A Escolha

Chegando ao refeitório estavam reunidos na mesa como de costume Gil, Julieta e Carlos. Gil estava explicando para os dois o que havia sido decidido no auditório e é claro que Carlos não concordou nem um pouco em estar na mesma equipe que Raphael. Antes mesmo de Christian chegar à mesa ele já estava sendo recepcionado por um olhar que sejamos sinceros era no mínimo assustador.

– Você é um idiota. ­–Disse Carlos

– Eu também amo você – Ironizou Christian

– Eu não estou brincando –Carlos rebate

– Me deixe adivinhar foi porque eu coloquei o Raphael no grupo, não é? –Pergunta

– Já pensou em trabalhar como vidente pelo menos nisso, você seria bom –Diz Carlos

– Ok! Vou aceitar a dica, e aproveitar para pedir desculpas, eu não tinha escolhas, ele foi o único que sobrou e todos tinham que participar desse trabalho.

Carlos apenas abaixou a cabeça, pois sabia que Christian estava certo, nesse mesmo instante Julieta se levanta da mesa e vai em direção a Bella.

Julieta e Bella tem uma história antiga, elas estudaram juntas desde jardim de infância e por coincidência ou não escolheram a mesma universidade e o mesmo curso, elas eram como almas gêmeas as duas eram um pouco parecidas gostavam das mesmas coisas, mas eram de personalidades diferentes.

 Bella era uma mulher vulgar, adorava uma briga e guardava um segredo tão profundo que nem mesmo Julieta sabia ,enquanto Julieta era romântica e odiava confusão, Elas se abraçam, como se não se vissem durante uns três anos.

– Amiga, estamos no mesmo grupo! – Exclamou Bella.

– Eu sei e isso é maravilhoso, mas você promete se comportar e não ficar provocando a Aimée? –Pergunta Julieta quase suplicando

– Você sabe que eu não posso prometer o que eu não vou cumprir.

– Pelo menos se comporte, por favor

– Vou pensar no seu humilde caso. - Bella diz um pouco irônica

– Eu sei que vai. Então vamos lá nos reunir com o resto da equipe, temos que saber sobre o que iremos documentar.

As duas andam em direção à mesa onde todosjá  estavam reunidos, Bella não tirava o olho de Christian, ela chegava a quase esquecer de piscar de tão hipnotizada que estava. Chegando à mesa, Bella como era de se esperar senta bem ao lado de Christian e Julieta.

– Raphael, Breno venham nós vamos nos reunir agora. –Gritou Gil.

Raphael se aproxima e senta bem ao lado de Julieta abraçando-a, ele sabia o perigo que corria, pois mais cedo já tinha tido o prazer de provar da força de Carlos, mas isso não abalou Raphael e seu coração de playboy apaixonado, Julieta simplesmente não fez muita coisa como se quisesse ignorar os atos de Raphael.

Breno chega não tão rápido quanto Raphael, ele não era do tipo sociável e enquanto se aproximava não tirava os olhos da Bella, ele tinha a sensação de já conhecer ela há uns 40 anos ou até mais.

Imediatamente, todos ficaram em silêncio, o rosto de Breno ficou vermelho, afinal nunca gostou de lugares cheios. E nunca ia ao refeitório, pelo menos, não nos intervalos.

– Então... – Disse Christian

– Então o que? – perguntou Carlos

– Sobre o que será o nosso trabalho. – Diz Christian ignorando a grosseria de Carlos

– Tem que ser um lugar onde mais ninguém iria gravar. – Disse Bella

– Que tal em Amityville? – Disse Raphael batendo na mesa e levantando demonstrando sua empolgação

