Prólogo

O dia estava típico de um dia de verão.

Tudo estava indo bem e depois foi melhorado. Júlio estava sentado de frente para o mar observando as ondas que vinham bater na areia branquinha da praia.

_ Ei! – uma garota gritou _ Pega pra mim, por favor!

Júlio olhou em volta e viu um delicado chapéu branco de palha passar voando, carregado pelo vento. Levantou da cadeira e deu uma corridinha até conseguir pegar o chapéu.

Bateu para tirar a areia.

_ Ah, que bom. Eu comprei ele ontem – estendeu a mão _ Me dá!

Ele sorriu com o jeito engraçado dela.

Estava parada diante dele com o cabelo revolto pelo vento e com um grande sorriso na boca bicuda de batom rosa. Os olhos castanhos bem escuros, nariz arrebitado e um corpo delicioso em um biquíni azul turquesa.

Definitivamente era muito bonita. Ele não resistiu em fazer uma brincadeira.

_ Eu peguei, mas não tem seu nome - ergue uma sobrancelha rindo.

_ Ah, pelo amor de Deus – suspirou _ É claro que é meu - ela rodou os olhos.

_ E eu como vou saber disso?

_ Você quer é saber meu nome.

_ Não. Eu gostei mesmo do chapéu – colocou na cabeça _ Acho que vou ficar.

_ Sabe que isso é roubo? – cruzou os braços.

_ É mesmo? – tirou o chapéu _ E se eu o devolver?

_ Então eu te digo o meu nome.

_ Só isso? – riu.

_ O que mais você quer? – empinou o rosto.

_ Seu nome e um almoço – respondeu encarando-a.

Ela até poderia aceitar. O dia estava lindo, quente, ele era muito charmoso.

A pele morena, corpo magro, mas bem cuidado. A barriga dividida mostrava que fazia exercícios. Pernas grossas, cabelo preto, boca grande e olhos castanhos com um leve tom de verde. Muito sexy.

_ Meu nome e um sorvete – ela estendeu a mão _ Que tal?

_ Só isso?- fez uma careta e segurou a mão dela _ Aceito... Por enquanto.

_ Meu nome é Eliana Mondalez. E você?

Ele quase respondeu de imediato, mas se segurou. Poderia ser quem ele quisesse ali, não sabiam que era um rico herdeiro.

Depois de tantas vezes que ele se decepcionou com as mulheres que fingiam gostar dele, poderia aproveitar o anonimato. Além do mais estava de férias exatamente para relaxar a cabeça do trabalho e das companhias interesseiras.

Seria melhor não se expor de imediato. Poderia aproveitar melhor assim.

_ Luís Amparo – mentiu.

Na verdade ele tinha lido esse nome em uma caixa de frutas que estava sendo entregue no hotel em que estava. Quando ele saiu para aproveitar o dia na praia, uma van estava sendo descarregada com várias caixas.

_ Eu gosto de chocolate, Luís – ele franziu os olhos _ O sorvete? Hello!!

_ Ah, claro – deu uma risada _ É para agora?

_ Sim. Eu ainda vou mergulhar com as amigas. Tenho que aproveitar meu tempo livre sabe.

Ele pegou as coisas que estavam ao lado da cadeira e foi com ela até o calçadão onde havia uma sorveteria.

Andava ao seu lado e ele observava como era charmosa. Às vezes em que o olhava estava sempre sorrindo. Gostou disso.

Sentaram em um banco de concreto no calçadão provando o sorvete e conversando amenidades como há muito tempo ele não fazia. Sentiu uma tranquilidade incrível ao lado dela.

O dia estava lindo e perfeito para um flerte. O sol forte, poucas nuvens e o vento soprava gostoso aliviando o calor. As pessoas passavam por eles sem nem prestar atenção, cada um mais interessado em sua vida.

_ E você de onde é? – ela perguntou, dando uma lambida no sorvete.

_ Nasci e fui criado na Itália – foi tudo o que disse. E já estava bom demais.

_ Mas você viaja muito? – inclinou a cabeça _ O que faz aqui?

_ Apenas um passeio - continuava sendo vago.

_ Então por que não vem mergulhar com a gente? O lugar é lindo.

