A mulher volta para dentro da salinha.
— Vestidos? — pergunto. — Posso ver?
— Claro. Vou buscá-los.
Ela entra na salinha e eu olho as blusinhas da arara.
— São ótimas peças. — Claude diz, observando as roupas. — Na França, ela faria um sucesso.
— Ela faria um sucesso em qualquer lugar.
— Voltei. — Gabei diz. — Sobre o que falavam?
— De você.
Ela faz careta e coloca os vestidos em cima do balcão. Eram todos do mesmo modelo. Alcinhas finas, tecido liso, que batia na altura do joelho.
— Que coisa linda. — digo.
— Desenho meu. — ela morde o lábio. — Senhora Aflen adorou e o fez.
— Sério? Quero levar. Dois.
— Jura?
— Claro! — ergo o vestido vermelho. — É tão lindo. E foi você quem desenhou.
— Você é demais.
— Você que é! — pisco pra ela. — Quero esse e hmm... que cor eu levo?
Olho para Justin e Claude.
— Hmm... — Justin pega o amarelo — Combina com você.
— Mas o roxo também. — Claude diz.
— Vocês ao invés de me ajudar, me embolam.
— Escolhe, mulher! — Justin ri.
Olho para os vestidos na mão dos dois.
— Decidi! — pego os vestidos. — Vou levar os três.
Gabei abre a boca.
— Quem pode, pode! — Justin zomba.
Pego meu cartão e entrego a Gabei. Ela o passa e depois de embrulhar os vestidos, me entrega.
— Obrigada mesmo. — ela me abraça. — Esse é o melhor tipo de apoio que existe.
— Eu sei. E é como Claude disse. Você tem futuro nisso.
Ela suspira e sorri.
— Eu sempre acreditei que sim e vocês me fazem ver que é mesmo verdade.
— Você só sonha pequeno. — Justin diz.
— Não, eu sonho muito alto. Só tenho os pés no chão.
— Quero que desenhe para mim. Sabe o meu gosto e só comprarei roupas aqui. A não ser que precise ir naquelas festas de gala com os meninos.
— Eu te amo, Cat! — ela me abraça de novo. — Obrigada por tudo.
— Que isso! Até mais tarde.
Beijo seu rosto.
Justin e Claude fazem o mesmo, e nós saímos da loja.
— Vamos para lados opostos. — Justin informa. — Mas pode pegar o primeiro táxi.
— Obrigada, amorzinhos.
Faço sinal para o carro que logo para.
— Vá ver o Nate! — Justin diz. — E me avise de tudo.
— Pode deixar.
Me despeço dos dois e entro no carro. Depois de dizer o endereço de casa, fico nas nuvens, cheirando aquelas rosas.
[...]
Assim que chego em casa, largo as bolsas no sofá e corro para pegar um vaso. Encho o vaso com água e coloco as rosas nele. Deixo-o em cima da mesinha e me estico no sofá.
Eu me sentia cansada ultimamente. Não aguentava andar por muito tempo e me deixava sem ar.
Ligo a TV e coloco em um canal aleatório. Fico olhando para as rosas e pensando em Nate.
Eu iria ao seu apartamento, para ouvir ele pedir desculpas por uma briga idiota. E depois? A última coisa que eu queria, era que nosso relacionamento se baseasse em brigas e desculpas. Eu sou completamente apaixonada em Nate.
Muito.
Escuto meu celular apitar e o pego. Era uma mensagem de Zion.
Zion: Um certo loiro pediu pra perguntar, se você recebeu as rosas.
Eu: Diga ao certo loiro que sim, que amei. E que me espere para jantar hoje.
Me levanto, pego nas bolsas e vou para o quarto. Tiro os vestidos da bolsa e deixo apenas o vermelho em cima da cama. Vou até o closet, guardo os outros e aproveito para pegar uma sandália de tiras na mesma cor do vestido e uma jaqueta jeans. Deixo tudo em cima da cama e vou para a janela. Coloco fones de ouvido. Enquanto não chega a hora de ver Nate, fico ouvindo música, e no twitter, o que eu aprendi a amar.
[...]
— Vai dormir lá? — Zion pergunta.
— Por que sempre pergunta isso?
Gabei ri.
— Só curiosidade. — ele diz.
— Zion, eu não escuto os gemidos de vocês. Relaxa. Eu uso fones. E não sei se volto. Eu ligo pra avisar. Beijinhos.
Eles acenam para mim e eu saio do apartamento. Já havia um táxi me esperando na frente do prédio. Digo o endereço de Nate e em menos de meia hora, eu chego ao meu destino. Pago a corrida e pulo do carro.
— Boa noite senhorita. — o porteiro diz.
— Boa noite.
Sorrio para ele e entro no elevador.
Antes que ele parasse no andar de Nate, sinto meu estomago revirar. Respiro fundo e saio do elevador.
Toco a campainha e mais um enjoo.
— Cat! — Nate sorri.
— Sai.
O empurro e corro para o banheiro. Antes que eu pudesse chegar no vaso sanitário, o vômito sai, sujando todo o banheiro.
— Ai meu Deus! — Nate exclama. — O que você tem?
— Sai daqui!
— Não! — sinto suas mãos em meus cabelos. — Vou cuidar de você.
— Nate, sai daqui. Por favor.
— Não vou! Fica quieta.
Ele me puxa para cima e me encosta na pia. Nate molha minha boca.
— Sente vontade de vomitar mais?
— Não. — era verdade.
Ele pega em uma escova de dentes e coloca um pouco de pasta.
— Escove os dentes! — diz me entregando a escova. — E vai pra lá, pra eu limpar isso.
— Nate...
— Sai fora. — ele me empurra para fora do banheiro.
Vou para o seu quarto e termino de escovar os dentes. Jogo um pouco de água na boca e cuspo.
Olho para a minha imagem no espelho.
Pálida.
Legal.
Respiro fundo e prendo meu cabelo em um coque. Retiro a jaqueta e a jogo na cama, assim que volto para o quarto.
O que está acontecendo comigo?
Me sento na cama e escondo meu rosto nas mãos. Fico quieta, parada no silêncio por um tempo, até Nate aparecer.
— Você está bem? — sua mão pousa em meu pescoço.
— Agora sim. Obrigada.
— Já sentiu isso antes?