Capítulo 2 - O Cordeiro do sacrifício

Depois de escutar meu pai falar abruptamente sobre meus últimos dias de solteira, corro para a cozinha já aos prantos.

Ele vem logo depois, me falando com sua voz autoritária: 

        - Volte lá Camile, volte lá agora e os cumprimente de maneira educada e gentil __ Ele diz me olhando friamente como sempre.

       - Não, não voltarei.. Aliás não me casarei ___ Digo virando as costas para ele como sinal de protesto.

- Você irá fazer o que eu lhe m****r ___ Ele diz me levando de volta para a sala de jantar.

 Ao voltar, ele me segura pelo braço e o sacode. Eu levanto a cabeça e falo: 

     - Olá, me chamo Camile, gostaria de dizer que é um prazer conhecê-los mas as circunstâncias não permitem.. enfim digo desde já que não irei me casar, sou muito jovem e tenho sonhos à realizar, sem falar que não nos conhecemos e eu ainda acredito num casamento por amor, e não vou casar a não ser por amor, então desejo aos senhores uma boa noite.____ Digo me soltando de pai, e saio novamente... 

Ele me segue e diz: 

    - Olha só Camile, esses senhores não estão para brincadeiras, ou você se casa ou morremos todos, pense bem pois sua mãe sacrificou a vida dela para que pudéssemos viver bem, então não jogue o propósito dela no lixo, volte lá se desculpe e diga que aceita de bom grado o casamento. ____ Ele me diz gesticulando para que eu volte para a mesa. 

O fato dele dizer que minha mãe se sacrificou por nós me dá um nó na garganta, é como se não tivesse sido um acidente, como se não tivessem confundido o carro dela com o de outra pessoa. Com medo do que vou ouvir se eu perguntar, resolvo não perguntar nada a respeito e apenas o respondo:

        - Quem está vivendo bem além do senhor, sua querida esposa e as filhas dela? Eu não estou, e quem aqui está jogando o propósito da minha mãe no lixo? Eu? Como você pode dizer isso se você foi quem continuou sendo o mesmo tipo de gente?... Diga, o que o senhor fez? Qual foi a presepada dessa vez? ___

      - O comboio foi saqueado Camile, e nele estava trilhões de dólares em armas minha filha, e eu já fui pago e também já não tenho esse dinheiro... Não tenho como devolver, por isso eu aceitei a proposta do Sr. Mertz e disse que você casará com ele, para quitar parte da dívida... ___ 

Pela primeira vez estou ouvindo da boca de meu pai que ele é realmente um criminoso.

         - Está se ouvindo? Eu sou o quê para o senhor? Apenas uma moeda de troca?... E mais uma pergunta, você e sua amante sempre jogam na minha cara que não sou bonita e que as gêmeas são mais bonitas que eu... então porque EU, e não uma delas?

A nossa conversa é interrompida por minha madrasta quando ela entra já falando com seu tom rude: 

      - Porque você não fará falta aqui, você não é bem vinda, nunca foi.. e além do mais já está mais do que na hora de você sair da minha casa, da minha vida. ___ Ela diz me olhando com desdém.. 

- Fiquem sabendo, que se eu casar... Vou m****r fazer uma dedetização nessa casa ___ Digo olhando para ela.

    -  O que você está querendo dizer com isso? ___ Ela pergunta mesmo já tendo entendido o que falei.

      - Quero dizer que vou enxotar as pestes que invadiram a casa de minha mãe ____ Digo dando um passo à frente... 

Ela levanta a mão para me bater, mas meu pai ligeiramente a impede a tempo, segurando sua mão. Fico olhando pasma com a atitude dele, e por um instante pensei que ele se importasse comigo até que ele abre a boca e diz: 

    - Para mulher, se ela tiver uma marca se quer em seu corpo ele nos mata aqui mesmo... 

Minha raiva volta, e quando eu estou preste a explodir e falar tudo o que penso, eu sou interrompida por uma voz rouca e intrigante que vem da porta. A sombra alta e larga me faz desviar a atenção de meu ódio para o que a voz diz.

           - E então Carlos, já se decidiu se a dívida será paga com a realização do casamento ou com o fim a vida de todos aqui? ___ Ele diz se encostando na lateral da porta, e olhando para o relógio de ouro como se estivesse apressado para um compromisso.

Meu pai e madrasta olham para mim, porém desta vez eu consigo observar a ausência de seus olhares frios, ao contrário disso eles estão com seus olhares suplicantes. 

Algo em mim me diz que tenho que aceitar, que de alguma forma eu posso virar o jogo. Eu engulo seco, e digo de forma firme (ou tento):

          - E-Eu caso, eu me casarei com você. ___ Minha voz acaba por entregar minha instabilidade de nervos.

Depois de dar a resposta eu fico parada, esperando uma resposta dele, mas nada sai de sua boca.

Porém, de repente o outro homem que estava na sala de jantar entra se apresentando: 

        - Olá Camile, me chamo Raffael Mertz estou muito feliz em lhe conhecer. ___ Ele diz com um sorriso largo e estende sua mão para me cumprimentar. 

     - Olá prazer em conhecer você Raffael ... __ Digo sorrindo torto... 

     - Desculpa, o meu irmão não é muito de falar então perdoe a indelicadeza dele. Espero que possamos nos dar bem. ___ Ele diz de forma simpática.

        - Certo, eu não me importo com o silêncio dele, e sim eu também espero que possamos nos dar bem... ___ Digo alisando a saia do vestido... 

         - Fico feliz que você fará parte da família Mertz, nós mandaremos o vestido e um carro para te buscar para o casamento, as regras e suas obrigações e regalias serão ditas quando você for para a mansão... Não vamos mais tomar seu tempo, nos vemos em dois dias.. E feliz aniversário. ____ Ele diz se virando para seu irmão, como se estivesse esperando que ele fosse me cumprimentar também.

Roldoff dá as costas e sai porta à fora, indo embora sem olhar para trás... Eu faço o mesmo e vou para meu quarto... Entro, fecho a porta me encosto nela ainda incrédula do que acabou de acontecer e falo para mim mesma: 

     - Que presente de aniversário maravilhoso em? Um casamento arranjado... FORÇADO, e eu achando que vinha vida não tinha como piorar... 

Me jogo na cama e durmo... passo os dois dias me preparando para o casório. Recebo uma caixa grande e uma menor... Tiro de dentro delas, um lindo vestido branco com detalhes em dourados e um lindíssimo salto alto detalhado a mão... A lembrança de minha mãe me dizendo para ser otimista independente da situação, me faz criar um pouco de coragem para lidar com essa turbulência na minha vida.

Com um arranjo de flores na mão eu ensaio a entrada da noiva....

Enfim... O Cordeiro do sacrifício está posto à disposição.... vamos ao casório....

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