O beijo de Heitor sempre se mostrou dominador e imperativo, não deixando à Aurora qualquer chance de libertação.
Ele a pressionou contra a mesa do escritório, segurando seu queixo com uma mão, enquanto com a outra apertava firmemente sua cintura.
O toque, macio e doce, estimulava cada nervo de seu corpo.
A fera, presa em seu interior, batia incessantemente contra a jaula, buscando se libertar.
Os dias passados com Aurora foram de harmonia.
Não importava o quanto ele desejasse, Aurora sempre sucumbia a seus desejos.
Mesmo estando exausta a ponto de desfalecer, não emitia queixas.
Mas agora, a mulher sob ele resistia ferozmente, lutando até o último instante.
Lágrimas ardentes escorriam pelo canto de seus olhos.
Heitor não prosseguiu.
Seus dedos longos e cuidados enxugaram gentilmente as lágrimas no canto dos olhos de Aurora.
Sua voz, rouca de um desejo não saciado.
- Aurora, o jogo entre nós só termina quando eu disser que terminou! Entendeu?
Aurora, com lágrimas nos olhos, o encarou, seus lábios manchados de sangue levemente entreabertos.
- Heitor, eu não vou ficar aqui para ser humilhada por você!
Heitor inclinou a cabeça e lambeu o sangue de seus lábios, com um sorriso que não alcançava os olhos.
- Se não teme perder a família Alves, tente! - Após dizer isso, se levantou, seu olhar casualmente deslizando pela saia desarrumada de Aurora.
E também pelas suas coxas longas e esguias sob a saia.
Aurora se sentiu profundamente humilhada.
Imediatamente, ajeitou suas roupas e se dirigiu à saída.
Mas, justo quando abriu a porta, viu Sarah em um vestido branco, parada na entrada.
Seu rosto estava adornado com um sorriso inocente.
- Heti, trouxe café da manhã para você.
Era a primeira vez que Aurora via Sarah de perto.
De fato, havia semelhanças entre elas, especialmente nos olhos e no nariz.
A suspeita no coração de Aurora se confirmou.
Naquele ano, Heitor a mal-interpretou, achando que suas intenções eram impuras, mas mesmo assim a manteve por perto.
Afinal, ele a via como uma substituta para Sarah.
Três anos de convivência, mas tudo terminou com ela sendo apenas uma substituta.
O coração de Aurora estava despedaçado.
Ela se esforçou para se acalmar, acenou para Sarah com a cabeça e então partiu.
No momento em que a porta do escritório se fechou, Heitor olhou com frieza para Sarah.
- Como veio parar aqui?
Os olhos de Sarah rapidamente se encheram de lágrimas.
Ela abaixou a cabeça, parecendo desamparada, com a voz embargada.
- Desculpe, Heti, ouvi dizer que você tem pulado o café da manhã ultimamente e que seu estômago estava incomodando. Então vim trazer o café da manhã para você.
Heitor franziu o cenho, sua voz destituída de qualquer calor.
- Deixe aí.
Sarah se iluminou com um sorriso e correu até ele.
Colocou a caixa rosa de refeição sobre a mesa do escritório.
Sua voz era suave e doce.
- Heti, lembrei que você adora sanduíches de atum com presunto. Experimente e veja se está ao seu gosto.
Olhando para o sanduíche apetitoso dentro da caixa rosa, Heitor não conseguiu sentir o menor apetite.
Ele empurrou a caixa para o lado e disse com voz grave:
- Teremos uma reunião em breve, comerei depois.
Sarah parecia um pouco desapontada, mas ainda assim acenou obedientemente com a cabeça.
- Tudo bem, então você vai se ocupar, eu vou esperar aqui, não vou incomodar.
- Há uma sala de reuniões ao lado, espere lá. - Após dizer isso, ele apertou o interfone para chamar Simão.
- Leve a Srta. Sarah para a sala de reuniões, arranje alguém para lhe fazer companhia.
Simão foi rápido, aparecendo na porta em menos de um minuto, fazendo um gesto de convite a Sarah.
