O Mundo de Aeron - Vol. 1 - Os Cinco Aventureiros
O Mundo de Aeron - Vol. 1 - Os Cinco Aventureiros
Por: L. C. Castro
Capítulo Um: O Destino Sabe o Que Faz

Que tal lhe contarmos uma nova história? Uma história de outro tempo, de um período TÃO misterioso cujo nem mesmo os deuses conseguem definir se ele é o passado ou o futuro de Aeron.

Então embarcaremos em uma viagem pelos confins do Oceano Médio ao norte dos mapas convencionas, até onde não podemos imaginar e assim encontraremos: Morian. Mas o que diabos seria Morian? Ah meu caro ouvinte, Morian é um imenso continente equivalente a três Tailons e três Khamus lado a lado, uma terra que é o lar dos Elvelyns, os nascidos da natureza em uma literal tradução para nossa língua. Eles são um povo semelhante aos humanos em fisionomia, mas possuem orelhas pontudas e um tempo de vida muito maior comparado ao de um humano, fora sua conexão com o mundo e a magia, o que lhes tornam mais puros e conservadores com tudo que faz parte da criação.

Embora tenham suas semelhanças com os humanos, eles se distanciam ainda mais por nunca cortejarem a guerra, ódio, vingança, raiva ou rancor, pois para eles o amor, a compaixão e a bondade vinham em primeiro lugar. Sentimentos negativos eram um Tabu que nunca deveria ser quebrado, pois segundo eles, uma vez que esses sentimentos se manifestassem as consequências poderiam ser irreversíveis.

Por milhares de anos os Elvelyns viveram cultivando e preservando as florestas, seus lares, amando uns aos outros e cultuando seus deuses totalmente diferentes daqueles que os homens e anões cultuavam, viviam em plena harmonia e paz interior e exterior. Porém eis que em um certo dia, ao leste do continente, algo fora visto cruzando o mar e encostado nas margens de uma praia bem ao lado de um vilarejo. Era uma construção redonda de madeira que flutuava nas águas e, ao alcançar a terra firme, uma escada de madeira desceu e de seu interior seres muito semelhantes armados com lanças, espadas, machados e roupas feitas com pele de animais mortos surgiram, o que mais intrigava os nativos era que os visitantes não tinham as orelhas pontudas, tampouco possuíam a mesma conexão com a natureza e com a magia.

Eram os humanos.

Centenas de anos se passaram, aquele grupo de humanos criou uma moradia naquela terra, aos poucos foram criando sua própria civilização, além de que usavam e abusavam dos nativos, estes que, por outro lado, foram muito gentis com a chegada dos desconhecidos, queriam aprender sobre os humanos e faze-los conhecerem e aprenderem suas culturas, mas o homens apenas escravizam os Elvelyns, faziam isso com a mentira de que ganhariam riquezas que nunca tinham sonhado.

Os Elvelyns que sabiam das más intenções daqueles visitantes inesperados deram o início da Raiva e Ódio dos Elvelyns, que foram chamados de Elfos pelos visitantes dando início a Era Primordial de Morian. Mil anos depois o continente fora dividido em seis terras, todas nomeadas pela vontade dos Senhores Elfos, porém os humanos pensavam além e conseguiram tomar posse de duas delas, as batizando de Endomak e Valiwam, tendo ao todo dois reis supremos humanos. Os anões com muito esforço também conseguiram uma das terras, tendo Palagar como seu território, enquanto os elfos tinham três reis supremos nos domínios das terras de Rastro do Martelo, Morandir e Reinos do Leste (naquele tempo esta terra ainda era chamada de Alamir), esse era os últimos anos da primeira Era e início da Era Expansiva, a segunda Era do Continente de Morian.

***

Por um tempo as três nações se mantiveram nessa postura equilibrada, mas sempre tanto do lado humano quanto dos elfos e anões saqueavam e dominavam terras vizinhas e de outras nações causando desavenças e conflitos políticos inimagináveis. Esta situação acabou mudando no dia 1 de Amanhecer do Sol do ano 1 da Segunda Era e tudo começou ao sul do continente, na província de Valiwam, quando um navio desconhecido fora visto pelo farol da capital costeira. O navio era diferente das embarcações humanas de anos atrás, este tinha quarto canhões em cada lado do navio e chegaram disparando contra o farol e desembarcaram nas margens da praia se revelando serem os Orchirs, que na língua deles significa: Filhos da Escuridão. Num passado distante já foram inimigos dos humanos que os chamavam e ainda chamam de Orcs, mas depois de uma longa guerra ao lado dos Anões, os Orcs foram derrotados e os poucos sobreviventes sumiram pelo mundo.

Mais de três mil anos depois de sua derrota se passaram e eles finalmente retornaram e passaram tentar a dominar o Continente de Morian. Graças ao foco das nações em lutarem contra si mesmo, ficaram vulneráveis e aos poucos os Orcs foram tomando conta das terras élficas e humanas fazendo os sobreviventes migrarem para outras províncias.

