Katherine AdamsDias atuais
— É só fazer xixi no palito e voilà: o resultado aparece! — Ashley sorriu satisfeita com a sua explicação.
Suspirei pesadamente e encarei os olhos cor de amêndoas da mulher a minha frente. Ela tinha um sorriso divertido estampado no rosto, quase malicioso, como se dissesse: “Andou transando, não foi?”. É incrível como Ashley nunca perdera aquele jeito que muito lembrava quando éramos adolescentes.
— Isso é perda de tempo — disse eu, impaciente, pegando das suas mãos o teste que foi comprado na farmácia da esquina. — É impossível que eu esteja grávida.
Bom, não era totalmente uma verdade, e nem precisava ser um gênio para saber disso.
— Se você não transasse, seria. — Ashley ergueu uma das sobrancelhas, ainda com aquele sorriso sacana nos lábios e deu de ombros. Observei impaciente enquanto ela pegava uma banana da cesta em cima da mesa. — Pensa pelo lado positivo da coisa, se der negativo, você pode relaxar e nós saímos para beber.
— Podemos sair para beber agora? — perguntei, quase como uma súplica. Eu não queria de jeito algum encarar aquela situação como a adulto responsável que era — ou, pelo menos, considerava ser. — Afinal, se der positivo, não vou beber por, no mínimo, uns nove meses.
— Ou mais... Provavelmente mais — disse ela, descascando a banana e mordendo enquanto me olhava nos olhos. Tentava parecer sensual, mas falhava miseravelmente.
— Nojenta — debochei.
— Acaba logo com isso, Katherine! Você mesma disse que é impossível estar grávida!
Rolei os olhos para cima e bufei em resposta. Ashley não deixaria que me livrasse desse teste sem antes fazê-lo. Era melhor dar longo um fim e esfregar o resultado negativo na cara da minha irmã mais nova.
Caminhei, ainda relutante, até o banheiro e tranquei a porta, só por precaução.
— Aqui diz que o resultado pode levar até cinco minutos — murmurei sozinha.
Sentei no vaso sanitário e me ajeitei, de modo que ao colocar o palito, não sujasse minhas mãos. Que situação você se meteu, hein?! Meu subconsciente parecia se divertir. A tentativa de não molhar as mãos foi em vão, pois no primeiro jato de urina consegui molhar mais meus dedos do que o próprio palito do teste.
— Ah! Mas que inferno — resmunguei.
Ainda sentada no vaso sanitário, afastei as pernas e juntei os joelhos um no outro, então apoiei os cotovelos sobre eles e encarei o palitinho que parecia ser capaz de mudar completamente a minha vida.
E talvez realmente mudasse.
Segundos pareceram horas enquanto fitava o pequeno teste nas mãos até ver a primeira listra rosa aparecer aos poucos. Sorri, me sentindo muito satisfeita com o resultado negativo, já pronta para comemorar e passar a noite toda dizendo para Ashley que sim, eu tinha controle sobre todos os aspectos da minha vida!
Acontece que, como diria minha mãe, “Felicidade de pobre dura pouco!”, e logo em seguida vi a segunda listra rosa surgir.
Positivo.
Estava grávida.