– Um emprego por favor –

Se passou uma semana, depois de Kely e Pietro terem ido até a casa da senhora Mittis, era de manhã Pietro encontrará Kely em uma cafeteria no centro.

— Está atrasado.

— Desculpe tive que levar minha irmã para o colégio.

— Por que me ligou? Precisava marcar aqui?

— Sim, primeiro por que o colégio da Dona fica a dois quarteirões daqui, segundo por que eu

adoro o café daqui e terceiro por que tenho uma grande notícia para você.

— Grande notícia?

— Como sempre pode me agradecer, POW! Pietro tira um papel de sua mochila e coloca sobre a mesa, estendendo sua mão para chamar a garçonete.

— O que é isso?

— Expresso sem leite. Obrigado

— Pietro?

— Sim?

— Explique

— Eu consegui uma entrevista para você nas companhias Sidney

— Meu deus isso é sério?

— Sim, para o departamento de Marketing, se conseguir passar pela primeira frase a próxima

entrevista é direta com o dono.

— Ai meu deus, eu juro que vou pagar todos os cafés do mundo para você

— Não prometa o que não pode cumprir

— É uma promessa

— Bom então se apresse por que amanhã às nove você precisa estar aqui no centro

— Não tenho roupas para uma entrevista

—Então vamos as compras.

A garçonete chega com seu café e coloca sobre a mesa, Kely paga deixando as notas sobre a mesa, Pietro pega o café e segue saindo da cafeteria, eles passam por algumas lojas e boutiques para encontrarem roupas adequadas para a entrevista.

— Me sinto como em uma linda mulher

— Às vezes acho que você é gay

— Isso seria um problema?

— Claro que não, poderíamos dividir os mesmos caras

— Já disse que você tem um gosto horrível para homens?

— Não diga isso. Kely empurra ele com o ombro.

— Vamos entrar nessa loja. Ao entrar na loja começam a pegar algumas peças e Kely vai até os provadores.

— O que acha dessa?

— Não

— E essa?

— Não

— Agora?

— Hum

— Me ajuda

— Você está indo à uma entrevista, não para uma boate

— E agora?

— Perfeito, se eu fosse te entrevistar certeza que te passaria

— Ufa, você é difícil

— Apenas tenho um bom gosto

— Tem certeza que não é gay?

— Hum, vou abrir meu leque de opções

Os dois caem na risada, ao pagar e sair da loja eles seguem para o estacionamento que deixaram o carro de Pietro, logo após seguem para casa de Kely onde Pietro a deixa, a noite vai chegando. Kely acaba de tomar seu banho, ela sai do banheiro com a toalha enrolada ao corpo e com outra começa a secar o cabelo cantarolando uma música, se senta na cama e começa a penteá-lo. Concentrada Kely se assusta, pois a porta se abre sozinha, assim que ela se levanta para fechar observa que no piso inferior algo passa correndo fazendo barulho, ela fica com medo, pois mora sozinha e um pouco afastada de outras residências, Kely pega o secador e sai em direção a escada, acende a luz do corredor e desce as escadas, após desce-las faz a curva da sala e quando chega na cozinha ascende a luz.

— AAAAH! Caramba, Mona que susto! Kely diz colocando uma das mãos sobre o peito Mona é a gata de Kely, ela a pega e sobe para o quarto, seu celular toca, Pietro está ligando.

— Boa noite mocinho

— Boa noite mocinha, como está?

— Acabei de tomar banho e estou ajeitando as coisas para amanhã

— Que ótimo, se precisar de carona me avise

— Relaxa irei usar o meu carro

— Aquela lata velha?

— Ei não fala assim, eu cuido bem dele

— Imagino, com todos aqueles arranhões

— São só uns raladinhos (risos)

— Sei, tenha uma boa noite.

— Que amor me ligou só para isso?

— Não, na verdade, queria pedir dinheiro, mas lembrei que você está pior do que eu.

— Boa noite mocinho.

Kely desliga, termina de arrumar suas coisas e cai no sono. Pela janela raios de sol adentram fazendo com que Kely acorde, ela olha o relógio. 

— AI MEU DEUS ESTOU ATRASADA!