A guerra contra os Orcs acabou ainda na segunda Era, um grande conflito que os forçou a se retirarem rumo ao Noroeste dos Reinos do Leste que foi batizado de Lado Negro, lugar que deveria ser o sexto reino da província que foi destruído pelos Orcs antes de sua inauguração, lá o que restou dos Orcs permaneceram até os dias de hoje. Anos após a guerra contra os Orcs, as consequências ainda eram muitas e ainda haviam inúmeros sobreviventes dos ataques Orcs que foram tentar a sorte em outras províncias em busca de uma vida melhor.

Esse foi o caso de Morandir, província ao norte do continente. Lugar atualmente governado pelo Rei Supremo Mitram, um elfo que, com muito esforço, mantem a ordem desde que fora nomeado rei no bem no início da Era do Ouro (Dia 17 de Noites Frias do ano 180 da Terceira Era), coisa que os outros reis trabalharam muito mais para conquistar. Mas embora ele tivesse um compromisso com seu povo, quando descobriu que os humanos sobreviventes de uma guerra de anos atrás estavam entrando livremente em sua província ele "surtou" e criou fronteiras ao redor de Morandir para evitar que os humanos entrassem sem está de acordo com a sua vontade.

Seu primeiro acordo para tal ato foi a troca de costumes humanos em Morandir e o segundo eram suas crenças que deveriam ser a mesma dos elfos ou jamais poderiam viver na mesma província. Aqueles que fossem pegos desobedecendo os tais acordos seriam exilados para Rastro do Martelo, local mais inóspito de Morian, cujo mesmo as histórias dizendo que os elfos dominavam aquele lugar e que havia um rei supremo élfico ali, ninguém sabia se aquilo era mesmo um fato, a única certeza que tinham era que ninguém que entrava em Rastro do Martelo retornava.

Os refugiados que conseguiram passar antes do terrível posicionamento do rei começaram uma rebelião, foram juntando mais e mais forças e criaram uma resistência poderosa chamada de O Manto da Fúria Tempestuosa, seu nome era em homenagem ao elfo feiticeiro morto pelos mesmo de sua raça, ele que foi gentil com os refugiado e acreditava que um dia as duas raças iram convergir em harmonia. Uma nova guerra em cima das ruínas de outra começou e os humanos refugiados fizeram de tudo para derrubar Mitram do poder, tudo isso ainda bem no início da Era do Ouro, Era essa que deveria ser uma Era de muita paz e riqueza para todos.

Este dia ficou conhecido como "O Cerco de Morandir" (Dia 18 de Amanhecer do Sol do Ano 215 da Terceira Era). Foi um dia histórico quando os humanos se infiltraram na cidade disfarçados de Elfos graças a magias ilusória de poderosos magos, em sua maioria elfos que eram contra ao que o rei élfico propôs. Depois de se infiltrarem começaram a matar as peças mais poderosas do rei para enfraquecê-lo, do lado de fora da grande cidade, os rebeldes começaram a se espalhar pelos pontos cegos e quando o sinal fora dado, começaram a grande invasão.

A rebelião parecia ter estudado muito bem seu inimigo, já que sabiam cada passo e cada inimigo que deveriam eliminar. Os fragmentos de rebeldes começaram a se aglomerar até se tornarem um gigantesco exército que foi corroendo a cidade como uma praga que destrói o corpo de uma pessoa. Mitram fora pego de surpresa e mesmo mandando seus melhores soldados para a batalha, não era o suficiente para vencer, até sua mulher, uma maga talentosa, lutou contra os inimigos quando chegaram ao castelo.

O rei não sabia o que fazer, ele se sentia impotente, derrotado e subjugado, subestimara tanto seus inimigos que agora eles estavam a um passo à frente dele. Viu sua mulher ser morta e atirada para fora do grande castelo caindo de uma altura inimaginável, o que deixou louco de fúria, embora ainda não tenha sido o bastante para vencer.

Foi quando, no auge da batalha, um trovão caiu dos céus e fez a terra tremer, homens voaram, espadas caíram e no meio do grande exército estava um mago, entretanto, não era um mago comum, era o mago mais poderoso que já existiu.

O mago supremo.

Este era o segundo mago supremo que Morian tinha, um título que qualquer usuário de magia pode adquirir com muito esforço e dedicação, além de que precisa da aprovação do mago supremo atual. O mago supremo sempre faz o que é certo e este apenas deu um fim ao conflito, ele não estava a mando de nenhum lado, apenas ficou de paciência esgotada com a guerra que as duas nações começaram numa Era onde não deveria haver mais Guerras, pois a Era Expansiva foi onde houve muitos conflitos e não poderia deixar a situação se repeti com esta.

Somente sua entrada na cidade fizera a rebelião toda se render e fugir, correram como loucos e covardes, como se sua ação inicial nunca tivesse acontecido o que fez o Manto da Fúria Tempestuosa se acalmar por bastante tempo.

Mitram e seus poucos homens também foram pegos de surpresa por essa intervenção. Mas mesmo abalado e um pouco derrotado, conseguiu fortalecimento a mais para seu reinado e bons negócios com os outros aliados élficos e sempre conseguia reforços e virava a balança da guerra ao seu favor.

565 anos então se passaram.