-E o que tem lá? - Breno questiona

– Dizem que essa cidade é mal assombrada, que em 1965, a família Defoe comprou uma casa na Avenida Ocean, de número 112. Foram morar na casa, além do Sr. e Sra. Defoe, seus 5 filhos, e todos esperavam viver uma vida tranquila. Como em quase toda família, os Defoe enfrentavam problemas familiares, causados pelo filho mais velho, Ronald "Butch" Júnior, que era viciado em drogas e praticava pequenos furtos para sustentar seu vício - Ele fez uma pausa como se quisesse lembrar de mais informações e antes que qualquer um pudesse questionar, ele continuou

- Mas a vida da família iria mudar no dia 13 de novembro de 1974, pois o Ronald por um motivo desconhecido, resolveu matar todos os membros de sua família. Com a ajuda de uma carabina, se não me engano, ele foi até o quarto dos pais e os matou, depois foi no quarto de cada um dos seus irmãos e disparou contra eles também. Para finalizar assassinou as outras duas irmãs. A polícia logo prendeu Ronald, que no início dizia que os pais tinham envolvimento com a máfia. Segundo a policia que investigava o caso Ronald diz que "Começou tudo muito rápido. Assim que comecei, não consegui parar".

-Uau… - Foi a única coisa que Christian conseguiu dizer antes de Raphael continuar

- Ele foi julgado e condenado a mais de 100 anos de prisão, algumas coisas estranhas aconteceram durante os assassinatos e os fatos até hoje estão sem explicação, todos foram mortos enquanto dormiam e por algum motivo estranho ninguém acordou com os disparos.

Outro fato é que todos foram colocados de bruços antes de serem atingidos. e quando interrogados, nenhum vizinho ouviu nada, o que torna tudo mais suspeito já que carabina é uma arma barulhenta.

– Não vi nada de assustador nessa casa parece ser só mais um caso de assassinato como todos os outros. – Disse Julieta.

–Me deixa terminar de contar a história Julieta. – Diz Raphael revirando os olhos

- Um ano depois do massacre, a casa foi vendida para uma outra família, que era composta por George e Kathy Lutz e seus 3 filhos. Mesmo sabendo da história trágica da casa, eles diziam não se importar e  antes de se mudarem levaram um padre para abençoar o local. -ele fez uma nova pausa um pouco pensativo, para recordar mais informações sobre a casa - Coisa que pelo visto não funcionou, pois a família Lutz ficou menos de um mês no local. Eles simplesmente fugiram, deixando todas as suas coisas para trás, eles relataram que surgiam enxames de moscas do nada, portas e janelas abriam e fechavam abruptamente, mãos invisíveis os arranhavam durante a noite, ouviam barulhos, sons de tiro e até visões de fantasmas, enfim, o local estava mal-assombrado. – Contou Raphael

– Para mim, parece perfeito - Disse Bella.

–Eu não acho que não devemos nos arriscar tanto. – Disse Christian

– Eu adorei essa ideia, mas esperem aí que eu vou pegar meu caderninho para poder anotar tudo. – Diz Julieta

– Eu concordo vai ser um trabalho inovador jamais visto em toda a história dos trabalhos imagina se a gente conseguir gravar algum evento sobrenatural podemos ganhar um Oscar. – Disse Carlos empolgado pela primeira vez

– Calma aí Carlos, é só o TCC o máximo que vamos conseguir aqui é nos formar. – Diz Gil.

– Espera, onde está a senhorita certinha? – Perguntou Bella como sempre tentando provocar Christian.

– Estou aqui - Finalmente Aimée se juntava ao grupo. – Sentiu minha falta, oxigenada?

– Você nem sabe o quanto, cada vez que você está por perto minha beleza realça. – Provoca Bella.

– Ta bom, já podem parar. – Diz Christian

– Eu vou parar só porque o pudinzinho pediu.

Aimée aceitou essa provocação, afinal ainda estava com raiva do Christian e se sentou com os outros.

– Então estão todos de acordo? – perguntou Carlos.

– De acordo com o que? -Pergunta Aimée.

– De gravar lá em Amityville. – respondeu Gil.

–Aquela cidade assombrada? Ótima ideia. –Disse Aimée.

