Vinícius apertou o espaço entre as sobrancelhas, arrependido até a alma por sua ignorância de outrora.
— Nenhum de nós dois tem um temperamento tão agitado... como é que essas duas crianças conseguem ser tão endiabradas?
Sobre isso, Letícia tinha plena autoridade. Fitou-o por um instante, séria, e disse em tom de quem fala com a alma.
— E de quem é a culpa, se não sua? Você mima demais as meninas. Quando eu tento chamar atenção, você logo intervém tentando amenizar. Assim não tem como educar, Vinícius. Se quer saber, isso é você cavando sua própria cova!
Levar esse sermão em silêncio foi tudo o que Vinícius conseguiu fazer — não ousou responder.
Do banco da frente, o motorista, tio Lopes, não segurou a gargalhada.
— Dona Letícia, desde que a senhora se casou com o Sr. Vinícius, ele vem perdendo território em casa a cada dia! Quem diria que aquele homem de cara fechada agora virou escravo das filhas?
Vinícius balançou a cabeça, resignado, sem coragem de contestar.
Letícia cobriu a boca