Mitram ainda vivia por ser um elfo e seu tempo de vida máximo passar dos 750 anos, por outro lado, os humanos eram frágeis duravam bem menos tempo e muitos morreram de velhice e doenças, estas ais quais os elfos eram imunes por sua conexão com a magia. Entretanto depois de todos esses anos, os herdeiros de alguns soldados rebelião passaram a viver nas áreas mais neutras da província, uma vez que a guerra deixou de ser tão importante assim, passaram a se preocupar mais com suas próprias vidas do que lutar por uma causa que já estava obsoleta.

É aqui que nossa história começa.

***

No dia 15 de Middas de 775 da Era do Ouro, ao sudeste de Morandir, numa cidade chamada de Mavenrook, uma das três cidades neutras da região. Ao leste da dela ficava o grande porto da província, onde todos os navios comerciantes ancoravam para negociar com o governador da cidade e estocar a mercadoria de Mitram. Aqui vivia um homem que já pertenceu ao Manto Tempestuoso, seu nome era Jason Falone. Hoje, aposentado dos tempos como rebelde, ele atua como um marinheiro, tem 40 anos e é o responsável pela maior rota de comercio de Morian que se interliga até mesmo com outros continentes.

Jason também tinha um filho, seu nome era Jack Falone, um rapaz de 18 anos, esguio e bonito, de cabelos lisos, longos até os ombros, um tom castanho escuro, seu tom de pele era parda, e seus olhos eram azuis, assim como os de seu pai.

Jack sempre sonhou em herdar o trabalho de seu pai, tanto que em todo trabalho ele o acompanhava bem de perto para aprender e fazer exatamente o que ele fazia, quem sabe até mesmo melhor. No dia de hoje, no entanto, o pai de Jack teve de sair bem cedo e deixou o jovem a sós em casa.

***

Quando os raios da manhã fustigaram seu rosto pela janela, aos poucos ele despertava e em um sobressalto se lembrou de seu pai. Olhou por todo quarto, se sentou a borda da cama, esfregou os olhos para afugentar a sonolência e, em seguida, se levantou de sua cama saindo do quarto, se banhou e se arrumou, ainda não se dera conta de que estava sozinho naquela manhã.

Somente após sair do banho que ele finalmente notou que sua casa estava deserta e quieta, ficar sozinho sempre fora algo sombrio para o jovem. Ele ficou um pouco frustrado por ser deixado pra trás, foi até a cozinha preparar seu café da manhã. Quando chegou por lá a primeira coisa que ele viu foi uma carta sobre a mesa. Rapidamente a pegou e reconheceu que era a grafia de seu pai, assim a abriu e a leu em voz alta para si:

Meu querido filho, fui chamado pelo governante de Mavenrook, é um trabalho urgente, pois algo de estranho fora avistado no mar dos Septins, guardas reais estão comigo e prometo retornar até o fim do dia, até lá quero que você cuide da casa e pegue as provisões na cidade, o dinheiro está em meu cofre, a chave está debaixo da minha cama. Cuide-se Jack.

Com amor. Seu pai.

― Tudo bem, então a casa é somente minha por hoje? ― perguntou para si, sorriu com um pouco de orgulho pela confiança de seu pai, embora não gostasse nenhum pouco de ficar sozinho, era algo que acontecia com pouca frequência, pois desde que a mãe de Jack morrera seu pai sempre o levava em seu oficio como forma de cuidar de sua saúde mental, já que o jovem sempre foi muito apegado a mãe.

A mãe de Jack, se chamava Gwenn Holland, ela era uma guarda da cidade de Mavenrook, mas assim que teve Jack ela acabou ficando menos tempo no oficio tentando dar mais atenção ao filho e ao marido quando retornava de suas expedições. Jason Falone até mesmo passara a trabalhar menos quando seu filho estava em crescimento, fez o mesmo que sua esposa para terem bons momentos em família eternizados até hoje nas boas memorias de Jack.

Porém, Gwenn acabou morrendo por um criminoso que fugiu da prisão da cidade, ela tentou impedir que ele fugisse enquanto chamava por reforços, sendo a única linha de defesa presente, lutou até cair morta e o criminoso fugiu.

Jack abriu o armário e pegou um jarro de leite, esquentou na fornalha e o tomou acompanhado de um pão com queijo de cabra, café da manhã muito comum na região da província. Assim que acabou começou a limpar a casa, varria a sala de estar de um lado para o outro, tentando deixa-la brilhando para que seu pai ficasse mais orgulhoso de seu serviço quando regressasse.

Enquanto limpava a sala durante a quietude do mundo, quando até o silêncio e a vassoura esfregando o chão era os únicos ruídos a serem escutado, a visão periférica do jovem observou uma aproximação suspeita pela janela que ficava de frente para a varanda de sua casa, a sua direita. Tudo o que ele pode ver naquele relance fora uma sombra veloz, poderia ser até um fio de cabelo seu que ficara muito próximo de seus olhos, mas aquilo o deixou estupefato e se aproximou da janela para ver quem era ou o que poderia ser, mas não viu absolutamente ninguém por lá.

O pátio da casa estava vazio.

― Estanho, eu pude jurar ter visto alguém aqui... ― pensou em voz alta.

