Grace é como toda adolescente normal: tem uma quedinha por um garoto lindo, inteligente, delicado, perfeito e que a ama de volta com a mesma intensidade que ela o ama. Seria uma vida perfeita, se Harry existisse na vida real. Tudo dificulta quando é raptada pela Companhia. Uma organização criminosa administrada por Chase, com o objetivo de criar soldados perfeitos. O processo não é fácil: Grace vai mal nas aulas de lutas, é humilhada por colegas, é invejada por muitos deles e sente falta da família. Ela se sente dividida, tentando enxergar suas qualidades e defeitos, ao mesmo tempo em que tenta se enquadrar em algum lugar. E além disso tudo, tem o Harry dos sonhos, que ela quer muito que seja real. Mesmo que os sonhos sejam mais encantadores que a realidade, seria realmente bom viver neles para sempre? Então ela vive aquela eterna dúvida do que é melhor: sonhar ou ser real? Será que dá para ser os dois?
Leer másSetembro de 2016
Você conhece uma garota sem identidade? Uma garota sem identidade que tem sonhos, planos e quer ter uma vida normal? Sou eu. Mas, eu não consigo. Quero saber quem eu sou.
Tentei fazer amizade com um, com outro, mas não consegui. Sempre me sentava quieta em meu canto na sala de aula. Até tentei participar das aulas, mas tinha vergonha de questionar meus professores, do que iriam pensar.
Em uma noite, o pessoal do colégio me convidou para ir a uma festa. Como eu não tinha amigos além de Sara, pensei ser a oportunidade perfeita para novas amizades.
Quando cheguei, espiei pelas janelas e vi um grupo de pessoas da escola bebendo, dando uns amassos e fazendo tudo o que se espera de uma festa de adolescentes.
Por que ninguém nunca dava festas de leitura? Eu adoraria esse tema.
Os cômodos da casa começaram a ficar mais cheios, lotando conforme a noite avançava. Eu odiava o cheiro, odiava a agarração; odiava tudo neste lugar. E era por isso que eu era a menina que vivia com a cara enfiada nos livros. As festas nos livros sempre pareciam mais divertidas.
Olhei em volta e observei um grupo de meninas sentadas em uma mesa, jogando algum tipo de jogo de beber com alguns caras. O local estava cheio de pessoas conversando e rindo em voz alta. Todos estavam bebendo e se divertindo.
Nenhum sinal da Sara. Acho que ela ainda não chegou.
Encostei-me à parede do corredor e continuei a assistir as meninas bêbadas e como elas riam e agiam de forma estúpida. Olhando para elas, comecei a me sentir desconfortável. A maioria das meninas estavam vestindo pequenas saias ou vestidos curtos e salto alto. Eu me senti estranha com minha camiseta preta, um jeans velho, rasgado e desgastado e um par de all star preto.
— Quer uma cerveja? — O garoto que estudava comigo, Ryan, se aproximou e me ofereceu um copo. Sorri e aceitei, bebendo imediatamente. Pelo menos alguém que conheço apareceu para me fazer companhia.
Ryan se aproximou e colocou ambas as mãos na parede, me encurralando no canto da sala, fora da vista dos outros. Inclinando-se sobre mim, senti um cheiro forte de álcool em sua respiração. Quando ele se inclinou para me beijar, virei o rosto.
Senti um nó no estômago e me afastei da parede, empurrando seu peito.
— Que porra é essa? — diz ele, e vejo o olhar irritado em seu rosto. — Qual é o problema?
Arregalei meus olhos.
— Como assim, qual o problema? Eu nem sequer te conheço!
Ele riu da minha cara.
— Você já pode parar com o teatro de boa moça, Gracie.
Ryan disse meu nome com um tom gotejando em desdém. Ele agarrou firmemente meus ombros, empurrando-me para trás. Tropecei um pouco e bati na parede. Meu corpo se tornou frio, e senti a pele do meu pescoço formigar. Fiquei nervosa, e meu batimento cardíaco acelerou. O que ele pensa que está fazendo?
Eu só quero sair daqui. Eu só quero ir para casa e fingir que essa noite nunca aconteceu. Tem sido estranho desde o início, e só está ficando pior.
Meus ombros estavam tremendo sob suas mãos, e senti o nó na garganta crescendo, dificultando minha respiração. Ele empurrou seu corpo contra o meu e enterrou o rosto no meu pescoço, espalhando beijos ali.
Suspirei, busquei o ar e soltei um gemido estrangulado. Eu não queria chorar, mas minhas emoções estavam por todo o lugar agora. Um fluxo de lágrimas rolou pelo meu rosto, e comecei a empurrar o peito dele com força, mas ele não cedia.
— Ryan, pare! O que você está fazendo?