Kely pula da cama, corre para o banheiro, tenta tomar um banho rápido, sai e pega sua roupa já separada, depois de pronta pega sua bolsa e coisas que possa precisar, tranca a porta e segue para a garagem, abrindo o carro joga sua bolsa, liga o carro e segue para a entrevista. Depois de um tempo Kely chega até a companhia, um prédio enorme espelhado, ela vai até a recepção informa sua entrevista e a recepcionistas informa o andar, empolgada ela chama o elevador, entra sorrindo e cumprimentando a todos, ao chegar em seu andar notou inúmeras pessoas, não poderia ser verdade que todos foram concorrer aquela vaga, Kely vai até uma informante, estava se destacando por usar um colete “Posso ajudar”.

— Olá, com licença

— Olá

— Todas essas pessoas estão aqui para a vaga?

— Sim

— E quantas já foram atendidas?

— Até agora?

— Sim

— Uma

— UMA! Kely dá um grito que ecoa pelo andar.

— Acho melhor se sentar, pode demorar um pouco.

Kely da meia volta e se senta, o tempo vai se passando e logo escurece, Kely liga para Pietro assim que sai da entrevista e pede para ele ir para casa dela, antes disso ela passa no mercado, compra um vinho e uma pizza, logo após segue para sua casa, chegando lá Pietro está na varanda.

— Aí caramba você está horrível

— Obrigada.

— Anda vem, vou preparar isso.

Eles entram em casa, Mona os recebe na porta, Pietro segue para a cozinha com as sacolas e Kely pega Mona, cansada senta no sofá fazendo carinho na gata.

— Que dia longo

— Então, como foi?

— Bom primeiro acordei atrasada, segundo quando cheguei na Sidney tinha inúmeras pessoas, esperei por horas para entrar na sala e quando entrei fiquei cinco minutos.

— Não deram a resposta

— Irão me ligar e ...

O celular de Kely toca, um número desconhecido, ela olha para Pietro ele faz um sinal em silêncio dizendo para ela atender, Kely atende.

— Alô?

— Boa noite, Kely Vanguarda?

— Sim eu mesma

— Sou Tania da companhia Sidney, estou entrando em contato com você para informar a data

da próxima entrevista.

— Então, significa que eu passei?

— Acredito que sim (Risos)

— Aí caramba, quando será?

— Daqui a dois dias no mesmo horário

— Ok estarei lá

— Obrigado

— Eu que agradeço.

Ao desligar o telefone ela pula de alegria agarrando Pietro.

— Consegui, consegui

— Sabia que iria, mas não podemos esquecer do que precisamos fazer

— Não irei, vou colar nele e tentar saber de tudo.

— Certo, mas precisamos aumentar sua força

— Ainda não sei como fazer isso

— Já olhou na internet?

— Sim, mas não diz nada específico, isso não é tipo um superpoder ou algo do tipo, poucas pessoas falam sobre isso, não sei por onde começar.

— E se formos falar com a senhora Mittis de novo?

— Tentei ligar para ela, mas o telefone só chama

— Além dela existia outras pessoas que seu pai conhecia?

— Na verdade, tem uma, mas não sei como localiza-lo.

— Tem alguma informação?

— Tenho espera aqui. Kely vai até sua estante e embaixo de umas revistas pega algumas fotos e papéis.

— Aqui, Jorge Michael foi amigo do meu pai, veja essa foto creio que era na escola

— Seu pai jogava futebol?

— Sim, quando mais novo e depois olha essa já estão adultos parece que por algum tempo eles cultivaram a amizade

— Deixa comigo que eu dou um jeito, vamos comer e pensar no que usar para sua entrevista