Deu de ombros tornando a varrer e assim que acabou, ele olhou novamente pela janela com a esperança de ver o que ocasionou aquele vulto, mas ao olhar por muito tempo acabou notando que a caixa de cartas estava aberta, porém geralmente as correspondências chegavam apenas ao meio dia e ainda eram nove da manhã, Jack até mesmo revisou o relógio anão pendurado na parede constatando que ainda não era hora de um carteiro.

Jack revolveu sair, um tanto relutante, olhava para todos os lados como se procurasse alguém à espreita e quando chegou à caixa, uma surpresa: não havia nada, nenhuma carta.

Ela estava apenas aberta e vazia.

Jack começou a pensar que poderia ter sido uma brincadeira de mal gosto de algum outro filho de marinheiro, afinal moravam outros sete nesta região, tudo mestres da traquinagem e não era a primeira vez que algum deles tentava lhe pregar uma peça quando ele ficava sozinho. Outra vez dois pirralhos gêmeos conseguiram entrar misteriosamente em sua casa e espalharam farinha de trigo por toda sala, além de terem desperdiçado o trigo, Jack acabou sendo responsabilizado por aquilo. Aquelas lembranças lhe fizeram franzir o cenho e conclamar:

― Eu não sei quem é, mas é melhor sair de minha casa, este lugar pertence aos Falone, se queres fazer travessuras procure outro, hoje estou sem paciência para isso, ou tomarei medidas drásticas!

Dito isso a porta de sua casa repentinamente se abriu e fechou com força, isso fez o coração de Jack parar nas botas e rapidamente se escondeu atrás da caixa de cartas. Pasmado com aquilo, ele esperou alguns bons minutos olhando minuciosamente para a porta, mas aquilo não aconteceu novamente, então, em passos tímidos, ele caminhou em direção a ela. Quando bem rente, olhou para sua retaguarda como se pressentisse algo, mas ao virar não havia ninguém.

Fique calmo Jack, não é ninguém! dizia para si mesmo enquanto respirava fundo.

Depois de alguns segundos pensando finalmente tomou coragem e abriu a porta da casa, observou-a de forma bem atenciosa e notou que ela estava vazia, mas ao olhar bem para sua sala notou que em seu sofá havia uma carta em um envelope.

Não me lembro de ter deixado a carta de meu pai aqui, tampouco dela ter um envelope. Pensava coçando a cabeça enquanto soava frio com toda aquela situação. A carta não tinha selo ou algum tipo de remente no envelope, mas ao abrir só de toca-la já entendeu que não se tratava da mesma carta que leu outrora, enquanto aquela carta era lisa, esta era mais áspera e seu papel um pouco mais amarelada, parecia até mesmo uma página de livro.

Em seu cabeçalho havia um símbolo de uma lua crescente e mais abaixo dizia:

De Lua Prata para Jack Falone.

Eu sei sobre seu pai, o que ele foi fazer, mas acabo de ter uma informação de que o barco dele acabou de naufragar, o que para mim é uma pena. Sinto muito Jack, agora vamos ao porque desta carta. Bem, eu lhe digo que no início eu tive uma ideia, de reunir um grupo de pessoas talentosas, que pudessem travar e vencer todas as batalhas que os mais fracos não poderiam. Assim fundei esta guilda sendo o Mestre da Lua Prata, e você foi convocado para se juntar a nós, a ser um de nós, você terá riquezas e reconhecimentos maravilhosos por seus feitos. Agora cabe a você decidir aceitar ou não está oferta, além disso, poderá saber mais sobre o passado oculto de seu pai e do porque ele ter sido “chamado pelo governador” para investigar o mar dos Septins.

Após ler tudo Jack amassou o papel, fez um bolo e o guardou no bolso com ódio, em seguida saiu de casa, fechou a porta e a trancou com sua chave. Ele partiu em busca de seu pai, Jack nunca gostou da Guilda Lua Prata, a guilda que protegia a cidade, pois não era a primeira vez que ele ouvia essa mesma ladainha de que seu pai guardava segredos, a única coisa que ele sabia que seu pai guardava era que ele já lutou quando jovem pelo Manto Tempestuoso, mas agora estava aposentado daquela vida e dedicava sua vida como Marinheiro e Pai.

Ao chegar ao porto notou que o barco favorito dele ainda estava no lugar, o que era estranho, pois sempre que saia para trabalho ou qualquer outra coisa ele usava aquele barco e ali estava o dito cujo. No entanto nenhum dos colegas tripulantes do navio estavam por perto.

Jack correu até a casa do ancião do porto, um velho que comandava todo o lugar, era um homem simpático e, mesmo aparentando idade avançada fazia as atividades de marinheiro como se fosse um jovem. Ele era chamado de ancião do porto por cuidar dos barcos, por limpá-los e manter os olhos neles para que se nenhum espertinho se aposse deles, sem contar que ele também coletava tributos dos marinheiros da cidade para pagar a guarda que lhe ajudava a vigiar o porto.

― Ancião do Porto! ― gritava Jack se aproximando do velho que parecia estar dormindo na frente de sua casa.

Jack iria gritar novamente quando o velho abriu os olhos e falou:

― Ele saiu com as forças do Rei Mitram, mas os soldados não estavam vestidos como soldados padrão, pareciam mais discretos, não sei o porquê, mas ele e todos seus amigos marinheiros entraram em um navio real e partiram para o leste até sumirem de minha vista. Parecia algo bem sério...

