— Alfa Ethan, Luna Sophia, vocês têm certeza de que desejam dissolver o vínculo de companheiros? — A voz da Anciã Grace era grave. — Esta decisão não pode ser desfeita.
Eu estava diante do altar dos Anciãos e assenti calmamente.
— Tenho certeza.
Ethan estava ao meu lado, com uma expressão confusa. No caminho até ali, ele de repente segurou meu braço.
— Sophia, precisamos mesmo fazer isso? — Havia um tom de pânico em sua voz. — Talvez possamos reconsiderar...
— Você não perdeu sua conexão comigo? — Retruquei. — Romper o vínculo deveria ser um alívio para você.
Ele hesitou por um momento, mas rapidamente suavizou a expressão.
— Certo... Sim. Só estou preocupado que você tenha dificuldade em se ajustar.
Que péssimo ator.
E agora, diante da Anciã, ele estava encenando mais um espetáculo, fingindo me convencer a ficar.
— Sophia, você se lembra da nossa cerimônia de união? — Ethan me encarou nos olhos. — Naquela noite, sob a luz da lua, prometemos ficar juntos para sempre...
— Claro que me lembro. — Cortei, sem hesitar. — E também me lembro do que você disse ao meu pai.
A expressão de Ethan azedou.
— O quê?
— Você disse: “Essa união vai realmente me ajudar a me tornar Alfa. O nome da família da Sophia e suas habilidades de cura vão me ajudar a consolidar minha posição.” — Repeti palavra por palavra. — Você achou que eu não sabia?
A Anciã Grace olhou para Ethan, e por um instante, seus olhos refletiram decepção.
— Isso... Isso foi... — Ethan tentou justificar.
— A verdade. — Completei por ele. — E agora você encontrou alguém melhor, né?
Ethan abriu a boca para argumentar, mas eu já havia me virado para a Anciã Grace.
— Por favor, vamos começar o ritual.
A cerimônia transcorreu sem problemas.
Quando o último raio de luz da lua desapareceu, eu senti o aperto no meu peito desaparecer completamente. Cinco anos de vínculo de companheiros, desfeitos assim, como se nunca tivessem existido.
— O ritual está completo. — Anunciou a Anciã Grace. — A partir deste momento, vocês não são mais companheiros.
Quando saí do Salão dos Anciãos, Vivian já estava esperando. Ela usava um vestido de gala vermelho, como se estivesse pronta para uma festa.
— Finalmente! — Ela exclamou, animada, entrelaçando seu braço no de Ethan. — Agora podemos planejar nossa cerimônia de união!
Então ela se virou para mim, com os olhos brilhando de triunfo.
— Sophia, quando você vai se mudar da casa da alcateia? Preciso redecorar a suíte da Luna.
— Amanhã. — Respondi simplesmente.
— Amanhã? Perfeito! — Vivian bateu palmas, radiante. — Já contratei um designer. Vamos nos livrar de todos aqueles móveis velhos e bregas.
Aqueles "móveis velhos e bregas" eram coisas que eu havia passado três anos escolhendo. Cada peça significava algo especial.
Mas agora, tudo seria jogado fora.
— Vivian está certa. — Ethan concordou. — A nova Luna precisa de um recomeço. Sophia, se você precisar de ajuda para se mudar...
— Não preciso. — Disse, já me virando para ir embora.
— Espere! — Ethan correu atrás de mim, puxando um colar do bolso. — Aqui... Pegue de volta.
Eu olhei para o colar — o "presente" que ele havia me dado na nossa cerimônia de união.
Corrente de platina, pingente em forma de lua. Parecia delicado e bonito.
Peguei o colar e o examinei sob a luz.
— Ethan. — Olhei para ele. — Isso é banhado a prata. Não é platina.
Ele ficou pálido.
— O quê?
— E este "diamante"? — Dei uma risada cínica. — É uma zircônia cúbica. Vale o quê, cinquenta reais? Isso é o que você dá para sua companheira como presente de união?
Ethan abriu a boca para se explicar, mas eu já havia deixado o colar cair no chão.
— Vínculo falso, colar falso. Uma combinação perfeita.
Segui para o meu carro sem olhar para trás.
De dentro do carro, eu vi Ethan e Vivian discutindo pelo retrovisor.
Baixei o vidro da janela e consegui ouvi-los.
— Como ela sabia que o colar era falso? — Vivian exigiu.
— Quem sabe. — Ethan respondeu, irritado. — Não importa. O vínculo está rompido agora, de qualquer forma.
— Mas ela parecia realmente furiosa...
— Relaxe. Sophia é fácil. — Disse Ethan, cheio de confiança. — Quando ela esfriar a cabeça, eu só preciso usar um pouco da autoridade de Alfa, e ela vai voltar rastejando. Ela não teria coragem de deixar a alcateia.
Liguei o motor e acelerei.
Ele iria se dar mal.
Desta vez, era realmente o fim. Sem volta.