–Então está decidido faremos em Amityville. – Disse Raphael batendo na mesa enquanto se levantava.

Embora não tenha concordado com o que foi decidido Christian teve concordar porque afinal estava em menor número. Ele se levanta da mesa dando o assunto como decidido e se pronuncia.

–Já que por maioria o lugar escolhido foi Amityville então será lá que iremos gravar!

– Isso aí pudinzinho. – disse Bella comemorando

Aimée mais uma vez poderia esganar a Bella ali mesmo, mas como ainda estava com raiva do Christian ficou calada novamente só observando como tudo isso se resolveria.

–Já que está decidido podemos ir agora? –Perguntou Carlos.

–Sim. – Diz Christian de forma seca.

Todos se levantam da mesa e saem cada um para um lado como se estivessem ali somente por obrigação, coisa que realmente estavam. Christian fica na mesa sozinho, era uma coisa que particularmente ele odiava já que passava todo o resto do tempo sozinho desde que saiu da casa dos pais.

O sinal bate e ele vai em direção à sala com a cabeça baixa como se não quisesse nenhum contato visual com ninguém. Assim que entrou no auditorio se sentou no mesmo lugar da outra vez e finalmente ao levantar o olhar viu que Aimée estava sentada do outro lado e isso claramente significava que sua raiva era ainda maior do que Christian imaginava.

–Desçam todos os diretores aqui e me digam sobre o que foi decidido com os seus respectivos grupos. - Professor Adam diz assim que entram na sala

Todos os diretores descem e ficam um ao lado do outro e seguindo a mesma ordem anterior começaram a falar.

 –Nós iremos documentar sobre o nazismo. – Diz Patrick.

–Nós sobre os acontecimentos extraterrestres. – Disse Isabela.

–Iremos documentar os chamados "Super humanos". –Diz Fred.

–Documentaremos sobre os cantores adolescentes. – Disse Joana.

–E nós sobre a casa de Amityville. – Diz Christian.

O auditório olha com certo espanto afinal era o tipo de coisa que não se tinha grandes registros a maioria achava que era só uma invenção.

–Vocês sabem que isso pode ser um tiro no escuro, não é? – Perguntou o professor Adam.

–Como assim? –Perguntou Christian.

–Do mesmo jeito que vocês podem ter qualquer registro que seja e tirarem a nota total e arrasar no TCC vocês podem ser um fracasso não tendo nada de interessante pra mostrar e zerar o TCC. Agora é minha função perguntar, vocês querem mesmo arriscar a tal ponto a nota de todos vocês?– Perguntou Adam

Christian olhou fixamente para o auditório procurando pelo seu grupo, sua visão estava um tanto ofuscada por causa das luzes, identificou Gil, Aimée e Carlos que concordavam com a cabeça, algumas cadeiras a frente estava Bella e Raphael que também concordaram e por fim viu Breno que surpreendendo um total de zero pessoas estava indiferente a isso.

 –Sim, estou disposto a isso - Christian disse confiante

–Pois bem, com todos os documentários já escolhidos cada grupo vai até a sala dos materiais e vão pegar cada item que irão precisar, alguns desses materiais são os que há de melhor no mercado nos dias de hoje já outros são os mais antigos, por isso devem ter cuidado, podem ir, mas como eu disse desde o começo do nosso curso os alunos mais dedicados serão beneficiados ,então os diretores com as maiores notas ao total, levarão seus respectivos grupos até lá. –Disse Adam.

Nesse momento Christian deu um suspiro de nervoso porque nos últimos meses deu uma relaxada com os estudos, estava um tanto quanto ocupado demais dedicando todo seu tempo para Aimée.

–Com um ponto a mais o grupo do diretor Christian pode se encaminhar até a sala dos materiais. E logo após a chegada do grupo deles pode ir o grupo da Joana e depois do Patrick e depois do Flavio e por último o da Isabela. –Diz Adam.

Todos os sete se levantaram ao mesmo tempo e caminharam até a porta onde Christian estava os esperando. Com um sorriso um tanto quanto irônico Christian olha para todos.

