NARRADORAAztoria olhava para seu macho com olhinhos brilhando. Até o peido de Khalum parecia o mais cheiroso da selva para ela."Mmm, tão masculino... acho que no próximo cio vou deixar ele me pegar no modo 'guerra', pra fincar bem o martelão."Lyra sentia vergonha dos pensamentos safados da sua loba."Você não deveria estar ajudando ele a rastrear o terreno?""Pra quê? Se der merda, meu macho devora todos esses guerreirinhos de araque."O peito de Khalum inchou ainda mais ao ouvir aquilo.Aquela lobinha ia ganhar uma bela trepada assim que estivessem seguros.Lyra não acreditava no flerte das suas partes animais em meio a tanto perigo.E Drakkar ainda concordava com os instintos primitivos de Khalum... isso era uma loucura."Vamos entrar por ali. Lyra, se segura, vou pular.""Khalum, não, não, amor, espera, aquilo é o fosso das feras, podem te atacar, a gente nem sabe o que tem ali!"Lyra e Aztoria ficaram nervosas de repente. Ser ousado tudo bem, mas ser doido era outra coisa."Con
LAVINIAEu estava empolgada por ter conseguido. Algo puxava minha magia pra dentro, mas quando dei um passo na soleira, a mão de Laziel segurou meu braço com força.“Cuidado, tem um inimigo nas sombras.” Meu corpo ficou tenso ao ouvir o aviso dele.Meus olhos afiados vasculharam a névoa além da barreira com atenção, sentia muita malícia, mas achei que era só por causa da energia sombria acumulada lá dentro.—Quando eu abri, a porta nunca levava pra esse lugar. Vem, sempre do meu lado —nossas mãos se entrelaçaram e Laziel me guiou.Não importava o que tivesse lá dentro, a gente precisava encarar, porque eu sentia que era a chave pra voltarmos pra casa.Nos mergulhamos em outro corredor tomado pela névoa, onde mal dava pra ver nossas silhuetas, e então ouvi a porta se fechar atrás da gente com um estrondo.Meu coração parou por um segundo. Que diabos estava escondido lá dentro?“Não tenha medo, eu nunca vou deixar ninguém te machucar.”A voz perigosa e ao mesmo tempo protetora ecoou na
LAVINIA«Os lycans começaram a fugir quando Zarek arrancou a cabeça do líder deles, e aquelas feiticeiras também correram.Eu as persegui pelos corredores até os estábulos, como uma sombra espiando suas vidas.—Sal... va... me... —quando chegaram aos cavalos, encontraram um lycan gravemente ferido escondido num canto.—Seu pai, Viktor, morreu. E seu irmão mais velho provavelmente também —disse Drusilla com a voz dura. —Não existe mais território lycan, sua raça está condenada.Electra sempre permanecia em silêncio ao lado dela, com os olhos baixos vagando como se estivesse perdida.—Serei... seu escravo... sou um lycan forte... serei fiel a... você...Os estrondos se ouviam por perto, o chão tremia, os mortos procuravam sobreviventes.Tudo foi feito às pressas, eu as vi partirem nos cavalos e levarem aquele homem, se embrenhando na floresta e fugindo da perseguição.Parecia que não havia lugar seguro da fúria de Zarek nesse mundo arrasado pela destruição de Umbros.Mas as irmãs De la
LAVINIA«Meu mundo girava sem parar, talvez fosse uma ilusão, mas eu sentia tudo na pele, como se fosse real.Caí numa floresta selvagem, ao lado de Drusilla, e perto estava aquele lycan.Eles observavam, lá do alto da colina, o continente selvagem e atrasado, onde os lobisomens mal começavam a despertar sua consciência.Não eram como a civilização que tinham deixado pra trás, eles pareciam mais primitivos, mais próximos dos lobos, ignorantes, como crianças inocentes — e os dois forasteiros se aproveitaram disso.Drusilla e Eryon ensinaram seus conhecimentos, foram idolatrados, se cobriram com um manto de mistério e poder, tomando o controle sobre esse continente.Vi Eryon construir seu palácio e se proclamar Rei Lobo; sua forma lycan intimidava os habitantes desse reino, que ainda nem tinham evoluído pra essa transformação.Só existia a forma básica de mudança de forma.Drusilla se tornou a primeira sacerdotisa, reverenciada por seus conhecimentos, que pareciam milagres para eles.Es
