Após a morte de Isaac, Vinícius passou a levar os filhos toda semana para a antiga mansão, a fim de passar mais tempo com o Sr. Edson Castro.
Todos, de forma tácita, evitaram mencionar aquele nome novamente.
Para as duas meninas, Isaac apenas havia ido para um lugar muito, muito distante — sem previsão de retorno.
Sempre que Vinícius chegava com um bolo, elas guardavam um pedaço na geladeira, esperando que ele pudesse voltar para comer.
Com o tempo, a tristeza foi se dissipando da casa.
As meninas, cada vez mais arteiras, bastavam alguns minutos de descuido para revirarem tudo de cabeça para baixo.
Letícia acabara de acordar de um cochilo quando as viu escondidas num canto, remexendo algo com ar suspeito.
Estava prestes a se aproximar e assustá-las, quando as duas vieram correndo, agitadas, segurando algumas folhas de papel.
— Mamãe, quem é a Estrela?
Letícia parou por um instante, só então reconhecendo o que estavam segurando.
Eram cartas de amor — aquelas que Vinícius havia escondido