– Você não faz ideia de onde fica a sala de matérias não é idiota? –Perguntou Carlos

– Pra ser sincero... Não, eu não tenho ideia de onde é. –Disse Christian segurando o riso.

– Isso é maravilhoso senhor esperto. Quase cem anos estudando aqui e não sabe onde fica uma simples sala? –Perguntou Carlos.

– E você por acaso sabe onde fica senhor inteligente? – Perguntou Christian

– Claro, ela fica... Por algum lugar desses corredores. – Brincou Carlos.

– Alguém sabe onde fica a sala dos materiais? – Perguntou Gil ignorando os dois amigos

– Eu sei, já fui lá algumas vezes. – Disse Bella.

Não precisava nem perguntar o que ela foi fazer lá, todos conheciam a "pequena" fama da Bella, acredita-se que ela se relacionou com basicamente um pouco mais da metade dos alunos.

– Então vocês vão me seguir ou vão ficar parados aí? – Perguntou Bella.

Num movimento quase sincronizado todos seguiram Bella até a sala de materiais. Carlos puxou Christian para mais atrás de onde estavam todos.

–Cara eu to a fim de chamar a Julieta pra sair mais não sei se ela vai aceitar eu acho que ela é meio afim do playboyzinho. –Sussurrou Carlos indicando o Raphael

–E você me chama de idiota. Cara deixa de ser burro a Julieta pode sim ter dado seus deslizes com o Raphael mas eu posso te dar a certeza de que ela é totalmente afim de ti, os olhos dela chegam a brilhar só de escutar seu nome. –Disse Christian.

– Claro que não, ela pode até gostar um pouco de mim, mas ela não é afim por mais que eu queira acreditar nisso tenho que ser realista. – Disse Carlos.

– Carlooooos. –Gritou Christian.

Nessa mesma hora Julieta que estava concentrada em sua conversa com Bella quase um metro na frente, olhou para trás com uma rapidez um tanto quanto incomum, o único momento que uma pessoa conseguiu ultrapassar a velocidade da luz com certeza foi ali.

– Viu quem foi a primeira a olhar e quem ficou por mais tempo olhando? –Perguntou Christian.

– Você pode estar certo idiota, mas eu ainda não acho que ela esteja afim de mim. – respondeu Carlos.

– Você pediu a minha opinião e aí está ela. –Disse Christian.

– Ok, Obrigado. – Diz Carlos.

Nesse instante Gil chega perto da dupla com um sorriso aberto como se tivesse acabado de descobrir algo, Carlos não era do tipo que aceitava a opção sexual de Gil e por isso todas as vezes que ele chegava por perto Carlos pegava uma reta para o mais longe possível.

Christian achava isso besteira já é amigo de Gil desde que consegue se lembrar e a opção sexual escolhida pelo amigo claramente não mudaria nada em sua amizade.

Carlos foi em direção a Aimée ele não gostava de ver sua irmã triste do jeito que estava, ela não era do tipo de muitas amizades a única amiga que tinha era Julieta, mas essa tinha como melhor amiga Bella que era a pessoa que Aimée mais odiava no mundo.

E quando Julieta e Bella estavam juntas só restava pra ela ficar sozinha com seus mais profundos pensamentos.

– O que foi amorzinho? – Perguntou Carlos enquanto passava seu braço por cima do ombro da irmã

– Nada não maninho. –Aimée Respondeu forçando um sorriso

– Tá, vou acreditar. E aí animada para ser editora? –Perguntou Carlos.

– Pra ser sincera não muito, estou com um certo pressentimento em fazer esse trabalho em Amityville, você sabe que eu não sou muito desse tipo de pessoa igual esse médiuns que veem as coisas, mas dessa vez eu to sentindo uma energia negativa só de pensar em estar lá. – Respondeu Aimée apreensiva

                                                          

                                                                       ***

Desde criança ela já tinha isso, lembrava-se de estar presente quando a avó faleceu e constantemente era como se ela ainda convivesse com os fantasmas daquele dia.

