Capítulo 3
Três dias depois, chegou finalmente o aniversário de Lily. Desde cedo, ela estava radiante de empolgação, decorando a casa com guirlandas de flores silvestres que havia colhido na floresta. Até escolheu um vestido lavanda delicada especialmente para a ocasião.

— Mamãe, você acha que o papai vai vir? — Ele me prometeu isso um ano atrás.

Ela perguntou com a cabeça inclinada para cima e os olhos brilhando de expectativa. Acariciei seus cabelos com suavidade, forçando um sorriso, mas não consegui lhe dar uma resposta direta. Mason não nos visitava há dias. Desde que declarou publicamente Olivia como sua Luna e anunciou a gravidez dela, passou a nos ignorar completamente.

Contudo, olhando para os olhos brilhantes e esperançosos da minha filha, não tive coragem de destruir seus sonhos.

— Querida, vá brincar um pouco no quintal. A mamãe vai preparar seu ensopado favorito.

Assim que ela saiu de vista, peguei a pedra de comunicação e chamei Mason.

— Evelyn? — A voz dele, levemente surpresa, ecoou pela pedra.

— Mason, hoje é o aniversário da sua filha. Quando você pretende aparecer? — Perguntei, engolindo a amargura que subia pela garganta.

Após um breve silêncio, ele respondeu devagar:

— Evelyn… Me desculpe. Eu… tenho uma cerimônia para preparar hoje. Podem comemorar, vocês duas. Eu não vou.

Ele encerrou a comunicação antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa.

— Mamãe… O papai não vai vir? — Me virei e encontrei Lily parada atrás de mim. Abracei-a com força, contendo as lágrimas.

— Está tudo bem. Ainda temos o vovô, a vovó e todos os membros da alcateia. Eles vão celebrar com você.

— E a mamãe vai fazer a melhor festa na floresta para você.

Ela ficou em silêncio e somente assentiu com a cabeça.

Nesse momento, a pedra de comunicação brilhou novamente. Era uma mensagem de Mason:

“Evelyn, traga Lily para a Casa da Alcateia. Haverá um banquete esta noite.”

Fiquei paralisada. Ele não tinha acabado de dizer que estava ocupado?

Lily, ao ver a mensagem, iluminou-se.

— Mamãe! O papai está preparando uma surpresa pra mim, né? Vamos logo!

Diante de seu olhar cheio de esperança, não consegui recusar.

— Está bem. A mamãe vai te levar.

Durante o caminho, Lily imaginava cada detalhe: dançaria a primeira dança com o pai e receberia um presente especial escolhido por ele.

Mas uma inquietação já tomava conta do meu coração. Ao chegarmos à Casa da Alcateia, a visão que nos recebeu me deixou em choque.

O salão estava ricamente decorado com vinhas e sigilos prateados da lua, e o brasão luminoso com dois lobos simbolizava união. O ar estava impregnado com o aroma de incenso e folhas de louro. Aquilo era...

O cenário de uma cerimônia de marcação.

No centro de tudo, Mason e Olivia estavam vestidos com trajes cerimoniais preto e dourado, sorrindo enquanto recebiam os convidados.

— Não... — Meu coração afundou.

— Mamãe, olha! — Lily apontou. — O papai e a tia Olivia estão esperando a gente!

Eu estava prestes a detê-la quando a voz de Mason ecoou no salão:

— Agradeço a todos por virem testemunhar minha cerimônia de marcação com Olivia.

Cerimônia de marcação?!

Fiquei paralisada. Aquilo não era um banquete de aniversário. Era o ritual de marcação de Mason e Olivia.

— Papai! — Lily correu empolgada, mas Mason a empurrou sem hesitar.

— De quem é essa filhote? Não diga bobagens.

Os convidados se viraram, confusos com a criança que interrompia a cerimônia do Alfa.

— Papai, sou eu, a Lily, sua filha! — A voz dela tremia.

O rosto de Mason se fechou.

— Já disse, você me confundiu com outra pessoa.

Sussurros se espalharam entre os presentes.

— O Alfa da Alcateia Fantasma tem uma filha?

— Ele sempre disse que Olivia era sua única Luna.

Olivia se aproximou, com um sorriso debochado nos lábios.

— Ora, ora... Se não é Evelyn. Ainda alimentando delírios? Trouxe essa sua criaturinha pra causar cena? Que patética.

— Mason, diga a ela que desista de vez.

A raiva ferveu dentro de mim.

— Olivia, você planejou isso, não foi? Fez parecer que era uma festa para a Lily, só para nos humilhar diante de todos.

Ela se inclinou, com desprezo nos olhos.

— Você realmente acredita que uma loba banida com uma filhote bastarda representa ameaça pra mim?

— O sangue dessa menina? Não me faça rir. Ela não é nada comparada a um verdadeiro herdeiro Alfa.

Alguns convidados riram, uns com escárnio, outros com pena.

Não aguentei mais. Empunhei minha adaga, protegendo Lily atrás de mim.

— Chega! Ninguém mais vai insultar minha filha. O sangue que corre nas veias dela é mais nobre do que vocês imaginam.

— Mason, você não merece chamá-la de filha!

Virei-me para ir embora, puxando Lily comigo.

Mas Olivia me deu um tapa no rosto.

— Demos abrigo a uma loba errante como você, e é assim que nos agradece?

Caí no chão, o rosto ardendo.

— Mamãe! — Lily correu e me abraçou forte.

— O que estão esperando? Expulsem as duas! — Olivia ordenou.

Os guardas nos agarraram com brutalidade, e Lily se debatia.

— Soltem minha mãe!

Ela caiu de joelhos, as lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Alfa Mason, Luna Olivia, por favor... Não machuquem minha mamãe...

— Lily, não! — Gritei, tentando alcançá-la.

Mas ela apenas limpou a sujeira do rosto e continuou se curvando com firmeza.

— Nós estávamos erradas. Não deveríamos ter vindo. Por favor, tenham misericórdia.

A expressão de Mason mudou, tomada por um conflito. Ele perguntou suavemente:

— O que foi que você me chamou?

— Alfa Mason. — Lily disse com firmeza. — Sabemos o nosso lugar. Só peço que não machuquem mais minha mamãe.

Ela me ajudou a levantar.

— Vamos embora, mamãe.

Sob os olhares de toda a multidão, Lily e eu saímos do salão.

Parecia que uma lâmina havia atravessado meu peito. Aquela noite... minha filha cresceu.

De volta à nossa casinha perto da floresta, a pedra de comunicação brilhou de novo. Era Mason.

“Evelyn, não entenda mal. Eu precisava proteger a reputação da Alcateia numa situação como aquela...”

Não respondi.

Lily segurou minha mão e disse:

— Mamãe, quando vamos embora daqui? Quero ver o vovô e a vovó. Eles não prepararam uma festa pra mim?

— Sim. A mamãe vai te levar agora.

Olhei para minha filha, tão de repente madura, e assenti com alívio.

Então, arrumei nossas coisas, segurei sua mão e embarcamos na carruagem rumo ao clã da minha mãe.

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