Sem Querer - Nosso Caminho de Descobertas
Sem Querer - Nosso Caminho de Descobertas
Por: Ninha Cardoso
Capítulo Um

* Este romance é uma duologia. Livro 1.

Parte 1

“Quando encontrar alguém

e esse alguém

fizer seu coração parar de funcionar

por alguns segundos,

preste atenção:

pode ser a pessoa

mais importante da sua vida.”

*******

Quando Vitor se esticou em sua cama e sentiu que estava bloqueado por algo, piscou os olhos rapidamente para focar.

Em seu despertar ainda sonolento não conseguia saber se estava sonhando ou se havia mesmo um corpo quente grudado ao seu.

Decidiu que era um sonho.

Aquele corpo macio, quente e cheiroso só podia ser algo como um sonho. E se aproveitando disso, desse prazer silencioso e delicioso, correu a mão por sua pele, parando nos seios pequenos e sentiu que o sonho erótico estava lhe despertando para outras coisas e que seu corpo também reagia.

Sua cabeça doeu um pouco, uma pontada fina o fez apertar os olhos e estragou seu sonho erótico com uma mulher linda.

Cabelo castanho escuro, olhos castanhos brilhantes como âmbar e uma boca perfeita para seus beijos.

Esfregou os olhos para sair de sua doce ilusão e entendeu que estava em seu quarto, em sua cama, como sempre. A pouca luz vinha de fora. Um fio de luz do dia que entrava pela cortina mal fechada.

Engoliu em seco, um gosto ruim na garganta e o estômago estufado, se sentindo um pouco enjoado, a cabeça pesada. Esfregou a testa e virou o rosto.

“Merda.”

Rapidamente retirou a mão do seio macio... De Juliana. A pessoa que ele nunca deveria se aproximar a não ser para assuntos de trabalho.

Só que o modo como ela estava relaxada em sua cama não parecia nada com trabalho. Estava nua, o cabelo desgranhado e a boca sem batom.

“Que merda eu fiz?”

Ele sentou devagar, mas não deu muito certo. O movimento do colchão acabou despertando Juliana que a príncipio abriu levemente os olhos e ergueu o rosto para ele.

Piscou. E o viu.

Ela deu um salto sentando depressa e quase caindo para trás. Arregalou os olhos e então puxou fundo o ar e soltou um grito mais alto que podia.

Vitor também arregalou os olhos com a reação dela e levou as mãos aos ouvidos, fazendo uma careta de dor e espremendo os olhos.

_ Ai, pelo amor de Deus garota... Para com isso, quer me deixar surdo?

Ela continuou gritando. Ele pensou que talvez toda a cidade acabasse ouvindo.

_ Jesus... Que garganta poderosa... Chega, por favor! - falou alto.

Com dor de cabeça e um grito desse ao pé do ouvido era certeza ter uma enxaqueca logo mais e sem falar na ressaca.

_ Sai de perto de mim - ela gritou.

Juliana puxou o lençol para se cobrir e uma parte estava presa embaixo de Vitor.

Puxando mais forte, o lençol se soltou e ela acabou indo ao chão em um cena ridícula, de pernas para cima e o cabelo encobrindo seu rosto.

_ Não chegue perto - disse do chão.

_ Eu hein, Deus me livre - pegou o travesseiro e se cobriu como pôde _ Se você gritar de novo, vou passar mal e vou vomitar em cima de você. Estou com muita dor de cabeça e uma ressaca que promete - ele suspirou e apertou os dentes.

Juliana sentou segurando o lençol e apoiou a cabeça no colchão, olhando para ele como se fosse um bicho estranho.

_ Que... Diabos você está fazendo aqui na minha cama? - ela perguntou.

_ Eu? Sua cama? - virou para ela.

Ele também a olhava de modo surpreso. Não imaginaria que iria acordar ao lado dela.

Agora estava muito difícil raciocinar e encontrar as palavras certas para explicar, mas era preciso.

Respirou fundo e esfregou os olhos de novo, colocando as ideias de volta no lugar. Estava difícil até respirar por causa da dor de cabeça que ela tinha agravado com o grito estridente.

