Rangel
Estava radiante, minha mulher estava de volta, e tudo parecia em paz.
— Tem certeza de que vai abandonar o morro, Rangel? Eu não quero isso, cara. Você sempre foi o cabeça disso tudo aqui — Júnior expressou sua preocupação.
— Júnior, entenda minha escolha, você é meu irmão.
Ele foi resolver alguns assuntos importantes, enquanto eu lidava com a papelada. Ser traficante vai além de vender drogas na esquina, tem uma porção de burocracias envolvidas.
— Ô Biel! — Chamei meu vapor.
— Sim, patrão.
— Chama minha prima Carla pra mim.
Demorou um pouco até Carla chegar, com a maior cara de poucos amigos.
— O que foi, Rangel? Eu tava trabalhando, cara.
— Relaxa, Carla. Eu só queria que você me ajudasse com uma parada.
— Que parada?
— O Natal está chegando, e eu queria fazer uma surpresa pra Larissa. Queria comprar um presente legal, sabe? Fazer alguma coisa, mas não sei o quê.
— Ai, eu te ajudo — ela ficou animada.
— Não conta nada pra ela, tá ligada?
— Tá bom. Você podia comprar uma joia