— Mas é só daqui a dois dias

— Tem que estar pronta

— Você é doido

Kely e Pietro se sentam na sala, comendo e bebendo, rindo do dia terrível que Kely teve, contando do passado e de acontecimentos, Pietro decidi ir embora e Kely se despede dele o levando até a porta, ela recolhe toda a louça suja e deixa na pia, a gata vai seguindo-a enquanto ela termina alguns afazeres, sorrateiramente Kely sente algo soprando em sua nuca, se virando a porta dos fundos estava aberta, ela a fecha, logo vê que a janela está aberta também, intrigada ela olha pela janela tentando procurar algo ou alguém, não há nada, então ela fecha e sobe para o quarto, Mona a segue por todo o caminho, depois de um longo banho Kely se senta em sua cama para ler um pouco, depois de algumas horas ela pega no sono. Kely acorda no susto e se levanta, mas ela percebe que não está em casa, um nevoeiro a cobre impedindo de visualizar qualquer coisa, um som de sino passa perto dela, Kely se vira tentando achar o que ou quem estava a rodeando, mas não consegue achar o que era, ela corre em uma direção sem parar, será que é um sonho ou não? Ofegante ela encontra algo, um poste e no topo dele uma placa Av. Lavandisca, Kely continua seguindo até encontrar um local, uma casa, antiga pelo lado de fora parece que a madeira está podre, ela tenta chegar mais perto só que escuta uma voz, alguém a chamando.

— Kely, Kely!

— Quem está aí? Apareça.

— Kely.

Kely acorda, já é de manhã e Pietro está quase que em cima dela.

— Pietro? Que horas são?

— Já são duas horas da tarde

— O que?

— Por quanto tempo você dormiu?

— Eu não sei, ontem cai no sono lendo esse livro

— Ontem? Está dormindo desde ontem? Desde que horas?

— Não sei, acho que sim

— Tomou alguma coisa?

— Não, eu só dormi

— Vamos!

— O que?

— Vou te levar a um médico.

— Espera, Pietro tenho que te perguntar uma coisa

— Diga, conhece algum lugar chamado Av. Lavandisca?

— Sim conheço e isso é meio estranho.

— Por que?

— Veja

Pietro entrega alguns papéis para Kely.

— Isso é?

— Jorge Michael, encontrei onde ele mora, uma esquina com a Lavandisca, acho que você teve

— Uma visão?

— Talvez, temos que ir lá

— Sim, vamos agora?

— Levante e no caminho comemos algo

— Certo me espere no carro.

Depois de alguns minutos, Kely sai de casa e segue para o carro, a gata senta em uma cadeira de balanço na varanda e um som ecoa até os ouvidos de Kely ela se vira para trás e visualiza a gata, com seus olhos verdes e seu pelo negro, parece que o som do local desaparece enquanto Kely escuta aquele som, a gata encara Kely e faz um barulho defensivo erguendo suas costas e arrepiando seu pelo, logo a gata corre para dentro e Pietro buzina.

— Vamos Kely, o que está fazendo?

— Nada, desculpe

Ela entra no carro e eles seguem para o destino, a viagem é bem cansativa e eles param em um posto no caminho, compram algumas chips e refrigerantes e continuam o percurso, até que por fim chegam no endereço.

— Pelo que pesquisei é aqui Kely olha para a casa e é idêntica ao que ela viu.

— É aqui

— O que?

— É aqui, achamos ele.

Pietro estaciona e eles seguem para a porta da frente, tocam a campainha, batem na porta e nada, olham pela janela e não veem ninguém, está tudo apagado.

— Acho que não tem ninguém. Diz Pietro

— O que estão bisbilhotando?

Eles se viram e Jorge está atrás deles com algumas sacolas.

— Quem são vocês?

— Desculpe senhor Jorge, não queríamos incomodar

— Como sabe meu nome?

Ele olha para Kely por alguns segundos.

— Era você?

— Eu?

— Você, você está me vigiando?

— Não, claro que não, nunca vim até aqui

— Acho que já veio sim, espere, você não sabe?

— Não sei?

— Certo, não sou muito gentil, mas vamos entrar.

Eles entram na casa de Jorge, a maioria das coisas está embalada com lençóis brancos e quase

que empoeirado.

— Por que os lençóis? Pietro pergunta.

— Bom preciso me manter seguro

— Seguro, como assim? Kely fica intrigada

— Creio que vieram aqui por um propósito

— Sim, você e meu pai eram amigos, quero saber o que sabe sobre ele e sobre o que ele fazia

— Sei de muita coisa e por saber disso eles vieram atrás de mim

— Eles? Eles quem?

— Ora vocês sabem de quem estou falando

— Os demônios?

— Sim rapaz, venham vamos até a sala, querem algo?

— Não, comemos no caminho, obrigada

— Bem diferente da casa da senhora Mittis

— Mittis? Conheceram ela?