_ Posso? – ele não tinha planos mesmo.

_ Claro. O passeio é aberto. Vamos de catamarã até o local de mergulho. É muito bonito lá - balançou a cabeça animada _ A água é linda, em um tom de verde escuro e é morna. Vamos você vai gostar.

_ Certo, irei com vocês - balançou a cabeça sorrindo.

Fazer um passeio assim do nada e com uma companhia dessa não era para se negar realmente. Não foi planejado, o que foi ainda melhor. Estava mesmo cansado de sempre ter que ajeitar o planos para cada dia.

Ele usava duas agendas com tudo o que tinha que fazer. Um hábito que adquirira bem cedo por conta das obrigações que seu pai insistia em lhe dar e já fazia isso sem nem perceber.

Ali não queria agendas.

Queria tempo livre, mente, corpo e de preferência, o coração também.

*********

Duas horas depois...

_ Sai da frente, Luís.

Ele ouviu um grito e olhou para cima. As duas garotas pularam na água bem onde ele estava. Mal deu tempo de sair do lugar e as duas mergulharam. Por pouco elas não caíram bem em cima dele.

Tinha ido com Eliana até o ponto de encontro para a saída do passeio e comprou um tíquete para participar do mergulho. Conheceu as amigas dela e relaxou no passeio. Já começava até a gostar das amigas dela.

Realmente a água era linda e o mergulho cheio de descobertas entre os peixes e corais. As amigas dela também eram engraçadas e divertidas e não perguntaram nada íntimo sobre ele, então nem precisou mentir, o que não era nada agradável mesmo.

Não era algo que gostava de fazer, mas desde que decidira relaxar um pouco longe de casa, dizer quem era realmente talvez estragasse isso.

_ Meu biquíni – Eliana gritou cobrindo os seios e se esforçando para ficar na superfície.

Júlio apareceu ao lado dela segurando o bustiê azul que escorregara.

_ Você perde tudo o que lhe pertence? – riu.

_ Não tenho culpa – engoliu um pouco de água e tossiu _ Olhe pra lá.

_ Vire de costas e eu te ajudo – disse com voz rouca. Ele bem queria ver aqueles seios _ O fecho quebrou.

_ Ah, não! Pode dar um nó?

_ Espera – puxou as tiras e amarrou, sentindo a pele macia _ Pronto!

_ Obrigada! – passou os braços em volta do pescoço dele e lhe deu um leve beijo nos lábios.

Júlio lambeu os lábios sentindo o gosto do batom misturado com o sal e seu corpo aqueceu. Esse jeitinho solto dela e até inocente era bom demais, diferente do que estava acostumado com as mulheres com quem saía.

Eles passaram o resto do dia juntos. Mergulharam, comeram com os outros turistas do barco, dançaram e todas as vezes ele a observava.

Seu sorriso era solto, vinha fácil e deixava as pessoas ao redor, alegres também. Eliana não parecia ter vergonha de seu corpo e nem deveria porque era bonita com curvas no lugar certo. Ela tirava várias fotos dos lugares onde passavam e com as outras amigas. Ele evitou, mas acabou tirando uma foto com ela, que fez uma selfie deles no celular.

_ Depois eu te mando uma cópia – ela disse sorridente.

*******

Dois dias depois do passeio ele se sentia nas nuvens ao lado dela.

Soube que os pais dela moravam no interior e que ela dividia um apartamento com mais três amigas. Fazia faculdade de imagem e designer e trabalhava em um estúdio de fotografia.

Não se esquivava das perguntas como ele fazia, mas ainda era cedo para revelar como era sua vida de verdade. Ele pouco falou sobre sua vida pessoal e nem poderia revelar quem era realmente porque tinha receio que ela já o tivesse visto em alguma foto de revista ou até mesmo na internet e estivesse fingindo que não o conhecia.

Já passara por tantas decepções com mulheres que ficava difícil saber ao certo quem falava a verdade ou quem mentia. Era um risco, mas deixaria assim até chegar o momento de contar. Ela iria entender seu lado.

Parecia muito interessada em ficar com ele, então saberia aceitar seu medo de falar.

