Flora Narrando
O silêncio depois do impacto era quase sempre o mais perigoso. Mas, naquele instante, não me incomodava. Eu ainda sentia a respiração quente de Evan na minha pele e o toque firme das mãos dele no meu corpo. Estávamos ali, no meio da obra, onde tudo parecia bruto e inacabado mas o que aconteceu entre nós foi tão intenso quanto certeiro.
Ele ajeitou a camisa, os olhos ainda cravados nos meus como se pudesse me decifrar.
— Você é linda, Flora. Quero te ver de novo, fora daqui.
Dei um leve sorriso, daquele tipo que não entrega absolutamente nada. Nem promessa, nem recusa. Apenas silêncio e controle. Me vesti em silêncio, consciente de que meu macacão estava sujo. Pó, um pouco de cimento, sinais do chão áspero contra a lã do tecido caro. Estava arruinado.
Saímos juntos, caminhando pela obra como se tudo estivesse sob controle. Conversávamos sobre os próximos passos da fundação, cronogramas, prazos, materiais de acabamento. Mas a tensão ainda pulsava entre nós. O calor aind