Capítulo 3

Maria Isis

Eu acordo desorientada, mas não fico assim por muito tempo, me levanto rapidamente e meu olhar corre pelo o local atrás do meu companheiro e eu suspiro de alívio quando o encontro.

Ele está caído de costas no chão. E seu ferimento ainda está sangrando muito, eu me coloco ao seu lado no momento que Derek chega, e juntos o levantamos.

– Papai vai achar o culpado e eu tenho pena dele, aquela delegacia era seu orgulho – falou Derek enquanto andamos até o carro.

– Sim. – é tudo que eu digo. Eu abro a porta do carro e coloco ele no banco de passageiro, e depois me coloco ao seu lado, e apoio a sua cabeça no meu colo e tento me acalmar.

– Todos sabem que você fugiu. – Derek fala e eu concordo, não estou preocupada com isso. Tudo que posso pensar é no meu companheiro, e só nele.

O caminho do hospital não demorou mais do que alguns minutos, mas eu estou aqui, aflita, para mim, pareceu que durou horas. Cada minuto é importante, justo quando ele está perdendo tanto sangue.

Eu saí do carro antes que ele realmente pare, e xingo quando vejo meu pai na frente do hospital, mas isso não importa. Não quando meu companheiro pode morrer.

Não me interessa nesse momento quem ele pode ser, o que interessa que ele esteja vivo. Só importa isso nesse momento.

– Margot – eu digo quando vejo a médica da família vindo com uma maca e noto os enfermeiros colocando ele nela, e o leva para dentro.

– Vou cuidar dele. – ela diz antes de entrar atrás do seu paciente.

– Você fugiu – papai fala, e eu balanço a cabeça, enquanto o abraço. Preciso que alguém me passe conforto.

– Não conseguir ficar longe. E ele pode morrer, papai. Eu já o amo sem nem conhecê-lo. – eu choro, e meu pai me abraça mais forte.

– Ele vai ficar bem. – ele diz e eu concordo. Meu pai nunca mentiu para mim.

– A mamãe, ela precisa colocar o pretinho nele. Ele vai se curar mais rápido – eu falo baixinho e papai mexe a cabeça.

– Se o caso dele for grave. – ele fala e eu sai do seu abraço. Ele não vai mudar de ideia. Sei que ele está fazendo pelo bem da matilha e por mim, eu entendo, mas não posso aceitar tão bem assim.

Eu entro no hospital e vou para sala de espera atrás de notícias, é o melhor que posso fazer nesse momento ou posso enlouquecer.

Margot apareceu minutos depois explicando que ele vai precisar fazer um procedimento cirúrgico já que ele teve uma hemorragia, e duas costelas quebradas. Fora, algumas lesões superficiais que ele sofreu.

Foi às duas horas mais demoradas da minha vida, nem minha mãe conseguia me acalmar, só ia poder respirar aliviada quando o visse com meus próprios olhos.

– Ele está no quarto – a enfermeira vem me informar, e eu a sigo quando ela me leva a um quarto no segundo andar.

Eu seguro o choro quando o vejo. Ele está deitado, mas seu rosto está machucado, seus lábios estão cortados, tem um forte hematoma na sua bochecha esquerda.

Ele parece bem. E eu me sento na cadeira ao seu lado. Fico inclinada a tocá-lo, mas evito, não quero acordá-lo. Mentira, tenho medo de tocá-lo e ele sumir.

Sonhei tanto com esse momento, mesmo negando para todos os meus familiares que não queria encontrar um companheiro tão cedo, e nem precisava. Tinha medo que pudesse machucá-lo, que perdesse o controle da minha loba e isso o colocasse em perigo. Mas ela está quieta, o que me surpreende, ela nunca foi assim.

– Quem é você? – eu perguntei baixinho olhando para ele esperando uma resposta, é claro que não tenho nada. Ele está inconsciente e não pode me dar essa resposta, mas eu vou ter.

Eu passo as próximas horas aqui zelando o seu sono, e tentando não parecer preocupada com seu estado. Mas ele vai melhorar, eu sei.

Meu pai veio me ver e claro meu irmão também, mas os faço irem embora. Minha mãe queria voltar para o hospital, mas eu insisti que era melhor depois, mas foi uma luta difícil de fazê-la mudar de ideia, mas papai resolveu o problema. Ele tinha esse dom.

 Eu acabo pegando no sono alguns minutos ou horas depois, eu não sei qual foi o momento certo, só sabia que o céu ainda estava escuro. Mas foi o cansaço que me levou ao sono, inquieto, mas ainda assim o sono.

 Foi minha loba que me acordou, ela me deixou tão tranquila que eu tinha esquecido que ela estava aqui, e isso era raro, já que ela sempre fez sua presença nítida para mim ou para quem está ao meu lado.

