Não quer se casar, tudo bem, mas por que chora pela demissão?
Não quer se casar, tudo bem, mas por que chora pela demissão?
Por: Branca de Dois
Capítulo 1
Após um intenso abraço, a pele de Joey emanava um suave tom rosado.

Heitor Duarte envolveu ela em seus braços, com seus dedos longos e definidos desenhando os contornos de seu rosto.

Nos olhos profundos e amendoados do homem, brilhava um afeto nunca antes visto.

Aurora, embora tivesse sido intensamente consumida, se sentia profundamente amada naquele momento.

Contudo, antes que seu desejo tivesse tempo de se dissipar, o celular de Heitor começou a tocar.

Ao ver o número da chamada, o coração de Aurora estremeceu.

Ela apertou o braço de Heitor com mais força, olhando com esperança para ele.

- Podemos não atender?

A chamada era de Sarah Cruz, a obsessão de Heitor.

Desde que retornou ao país, havia menos de um mês, ela já havia tentado o suicídio várias vezes.

Aurora sabia muito bem que Sarah fez isso propositalmente.

Mas Heitor parecia desconsiderar seus sentimentos.

Ele a empurrou bruscamente, sem a delicadeza de momentos antes, e atendeu a chamada ansiosamente.

Aurora não pôde ouvir o que foi dito do outro lado da linha.

Ela apenas viu os olhos profundos de Heitor, agora mais turbulentos que a escuridão da noite lá fora.

Após desligar, ele se vestiu rapidamente.

- Sarah está ameaçando se suicidar novamente, preciso ir.

Aurora se sentou na cama, sua pele alva marcada por beijos, brilhando num tom rosado.

Ela encarou o homem.

- Mas hoje é meu aniversário, você prometeu passar o dia comigo, tenho algo muito importante para dizer.

Heitor já estava completamente vestido, com uma expressão dura e fria.

- Desde quando você se tornou tão insensível? Sarah pode estar em perigo a qualquer momento.

Sem esperar por uma resposta de Aurora, a porta do quarto foi fechada com ímpeto.

Logo após, o som do motor de um carro ecoou do andar de baixo.

Aurora pegou uma pequena caixa delicada debaixo do travesseiro.

Ao olhar para os dois anéis dentro dela, seus olhos se encheram de lágrimas.

Três anos atrás, ao ser encurralada por bandidos em um beco, Heitor ficou ferido na coxa tentando salvá-la.

Ela se ofereceu para cuidar dele.

Após uma noite de bebedeira, se envolveram.

Naquela época, Heitor perguntou se ela queria namorá-lo, mas com a condição de que não poderia oferecer casamento.

Aurora aceitou sem hesitar.

Porque Heitor era o homem por quem ela nutria uma paixão secreta por quatro anos.

Desde então, de dia, ela era a eficiente e bela secretária de Heitor; à noite, se tornava sua companheira, dócil e suave.

Ela acreditava, ingenuamente, que Heitor a amava.

Pensava que a razão pela qual ele não se casava com ela era devido à influência de sua família.

Ela gastou um dia inteiro preparando uma proposta de casamento, planejando pedi-lo em casamento para ajudá-lo a superar seus problemas emocionais.

Mas o telefonema de Sarah fez com que despertasse para a realidade.

Provavelmente, não era que Heitor não queria se casar; simplesmente, a pessoa com quem ele desejava se casar nunca foi ela.

Aurora sorriu amargamente e guardou os anéis.

Desfez sozinha toda a decoração do terraço.

Saiu de carro, solitária.

Mas, logo após partir, sentiu uma dor aguda no baixo-ventre.

Em seguida, um fluxo quente começou a escorrer pela sua perna.

Ao olhar para baixo, percebeu que o assento de couro branco estava manchado de sangue.

Pressentiu que algo estava errado.

Ligou imediatamente para Heitor.

- Heitor, estou com dor no estômago, pode vir me buscar?

Heitor respondeu com impaciência:

- Aurora, pode até fazer birra, mas precisa saber a hora!

Aurora, ao ver mais e mais sangue, começou a chorar de medo:

- Heitor, não é mentira, meu barriga dói muito e, além disso, estou... - Perdendo muito sangue.

Antes de terminar, foi interrompida pela voz fria e impiedosa do homem do outro lado da linha.

- Aurora, a situação de Sarah é de vida ou morte, e você ainda tem a audácia de fazer escândalo!

Aurora ficou atônita.

Demorou alguns segundos para reagir.

Sorriu fraca e pálida.

- Acha que estou fazendo drama sem motivo?

- Não é isso?