— Sim a uma semana atrás. Kely responde.

— Já faz um tempo que não a vejo

— Chegou a conhece-la?

— Sim garota, se conversaram com a Mittis ela deve ter dito que tudo que fizermos deixamos rastros, bom seu pai usou minha casa por um tempo.

— Usou?

— Sim, aqui na região tinham algumas famílias com problemas, como seu pai tinha ficado bem conhecido pelo que fazia, elas acabavam chamando-o e ele passava algumas noites aqui, mas

eu acabei pagando por isso também, depois que entendi o que seu pai fazia comecei a participar de algumas coisas, o auxiliava.

— Era o guardião dele?

— Não sua mãe que era

— Eu apenas fazia alguns rituais de purificação para controlar sua energia corporal

— Cura

— Quase

— Andei lendo sobre isso

— Desculpe é Kely?

— Sim

— Você veio até aqui ontem

— Não, não vim

— Veio, você fez uma viagem

— Viagem?

— Senhor Jorge quando encontrei Kely hoje ela disse que tinha pego no sono ontem e quando a encontrei já era duas da tarde e não termina por aí, ela sabia o nome da rua onde você mora antes de eu falar e quando chegamos ela confirmou o local.

— Achei que tivesse sido uma visão

— Não, você viajou pelo outro plano, sua força vital veio até aqui, deixando seu corpo espontaneamente, digo que deve tomar cuidado ao fazer isso, pois os rastros que deixamos permite que alguma daquelas coisas nos encontre e antes que você volte ao seu corpo pode ser tarde demais

— Mas eu não sei como fiz isso

— Como assim?

— Foi a primeira vez

— Nossa, achei que você já sabia manipular isso

— Não ainda não, acha que pode me ajudar?

— Não, não farei isso

— Como não, você precisa me ajudar!

— Passei por muitos problemas e não farei de novo, se veio aqui apenas para isso eu sinto muito, mas pode ir indo embora

— Senhor Jorge, eu ...

— Sinto muito Kely

— Kely, tudo bem. Vamos.

— Mas ...

— Vamos!

Kely e Pietro saem de lá frustrados, seguem para o carro.

— O que vamos fazer?

— Precisamos achar algum jeito de você conseguir controlar isso

— Não achou nada em suas pesquisas?

— Não, ninguém sabe como isso funciona, alguns dizem que é similar a telecinese, mas não acho que seja, isso é totalmente diferente.

— Ai caramba onde posso conseguir ajuda?

— Vamos voltar para casa e tentar falar com a senhora Mittis

— Tudo bem, vamos.

Pietro liga o carro e toma um pouco de refrigerante que ainda tinha na latinha que ele deixou no carro, o caminho de volta é silencioso, sem muito o que falar, Pietro deixa Kely em casa, ele pergunta se não quer que ele fique, mas ela diz que não, está muito cansada e precisa ficar sozinha, ela entra e ele segue para sua casa, a gata a recebe na porta como sempre, Kely fecha a porta, deixa sua bolsa sobre a mesa e segue para cozinha, abre a geladeira pega um vinho no armário e uma taça, coloca o vinho e em uma virada toma meio copo, logo coloca mais um pouco, volta a geladeira e pega comida congelada, coloca no micro-ondas e deixa por quinze minutos, ela segue para a sala, senta no sofá e liga a televisão.

— O que eu faço agora garota?

Kely nota que sua gata está sobre a pilha de revistas, mas percebe algo estranho, ela se levanta e pega um livro no meio das revistas, na verdade é como se fosse um diário, anotações a mão e alguns desenhos.

— Que estranho? Quem deixou isso aqui?

O micro-ondas apita, Kely pega seu celular e segue para a cozinha, enquanto tira a comida e em prata ela liga e explica para Pietro o que achou.

— Nunca vi isso antes aqui e não sei como alguém pode ter entrado aqui, impossível.

— Pode me mandar algumas fotos?

— Sim vou mandar

Kely tira algumas fotos e envia.

— Eu vou dar uma olhada e ver o que encontro, te ligo daqui algumas horas

— Tudo bem

Ela desliga o telefone e segue para a sala com a comida e aquele diário, senta no sofá, enquanto come vai foleando o pequeno livro.

— “Viagem corporal”, o que é isso?