Jack se lembrou do bilhete da Guilda Lua Prata, com pesar pegou-o do bolso e mesmo amassado o mostrou para o velho.

― O que é isso, jovem Jack?

― É de Lua Prata e por alguma razão dizem coisas sobre meu pai e o que aconteceu com ele.

― Pode lê-la para mim?              

Jack assentiu e leu, o velho ficou assustado com o que ouviu, pois como que o dono da carta sabia de tal ocorrido se ninguém mais sabia? Talvez o menino devesse mesmo ir até a guilda exigir informações, pensava o velho.

― Garoto, eu acho melhor você visitar esta guilda, eles podem mesmo saber o que aconteceu com o seu pai.

Jack não queria ouvir aquilo, pois pensava que tudo poderia apenas se passar de um blefe, que eles não sabiam de nada sobre seu pai e que apenas queriam lhe encher só para ele entrar para guilda como sempre faziam com todos da cidade, enquanto isso seu pai estaria perdido em alto mar. Ele então ignorou o conselho do velho e correu ao porto, pegou o barco de seu pai e partiu para tentar encontra-lo por conta própria, muitos o viram partindo e tentaram o impedir, mas ele conseguiu subir a ponte bem a tempo, sozinho içou as velas, desprendeu a âncora e partiu em uma missão provavelmente suicida.

***

Sua jornada durou uma semana até o pouco de comida que já estava armazenada no barco se esgotar complemente e deixa-lo à deriva em alto mar. Aquela era uma tarde ensolarada, quente e sem nenhum movimento. Era apenas o barco de Jack contra o mundo tentando encontrar um vestígio de seu pai, mas nada nem dele, de sua tripulação ou do barco fora encontrado enquanto cruzava o mar dos Septins.

Sem alimento há pelo menos dois dias, ele perdia aos poucos sua força e sua vontade em comandar o navio e o deixou navegando sozinho sendo guiado apenas pela fraca força dos ventos das marés. Talvez Jack tenha cochilado pelo cansaço, pois tudo o que ele se consegue lembrar foi do dia virar repentinamente noite e uma forte tempestade se formar e começar a sacudir o navio de um lado para o outro. As ondas furiosas brincavam com o navio como se ele fosse de papel, o quase engolindo com ondas supreendentemente grandes, ter controle do navio naquelas condições e sozinho era uma tarefa completamente impossível de ser feita.

Para o azar de Jack, ele foi surpreendido por uma onda como nunca visto antes, talvez a maior que alguém já possa ter registrado. O rapaz começou a rezar para todas as divindades que conhecia entrando em completo desespero, mas nenhuma delas lhe deu ouvidos e as ondas tragaram seu navio sem deixar rastros.

Aquele era o fim de Jack.

Pelo menos era o que ele pensava.

***

O vazio da sua consciência se dissipou e ele acordou deitado em um beliche. Estava assustado, pois o local parecia bem com um dormitório de navio de grande porte, no entanto com um cheiro forte de Pinganã, uma das bebidas mais famosas de Morian, e também de Rum, Jack, não bebia, mas conhecia o cheiro das duas bebidas por acompanhar seu pai e até mesmo vê-lo beber com seus companheiros de oficio.

O jovem decidiu caminhar pelo dormitório, foi quando notou que suas roupas estavam um em farrapos, mas seu corpo não tinha um ferimento sequer. Havia pelo menos outros cinco beliches naquele lugar, mas eles não eram nada parecidos com os do Barco do pai de Jack, tinham uma aparência bem arcaica e improvisada.

Barco, essa era uma palavra que ecoava como um sussurro na mente do jovem, sequências de flashes da colossal onda lhe assolavam fazendo-lhe entender que não morrera por sorte ou benção dos deuses, mas onde ele estava agora? Como não morreu? Seria este o paraíso de que todos falavam após a morte? Essas perguntas não paravam de lhe assombrar.

Foi então que ele decidiu retornar ao beliche, talvez voltando a dormir uma resposta pudesse vir com o tempo, mas acabou batendo com sua cabeça na parte de cima por um erro de cálculo sentindo muita dor e dando um berro não muito alto, mas o suficiente para, quem sabe, chamar a atenção de alguém, o que lhe confirmou que não estava morto e tapou a sua boca ouvindo murmúrios fervorosos do outro lado da única porta que havia naquele lugar. Jack tentou subir mesmo com a cabeça latejando, no entanto a porta se abriu com um estrondo e dela entrou um homem de barba comprida, corpulento com a pele levemente bronzeada, seu olho esquerdo era coberto por um tapa-olho, sua perna direta era de pau do tornozelo até onde seria seu pé e possuía um papagaio exótico no ombro, atrás dele havia outra figura que, por ora, Jack não conseguia identificar.

O homem barbudo era claramente um Pirata e ao fita-lo dos pés à cabeça, Jack entendeu que estava diante de um homem que já viu muitas batalhas.

