narração: Sara

Sabe quando você já entra numa sala sabendo que vai dar merda? Foi exatamente assim que eu me senti ao cruzar os braços na frente do Luciano. Tava na cara que ele ia aprontar alguma.

— O que você tá fazendo? Eu não vou beber, já disse! — falei logo, tentando manter o controle da situação que já tinha saído do controle há dias.

Ele me olhou como se eu fosse uma criança birrenta. Revira os olhos, bufando alto.

— Não é pra você beber, é pra você me dar o celular. Agora!

Eu abracei o celular como se fosse um pedaço de mim. Como se fosse o último vestígio da dignidade que ainda me restava.

— Não, Lulu! Ele vai pensar que a gente... você sabe... — olhei pra cama atrás de mim e me senti uma idiota.

Mas, claro, o Luciano não ia pegar leve. Ele sorriu daquele jeito de vilão de novela mexicana, já pronto pra armar o caos.

— É pra ele pensar mesmo! Mas ó, se quiser eu tiro a cama da foto... só que você não vai voltar pra casa hoje! Deixa ele imaginar nós dois aqui... juntinhos...