_ Margarida, acorda! – Ouço a voz de Dantas.
Sorrio, com a boca grudada pela baba.
__ Vamos lá, acorde. Você é tão bonita.
Sorrio, mesmo sem abrir os olhos.
__ Sua boca me parece tão macia. –Ouço ele se aproximar.
Faço um biquinho, esperando o toque.
Meus olhos se abrem quando levo um tapa no bico.
__ Margarida, sua tapada! Não está me ouvindo?!
Abro meus olhos e me deparo com minha mãe, de bobes e um vestido roxo, feito uma vózinha.
Esfrego minhas mãos em meu rosto.
__ Você estragou meu sonho e ainda bateu no meu biquinho. –Digo, reclamando.
__ Já está na hora de ir, o ônibus vai passar mais cedo hoje.
Levanto-me e olho pela janela.
__ Mas, mãe, ainda está escuro.
__ É uma viagem de 5 horas. Vá se arrumar.
Faço uma expressão emburrada, o que irrita minha mãe.
__ Eu que deveria estar com essa cara! V