Comecei a bater em seu peito, tentando tirá-lo de mim. Mal podia ver através das minhas lágrimas, mas consegui bater com a testa na boca dele. Ele deu um passo para trás e limpou a boca. Estava sangrando. Ryan olhou para mim sem acreditar. Virei-me para a porta e corri. Meu coração estava batendo tão forte contra as minhas costelas enquanto me esforçava para respirar, que corri batendo nos ombros das pessoas e tropeçando sobre os meus pés trêmulos, até chegar à porta.
Quando finalmente saí, andei rápido e tentei compreender o que aconteceu, mas eu não conseguia limpar a minha mente o suficiente para me concentrar. Confusão nem sequer começava a descrever o meu estado de espírito.
— Grace! Espere! — ouvi a voz de Ryan atrás de mim. Olhei para trás com temor e corri.
Corri rápido.
Percebi que ele estava correndo atrás de mim e tentei fazer minhas pernas se moverem mais rápido, mas elas não colaboravam. Minha garganta estava pegando fogo e eu não conseguia respirar.
Não me virei para ver, mas eu sabia que ele estava perto.
Nos segundos iniciais que se seguiram, eu estava muito desorientada para compreender o que estava acontecendo. Em um momento, eu estava cortando o caminho em um atalho atrás de um prédio e no seguinte, eu estava caída com o rosto contra o pavimento, sem fôlego e imóvel.
Lutei para me levantar, mas não conseguia com o peso em cima de mim.
— Sai de cima de mim! Me solta! — Minha voz tremeu, mas eu tentei dar a ordem com a maior autoridade possível.
Eu podia sentir o cheiro de cerveja em seu hálito e algo mais forte em seu suor, e uma onda de náusea subiu e caiu no meu estômago.
Ouvi o som inconfundível de um zíper se abrindo e ele riu no meu ouvido quando comecei a implorar.
— Ryan, pare! Por favor, você está bêbado e vai se arrepender disso amanhã. Por favor, não! Não, não, não! — Sob o seu peso, eu não conseguia respirar o suficiente e gritar ao mesmo tempo e minha boca estava amassada contra o chão, abafando qualquer protesto que fazia.
Ryan então me vira e me coloca com as costas no asfalto. Meu rosto arde quando ele me dá um tapa.
— Cala a boca, putinha! — Ele pegou meu queixo e me forçou a encará-lo.
Mão direita livre.
Enquanto movia minha mão entre nós, agarrando e torcendo suas partes e puxando-as tão forte quanto eu podia, eu bati minha testa em seu nariz com força. E então ele gritou, e seu nariz começou a jorrar muito sangue.
Mão esquerda livre.
Ele se inclinou para o lado. Levantei meu joelho esquerdo e virei para ele, empurrando seu ombro com a mão esquerda e tirando ele de cima de mim. A sensação voltou para as minhas pernas, tremores correram através de mim quando me levantei e me preparei para correr. Mas, no mesmo instante, sua mão direita agarrou meu pulso. Girei e bati o punho sobre o ponto sensível em seu antebraço, polegadas para baixo da curva de seu braço, e ele me soltou, berrando com raiva e tentando ficar em pé.
Eu não esperei para ver se ele conseguiu.
Virei-me e fugi.
Tento abrir os olhos, mas há luzes brilhantes me cegando, comandos soando em meus ouvidos e sinto que estão apertando minhas mãos e braços. Vozes estranhas chamam meu nome. Aperto meus olhos e pisco, tentando enxergar através das luzes. Quero falar alguma coisa, mas minha voz está abafada pela máscara de oxigênio que está sobre meu nariz e minha boca. — Ela está de volta! — Uma mulher exclama em cima de mim. Estou deitada em uma maca. O quarto é branco, o que faz o refletor parecer mais brilhante. Ouço respostas sobre minha pressão arterial, pulso e oxigenação, mas nada sobre quem eu realmente quero saber. — Grace? — Uma enfermeira aparece sobre mim, bloqueando a luz nos meus olhos. — Sou Kanya, e vou cuidar de você. Bem-vinda de volta. Franzo as sobrancelhas. Bem-vinda de volta? Meus lábios se esforçam para formar as palavras que eu quero dizer. Kanya afasta meu cabelo do rosto, ainda apertando a bolsa anexada na máscara de oxigênio. Como se