A cada garfada uma página é virada, aquele diário tinha tudo especificado como um tutorial de

como fazer, ela mergulha naquele livro com todos aqueles desenhos e explicações, até que ela vê um desenho, algo com chifres e garras, virando a página ela vê outro, mas diferente apenas com olhos vermelhos e braços como se fossem asas, ela envia fotos para Pietro. Ela termina sua comida e leva o prato para a cozinha, ainda tomando vinho ela segue lendo para o quarto. Logo seu telefone toca e ela atende.

— O que achou?

— Bom são muitas coisas, são rituais, alguns para proteção do corpo, outros falam como ver essas coisas.

— Que bizarro, fiquei vidrada lendo esse que denominaram como “Viagem corporal”, acho que

foi isso que aconteceu comigo, engraçado que nesses trechos quem escreveu descreve a mesma sensação que tive, apenas dormiu e entrou em uma espécie de plano

— Nossa, agora sobre esses desenhos são ...

— Demônios?

— Droga eu queria dizer isso, sim são, vou enviar para seu e-mail a descrição de cada um, bom eu vou indo, hoje sou babá da Dona, não durma tarde amanhã é sua entrevista

— Pode deixar, recebi seu e-mail

— Boa noite Kely

— Tchau

Ao desligar o celular Kely abre os PDF’s que Pietro a enviou e começa a ler sobre cada um, parece que ele fez uma pesquisa bem detalhada sobre o assunto, Mona deita na cama esperando que eu faça um carinho, passo a mão sobre suas costas sentindo o pelo sedoso entre meus dedos, ela parece estar gostando começa a grunhir e se espreguiçar, fecho todos os arquivos, apago a luz e deito para descansar, olho pela janela até pegar no sono.

*Som do despertador*

Acordo com o barulho do despertador, dessa vez no horário, desligo e sigo para o banheiro, tomo uma longa ducha, ao terminar sigo para o quarto secando meu cabelo com outra toalha, me arrumo com algo bem clichê e desço para a cozinha, faço um café descente, algumas frutas, chá e um bolo que tinha comprado quando fui ao mercado, estava tudo muito gostoso, subi para escovar os dentes, ajeitei o cabelo, passei no quarto para pegar minha bolsa e coisas que eu pudesse precisar já sabendo que possivelmente não retornaria tão cedo para casa, desço novamente, o salto faz barulho ao tocar as escadas de madeira, coloco comida e água para Mona, mas lembrando que a espertinha beliscou meu café da manhã, pego minhas chaves, abro a porta e a tranco, saio pela varanda e sigo até meu carro, o dia estava bem tranquilo o sol ficou tímido a aparecer, mas estava uma temperatura boa, entro no carro e sigo para a companhia Sidney. Coloco em uma estação de rádio e sigo ouvindo a lendária Madona, uma quinta-feira “like a virgem”, depois de alguns minutos chego no prédio, procuro um estacionamento mais barato, aqui no centro é bem difícil de encontrar, localizo um, desço para o subsolo e estaciono, fecho o carro e sigo para fora, aceno ao guarda que me corresponde fazendo um sinal com a cabeça, entro no prédio, pego um crachá e subo para o andar, ao chegar percebo que não tinha tantas pessoas, na verdade havia apenas três, sentei-me ao lado de uma e aguardei. Duas horas se passaram.

— Kely Vanguarda! A recepcionista diz em alto tom.

Me levanto segurando a bolsa e sigo para a sala.

Lá fora.

— Droga, provavelmente ela já está na entrevista, por favor um expresso sem leite.

— Sim senhor, para viagem?

— Sim

Depois de um tempo a garçonete entrega o café de Pietro.

— Vem Dona.

Pietro sai da cafeteria segurando a mão de Dona.

— Olha, cachorro quente!

— Você quer?

— Sim!

— Vem vamos comprar um e depois te levo para o colégio

— Tudo bem

Eles atravessam a rua até o carinho de cachorro quente.

— Um cachorro quente por favor

— Certo

Pietro dá uma olhada no celular enquanto o cachorro quente é feito, ao ficar pronto ele paga e ao se virar nota que Dona não está lá.

— Dona? DONA!

Pietro olha ao redor tentando localiza-la.