O pirata se aproximou do jovem com um semblante de poucos amigos, lhe puxou pela gola da camisa e disse:

― Como pode um garoto como você a sobreviver a uma onda titã como aquela? ― seu cheiro de cerveja e catinga só faltava fazer o nariz de Jack sair de seu corpo revoltado, sem contar de seu rosto que fazia Jack se lembrar de alguma fera selvagem como um liodin (leão), além disso, o pirata tinha dentes careados, amarelados e deformados, seu tom voz era tão grave ao ponto de casar com sua aparência e deixar o garoto com o coração palpitando com a certeza da morte iminente.

Jack engoliu em seco antes de responder:

― Eu não sei... ― respondeu com sua voz quase se esvaindo.

― Quem disse que você deveria me responder? Era uma pergunta retorica, seu insolente! ― disse cuspindo em seu rosto. ― Sieg, leve este moleque ao convés, ele deve aprender uma lição por me responder sem autorização. ― concluiu o jogando no chão completamente assustado.

― Pode deixar capitão! ― disse Sieg, um homem alto, mas pouco podia ser visto de seu corpo e rosto, pois ele era todo coberto com roupa mais parecida com um samurai do que um pirata, provavelmente aquele homem era algum desgarrado que saiu da região oriental de Palagar.

Jack tentou relutar para não ir ao convés, mas Sieg sacou sua catana e a fincou ao lado da bochecha direita dele cortando-a superficialmente fazendo o sangue lentamente escorrer.

― Não errarei na próxima vez que me desafiar, ordens do capitão são feitas para serem seguidas.

O rapaz engoliu em seco e tremia, sem mais alternativas se levantou e foi levado ao convés se deparando um monte de figuras bizarras, vários outros piratas com ganchos em suas mãos, e pernas de pau, dentes cariados e alguns de ouro, todos fediam a bebida de taverna como o capitão.

O capitão estava sorrindo enquanto o jovem, trêmulo, se aproximava sendo escrachado pelo outros marujos que imitavam galinhas por notarem o medo dele. O capitão retirou a cimitarra da bainha e o som que ela emitiu ao sair da capa fez Jack estremecer e cair sentado sendo alvo de novas piadas dos marujos.

― Como alguém tão covarde ousa sobreviver por uma onda igual àquela?

Jack nada respondeu, já que o medo da morte criava um nó em sua garganta. O capitão deu de ombros, sua tripulação começou a proferir sentenças de mortes ao jovem que já estava pálido me medo, parecia até que ele morreria antes mesmo da arma do capitão lhe atingir.

O pirata sorriu vendo que o jovem já estava fora de si e avançou em um ataque estocado que o atravessaria como se fosse um boneco de pano. Mas quando Jack seria atingido pelo ataque mortal alguém lhe empurrou para o lado com um violento chute no rosto que lhe arrancou um dente ao cair de bruços e, a mesma pessoa, embora fosse um pouco menor que o capitão, aparou o ataque com uma cimitarra idêntica sendo levemente arrastada.

A colisão fez muitas faíscas se espalharem e dançarem pelo ar. Enquanto o jovem Falone sentia sua bochecha latejar pelo chute que lhe foi dado.

― Filha, como ousa?

Filha? pensou Jack rapidamente se virando para ver quem lhe salvou da morte.

De fato era uma garota, talvez um pouco mais nova que ele, a jovem era ruiva, pele levemente parda, talvez por conta da exposição ao sol em alto mar e ela era muito atraente de rosto e corpo, provavelmente a única em todo o navio que não tinha a menor semelhança com os demais piratas e, principalmente, com o capitão do navio que aparentemente era seu pai, até mesmo não possuía o mesmo cheiro fedorento que eles.

― Como ouso? Você o retirou dos destroços daquele navio, salvou a vida dele e agora quer mata-lo por não responder a sua pergunta cujo nem mesmo ele deve saber como responder. Eu sei que somos piratas e que as leis de Morian não se aplicam a nós, mas, por favor, acho que um pouco de bom senso faz bem até para um pirata.

Fora algo tão bem expressado que todo o clima animado dos marujos se acalmou deixando apenas o som das águas e gaivotas serem escutados. O Capitão então guardou a cimitarra e disse:

― Você está certa... ― disse ele perdendo a postura rígida.

Ela sorriu triunfante, também guardou a espada e caminhou em direção de Jack que lhe olhava encantado.

― Agora você não precisa se preocupar com meu pai... Ele tem um pavor daquela onda como ninguém nunca teve, uma vez que meu avô, o pai dele, foi morto por uma dessas.

Ela se estendeu a mão e com muita dificuldade imposta pelo seu medo o jovem finalmente a alcançou e se levantou.

― Bem-vindo a bordo marujo, meu nome Minerva Fallenbridge, mas meu pai Deric Fallenbridge diz que sou a fortuna dele e de todo o navio e vive me chamando de Garota Fortuna, contudo você pode me chamar de MF, uma abreviação de meu nome.

O jovem somente assentiu ainda não muito confiante sobre ela e o resto do navio.

― Qual é o seu nome?

A indagação da "MF" fez Jack corar, nunca esteve tão próximo de garotas tão lindas que nem ela, uma vez que sempre esteve ocupado ajudando o pai com o oficio de marinheiro. Ao olhar para ela com mais atenção notou que ela era uma guerreira dos pés à cabeça, mesmo não estando em combate se portava como se um fosse acontecer a qualquer momento.