Ajudo Harry a se levantar, passo um braço por sua cintura e coloco o braço dele em cima dos meus ombros. Ele está muito fraco. E, quando estamos prestes a sair, ouço barulhos vindos de uma outra porta na lateral da sala. Três pessoas saem dali, aproximando-se de nós. Dois homens e uma mulher; à distância, tudo que eu consigo ver dela é que tem cabelos volumosos. Eles têm um aspecto mais selvagem, seus olhos em alerta, mas ao mesmo tempo, completamente imóveis, de alguma forma parecem muito vigilantes. Eles são soldados modificados. O homem de cabelos escuros se aproxima e ri no escuro. Congelo quando reconheço. — Deixem-me te apresentar meus melhores soldados: estes são Kayla e Logan. — Derek faz gestos para os dois ao seu lado. Engulo em seco. Harry fica tenso. — Não posso deixar vocês saírem vivos daqui... A não ser, Harry, que você queira se juntar a nossa equipe, pois graças aos testes que fizemos em você, que conseguimos chegar em um excelent
Volto a apontar a arma para sua cabeça, ignorando a pontada de culpa que sinto no peito. — Agora que você já percebeu o seu erro, vou lhe dar mais uma chance de me dizer o que quero saber, antes que eu atire em algum lugar pior. Ele vira a cabeça e me encara com um de seus olhos abertos. Seus dentes mordem o lábio inferior e ele exala o ar de maneira trêmula. Depois inala e exala novamente, da mesma maneira. — Eles estão escutando — Devon diz, rispidamente. — Se você não me matar agora, eles matarão. Eu só falo se você me ajudar a sair daqui. — O quê? — Me leve... ai... com v-você — Devon diz, com uma careta de dor. — Você quer que eu leve você, a pessoa que sempre me odiou... comigo? — Quero — grunhe ele. — Se você quiser uma resposta para a sua outra pergunta. Parece ser uma escolha, mas não é. Cada minuto que eu gastar encarando Devon, pensando em como ele assombra meus pesadelos e como me fez mal, significa a morte
Labaredas ardem atrás dos meus olhos. Nunca na minha vida eu iria derrotar um lutador como esse que está na minha frente. Um tailandês baixinho e musculoso. Estou em um ringue de areia, com muitas pessoas em volta para assistir e fazer suas apostas. E eu não posso ficar parada aqui esperando ele me atacar. Corro até ele e agarro seus pulsos quando ele os levanta. Sinto seus músculos se contraindo quando ele solta o punho e o lança em minha direção, mas desvio a cabeça bem a tempo. Arquejo, mas acerto um chute em suas costelas e giro seu pulso para o outro lado o máximo que consigo. Encaro seus olhos pequenos e escuros por um segundo antes de ele acertar um soco no meu queixo. Minha cabeça é lançada para o lado e cambaleio. Não posso cair, por que se eu cair, ele vai me chutar e isso será pior, bem pior. Ignoro a dor no meu queixo e chuto sua barriga, mas ele agarra meu pé e me puxa, fazendo com que eu caia sobre o meu ombro ferido. A dor faz com que minha visão perif
Encaro-o furiosa e aperto as mãos em punhos ao meu lado, sem saber o que dizer. Quem ele pensa que é para m****r em mim? — Você insiste? E como é que você vai fazer isso? Hum? Vai me obrigar, Will? — digo, dando um passo à frente para ficar cara a cara com ele. — Hey, hey, me escutem — Natan intervém, ficando no meio de nós dois. Continuo encarando Will com muita raiva. — Olha, Grace, todos nós queremos encontrar Harry, ok? Estamos juntos nessa. Mas eu acho que nós poderíamos ter um pequeno descanso também, certo? Eu sei disso porque fico muito irritado se eu dormir menos de nove horas, então vamos nos acalmar e vamos tirar um cochilo. Aí você se acalma. Ok? Eu só estou irritada porque não dormi e porque não consigo encontrar Harry. Não estou sob efeito de drogas. Não posso estar. Se não estou, por que sinto que tem algo de errado comigo? — Vocês têm duas horas — respondo. Passo por eles e ouço Natan soltar um suspiro de alívio.
NataN? Minha mente se esforça para fazer sentido à conversa, do fato de que ela está ocorrendo entre um dos homens que nos capturou e Natan. Ele é tão próximo assim deles? Ou ele realmente não tem ideia do que está fazendo? Natan pede algo a mais. Sua voz sai com desespero. Mas ainda não consigo ouvi-lo direito. — Não seja estúpido! Essa é a pior coisa que poderia fazer. Buscar a morte dela com certeza. Enquanto ela estiver viva, eles vão mantê-lo vivo como isca. Derek a quer viva e Chase quer matá-la! Consegue entender? — Will exclama. Will! Empurro a porta e tropeço na sala. Vejo Will ao lado de um outro cara que não conheço e um Natan em péssimo estado. Estão sentados em poltronas, em torno de uma mesinha com refeições. A luz do dia penetra na janela, e ao longe consigo ver o topo de uma grande floresta. Nós estamos em um prédio. Bem alto. Encaro Will. — Onde está Harry? — assobio para ele. — O corpo dele foi levado por Chase e seus
Último capítulo