Que mistério envolve o casarão colonial da cidade de Samambaias? O jornalista José Matias compra, da viúva de um militar, a bela propriedade que pertenceu ao barão de Monte Belo, um dos “barões do café” do Vale do Paraíba. O solar, entretanto, tem fama de agourento, azarento e mal-assombrado, pois nenhum dos proprietários que o adquiriu conseguiu prosperar ali; doenças na família, prejuízos, falências e até mortes fizeram com que seus ocupantes, durante um longo tempo, acabassem vendendo a propriedade a preços baixos ‘batendo em retirada’ com uma pressa, realmente, urgente. José Matias, o caseiro Rozendo e sua bela neta Maurine, a negra ‘Mãe’ Sabina, o parapsicólogo Amaury e a sensitiva Beatriz formam um grupo decidido a desvendar o mistério que perdura por cento e cinquenta anos e descobrem uma terrível tragédia envolvendo o barão e sua família. “O Casarão de Samambaias” relata o período do apogeu do café no Vale do Paraíba, uma região que foi a detentora de todos os recordes nacionais de produção dessa riqueza agrícola que tanto prosperou o Brasil. “O Casarão de Samambaias”é mais um romance de Fergi Cavalca, autor de “Arcanos da Eternidade", “Trilhas Convergentes", a Alma no Reflexo da Vida e vários outros romances de cunho místico e esotérico, cheios de aventura, história, esoterismo, misticismo e amor que prende o leitor do inicio ao fim da trama.
Leer másCIP-BRASIL.CATALOGAÇÃO NA FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS ESCRITORES DE LIVROS, RJ
C364c
Cavalca, Fergi
O Casarão de Samambaias / Fergi Cavalca – Clube de Autores. 2016
Inclui índice
ISBN 978-857923-640-2
12-9293 CDD: 869.93
CDU: 821.1134.3(81)-3
Romance de Fergi Cavalca
Embora os fatos narrados sejam fruto da imaginação do autor, a cronologia histórica está baseada no relato dos acontecimentos da época, principalmente no que abrange o ciclo do café no Vale do Paraíba.
As cidades cujos nomes foram propositalmentre trocados são, na realidade uma sintese daqueles municípios que prosperaram à base da grande riquesa que foi o café no Primeiro e Segudo Império.
E para encerrar, um ato socialO tempo passou. Agora eu ia à capital apenas três dias por semana para entregar minhas matérias e, depois, voltava correndo para meu refúgio de Samambaias; aqui entre a amizade, a maneira interessante e culta de Rozendo explicar os assuntos que eu gostava de conhecer e entender e, o que era melhor, curtindo o amor de Maurine bem pertinho de mim, eu escrevia minhas histórias e me deleitava com o sossego gostoso sem o rebuliço e agitação da cidade grande. Sem qualquer dúvida, eu já me acostumara à vida do interior! Acho que, de forma inconsciente sempre desejei estar num cantinho, quieto, lendo, escrevendo e sentindo a natureza ao meu redor.Nas tardes mais quentes dos tórridos dias do verão tropical, o pomar ainda se constituía em um lugar fresquinho, um refúgio onde, sentado no meu banco de pedras preferido, ficava aprovei
A reabilitação do barãoNa sexta-feira seguinte o próprio Argemiro foi ao casarão levar a edição extra do ‘Correio’. O jornal estava uma beleza, muito bem feito e diagramado, com oito páginas falando, apenas, sobre os acontecimentos relatados no diário de Clara. Na primeira página estava publicado o meu ‘release’ com uma foto tirada pelo ‘factótum’ Argemiro; aliás, o jornal estava cheio de fotografias: do casarão, minhas, de Rozendo, de Maurine, do retrato do barão e da baronesa...A notícia caiu como um meteoro na cidade; em pouco tempo a edição estava esgotada e todos comentavam pelas esquinas e cafés admirados com a história, até então, desconhecida. Nem uma linha fazia menção ao assombramento, mas falava-se da fama que o solar adquirira dura
Reescrevendo a história do CasarãoNo dia seguinte, por ser domingo, todos acordamos mais tarde. Depois do almoço fomos levar Amaury e Beatriz para embarcarem de volta. Despedimo-nos de ambos, rogando que voltassem todas as vezes que quisessem. Amaury disse que voltaria sim, pois queria estudar com maior profundidade o animismo de Mãe Sabina, a quem ele reputou como uma enciclopédia de ocultismo caboclo, uma verdadeira sacerdotisa dentre as tantas que habitam as cidadezinhas pequeninas do interior brasileiro. É ali, na humildade de seus casebres de palha, que as rezadeiras, na maior parte das vezes analfabetas, são as detentoras de uma cultura ancestral que se transmite de boca a ouvido, de pais a filhos nos sertões da pátria.No regresso ao casarão sentamo-nos no salão para conversarmos sobre tudo que acontecera, pois ainda não tivéramos oportunida
Fim do pesadeloAmaury, após uma prece de agradecimento, acendeu as luzes. Todos nós permanecíamos sentados ao redor da mesa de olhos bem arregalados e semblante pálido pela emoção dos últimos instantes. Mãe Sabina estendeu os braços para Beatriz e Amaury apertando as mãos de ambos entre as suas.Mostrando as gengivas quase centenárias e totalmente lisas, sorriu e falou:― Meus filhos, hoje a velha está feliz! Viu coisas muito bonitas e muito grandes. Esses dois meninos ― e apontou com o beiço Amaury e Beatriz ― sabem cumprir muito bem a missão que Nosso Senhor deu pra eles e eu vou bater palmas agradecendo por estar viva e ainda poder ver estas coisas. Parabéns a todos.Rozendo aproveitou para completar:― Com certeza vi mais coisas nesse fim de semana do que nos oitenta e tantos anos de minha vida. A reuniã
Completando o trabalhoChegamos à feira, onde compramos os mantimentos necessários para passar a semana. Depois demos uma esticada até o bar do Betinho para fazer um lanche.Ali, sentados em uma mesa de frente para a agradável e bela praça samambaiense, comentei com Maurine:― É um processo contínuo que acontece, agora, comigo! — Falei admirado.— Aos poucos vou prendendo-me sempre mais a essa cidade, não só à cidade, mas a você, minha querida. São surpresas em cima de surpresas. Quer dizer que você fazia seu trabalho filantrópico quietinha, sem falar com ninguém!Ela sorriu com deleite e olhou para mim com os olhos meigos e ternos:― Sou nutricionista, esqueceu? Posso contribuir muito elaborando dietas para os velhinhos. E eles também precisam de carinho, de atenção. É
O asiloAcordei cedo, lavei-me, tomei um gole de café e desci para o quintal. Como já estava se tornando hábito, procurei o banco do quintal perto da senzala. De longe avistei Maurine sentada ali e meu coração bateu mais rápido. O dia já subia claro e o sol começava a dourar o horizonte, enchendo o céu de revérberos alaranjados.Aproximei-me da jovem e sentei-me ao seu lado; ela recebeu-me com um sorriso satisfeito. Vestia o mesmo ‘robe-de-chambre’ grosso, até os tornozelos, amarrado na cintura e por cima da roupa, pois a manhã estava bastante fria e um tanto úmida em virtude de uma tênue névoa matinal.― Acordei muito cedo e não consegui dormir outra vez ― explicou a moça.― Não precisa se desculpar ― asseverei. ― Eu também perdi o sono. Até parece que estamos marcando encont
Último capítulo