Eles trabalhavam juntos quase todos os dias e nunca a vira assim. Sempre estava em seu jeans ou seus vestidos floridos.

Nua era a primeira vez.

Gostaria de ver mais, só que ela estava escondida atrás do colchão, encolhida no chão com o rosto apoiado e olhos bem abertos. Deu vontade de rir, mas não o fez para não piorar a situação.

O rosto corado pelo susto estava limpo de maquiagem e o cabelo desgrenhado lhe dava um ar mais jovem ainda, a deixando muito atraente. A boca rosada entreaberta era um convite, mas ele não ousaria agora.

Desviou o olhar da boca.

_ Se não percebeu, você está em minha cama, em meu quarto - ele disse.

Ela olhou devagar em volta. Realmente não reconhecia o lugar. Com certeza não era seu quarto rosa e branco cheio de almofadas e telas que ela mesma havia pintado.

Gemeu fechando os olhos.

“Que diabos ela fazia ali?”

Ela não recordava muita coisa da noite anterior, mas pelo jeito tinha feito uma besteira.

Vitor percebeu que seu sonho delicioso e erótico se transformava em pesadelo. Juliana era irmã de seu chefe, o que não era nada bom.

Muito ruim na verdade. Estava encrencado.

Perderia o emprego despois disso e se não tivesse cuidado, perderia a cabeça também. Joel não ia gostar nada de saber o que aconteceu. E nem ele lembrava direito como os dois tinham acabado ali, no quarto dele.

Lembrava da festa da noite anterior, quando participou do casamento de Joel e Analice.

Os convidados estavam se esbaldando na comida e bebida e ele também entrou nessa, mas pelo jeito bebeu além da conta.

A festa começou à tarde, entrou pela noite e só de madrugada os noivos saíram, deixando ainda alguns convidados bem animados. Ele era um deles. Não se recordava da última vez que tinha bebido tanto ao ponto de cometer uma insanidade.

Na certa ele deve ter entornado cada copo e taça que chegava em sua mão, só pode. Só assim para ele passar por cima do fato dela ser sua colega de trabalho e de ser irmã do patrão.

Claro, sempre a achou muito bonita, mesmo com as roupas normais de trabalho, mas antes ficava na dele e nunca chegou perto de nenhuma gracinha.

Mas agora a bebida tinha feito o inverso. Ela também tinha bebido e tavez os dois estivessem muito desinibidos na festa, ao ponto de se esquecerem desse detalhe e acabarem na cama.

Só que isso não era o único ponto a ser levado em consideração.

Se ele já a achava interessante, a bebida só o empurrou a dar o passo e claro que com ela foi o mesmo. Afinal, ele não a arrastara até ali ou alguém o teria parado.

_ Seu quarto? - ela franziu a testa e torceu a boca _ Seu quarto? - repetiu.

_ Você ficou lenta, Juliana?

Ela apertou os olhos e olhou com calma em volta. Realmente era um dos quartos da ala de empregados da fazenda de Joel, seu irmão.

Já tinha entrado em alguns quando estavam sendo construídos e eram basicamente o mesmo, mudando poucas coisas de acordo com o gosto pessoal de quem o ocupava.

Havia a cama, uma janela grande com a cortina meio aberta, uma porta que era do banheiro e mais outra que era da sala pequena que todos os quartos tinham, onde com certeza estava a tevê.

Ela esfregou a testa pensando no que tinha feito na noite anterior para estar ali, onde com certeza deveria passar longe. Seu estômago revirou e ela sentiu um gosto ruim subir por sua garganta. Tinha bebido demais na festa do irmão.

Não queria nem voltar a olhar para ele.

Estava nua no quarto de Vítor. Pior, estava nua embaixo do lençol, na cama dele. Isso não era nada bom.

Queria que um buraco se abrisse agora e ela fosse tragada para o fundo de vez.

“Que merda eu fiz, meu Deus?”

* Autora Ninha Cardoso.

Este livro é uma duologia e está completo. Continue lendo para saber mais sobre Juliana e Vitor. Vem muita coisa por aí.

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