— Senhor você viu onde minha irmã foi?

— Não vi não

— Cara ela estava aqui comigo comprando seu cachorro quente.

— Desculpe não vi

Pietro dá o cachorro quente a um morador de rua que passava bem na hora e segue pela rua

tentando localizar Dona, ele grita, olha por algumas vitrines, em baixo de alguns carros, pergunta a pessoas.

— Obrigado por ter vindo Kely, creio que a companhia busca pessoas como você

— Eu que agradeço senhor Sidney, fico esperando a liga ...

— Quando pode começar?

— O que?

— Quando pode começar?

— Ah, eu acho que ... Bom não esperava por isso, mas acho que semana que vem?

— Perfeito, vejo você na segunda?

— OK, obrigada

— Eu que agradeço, pegue alguns requerimentos com a Paula nossa recepcionista, tenha um bom dia

— Obrigada para o senhor também.

Kely sai da sala e segue até a recepção, pega alguns papéis e sai do prédio, ao pegar seu celular na bolsa, estranha, pois Pietro tinha te ligado algumas vezes e deixado oito mensagens a última dizia “Me encontra na delegacia no distrito 29”, assustada Kely corre para o estacionamento e segue para a delegacia. Em minutos ela chega e encontra Pietro desesperado e surtando.

— O que aconteceu?

— A Dona, ela sumiu

— Como assim?

— Passamos na cafeteria antes da escola e ela me pediu para comprar um cachorro quente, ela

estava lá, mas quando notei ela tinha sumido, apenas olhei um minuto ao celular e depois ela não estava mais lá.

— Ai meu Deus, vocês já conseguiram descobrir alguma coisa?

— Avisamos as unidades mais próximas repassando a descrição que ele nos informou, agora

devemos esperar o retorno das unidades. Diz a policial.

— Pietro preciso te levar para casa, não pode ficar aqui.

— NÃO! Não posso ir eu tenho que ficar, tenho que encontrá-la

— Senhor, nossas unidades estão trabalhando para isso aconselho que vá para casa e aguarde nosso contato. Não aja sozinho, confie em nós.

— Pietro? Vamos, por favor Sem falar ele balança a cabeça e os dois seguem para fora da delegacia.

— Veio de carro?

— Sim

— Vamos com o meu, depois dou um jeito de busca-lo.

Eles entram no carro de Kely e seguem para casa, foram para casa de Pietro que fica mais

próximo do centro, ao chegar em casa Pietro se senta no sofá atordoado e Kely tenta consola-lo, vendo que ele está muito aflito ela resolve fazer um chá e vai até a cozinha. Horas se passaram até que o celular de Pietro toca, rapidamente ele atende.

— Alô! Alô!

— Seria o senhor Pietro?

— Sim sou eu

— Sou a policial Rute, preciso que venha no endereço que irei te informar

— Encontraram minha irmã?

— Senhor anote o endereço

Pietro corre para pegar um pedaço de papel e caneta, enquanto a agente fala, ele vai anotando e desliga o telefone.

— Kely precisamos ir!

Eles saem para fora correndo, Kely pega sua bolsa e o acompanha, o carro de Pietro já estava lá, pois Kely voltou até a cidade para pega-lo. Ele dirigia tão rápido que mal se via os semáforos abrindo e fechando até que chegaram no local, estava cheio de policiais e ambulâncias, curiosos por toda parte, Pietro sai correndo pela multidão e um dos policiais não permite sua passagem.

— É minha irmã!

— Somos conhecidos

— Deixem o passar

— Você é a policial Rute?

— Sim, sou. Senhor Pietro, preciso que faça o reconhecimento do corpo

— O que? Não pode ser verdade. NÃO PODE SER VERDADE!

— Preciso que se acalme, por favor venha comigo.

A policial entra em um beco, os dois a acompanham torcendo para ser apenas um grande susto, mas o dia já tinha se passado e Dona não tinha nem ligado para casa, o que poderíamos esperar? Há algo no chão e sobre o corpo um lençol branco, a policial se abaixa e tira o lençol do rosto, Kely coloca as mãos sobre sua boca enquanto Pietro surta, as lágrimas rolam sem parar, enquanto ele se abaixa perto do corpo, a agente sai de perto o deixando com Kely, ela o abraça tentando não olhar a cena, apenas querendo consola-lo, ele se entrelaça em Kely, surtando, gritando, perguntando a Deus o porquê. Depois de um tempo, os paramédicos pedem para Pietro e Kely se afastarem, pegam uma maca e uma bolsa preta.