Estava encantado com ela. Eliana era educada com todos e gostava quando ela segurava sua mão e o puxava para um lado ou outro. Estava sempre o tocando para lhe chamar a atenção e o ouvia carinhosamente.

Era animada e cheia de energia, mas ainda não haviam nem mesmo se beijado. Ainda assim ele não se cansava dela, de suas histórias e sentia sua falta quando a deixava na frente do condomínio onde morava.

Ela era tão solta e relaxada com ele que já começava a pensar que a relação deles seria duradoura. Era uma sensação muito diferente do que estava acostumado a sentir.

Com as outras era tesão, desejo, mas depois de um tempo isso acabava e com ela era diferente. Sentia seu corpo formigar quando lhe segurava a mão ou apenas quando lhe sorria.

Desde o começo se sentiu atraído por ela e pensava em tê-la nos braços, mas precisaria antes ser honesto com ela e lhe contar tudo. Tinha que mostrar o modo como se sentia ao seu lado e como queria algo a mais.

Chegou a pensar em paixão de verão, mas se fosse só isso ele já teria testado essa ideia e ela parecia receptiva, então acabariam na cama e logo esse fogo de paixão iria passar. Não tinha certeza se cabia mesmo a ideia de paixão de verão.

Pela primeira vez, talvez fosse sério.

*******

Eliana o sentiu de novo.

Lá estava ele a observando enquanto estava distraída. Seu coração batia mais forte ao lado de Luís. Além de muito bonito ele era inteligente, sexy e divertido.

Estava achando que era o homem mais bonito que ela já tinha conhecido e ele parecia bastante interessado nela também. Já estava cansada de fazer tudo certinho e desde que o conheceu não se permitia ir mais adiante no relacionamento.

Sabia que ele queria mais que uma amizade. Ela também pensava em sexo com ele. E como poderia não pensar? Estava muito atraída por Luís.

Eram solteiros, normais e estavam atraídos, então por que não? Ela não poderia ser virgem pro resto da vida. Nada melhor do que começar com alguém que lhe despertasse emoções e reações diferentes.

Os dois estavam sentados na borda da piscina do hotel onde Luís estava hospedado. Depois de jantarem foram caminhar um pouco e ela correu para a piscina, retirou os sapatos e enfiou os pés na água, convidando-o a fazer o mesmo.

Tinha bebido um pouco durante o jantar e estava curiosa sobre ele. Pegou sua mão e brincou com os dedos compridos.

_ Por que está aqui comigo? – ela perguntou.

_ Porque acho que você é maravilhosa – mirou seus olhos castanhos _ Porque você me deixa sem ar – mexeu no cabelo dela _ Porque me sinto bem ao seu lado.

_ Nossa – ela corou _ Sou tão especial assim?

_ Muito – puxou o rosto dela para perto, segurando sua nuca _ Você é diferente, é real.

_ Todas as pessoas são reais – sentiu um arrepio na coluna.

_ Não são – aproximou a boca da dela _ Não como você é.

Eliana estava curiosa, animada e nervosa ao mesmo tempo.

_ Também acho você especial – falou baixinho, mirando a boca dele.

_ Mentira – murmurou _ Até agora você foi difícil comigo.

_ Não sou difícil... É que sou um pouco tímida com homens. É diferente ser amiga e ser algo mais.

Cuidado”.

Molhou os lábios com a ponta da língua.

_ Você vai me deixar louco.

_ Não tenho esse poder – murmurou.

_ Tem sim – colou a boca á dela em um primeiro beijo demorado.

Cada segundo daqueles lábios macios era um prazer absurdo. Como um beijo tão delicado poderia ser tão cheio de sensações sensuais, enchendo sua mente de desejo? Demorou demais para provar.

_ Vamos subir? - ele pediu.

_ Eu até quero, mas é estranho.

_ O que? – segurou o rosto dela.

_ Não sei nada sobre você, Luís.

_ Não tem nada demais para saber – encolheu os ombros _ Sou comum, já lhe disse.

_ Mentiroso.

Ela se sentia tentada a subir para a suíte dele. Passara tanto tempo com a cara enfiada nos livros que não dava atenção aos rapazes.

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