A voz do homem, carregada de irritação e um frio cortante, fez o coração de Aurora doer.

Mordeu o lábio com força, segurando o telefone tão intensamente que seus dedos embranqueceram, e com toda a força que conseguiu reunir, o xingou:

- Heitor, seu canalha!

Aurora suava frio de dor.

Quis ligar para a emergência, mas seus dedos estavam fracos e sem força.

Finalmente, tudo escureceu e ela desmaiou.

Quando acordou, já estava numa cama de hospital.

Ao seu lado, estava sua melhor amiga, Marina Vieira.

Ao vê-la despertar, Marina se levantou imediatamente, olhando com preocupação para ela:

- Au, como você está? Ainda dói?

Aurora olhou para ela de forma vaga:

- O que aconteceu comigo?

Marina hesitou antes de responder:

- Você estava grávida. O médico disse que a parede do seu útero estava fina, e com os movimentos bruscos daquele desgraçado do Heitor, você teve um aborto espontâneo e perdeu muito sangue.

Aurora arregalou os olhos, incrédula.

Tudo o que passava em sua cabeça era: "Estava grávida, mas perdeu o bebê".

Era o filho dela com Heitor.

Embora não soubesse até onde ela e Heitor poderiam ir, aquele era, afinal, seu primeiro filho.

Involuntariamente, encolheu os dedos, e as lágrimas escorreram pelos cantos dos olhos.

Vendo ela sofrer, Marina não pôde evitar abraçá-la, tentando consolá-la suavemente:

- Você acabou de passar por uma cirurgia, não pode chorar, ouça. Quando melhorar, vou te apresentar uns caras legais, para esquecer aquele desgraçado!

- Aquele Heitor, um completo inútil, quase te matou com suas atitudes e ainda te traiu descaradamente, ele não tem vergonha!

O coração de Aurora doía mais do que se estivesse sendo perfurado por mil flechas.

Ela segurava Marina com as mãos frias, com a voz embargada, incapaz de falar por um bom tempo.

Pensava na criança que mal chegou ao mundo, pensava no homem que amou por sete anos.

Ela não conseguia se acalmar.

Depois de um longo tempo, Aurora finalmente falou.

- Você o viu?

Marina assentiu:

- Ele está no quarto andar, acompanhando a Sarah. Quando você estava na cirurgia, tentei ligar para ele do seu celular, querendo que ele viesse assinar os papéis, mas aquele desgraçado nem atendeu.

Aurora fechou os olhos, sentindo a dor.

- Mari, me leve até lá para eu ver.

- Você acabou de passar por uma cirurgia, não pode se estressar.

- Há coisas que, se eu não ver com meus próprios olhos, não conseguirei me decidir.

Marina, sem conseguir dissuadi-la, levou ela ao quarto andar.

Aurora, parada do lado de fora, observou Heitor falando docemente para Sarah tomar o remédio.

Aquele olhar gentil e aquela voz agradável perfuraram o coração de Aurora com uma dor aguda.

Mas, ao ver claramente o rosto de Sarah, que tinha algumas semelhanças com o seu, ela pareceu entender tudo em um instante.

Aurora sorriu com certo desalento.

Se virou para Marina e disse:

- Me leve de volta.

...

Quando Aurora viu Heitor novamente, dois dias depois, estava deitada na cama, olhando silenciosamente para o homem que uma vez amou profundamente.

Quando realmente chegou a hora de tomar uma decisão, seu coração ainda doía terrivelmente.

Heitor, percebendo que ela não estava bem, perguntou com voz grave:

- Já se passaram dois dias, ainda dói?

Ele pensava que ela estava com dor menstrual, que normalmente passava em um dia.

Aurora, com os olhos levemente aquecidos, reprimiu as emoções no fundo do seu coração.

Sem dizer uma palavra.

Heitor se sentou ao lado da cama, com um olhar frio e distante.

Sua mão quente tocou a testa dela, e sua voz se tornou um pouco mais rouca.

- A bolsa que você gostou da última vez, eu consegui comprar. Está no sofá lá fora, se levante para ver.

Aurora olhou com um olhar indiferente para Heitor.

- Agora não gosto mais.

- Então te compro um carro novo, um Ferrari ou um Porsche?

Vendo que Aurora não respondia por um bom tempo, Heitor franzia levemente a testa.

- O que você quer, então?

Talvez, em seus olhos, não houvesse nada que o dinheiro não pudesse resolver.

Aurora apertou firmemente o pijama com as mãos.

Seus olhos claros e brilhantes se fixaram tranquilamente em Heitor.

Seus lábios pálidos se abriram levemente.

- Eu quero me casar com você!
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