— Não vão coloca-la aí, não podem! Diz Pietro aos prantos.

— Senhor é nosso procedimento, preciso que nos acompanhe até o IML, tem mais alguém que

quer contatar? Pietro balança a cabeça dizendo que não, mordendo seus lábios inferiores para tentar conter o choro, mas é quase perceptível que a dor o estava matando por dentro.

— Ela era a única família dele

— E você?

— Amiga

— Preciso que vocês me acompanhem então Kely concorda, segurando Pietro o coloca no carro e segue a ambulância até o IML, lá eles assinam alguns papéis, aguardando o corpo passar

pela autópsia, demorou horas já estava de madrugada, quase três para ser mais específico, até

que o legista aparece.

— Senhor Pietro?

— Sou eu

— Poderiam me acompanhar?

— Sim, claro

Kely e Pietro seguem o doutor até uma sala, ele pede para que se sentem, oferece uma água, mas não aceitam, então ele vai direto ao assunto.

— É bem estranho, vejam que no pescoço, nos braços e pernas há hematomas, mas não há nenhuma marca de bala, facada ou qualquer outro tipo de agressão brutal, pelos exames ela não foi abusada, nem seu sangue estava contaminado por alguma substância, não conseguimos te informar a causa da morte agora, preciso realizar mais análises sobre o corpo, acabei de solicitar que um médico de São Paulo venha até aqui, para poder nos ajudar, pois

pelos meus conhecimentos, eu não consigo descrever esse caso.

Enquanto ele falava Kely mergulhava em seus pensamentos, com certeza ela entendeu algo que Pietro não estava conseguindo entender.

— Iremos liberar o corpo assim que for feita essa nova análise com o laudo concreto, eu peço

desculpas, mas acredito que você queira uma resposta. 

Pietro balança a cabeça, Kely agradece ao médico e se levanta, puxando Pietro pela mão eles

saem da sala, seguindo para o carro, o caminho foi feito em um silêncio absurdo enquanto Pietro olhava pela janela desconsolado, depois de um tempo eles chegam até a casa de Kely, ela sugeriu que ele passasse a noite por lá, até o resultado da autopsia sair, ela sugeri um jantar ele não responde nada, Kely pede para ele ir tomar um banho enquanto prepara tudo, ele faz, logo após o banho ele desce para a cozinha, com a mesa já posta eles se sentam,

o jantar também é regrado por uma porção de silêncio, Kely também não consegue dizer nada. Ao terminar o jantar eles sobem para se deitar, um boa noite é apenas o que um fala para o outro, deitado em uma bi-cama Pietro se enrola na coberta tentando pegar no sono, Kely apaga a luz e Mona deita ao lado de Pietro.

Ao som de pássaros Pietro acorda, percebe que a cama de Kely está arrumada e logo sente um cheiro bem gostoso, ele desce até a cozinha para espiar.

— Bom Dia flor do dia

— Bom Dia Kely

— Que cara amassada, anda vem experimentar minhas panquecas, juro que me esforcei

— Nossa fazia um tempo que não comia suas panquecas

— Desculpe por isso

Ele se senta, Kely coloca algumas em seu prato, o mel é o acompanhamento para esse delicioso aroma, ele coloca um grande pedaço na boca e faz um incrível elogio.

— Sim, você tentou

— Não diga isso, até que estão gostosas

— Eu diria, quase lá

— Para Pietro

Eles riem por alguns segundos até o silêncio ganhar parte do lugar novamente.

— Como está?

— Refletindo

— Não se sinta culpado

— Me sentiria se tivesse pelo menos alguma resposta

— Passamos a noite esperando resposta dos médicos e até agora nada, não acredito que ela se foi e não temos nenhuma explicação

— Na verdade Pietro eu acredito que ...

Kely é interrompida pela campainha.

— Está esperando alguém?

— Não

Kely se levanta e vai até a porta, ao abrir se surpreende com o que vê.

— Senhor Jorge?

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