fusca e foram rumo a um lugar conhecido por Mão de Fumo. Ao abrirem a porta do barraco, ficaram surpresos com a quantidade de drogas disponível.

— Vejam só, maninhos, droga da melhor qualidade!

— Como conseguiu tudo isso? — perguntou Silvana, sem acreditar no que seus olhos viam.

—Transação vinda da Holanda para cá. Chega até o Amazonas, e lá nossos gerentes recebem o produto. Erva pura da melhor qualidade. Agora, sem mais detalhes.

Naquele pequeno barraco, havia maconha, haxixe, LSD, heroína, bolinhas e cocaína. Silvana correu até uns pacotes e pegou um pequeno saco cheio de haxixe.

— Dizem que esta é da boa. O único jeito de saber é experimentando, certo, galera?

— O que é isso, boneca? Se você deseja experimentar, tem que comprar! — advertiu Mão de Fumo.

— Regulando baseado para nós? O que é isso, Mão de Fumo? — perguntou Galo Gago.

— Se quiserem, terão que vender o baseado. Terão que ser minhas laranjas, pois preciso de alguém que venda a droga. Algum voluntário?

Ninguém ali tinha nada a perder. No outro dia, já estavam na rua, passando as drogas em escolas, boates, bares, praças e onde os compradores estivessem; até que, certo dia, um policial, fazendo sua ronda, observou a turma e entrou em contato com os companheiros. A batida na praça foi geral, os passadores não tiveram tempo de fugir e, na pressa, esconderam as drogas nos vasos de planta que uma senhora vendia.

— Posso ajudá-los, meus filhos? — perguntou a senhora.

— Minha senhora, guarde estes vasos que, em breve, viremos buscá-los.

Depois da batida, os policiais deixaram a praça, e os passadores correram até a loja onde haviam deixado seus pertences. Compraram os vasos e, logo que colocaram os pés para fora da loja, foram surpreendidos por uma voz:

— Perderam!

Galo Gago olhou para trás e viu seis policiais caminhando em sua direção.

— Estamos fritos, galera!

— Deixe-me ver o que tem nestes vasos — pediu um dos policiais.

Logo que revistaram os vasos, encontraram as drogas. Antes que a praça virasse atração de curiosos, todos os envolvidos foram levados para a delegacia. O delegado olhou, surpreso, para Elaine.

— A filha do prefeito vendendo drogas? Elaine, você também está com esta corja?

A menina fingiu que não era com ela, deu as costas para o delegado e foi em direção ao orelhão que ficava na entrada da delegacia. Telefonou para o pai, que não perdeu tempo e chegou muito rapidamente.

— Cadê a minha filha? — perguntou o Senhor Fernando, aflito.

— Estou aqui, papai — respondeu a garota, como se fosse uma criança inocente.

O prefeito correu em direção à garota e a abraçou.

— O que fizeram com você, minha princesa, eles te machucaram?

— Não, papai, não me machucaram, não. Nem me relaram as mãos.

O delegado chamou o prefeito para a sua sala, e explicou o acontecido.

— Minha filha vendendo drogas? — assustou-se o Senhor Fernando.

— Sim, senhor — afirmou o delegado.

Sem acreditar, o prefeito refletia: “Minha filha, criada em berço de ouro, sempre teve de tudo. Não é possível!”.

— Quero provas! — exclamou.

O delegado chamou o detetive e mandou que ele trouxesse as drogas.

— Olhe estas drogas, foram encontradas dentro de dois vasos de plantas e estavam com a turma da tua filha.

— Estava com ela?

— Não, mas ela andava com o bando que os levava.

As palavras do delegado foram decisivas para que o prefeito explodisse em raiva.

—Você acusa minha filha de vendedora de drogas, sendo que nem as drogas ela carregava?

A discussão começou, o delegado explicava a lei e o prefeito mandava na lei. Naquela altura, o delegado se encheu e viu que o insistente prefeito não o deixaria em paz enquanto não levasse a filha para a casa.

— Está liberada. Leve-a daqui, antes que eu mude de ideia.

O pai levantou e resmungou:

— Passar bem!

Os dois já estavam de saída, quando a menina se lembrou da amiga Silvana. O prefeito voltou para a sala do delegado e, antes que a discussão começasse novamente, também liberou Silvana.

Galo Gago e Mão de Fumo não tiveram a mesma sorte. Galo Gago pagou a sua fiança; já para Mão de Fumo, os dias na prisão foram longos e horríveis. Apanhava dos outros presos, apanhava dos próprios policiais, e era atacado sexualmente pelos presos mais antigos. “Por que Galo Gago não pagou minha fiança?”, perguntava-se. Tinha plena convicção de que Galo Gago, naquele maldito dia, só havia pensado em si mesmo. Os dias passavam, e cada dia era um inferno diferente. Na hora de sair para tomar sol, era preciso ter cautela, e ser frio, muito frio.

Dois meses depois, Mão de Fumo já não aguentava mais. Havia sido tão espancado, que não tinha forças nem para rastejar. Às vinte horas e oito minutos, foi anunciada a sua morte. Morreu jurando vingança a Galo Gago.

***

Um mês se passou desde que Gabi havia visto Raquel pela última vez, já que a amiga estava passando as férias em Roma. Lembrando de Gabi, Raquel enviou um lindo postal à amiga.

Rodrigo morria de saudades de Raquel, já Otávio e Gabi viviam um tórrido romance. Ah, como era bonito o namoro entre os dois! Era Deus no céu e Gabi na Terra. Otávio era completamente louco por ela, e dizia que havia encontrado sua alma-gêmea, a sua cara-metade, que seu amor era infinito.

Raquel estava voltando de viagem, então seus amigos prepararam uma festa surpresa. A festa prometia muitas alegrias, e Gabi não se continha de tanta felicidade. Estava só esperando a amiga chegar para que tudo fosse como antes, como sempre havia sido.

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