O jovem então respondeu:

― M-meu n-nome é Jack F-Falone...

Minerva lhe olhou um tanto confusa tentando entender a pronuncia de seu nome.

― Você é gago?

― Não... Desculpe-me... Só estou um pouco nervoso com tudo isso acontecendo, perdi meu pai, busquei por ele e invés do destino me matar com aquela onda Titã, ele me manteve vivo para encontrar um monte de caipiras sujos que quase brincaram com meu couro.

Assim que Jack terminou, MF desferiu uma rasteira certeira nele, o derrubando de costas no chão, sacando imediatamente sua arma e apontando para ele, não havia outros piratas por perto, talvez se vissem aquela cena, teriam novamente proferido suas centenas de morte.

― Acho que você deveria equilibrar mais essa sua língua, ou ela pode lhe meter em complicações mais sérias futuramente.

Jack engoliu em seco e concordou com a cabeça levantando as mãos em gesto de trégua.

***

Naquele mesmo dia, no auge da noite enquanto comiam saboroso peixes assados, Jack contou a Minerva sobre o desaparecimento repentino de seu pai, da carta que dizia que ele naufragou, e de como ficou à deriva em alto mar para encontra-lo. MF não sabia como ajuda-lo, inclusive falou que seu pai e a tripulação não afundaram e nem saquearam um navio sequer durante esses tempos navegando, já que eles estão atrás de um tesouro nos Reinos do Leste, somente salvaram Jack pelo acaso de seguirem o mesmo trajeto ao qual encontraram os destroços do barco.

Mesmo desanimado sobre o paradeiro desconhecido de seu pai, Jack não desistiu, contudo fora criado e treinado pelos piratas, chegando até a comemorar seu aniversário de 19 anos um mês após ter sido resgatado, formando uma longa amizade com os outros marujos e o capitão, mais meses foram se passando e ele também teve seus casos românticos com Minerva, Jack recebeu apoio de todos seus novos amigos e de sua amada Minerva nas buscas de rumores e possíveis localizações de Jason Falone, mesmo com as possibilidades pequenas de sucesso, aquilo o fazia sentir que seu pai ainda podia estar vivo e perdido algum lugar.

Dois anos se passaram e nada de encontra-lo, no entanto Jack estava mais robusto e habilidoso, tinha a aparência de um Pirata com habilidades de Bárbaro, nem mesmo parecia ter 21 anos de idade, parecia ter uns 30 ou mais. Contudo, o pai de Minerva morreu naquele mesmo ano quando estavam próximos dos reinos do Leste e foram atacados por piratas rivais. Jack se sentiu culpado, porque ele foi salvo pelo capitão e isso acabou o deixando vulnerável assim sendo morto por um disparo nas costas após resgata-lo. Jack ficou muito abalado com aquela morte e quase tirou a própria vida se MF, apaixonada por ele, não intervisse e lhe sugerisse a seguir em frente.

O Bárbaro concordou, mas resolveu sair da tripulação seguindo por um caminho solitário, enquanto Minerva, mesmo frustrada com a partida daquele que ela amava sinceramente, seguiu os passos do pai, mas desta vez procurava algo de muito mais valor do que ele e sumiu sem dar notícias a Jack que, por outro lado, conseguiu um grande barco, uma tripulação nova e uma nova meta de vida: ser um grande pirata, aquele que seria lembrado por anos.

E assim ele acabou deixando a ideia de encontrar seu pai no limbo do esquecimento.

Mais três anos se passaram (cinco anos totais após Jack sair de sua casa para buscar seu pai, Jack possuía 24 anos) e com uma nova tripulação o bárbaro saqueou vilas, cidades, adquiriu uma fama sombria como: Capitão Jack do Carrasco Negro. Sempre comemorava com seus companheiros nas tavernas de piratas mais famosas do continente e não havia uma fronteira que poderia lhe impedir. De uma hora para a outra o jovem que prezava pelo seu pai, que era gentil, bondoso e até mesmo altruísta, foi substituído por uma versão um pouco mais maligna, perversa, gananciosa, ambiciosa, recheada de luxuria e de crimes por toda Morian.

Entretanto, para o destino certas escolhas não são as mais sábias e ele sempre faz o que pode para colocar o mundo, ou melhor, as pessoas de volta ao caminho ou proposito certo.

Em uma tarde, bem próximo da cidade de Mavenrook, no coração do Mar dos Septins, o capitão Jack e sua trupe seguiam rumo a um tesouro de muitíssimo valor quando foram surpreendidos por uma terrível tempestade com direito a raios, trovões e ondas perigosas, sendo que um destes raios atingiu as velas do barco e além de destruí-las ainda matou alguns dos marujos. O capitão se lembrava de quando era garoto e enfrentou sozinho uma tempestade parecida, mas esta tinha o triplo de violência que a anterior.

O barco balançava.

Tripulantes caiam ao mar.

O desespero tomava conta de todos pouco a pouco.

Os deuses de Aeron pareciam brincar com o clima como se punissem o Bárbaro Pirata pelos pecados cometidos.

