- Oi, querida!
- Oi, Rique, você não virá?
- Estou no trabalho ainda! Mas se quiser posso largar tudo aqui...
- Não! Eu vou embora então, o Fil e o Gui foram não sei onde, a Fê tem prova amanhã, a Bibi e a Bella tiveram que viajar...
- Ai, estou me sentindo horrível, agora... Já jantou?
- Sim, vou para casa estudar uma proposta feita para empresa.
- Faz assim, me espera em casa, podemos ver algo!
- Deixa assim, sábado nós fazemos algo!
- Então tá, desculpa, querida eu não sabia. Beijo, Lindinha!
Melinda desligou o telefone e começou a responder um e-mail. Quando terminou, levantou a cabeça e tomou um susto. Havia um belo homem parado na sua frente, mas não o mesmo que havia encontrado na porta do seu prédio e também na noite anterior, quando estava indo embora da empresa, este era alto, cabelos e olhos pretos, uma silhueta bem desenhada e uma boca que parecia ter sido contornada pelas mãos do melhor artista do mundo, seu sorriso parecia iluminar mais que a luz da lua na noite mais escura! A praça estava tomada por uma leve neblina, embora estivesse uma noite de calor. Um ar de mistério envolvia o ambiente. Melinda sentiu um leve arrepio.
- Deixada esperando pelo namorado?
- Que? Não, não tenho namorado. Com licença! - Ela respondeu de supetão por causa do susto.
- Espere. Sozinha aqui na praça pode ser perigoso há essa hora! Eu posso lhe acompanhar!
- Não, obrigada! Eu conheço o caminho da minha casa.
- Eu conheço tudo aqui, posso lhe mostrar tudo! – Melinda se dirigiu em direção da praia. – Hum! Gosta de ir pela praia, legal! - Ele foi acompanhando-a sem seu consentimento. - Onde está hospedada?
- Eu moro aqui!
- Mora aqui? Como nunca vi você?
- Voltei há pouco tempo!
- Então, claro. Entendi... Você está de volta, por isso nunca tinha visto você! Onde mora?
Melinda parou e olhou para ele, deu um sorriso lindo mesmo estando apreensiva com a presença do então protetor.
- Nem o conheço. Acho que não é correto eu andar com você! Menos ainda dizer onde moro...
- Desculpe, nem me apresentei. Eu sou Neitan, sou jornalista e me mudei há pouco tempo, acho que uns quatro meses ou um pouco mais... Agora sua vez!
- Prazer, Neitan, eu não irei me apresentar. Descubra, você é jornalista!
Melinda sentou ao lado de algumas pessoas na areia da praia e ficou conversando com eles, eram seus vizinhos. Ela ficou com medo de mostrar onde morava. Resolveu enviar uma mensagem para seu primo.
- Fil, onde estão?
- Eu já cheguei!
- Desce, por favor!
Ela ficou esperando sentada. Ele chegou e a deitou na areia, sentou nas suas pernas e ficou segurando ela deitada por um tempo.
- Fala minha, Linda!
- Preciso que vá lá em casa e pegue algumas coisas para mim. Preciso dormir na sua casa.
- Tudo bem, algum problema?
- Não, embora tenha levado um bolo de todos meus amigos...
- Não apareceu ninguém?
- Não! Você sabia disso... Como nos velhos tempos... Eu sozinha sentada no banco da praça, continuo inocente nas brincadeiras desagradáveis de vocês!
- Tá, quando eu chegar lá em cima irei te ligar para ver o que precisa! Eu te amo, priminha.
- Não me esfrega na areia, meu cabelo. Pare!
Filipe pegou a chave do bolso de Melinda e saiu correndo. Foi interrompido por um soco que ele nem viu de onde veio. Melinda gritou e alguns moradores seguraram o nobre cavalheiro que se pôs a defender sua donzela em apuros. Ela correu em direção aos dois.
- Se quiser continuar vivendo nunca mais encoste nela!
Neitan se soltou e foi em direção à Linda que veio correndo abraçar seu primo, ele ficou olhando sua amada ajoelhada abraçando seu malfeitor. Os vizinhos revoltados queriam bater em Neitan, ela levantou e pediu para entenderem a situação, pois para quem não conhecia os dois parecia mesmo que ela poderia estar sendo agredida. Olhou para Neitan e pediu para ele ir embora. Levantou Filipe e inverteu a situação!
- Você dorme lá em casa comigo! Vou pegar suas coisas...
- Parece que a pegadinha foi comigo!
- Não fui eu, nem conhecia ele até uma hora atrás.
- Quem é ele?
- Não sei. Já disse que não conhecia... Ele apareceu na praça depois que o Rique me dispensou!
- Desculpa, prima! Mas não seria a mesma coisa se não deixássemos a nerd sozinha na praça!
- Eu sempre deixei passar, não seria agora, menos ainda com você! Vou subir, me deixa ver seu rosto.
Ela deu um beijinho no rosto dele e subiu. Avistou o rapaz que ela já havia visto outras duas vezes e desviou dele entrando pelo outro lado do prédio onde Filipe morava. Enquanto Filipe aguardava o misterioso benfeitor apareceu ao seu lado e como se surgisse do chão.
- Desculpe. Eu não sabia que estavam brincando! Como existem meninas sumindo e ela está há pouco tempo aqui, fiquei preocupado, ela estava sozinha na praça e depois sozinha na praia, realmente parecia que você estava agredindo ela, tirou alguma coisa bolso e saiu correndo...
- Eu entendo, nós sempre brincamos assim! Desde criança, nós corríamos e rolávamos nesta areia... Acho bom você sair, ela te defendeu, mas está furiosa. Se ela te encontrar aqui comigo... - advertiu o primo. - Não queira ver ela brava!
- Se for tão linda quanto sorrindo...
Filipe virou para responder, mas ele já não estava mais ao seu lado. Ela chegou com as coisas de Filipe em uma bolsa.
- Irá me maquiar amanhã!
- Que nada, diz que o Gui te bateu!
- Vou dizer que você me bateu, é mais provável que o Gui!
- O que achou da proposta? Estou em dúvida, pensei em fazermos uma reunião amanhã de manhã e ver o que os outros departamentos pensam.
- Acho uma boa ideia, mas eu acho um valor muito baixo para tudo que faremos!
- Também achei! Vou ver se a vovó está dormindo... Vem, vamos para o meu quarto, tomamos banho lá!
- Fala sério sobre seu amigo! Ele te defendeu de forma inusitada.
- Já disse! Eu o conheci hoje depois que descobri que era um trote...
- Ele pareceu interessado demais em você!
- Né? Estranho demais! Um interesse tão... Sei lá!
- Cuide-se, prima, isso não é normal.
- Mas, sabe, ele teve oportunidade de fazer alguma coisa lá na praça...
- Mesmo assim! Não o conhecemos, além das coisas estarem muito diferentes nos últimos tempos.