LAVINIAFiquei tão chocada quanto a Drusilla, mas claro... se a gente conseguia atravessar pra outros espaços e mundos, também dava pra eles entrarem nesse continente.Conheci o príncipe Alfa através dessas memórias perdidas.Ele era um cara muito estranho. Mesmo sendo um lobisomem, conseguia usar magia de gelo e até materializá-la na forma daquele lobo que vivia seguindo ele.A companheira dele veio junto, com um grupo de criaturas bizarras e perigosas demais.Eram quatro: um macho com sua fêmea e dois filhotes gigantes, cobertos de escamas negras como uma armadura impenetrável.Davam um medo do caralho, mas Aidan Walker controlava eles como se fossem filhotes de verdade.Drusilla os convidou pro palácio como visitantes de honra.Tenho certeza que ela viu aí a chance de puxar o saco pra fugir com eles pro reino dos lobisomens e feiticeiros.Mas ela nunca imaginou que tava trazendo a desgraça pra dentro de casa.Quando o Rei Lobo conheceu a Isabella, a feiticeira e companheira do prín
LAVINIA«Os vestígios da luta brutal estavam por todo o lugar.Trovões e relâmpagos caíam, soltando faíscas chamuscadas na grama.Atingiam o corpo de Eryon, mas ele era forte demais em sua forma lycan.Já tinha absorvido quase todo o poder do Coração da Fera.Esse continente tinha perdido o brilho, e a magia que antes vibrava no ar agora era rara.—Não, não, você não pode morrer! Beba do meu sangue… Para de resistir à sua companheira!Ela se jogou para segurar a loira que arfava contra uma árvore, apertando o ventre de onde jorrava sangue sem parar.As feridas de garra eram tão profundas que quase dava pra ver por dentro.Me ajoelhei ao lado dela, até estendi as mãos.Deusa santa, eu estava desesperada, angustiada com tamanha injustiça.Mas ela só olhava pra Eryon cheia de ódio, e de perto pude ver o brilho vingativo em seus olhos… esperava sua chance.Quando o Rei Lobo se aproximou para forçá-la a beber, Isabella tirou umas luvas que usava e o agarrou pelas têmporas, gritando como um
LAVINIAO lobo de gelo gemia, lambendo o rosto dela, andando em círculos, ansioso.Toquei minha bochecha, que de repente estava molhada. Eu estava chorando, como as lágrimas que caíam dos olhos de Aidan Walker.O desespero dele me atingia mesmo nesse passado tão trágico.—Você não pode morrer, Bella, você prometeu ficar sempre comigo! VOCÊ PROMETEU! —rugiu apertando ela contra o peito, pegando do próprio sangue e tentando dar a ela de boca a boca.Um beijo cheio de dor e agonia.A nuvem de poder se expandia cobrindo o sol, matando toda esperança.— Me… desculpa… — ela mal conseguia falar, lágrimas carmesins escorriam dos olhos que já estavam se fechando.— Eu… te amo… Aidan… te amo, meu… príncipe…Os soluços do macho inundaram a clareira, os sons da carne morta do Rei Lobo sendo devorada continuavam, mas nada podia consertar aquela tragédia.Os rugidos de dor do príncipe Alfa ecoaram até os confins, ele agarrado ao corpo da companheira, e uma tempestade de neve começou a cair do céu,
LAVINIA«Ela passou seus últimos dias esfarrapada e delirando, falando sozinha com Electra, gritando com ela, brigando com uma sombra.Mandou construir aquela porta em silêncio, selou os segredos do coração moribundo sob o castelo e ergueu sua própria tumba.Me vi caminhando por aquele mesmo caminho de pedras polidas, dentro daquela caverna, observando-a sentada no trono com a adaga na mão.—Então resolveu parar de se esconder como uma rata… —me surpreendi ao dar um passo pra trás quando ela ergueu a cabeça e fixou os olhos em mim.Será que ela podia me ver agora? Mas não…—Electra —disse, e no mesmo instante, uma sombra espectral me atravessou por trás, causando um arrepio horrível.Vi a sombra avançando em direção a Drusilla.Não parecia com os espectros de Silas ou Laziel, cujas formas humanoides mal podiam ser distinguidas; não, esse espectro tinha evoluído ainda mais.Feita de névoa escura, apareceu a bela mulher de cabelo curto e olhos cheios de ódio e rancor.Não dizia uma pala