Era uma noite comum, Aymée estava na sala com sua avó Maria, por ser a mais próxima da avó, passavam horas quase todos os dias explorando novas receitas de um antigo livro, se deliciando em um nescau quente enquanto sua avó lhe contava sobre sua infância e adolescência.

A sala da casa da avó era feita quase toda de madeira, tinha duas poltronas vermelhas, uma lareira e um relógio cuco muito velho, que era mantido ali apenas por fazer a pequena Aimée sorrir. Era como se as duas tivessem uma ligação de tão proximas, às vezes uma chegava a completar a fala da outra e isso resultava em pelo menos alguns minutos de risadas, como se pensassem juntas.

A geração delas era diferente, é claro, mas ambas desejavam ficar ligadas por muito tempo. Mesmo com a pouca idade, Aimée já tinha noção que Vovó Maria não seria eterna, fazia pouco tempo desde que a avó havia sido diagnosticada com um problema de coração. E os médicos não tinham nada a fazer devido a idade avançada da senhora, apenas recomendaram alguns remédios em caso de dor e para de alguma forma adiar a inevitável perda.

Aimée adorava brincar com a avó, Maria se sentia viva quando brincava com a neta era quase como se fosse criança outra vez, cada minuto era muito aproveitado pelas duas e isso rendia pelo menos um milhão de lembranças e sentimentos bons. Mas naquela noite, a brincadeira não teria o costumeiro final, infelizmente.

Enquanto a avó estava cozinhando, Aimée estava na sala se distraindo com suas bonecas

– Aimée... O jantar está pronto. – Maria gritou

Ao não obter nenhuma resposta, nem pode ouvir os passos da neta se aproximando, foi até a sala, estava ouvindo o som do pêndulo do relógio e sentindo um calafrio, um sentimento ruim.

– Aimée? – ela pergunta um pouco apreensiva com o que poderia encontrar

Um passo. Dois. Três. Ela conseguia ouvir o vento entrando pela janela, sentia a pressão do ar mudar, como se ela estivesse descendo uma serra. Sentia o clima ficar ainda mais frio, e o coração ficar um pouco mais acelerado e cada vez mais apertado.

Para uma médium, aquele era um sinal ruim. Muito ruim.

Quando chegou na sala, a janela estava aberta, mas não viu Aimée. Podia sentir alguma coisa atrás dela, mas não teve coragem em olhar. Podia jurar estar ouvindo e sentindo uma respiração diferente logo atrás de si, uma presença que nunca havia sentido antes.

– Buh! – Gritou Aimée saltando de trás da poltrona e soltando uma gargalhada infantil. – Te assustei, vovó? – ela sorri, com as mãos na cintura exatamente como a avó costumava fazer

Maria respirou aliviada, estava tudo bem afinal.

E então, alguma coisa arranhou suas costas com força. E ela viu o que estava na casa junto com elas. Viu pela primeira vez de perto, o que sempre a assombrou de longe, e a fazia sentir tantos calafrios. Mas aquele ser, era para ela, e não para Aimée ou qualquer outra pessoa.

Vovó Maria acabou caindo de costas com a dor que sentia, Aimée assustada e sem saber muito bem o que acontecia, soltou um grito agudo que fez doer o coração da avó só em imaginar que a menina estaria sozinha.

Maria não era do tipo que tinha medo, era mais daquelas que enfrentam tudo, e dessa vez, era a última coisa que ela tinha que enfrentaria. Para ganhar o último diploma de coragem, para manter sua menina segura, Maria seria capaz de tudo, até mesmo em enfrentar a morte.

Minutos depois, Aimée gritava por ajuda de todos os vizinhos, chamava por todo mundo que pudesse ajudar, ambulâncias, médicos, enfermeiros, mas todo esforço foi em vão.

