De Frente com o Medo

Ele olhou os portões de ferro a sua frente e assim que olhou pra trás viu outro membro do clã se aproximando, os cabelos do homem que se aproximava eram mais lisos, longos e amarrados em um rabo de cavalo baixo, seus olhos vermelhos, quase 1,80 de altura, músculos aparentes, olhar malicioso, e perfume de rosas exalando no ar, ali diante do portão se via em um grande dilema.

O homem que o havia levado até ali, deu as costas e voltou para o caminho do vilarejo, enquanto o outro vinha lentamente em sua direção, ele abaixou a cabeça, chorar não ia mudar em nada o que quer que fosse acontecer, mas seus olhos já estavam chuvosos. 

— Sou Lucas, não tenha medo, meu tio gosta de colocar medo nas pessoas, se estiver de comum acordo podemos entrar? — A voz suave e calma lhe inqueria e ele olhava apenas para o próprio pé, amedrontado e inseguro.

—  Eu não quero entrar...    Fungou pesarosamente.   Mas não tenho escolha pelo que entendi. 

—  Tem escolha sim, não gosta?  — Novamente o inqueria, esperava que o jovem de olhos claros a sua frente lhe devolvesse o mínimo olhar que fosse.

—  Gostar do que? — devolvia a pergunta e agora olhava diretamente para o homem a sua frente.  

—  De sexo! Hmmm espera, você não sabia o motivo de estar vindo até aqui?  — Respondeu sem o menor pudor em sua fala, a voz um pouco calma demais, ele conhecia alguém com a voz calma, mas ter a voz suave e calma não fazia de ninguém o mocinho, as broncas que levava de seu irmão eram dadas aos sussurros. 

—  Não... Eu não sei fazer isso...  — Thomas respondeu em desespero, era um homem a sua frente, por ventura ele o tinha confundido por causa dos cabelos longos? Ou pelas roupas?

 “Eu peguei as roupas de um homem, eu tenho certeza disso, ou será as roupas de uma mulher, ele me confundiu?”

—  É virgem?  

A pergunta veio como um soco na boca do estomago de Thomas, o homem a sua frente lhe falava de sexo, e sobre já ter tido contato físico, e ele nada sabia da vida.

  Deve ser uma delícia... — Sussurrou malicioso apenas para si mesmo enquanto mordia o lábio inferior.   Entra um pouco te mostro algumas coisas se gostar vamos brincando mais, se não gostar eu não te procuro e te levo em segurança pra casa. — Sugeriu vendo o quão nervoso o jovem estava.

Thomas estava suando frio ele não sabia o que responder, suas pernas tremiam seu corpo estava paralisado, a boca seca, e ele era um semi Deus, um que não conhecia sua força, tão pouco seus poderes, não saberia usar absolutamente nada em uma situação de perigo, ele foi educado para governar e não para lutar, agora isso também não tinha a menor importância. 

  Meu tio já se foi, não tem a necessidade de ter medo. — falou tentando acalmar o outro. “Droga Lao, o garoto está morrendo de medo.” pensou enquanto insistia para que o mais novo entrasse dentro da aldeia.

—  Eu... Não quero isso por favor...  — Choramingou enquanto sua voz desaparecia dentro de um soluço causado pelo choro.

—  Só um pouco... Vai recusar um pedido do filho da deusa do fogo? Se eu gostar ela pode até te presentear com esses olhos. — Tentava convencer o mais novo a entrar, pois se ele entrasse veria que dentro da aldeia não era um bicho de sete cabeças, era uma aldeia normal como qualquer outra.

Thomas estava morto de medo, não sabia o que era fazer sexo de fato, muito menos que era possível ser feito entre dois espécimes masculinos, e até aquele momento estava certo de que o homem a sua frente o tinha confundido com uma mulher

Mas algo ficou mais claro em sua mente, todos ali tinham aqueles olhos como presente da deusa do fogo e não que eram deuses de verdade pelo menos não igual ao homem a sua frente. 

—  Eu estou com medo... me deixa ir pro castelo, meu senhor, me aguarda... — Murmurou as palavras, na esperança do homem o deixar ir, e ele precisava se agarrar aquela esperança, para não perder o controle diante daquele homem e sair correndo.

—  Se tem medo não vou te forçar, mas garanto que iria se divertir bastante comigo. — Falou um pouco mais malicioso, seus olhos vermelhos agora mudavam de cor, iam do vermelho ao preto.

Thomas não podia imaginar que aquele homem estava falando de diversão e usando aquele tom suave com ele, quase o mesmo tom que seu irmão usava, seus olhos não iriam sessar o choro, sua cabeça girava, seu medo parecia que estava lhe dominando.