Eu seguro um rosnado quando vejo uma enfermeira no quarto. Ela está olhando os sinais vitais dele e eu me levanto e vou até o lado da cama, quando ela começa a aplicar algo em seu soro.

– Ele está bem? – Eu perguntei olhando para ela.

– Sim. Está… isso é só para ele ficar melhor.  – ela fala meio enrolada. E eu seguro o rosnado, enquanto ela sente o pulso dele, eu não gosto de ninguém tocando nele além de mim, e isso me irrita. E minha loba também não gosta.

Ela sai do quarto e eu respiro fundo, mas mesmo assim não me acalmo, sinto que algo está errado, não sei explicar ao certo. Mas sinto que algo mudou.

Eu olho para ele e passo os meus dedos em seu rosto e beijo sua testa. Ele vai melhorar. Eu sei disso. Mas a sensação não vai embora.

Então eu olho para ele com atenção e quando respiro fundo, sinto um cheiro ruim. Eu sigo o cheiro e ele vai até o seu soro, sem esperar mais nada, eu o tiro do seu braço e quando eu faço, eu reconheço o cheiro.

É veneno.

Desgraçada.

Eu abro a porta e chamo a Margot e ela arregala os olhos quando percebe o que está acontecendo e chama algumas enfermeiras para prestar socorros em meio companheiro, e analisa o quanto isso pode prejudicá-lo.

E eu rosno no mesmo momento que permito que minha loba rastreie a minha presa. Ela não sabe com quem está lidando. Não mesmo.

Sigo seu cheiro doce irritante pelos corredores do hospital, e a cada passo que dou para chegar nela, eu sinto uma sede de sangue. Sede de ver o sangue escorrer pelas minhas presas quando eu a morde e tira sua vida.

Tento controlar o pensamento brutal de sua morte. Não posso matá-la antes de saber o motivo dela querer matar meu companheiro.

Eu a encontro no estacionamento, ela está abrindo a porta do seu carro, eu chego atrás dela e puxo pelo o braço. Ela grita, mas se cala quando me vê.

– O que houve? Precisa de alguma coisa? – ela perguntou fingindo falsa preocupação.

– Eu sei o que você fez – eu digo segurando um rosnando.

– Não sei do que você está falando. É o fim do meu turno e eu tenho que ir pra casa – ela diz dando um passo para trás.

– Você envenenou meu namorado. E quero saber o motivo? Ou melhor, quem mandou? – eu perguntei quase rosnando.

– Isso é difamação. Vou chamar a polícia. Você não pode me acusar de algo assim sem provas. – ela fala rapidamente.

– Eu posso e eu tenho a prova que você fez isso. Eu sou uma testemunha. Eu vi você. E ele entrou em choque minutos depois que você saiu. – eu falo, mas não toda a verdade.

– Ele é um paciente em estado estável e podia piorar. Eu administrei o remédio que fui ordenada, e não tive culpa da sua reação – ela fala com tanta sinceridade que isso podia convencer qualquer pessoa, mas eu sou uma loba e eu sinto o cheiro da sua mentira.

– Eu não acredito em você. – eu digo irritada.

– Problema seu! – ela fala tentando entrar dentro do carro, mas eu puxo seu braço com mais força e a empurro a porta e o vidro se quebra.

– Você vai admitir. – eu rosno pegando ela pelos os cabelos.

– Maria Isis! Que diabos você está fazendo? – perguntou meu irmão, mas eu não solto a minha presa.

– Ela envenenou ele. Ele podia morrer. – Eu digo com um rosnando.

– Merda – xingou Trent. 

– Quero matá-la. – Eu digo e eu vejo ela começa a chorar tentando sair do meu aperto.

– Não fazemos as coisas assim – meu irmão diz. Mas eu mexo a cabeça em negação.

– Não. Mas eu quero. – eu falo tentando me segurar mesmo que o desejo de matá-la seja tão forte.

– Vou levá-la presa e ela vai dizer quem a mandou fazer isso. Mas se você matá-la, não vai saber quem é o mandante – ele diz e eu concordo soltando ela.

– Se você não fala toda a verdade. Será ruim para você. A morte é pouco para o que tenho em mente para fazer você revelar toda a verdade – eu ameaço antes de voltar para dentro do hospital.

Eu estou a caminho do quarto do meu companheiro quando vejo o senhor Daniel na sala de recepção, ele e mais dois policiais. Mas não preciso olhar duas vezes para saber que esses policiais não são da cidade.

– Estamos aqui por um paciente. Ele vai ser transferido para o presídio da capital. É de extrema importância que isso seja feito o mais rápido possível, estamos com um mandato judicial. – Daniel fala. E eu sei que tenho que fazer uma loucura.

Situações como essas, é necessário uma medida desesperada, e eu tenho uma ideia. E se ela der errada, bom. Ele não será o único preso.

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