Por algum motivo, o rosto de Ângelo não demonstrava nenhuma emoção, mas Vanessa, inexplicavelmente, enxergou um traço de mágoa escondido em sua expressão. Ela deu uma leve tosse, resignada, voltou e enlaçou o braço dele, seguindo juntos rumo ao salão do evento. Chegando perto da entrada, ela não conseguiu se segurar e perguntou baixinho:
— A gente já se conhecia de antes?
Naquele instante, Ângelo sentiu uma pontada real de decepção, por mais que tentasse esconder.
Ela realmente não se lembrava dele. Nem um pouco.
Quando Vanessa já pensava que ele não responderia, o silêncio pesado se quebrou com a voz dele, baixa e contida:
— Nós fomos colegas no ensino médio... Só que eu era aquele que sempre se sentava no canto.
Ele não era daqueles bagunceiros das últimas fileiras, que só davam trabalho para os professores, nem tampouco o melhor aluno que sentava à frente e ganhava elogios. Sempre foi o tipo solitário e calado, facilmente ignorado por todos na turma. Até mesmo seus pais viviam atare