  Me fala seu nome por favor. — pediu o semi Deus do fogo, olhando para o jovem desesperado a sua frente, com aquela choradeira toda ele até já tinha perdido o tesão, contudo agora se sentia curioso.

— Patrick... me chamo Patrick. — Aquele era o único nome que lhe vinha à mente, o nome da única pessoa que por ventura poderia aparecer do nada e lhe tirar daquele problema, ele agora precisava do seu irmão, mais do que qualquer coisa no mundo.

— Hnnn, quanto prestigio seu pai deve ter com o rei, para poder pôr o mesmo nome do primogênito, em um serviçal qualquer, agora me sinto um pouco mais curioso.

—  Não conhece as sujeiras do castelo senhor Lucas, o primogênito foi enganado aos oito anos para que o semi Deus tivesse todos os privilégios, o primogênito não pode ter nenhum tipo de relacionamento, ele é eunuco, o eunuco do semi Deus. 

—  Sabe o que é um eunuco e que a vida dele é fadada a não ter nenhum relacionamento, mas não sabe o que quero fazer com você? — Questionou curioso, aquele rapaz estava mentindo e isso estava muito claro pra ele, e por causa da mentira agora ele não iria libera-lo tão cedo.

  Eu sei de pouca coisa sim, mas nunca fiz e nem sei como é. — respondeu envergonhado, ele não mentia sobre isso, tão pouco tinha como mentir.

  Você está se contradizendo um pouco. — O semi deus começou a desconfiar ainda mais daquele rapaz, não sabia quem ele era, mas sabia que tinha alguma ligação com o primogênito do rei.

  Eu te imploro... Estou com medo me deixe ir ...  — Pediu mais uma vez, e desta vez as lagrimas fugiam de seus olhos claros.

  Não vou te obrigar a entrar dentro do clã, mas vamos a outro lugar, perto do castelo...  — Lucas falou ainda mais suave, ele realmente não iria obrigar o mais novo a entrar, contudo iria levar ele a outro lugar, para quem sabe assim poder tirar informações daquele jovem.

Lucas segurou as mãos de Thomas, e naquele toque sentiu as mãos do serviçal suaves demais.

“Um serviçal que tem as mãos suaves como pêssego, sua pele do rosto também é muito bem cuidada, e não está suja como é o normal a ser visto, ele pode ser um exclusivo do semi Deus da colheita, mas todos sabem que o único que pode cuidar do semi Deus é o príncipe Patrick, e foi o nome dele que ele apresentou como sendo seu.”

Os olhos de Lucas agora analisavam friamente, sabia que o jovem a sua frente estava mentindo e estava morrendo de medo, assim como parecia nunca ter conhecido os prazeres da carne.

“Quem dentro desse reino tem tais características? Patrick deve ter a resposta, e pela hora eu sei que ele vai vigiar as irmãs de longe, e sei de uma que está na cachoeira agora com o semi Deus da morte.” 

Ainda segurando as mãos do outro o guiava lentamente até o local, ele precisava encontrar Patrick, sabia aonde o príncipe poderia estar, era um habito dele vigiar as irmãs, por mais que ele soubesse sobre a relação estremecida que tinham.

Diante da escuridão da floresta, Lucas fez uma bola de fogo aparecer em suas mãos e iluminar o caminho, a ação fez Thomas se assustar e tentar fugir, e seu desespero foi tão grande que ele começou a gritar pedindo clemencia. 

— Me deixa ir... por favor... — Thomas implorava em meio as lagrimas. — Não me mate, eu nada lhe fiz de mal, por favor semi deus do fogo, tenha piedade...

Lucas o puxou com um pouco mais força e o abraçou tombando com ele no chão, ficando por cima do mais novo. 

— Se acalma por favor, eu só estava iluminando o caminho, não vou te matar, vou te levar a um lugar, mas não vou matar você. — Falou sério usando o mesmo tom de voz calmo e sereno. 

Thomas estava em pânico, ele sabia que sua vida terminaria dentro de uma semana, mas daí a perder sua vida nas mãos de um semi Deus, longe de sua casa, quem o reconheceria? 

— Se não quer me matar, então me liberte! — gritou estando cara a cara com o semi Deus.

Recebeu um belo tapa em sua face, no mesmo instante, como reflexo ele continuou a chorar com as mãos no rosto, como uma criança de dez anos, ele nunca tinha apanhado na vida, aquele tapa era o primeiro que havia levado. 

— Cuidado como fala comigo, sou paciente, mas não tente me insultar, eu iria te libertar, agora não vou mais. 

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