― Capitão Jack, nada pode ser feito, estamos em um turbilhão de ondas, seremos engolidos a qualquer momento! ― dizia o seu primeiro imediato completamente desesperado.

Jack não tinha respostas, somente voltara a pensar involuntariamente no pai que nunca encontrara, voltando a ser a pessoa que um dia deixou de ser. Mas tudo aconteceu bem tarde e antes que pudesse dizer o que poderia ser feito ao poucos marujos que lhe restaram. As duas ondas viraram o Carrasco Negro para esquerda e uma terceira grande onda o afundou por inteiro sumindo com todos e arruinando a reputação de Jack para sempre.

Por alguma razão notícias de naufrágios correm com facilidades por Morian e quando a guarda de diversas cidade souberam e confirmaram que os destroços do navio no mar dos Septins eram condizentes com o que era descrito sobre o Carrasco Negro, eles comemoram e o declararam morto retirando a recompensa por sua cabeça de circulação.

***

O dia seguinte alvorecia (Dia 20 de Middas de 780 da Era do Ouro), quando alguém saia das águas nas proximidades do porto pertencente à Mavenrook, ele estava com poucos e leves cortes no braço e torso, seu chapéu rasgara e uma das botas perdera.

Era Jack, vivo por obra do destino, mas dessa vez com raiva dos deuses e por terem lhe trazido de volta ao início de tudo sem a mesma vida de antes.

Ao chegar à sua casa se deparou com a porta trancada, provavelmente fora aquele velho quando há cinco anos o viu pegar um dos barcos para tentar encontrar o pai ou até ele mesmo ao sair de casa e como passara muito tempo não lembrava se havia a trancado.

Ele pegou uma pequena bolsa em sua cintura, a abriu e ficou feliz por ver que a chave estava inteira com o ocorrido, além de ficar impressionado consigo mesmo por guardar esta chave a tanto tempo mesmo que tenha esquecido de sua existência até breve momento. Aquela era única cópia da chave que ele tinha e a chave original ficara com seu pai desaparecido. Ao pegá-la e senti-la na palma de sua mão ele se lembrou de como a vida era boa na companhia de seu pai e da saudade que tinha dele se arrependendo de ter se tornando um pirata e por desistir de encontra-lo quando não deveria.

Mas sentiu que já era tarde, o próprio mundo lhe deu uma lição retirando seu navio e amigos. Ao entrar em casa se sentou à mesa de jantar com uma forte dor de cabeça que não lhe deixava se concentrar direito, mas acabou reparando que as mobílias do local estavam arrumadas e levemente empoeiradas, como se tivessem sido limpadas no dia anterior, o que lhe deixou confuso. Revolveu preparar um chá para recompor seus pensamentos que estavam embaralhados, mas ao prepara-lo acabou notando que até os alimento de sua casa estavam conservados.

Ele deu de ombros pensando que poderia ter sido coisa do velho do porto e preparou um chá de ervas, um calmante natural acompanhado de queijo e ovos fritos para colocar em um pão, a refeição da manhã que seu pai sempre lhe fazia ele tomou tudo e acabou desmaiando devido sua exaustão e o trauma da quase morte.

Hora depois os raios do sol começavam a raiar iluminando todo o porto e aos poucos o interior de sua casa, Jack acordou assustado com a luz vibrante que fustigou seu rosto, ele se levantou começou a fechar as cortinas das janelas não querendo ser incomodado pelo feliz sol em um momento em que a morte e degradação afetavam seu ser lhe deixando depressivo. Contudo, ao fechar a última cortina reparou que o raio solar entrou como um feixe de energia branca, ele observou sua lenta trajetória até atingir e banhar sua mesa o fazendo notar que tinha uma carta nela.

Ele chegara há pouco tempo, mesmo assim não havia uma carta naquele lugar, se lembrava com perfeição que a mesa estava vazia e levemente empoeirada, teria visto a carta quando servia seu chá. Caminhava em passos lentos pela casa, tentando relembrar seus passos, mas sempre que chegava à mesa sua mente questionava:

Será que estou tão angustiado que não notei a presença daquela carta em cima da mesa, será que havia outra carta na minha mesa em todo esse tempo que estive fora?

Pegou-a vagarosamente e a leu:

Para Jack Falone.

Era tudo que havia no envelope, confuso a abriu e começou a ler seu conteúdo calmamente, foram alguns segundos de leitura até terminar e seus olhos se arregalarem, sua expressão se iluminar em ânimo em contraste com a luz do dia que ia gradativamente aumentando.

Mal terminou de ler e saiu de correndo para se sabe onde gritando de alegria jogando a carta pra cima.

Nela constava:

Prezado Jack, sabemos que você ignorou nossa primeira carta por desespero e receio de estar enganado sobre nós, afinal não é todo dia que alguém lhe revela que sabe mais de sua vida do que você mesmo. Mas não se preocupe, seu pai está bem, os investigadores da Guilda Lua Prata o localizaram em algum lugar de Morian na semana passada, se você vier para nossa guilda poderá se tornar membro, conhecerá novos amigos e certamente encontrará o seu amado pai.

Ps: O Destino Sabe o que Faz.

Morn Goldshine. Mestre da Guilda.

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