Capítulo 4 Dia de caça

A manhã estava nublada fria e úmida devido à chuva da noite anterior, mas, como prometido, o rei Cornélio começava a treinar Sírius com seu arco e flecha. Ao fundo do palácio, encontrava-se pai e filho em um momento familiar e amoroso.

 Alguns alvos em verde à frente de Sírius e dois alforjes lotados de flechas ao seu lado.

– Afaste mais as pernas, Sírius, tente achar o ponto de equilíbrio do seu corpo. – Falava Cornélio, enquanto batia com a ponta de uma flecha entre as pernas do seu filho.

Sírius abria mais suas pernas, ficando o mais justo e firme possível, segurava grosseiramente o seu arco e acoplava a flecha na corda, puxando-o ao máximo.

– Não é força, Sírius, é dedicação. – Falava Cornélio, enquanto ajeitava o braço do seu filho delicadamente e reduzia o puxe da corda.

Rapidamente, Sírius soltava a corda e a flecha voava disparadamente em direção ao alvo, mas ela caía no chão a poucos metros do disparo, como um saco de estrume e a corda chacoalhava como se estivesse dançando.

– Os nossos soldados fazem isso parecer tão fácil... – Reclamava o príncipe Sírius.

– Eles passaram anos se dedicando, filho. – Respondia seu pai.

Sírius ignorava o argumento de seu pai, pegava sua flecha do chão e colocava novamente no arco. Sem formalidade, postura ou firmeza, ele acoplou a flecha na corda e puxou o quanto pôde e soltou rapidamente.

– Pá! – Ecoava o som da corda do arco.

– Aí! – Gritou Sírius.

– Eu falei pra você, não força a corda. – Falava Cornélio dando uma pequena risada, enquanto Sírius esfregava sua testa, avermelhada.

Após alguns minutos, Cornélio trocou a corda do arco de Sírius e devolveu novamente para seu filho, que agora estava com uma pequena ferida em linha vermelha na sua testa.

– Vamos, mais uma vez, Sírius. – Falava Cornélio.

Sírius se equilibrava, acoplava sua flecha, concentrava-se em seu alvo até decidir o momento certo e puxar a corda do arco, até seus instintos acharem bom e soltar rapidamente.

O som estridente da flecha ecoou pelos ouvidos do garoto, voando como uma águia, rápida e decidida, mas infelizmente não acertou o seu alvo desejado, acabou se inclinando para esquerda.

– Quase. – Falou Sírius com um sorriso.

Após algumas horas de treinamento, na décima segunda tentativa, Sírius finalmente acertou seu primeiro alvo.

– Parabéns, filho! É assim que começa! – Falava Cornélio animadamente.

Com a motivação do momento e os incentivos do seu pai, Sírius tentava cada vez mais.

 Mais rápido e acertando os alvos com precisão, começando por um alvo, depois com dois, uma fileira de inimigos e os seus primeiros inimigos em movimento, mas não se saiu tão bem como  esperava.

– Vamos, Sírius! Você é o príncipe Snake, consegue resultados melhores. – Falava Cornélio, animadamente.

– dois alvos e dois acertos. Três alvos e dois acertos. Sete alvos e cinco acertos. – Falava Sírius rapidamente enquanto disparava suas flechas em direção aos alvos, tentando orgulhar o seu pai.

As horas se passavam, Sírius e Cornélio se divertiam, acertando alvos grandes, pequenos e alguns em movimentos com ajuda dos serviçais devidamente equipados para não se ferirem.

– Um! Dois! Três! Quatro! – Berrava Sírius animadamente enquanto caminhava e disparava suas flechas para os alvos.

*******

Nos dias seguintes, Sírius passava todas as suas tardes treinando com seu arco, em alvos fixos, móveis, grandes e pequenos, com ajuda dos serviçais reais.

Era mais uma manhã como todas as outras, Sírius se levantava de sua cama confortável e acolhedora, pegava seu arco e corria para o quintal para treinar mais vezes, até ser interrompido pelo seu pai Cornélio.

– Opaaaa! Sírius! – Falava Cornélio pegando seu filho e levantando pelos seus braços.

– Diga, papai… – Falava Sírius constrangido, como se estivesse sendo pego fazendo algo errado.

– Hoje vamos caçar na floresta das cobras. – Falava Cornélio, colocando seu filho no chão.

– Ebaaaa! – Gritava Sírius.

– Vamos tomar café da manhã. – Falava o rei Snake, andando lentamente para a cozinha do palácio.

Sírius corria em disparada para a cozinha. As serviçais preparavam um pão de alho, enquanto sua mãe e irmãos estavam sentados ao lado da mesa com seus pijamas. Ele sentava-se em uma das cadeiras e sorria para sua família.

– Bom dia, Sírius. – Falava Belatriz, ao mesmo tempo em que seu irmão Niro.

– Hoje iremos passar um dia na floresta! – Berrava o rei Cornélio, animadamente.

– Não acho que Niro e Belatriz irão gostar, meu bem, eles têm atividades para fazer. Estou certa, crianças? Você também, Sírius. – Falava Beatriz, pegando um pão de alho que a serviçal servia.

– Um dia de folga, minha querida. – Falava Cornélio.

Uma tosse interrompia o momento familiar dos Snake, um soldado, com uma longa barba negra e cabeça raspada aparecia na porta com uma carta em suas mãos.

– Bom dia, Vossa Realeza. O imperador enviou uma carta para o senhor, rei Cornélio. –  Falava o soldado.

Cornélio pegava a carta da mão de seu serviçal e sorria para o homem. Sentava sobre a mesa e abria a carta enquanto seus filhos comiam pães de alho ao queijo tostado.