- Srta. Sarah, temos Pastel de Nata na sala ao lado, e Giulia fará companhia a você.
Sarah olhou para Simão sinceramente:
- Ouvi dizer que a secretária Aurora é muito simpática, gostaria que ela me fizesse companhia.
- Desculpe, a secretária Aurora é a chefe do secretariado do presidente, ela precisa participar da reunião conosco.
Simão não era tolo.
O chefe estava tendo desavenças com a secretária Aurora esses dias.
Se essa moça se envolvesse, como eles poderiam se reconciliar?
Sarah sorriu levemente:
- Entendi, ouvi dizer que o café que ela faz é excelente, peça a ela para preparar um para mim.
Heitor, com uma expressão fria e distante, exibiu um traço de frieza entre suas sobrancelhas perfeitamente arqueadas, e seus olhos escuros se tornaram sombrios.
Aurora era dele, não algo que outros pudessem simplesmente requisitar quando quisessem.
Mas só de pensar que Aurora preferiria morrer a ficar, ele ficava furioso.
Parecia que não deveria mimá-la tanto.
Ele disse friamente:
- Faça como ela pediu.
Simão ficou olhando para Heitor por uns dez segundos, depois suspirou resignado interiormente.
"Presidente Heitor, mandar a atual fazer favores para a ex, você sabe que isso pode prejudicar seu relacionamento, certo?"
Ele, resignado, levou Sarah embora.
Aurora estava sentada em sua estação de trabalho organizando os documentos para a reunião quando Simão bateu em sua mesa.
- Secretária Aurora, o Presidente Heitor pediu para você levar um café para a Srta. Sarah na sala de reuniões 02.
Aurora levantou a cabeça, respondendo calmamente:
- Tudo bem, estarei lá em breve.
Ela organizou os materiais e foi para a copa.
Aurora pegou os grãos de café do armário, colocou-os no moedor de café.
Enquanto preparava a bebida, uma figura delicada apareceu ao seu lado.
Ela falou com uma expressão neutra:
- Srta. Sarah, o café estará pronto em cinco minutos.
O rosto inocente e bonito de Sarah exibiu uma frieza.
- Srta. Aurora, não acha estranho me ver aqui?
Aurora continuou com suas tarefas, seus olhos e sobrancelhas baixos, concentrada no trabalho.
Com um tom indiferente:
- Há inúmeras mulheres se jogando nos braços do Presidente Heitor todos os dias, não há nada que me surpreenda.
- Você ainda não entendeu? A única razão pela qual Heitor está com você é porque você se parece muito comigo. Ele nunca gostou de você, sempre te viu como uma substituta para mim. Agora que eu voltei, é hora de a substituta sair.
Aurora despejou a água quente no copo de café, enchendo a sala de café com o aroma da bebida.
Ela inalou o cheiro com prazer e sorriu:
- Café importado da Itália, tem um sabor excelente. Srta. Sarah, quanto de açúcar você prefere?
Sarah sentiu como se estivesse batendo em algodão.
Frustrada, ela apertou os punhos.
- Aurora, não finja mais, você está com Heitor só por causa do dinheiro, não é? Aqui está um cheque de dez milhões, por favor, se afaste dele o mais rápido possível.
Aurora escondeu suas emoções mais profundas.
Despreocupadamente, ela colocou um cubo de açúcar no café e começou a mexer habilidosamente.
Sua voz era casual e indiferente.
- Ouvi dizer que a Srta. Sarah não está bem de saúde, melhor guardar esse dinheiro para o seu tratamento. Caso contrário, antes mesmo de conseguir se casar com Heitor, você poderia acabar morrendo. Que desperdício seria, hein?
- Aurora, você...
Sarah ficou furiosa, rangendo os dentes em silêncio.
Ela não esperava que Aurora fosse tão difícil de lidar.
Com um olhar feroz para Aurora, ela pegou o café sobre a mesa e o lançou em direção a Aurora.
O café quente formou um arco perfeito no ar, mirando o rosto de Aurora.