Uma hora depois, Maria já estaria no necrotério.

Duas horas depois, todos os parentes já sabiam do ocorrido.

Dez horas mais tarde, Aimée ainda estava se culpando pela morte da avó, como se o que fizesse a avó morrer, fosse ela, fosse o susto que ela havia dando saindo de tras da poltrona.

Dias depois, após suas orações Aimée emendou "Vovó, me desculpe por tudo. Eu não queria que isso tivesse acontecido".

E logo em seguida ela sentiu um vento batendo em seu rosto como se sua avó tivesse te tocando, a menina cheia de inocência só buscava um perdão de sua avó e acabara cometendo um erro, se não o pior erro de toda sua vida.

***

Ela sabia do que não se devia ter medo.

Mas também sabia do que ter medo.

 E Amytiville era um lugar pra se ter medo.

– Deixa de ser boba cara é só uma casa normal nós vamos lá só pra... eu sei lá pra que tambem, mas pode ter certeza não vai acontecer nada principalmente contigo, eu não deixaria isso acontecer, afinal quem mais iria cozinhar pra mim?. –Brincou Carlos.

– Você é muito bobo sabia. – Disse Aimée

– É de família sabia – Disse Carlos enquanto piscava com um dos olhos para a irmã.

– Hahaha Muito engraçado você. – Disse Aimée ironicamente.

– Eu sei que sou, acho que vou largar a faculdade e virar humorista. –Disse Carlos.

– Faz isso não, eu não quero te ver morrer de fome. –Disse Aimée com um tom sério.

–Valeu pela consideração e pra você saber, eu sou muito bom. – Disse Carlos mais sério ainda.

– Se você está dizendo quem sou eu pra discordar. – Disse Aimée finalizando a conversa.

Nesse mesmo momento, só que mais atrás do grupo Gil e Christian conversavam, e por mais incrível que pareça, estavam discutindo como Raphael estava bonito. Não era muito difícil perceber que Gil era afim de Raphael, afinal ele não perdia a oportunidade de comentar sobre Raphael.

Ao chegarem na sala de materiais sem precisar perguntar todos escolheram os modelos mais modernos dessa geração.

– Então, todos já pegaram aquilo que vão precisar? É essencial que vocês trabalhem duro e em equipe para que consigam a pontuação final e se possível fechar o TCC. –Disse Srt.Rodriguez que aparecia na porta.

–Sim, eu acho que tudo que precisamos está aqui. –Disse Christian.

– Então podem colocar suas coisas dentro dessas caixas e se encaminhem de volta ao auditório. – Diz Srt.Rodriguez, ela era o tipo de mulher que fazia tudo, além de tomar conta da biblioteca fazia a arrumação da sala dos materiais e era secretária do diretor, já era uma senhora de idade, mas dizia que era mais ágil do que garotas de vinte anos.

–Ok! Muito obrigado Srt. Rodriguez. –Disse Christian.

Eles saem com suas caixas e diferente de como chegaram a sala eles se separaram, cada um perdido em seus próprios pensamentos, caminham de volta ao auditório, um silêncio incomum já que quase todos por ali são amigos de infância e ao chegarem no auditório o professor Adam exclama:

– Achei que iam ficar por lá mais algumas horas!

– Não estávamos conseguindo encontrar os materiais certos. –Disse Gil.

–É… eu imagino –Disse Adam

– Estão confiantes no tema de vocês? – Adam pergunta mais uma vez encarando cada um dos integrantes do grupo, mas esperando uma resposta em especial de Christian. Ele pensou se respondia por ele mesmo ou pelo grupo.

– É um tema complicado, desafiador eu diria, mas a gente dá conta – responde ele.

– É sempre bom ouvir isso. – Adam comenta. – Diretores confiantes passam segurança para a equipe.

Mas confiança era uma palavra fora do dicionário de Christian naquela hora.

Adam se afastou e foi em direção ao meio da sala e mandou que os restantes dos grupos fossem buscar o material.

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