Logo após a leitura, o rei ficou sem reação durante um tempo, depois ele dobrou  a carta e depositou dentro de suas vestes.

 – Vamos, meu bem, coma seu café da manhã. – Comentava Belatrice, com seu esposo paralisado segurando seus talheres.

Após todos se alimentarem e vestirem suas roupas, Cornélio e seus filhos saíram do palácio em direção à floresta. Sírius com seu arco e flecha nas costas, Beatriz com uma pequena faca sobre um coldre de sua perna e Niro com um pequeno machado em suas mãos.

A família caminhava entre os feirantes, com o comércio bem movimentado do seu reino, todos cumprimentavam Cornélio e sorriam para seus filhos, alguns até abraçavam e agradeciam por algo que o rei fez, poucas pessoas não cumprimentavam a família real. Após chegar ao pequeno monte à frente da floresta das cobras, Cornélio parava de andar e se abaixava para olhar seus filhos nos olhos.

– Não saiam de perto da mim. – Falava Cornélio, sério.

Todos confirmavam com a cabeça e pegavam suas armas, entrando na floresta lentamente.

*******

O som das folhas sendo amassadas ecoava embaixo dos passos de cada um. As três crianças estavam bem próximas de seu pai, na tentativa de reduzir o medo, entretanto a floresta não cooperava. As grandes árvores ocultavam a luz do sol, os monstros e animais rugiam, rosnavam e berravam aos arredores.

– Sírius… Preciso que acerte aquele rato. – Falava Cornélio baixinho para o príncipe, enquanto apontava para um pequeno rato cinza sobre umas raízes de árvores.

Sírius segurava o arco com suas mãos trêmulas, depositava lentamente sua flecha no arco e puxava a corda em direção ao animal.

– Ahhhhh! –  Gritava Beatriz.

Sírius soltava a flecha rapidamente e acabava errando seu alvo, acertando uma árvore. No mesmo momento, as folhas sobre seus pés se mexiam, como se alguém se rastejasse entre elas. Com todo aquele alvoroço, o rato se assustava e corria, logo atrás, as folhas se mexiam euforicamente.

– Pegue, Sírius! – Berrava Cornélio, apontando para o ratinho.

Sírius corria em disparada, obedecendo às ordens do seu pai. Com o seu caminho repleto de folhas, algumas vezes ele se ajeitava para não cair e pulava sobre as raízes das árvores, o rato estava a sua frente euforicamente, enquanto as folhas ainda continuavam a se mexer atrás dos dois.

– Fique parada, sua criaturinha! – Gritava Sírius.

Sírius corria o mais rápido possível, perdendo seu pai e irmãos de vista, mas estava cumprindo a missão. Após uma distância considerável, suas pernas começavam a cansar, sua respiração ficava ofegante e a exaustão batia, mas ele continuava a correr atrás da pequena bolinha de pelo cinza com seu rabo magro e bege.

De repente, o rato subia em uma árvore da altura de uma casa e se sentava sobre um galho, sendo muito alto para Sírius escalar.

– Sírius, você é mais rápido que seus irmãos. – Falava Cornélio exausto enquanto carregava Belatriz e Niro em suas costas.

Com a respiração ofegante, Sírius apenas concordava com seu pai. Pegava seu arco novamente e encaixava mais uma flecha, apontando para o esquilo.

– Concentre-se, filho, use seu extinto superior… – Falava seu pai, baixinho.

Suas mãos ficavam frias, seus olhos endureciam como pedras que ardiam como o fogo e suas bochechas doíam como se rasgasse sua pele. Sua mira ficava estável e fixa sobre seu alvo, que rapidamente se assustava com o garoto lhe encarando, mas o príncipe era mais rápido e soltava sua flecha no momento exato. A lâmina cortava o ar, ecoando um pequeno e veloz som, cravando na barriga do rato e atravessando o corpo da criaturinha, ao mesmo tempo em que o sangue voava sobre o ar, caindo sobre o rosto de Sírius logo após.

– É meu! – Psixim!

Nesse momento, uma grande cobra negra surgia em baixo das folhas e abocanhava o rato de uma vez, ainda no ar.

– O quê?! – Berrava Sírius, assustado com a cobra a sua frente.

 – Obrigado pela refeição, garoto. Psixim! – Falava a cobra, arrastando-se novamente para as folhas.

– Venha cá! – Berrava Sírius, pegando a cobra pela cabeça e a segurando.

– Sírius, a solte. – Falava Belatriz, que se assombrava com Sírius.

Os olhos de Sírius estavam verdes-esmeraldas brilhantes, com um farol, suas pálpebras pareciam escamas e suas mãos estavam repletas de veias enquanto segurava a cabeça da cobra.

– Gostei de você, garoto. Psixim! Corajoso! – Falava a cobra.

– Parabéns, filho, dê um nome para ela. – Falava seu pai orgulhoso.

– Rei Cornélio Snake? Psixim. – Falava a cobra.

–Desculpe-me por roubar a refeição do seu filho. Psixim! – Falava a cobra se enrolando no corpo de Sírius.

– Meu nome é Pi, e o seu? – Falava a cobra Pi, enrolada até o pescoço do garoto sem apertar.

– Eu sou Sírius Snake. – Falava o garoto, enquanto seus olhos voltavam ao normal.

*******

Os anos se passavam Sírius e Pi se tornavam melhores amigos, todos os dias a dupla caçava na floresta das cobras, ratos, pacas, mapinguaris, variados monstros, tesouros que nunca achavam e principalmente flores para vender à Florinda, a nova comerciante da cidade, que se tornava amiga dos dois.

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