CAPÍTULO 6
Felipe veio até mim com passos apressados.

Seus olhos estavam cheios de raiva, como se tudo aquilo fosse culpa minha.

— Ela merece isso! Esse carro foi feito por mim... Mas agora, quem tá com ele... é ela!

Assim que terminei de falar, ele perdeu o controle.

Me deu um tapa no rosto.

O ar ficou silencioso.

O estalo ecoou, e a marca dos dedos dele ficou na minha bochecha.

Ardia como fogo.

Meus olhos se encheram de lágrimas.

Levei a mão ao rosto, olhando para ele, incrédula.

Senti um nó no peito, cheio de mágoa e dor.

Com a voz trêmula, o encarei e disse:

— Felipe... você me bateu por causa dela? Esse carro foi projetado por mim! Ela fez alguma coisa por ele? Ou só porque tá doente pode sair pegando tudo que é dos outros?

O rosto de Felipe congelou, como se nunca tivesse imaginado que eu o enfrentaria assim.

— Silvia, o que aconteceu com você? Cadê aquela mulher bondosa de antes?

— Você tem tudo! Dinheiro, status, liberdade... Deixar ela realizar um pequeno sonho, custa o quê?

Enquanto falava, pegou a Liliana no colo.

O rosto dela estava pálido.

— Olha o que você fez! Ela ficou tão nervosa que a doença piorou! Ela só queria sentir, pela última vez na vida, como é realizar um sonho... E nem isso você consegue aceitar?

Senti os dedos formigarem de raiva.

Olhei nos olhos dele e soltei uma risada fria:

— Claro que não aceito!

— Felipe, você sabe quantas noites eu passei em claro para construir esse carro? Trabalhei até o amanhecer. Minhas mãos ficaram cheias de graxa. Regulei motor, chassi, tudo… Esse carro é como um filho pra mim!

— E agora, você me diz para simplesmente... dar para ela?

— Se ela quer realizar um sonho, que corra atrás! Pegar o que é dos outros não é sonho, é roubo.

Felipe me olhou, pasmo.

Parecia não reconhecer mais quem eu era.

Por fim, soltou apenas uma frase:

— Você mudou.

E foi embora, carregando Liliana nos braços.

Fiquei tão revoltada que senti uma dor aguda no peito.

O coração disparou.

Caí no chão.

Com dificuldade, gemi:

— Fe...lipe... me ajuda...

Mas ele...

Nem olhou pra trás.

Quando acordei, já estava no hospital.

Um abraço quente me envolvia.

— Silvia, vou te levar para nossa casa.

Era Henrique.

Fechei os olhos.

Pela primeira vez, deixei toda a resistência cair.

Respondi em voz baixa:

— Tá bom.

Afinal… existe um instante na vida em que toda esperança queima até virar cinzas.
Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App