Capitulo 5- Uma hipótese duvidosa

Liz puxa o panfleto sobre as lendas da ilha de dentro da bolsa que carregava, dobra estrategicamente para que apenas a coluna sobre "come identificar uma bruxa" fique visível, e me entrega.

-- Percebeu alguma dessas coisas nele, Meg? 

Releio a coluna do panfleto, em seguida olho pra ela.-- Você não está insinuando o que eu acho que está, né?

  Liz parece um pouco envergonhada, ela olha para baixo ao continuar falando, insegura, como se desse o benefício da dúvida a si mesma.

-- Não acha estranho ele lidar com isso com tanta facilidade? A final, como foi que eles descobriram que devolver o objeto à ilha resolveria o problema? Ele disse que seu caso não é o primeiro, mas como foi que eles descobriram na primeira vez?

  É  uma dúvida que eu tive também, mas isso não é um motivo para jogar alguém na fogueira.

-- Não sei, quando estava perguntando sobre, chegamos ao meu quarto, ele ignorou tudo o que eu estava afalando e mudamos de assunto.

  Falando em voz alta parece bem mais suspeito.

  Liz arregala os olhos e parece bem mais confiante quando diz:

-- Você nem parece ser apaixonada por filmes de fantasia não achando isso suspeito, não está obvio o motivo pelo qual ele mudou de assunto?

-- Ou ele simplesmente enjoou das minhas perguntas, não há como saber.

  Liz estava agindo como uma criança que inventa coisas por falta do que fazer.

--...Tive uma ideia-- Liz diz esboçando um sorriso.

  Inclino a cabeça para o lado e faço cara de decepcionada, já tenho uma boa noção do que vem por aí.

-- Você precisa conversar com ele de novo, cumprimente-o a preste atenção em qual mão ele vai estender para você, se for a esquerda, tente descobrir qual mão ele usa para fazer o restante das coisas, se ele for destro, temos um ponto para bruxo.

"Depois, tente entrar no assunto sobre bruxas e observar suas reações, e enquanto faz isso, observe o corpo dele, acredito que isso não será nenhum castigo (ela diz sorrindo maliciosamente), e procure por alguma marca de cor um pouco mais escura que a cor da pele. "

— Como tem tanta certeza de que vou ter a chance de falar com ele de novo? — Pergunto.

Liz ri

— O cara simplesmente surgiu pra falar com você hoje em plenas 6 da manhã,  acho que você não teria problema em conseguir mais um diálogo.

  Encaro Liz por alguns segundos, não acredito no que eu acabei de ouvir, ela realmente acha que Nicholas é um BRUXO?

-- Vamos Meg, não lhe custaria nada.

  Pondero sobre o assunto, talvez concordar a faça feliz, então...

-- Se eu encontra-lo de novo, posso tentar reparar nas coisas que você me indicou, mas não lhe prometo nada.

  Liz abriu um grande sorriso.

-- Ótimo! agora vamos descer antes que seus pais venham nos procurar.

  Nos levantamos, pego minha bolsa e saímos do quarto. Quando tranco a porta e me viro, Liz está parada na minha frente.

-- Meg, se o fantasma te incomodar outra vez, me conte, está bem?

  Sorrio com a preocupação dela

-- Claro.

                                                                       * * *

  Sentada no carro, com fones de ouvido, torcendo para que ninguém fale comigo e observando as praias pelas quais passamos, começo a remoer minhas poucas conversas com Nicholas.

  Quando conversamos pela primeira vez, tivemos um pequeno desentendimento quando eu estendi a mão direita e ele a esquerda para me cumprimentar, porém, no dia em que nos conhecemos, ele anotou o endereço para mim usando a mão direita, não foi?

  Tentando me lembrar, parece que sim, mas não há como ter certeza, porque não prestei atenção em nada disso.

  Os funcionários, incluindo ele, me tratavam de uma maneira muito estranha e rude, e isso parou do  nada...

  Não, não pode ter sido do nada, acredito em coincidências, mas todos os funcionários do hotel mudarem a maneira como se relacionam comigo exatamente ao mesmo tempo não pode ser normal. Deve haver algum motivo...

  Percebi a mudança na forma como me tratam hoje, porém não me lembro de ninguém me tratar assim ontem... ontem a noite.

   Mas antes disso sim.

  O que aconteceu ontem a noite que fez com que todos mudassem com relação a mim?

  Pense, pense...

  Ontem a noite... ontem a noite Nich...

-- Meg!-- Liz interrompe meus pensamentos, me fazendo pular no banco. -- Já chegamos.

  Desço do carro.

-- A trilha tem cerca de 5 quilômetros até chegarmos á praia, não deve demorar muito.-- Meu pai disse.

  Hoje nós optamos por uma praia deserta e paradisíaca, que só tem acesso por meio de trilhas. Então, se eu não quiser cair e me machucar durante o caminho todo, acho melhor deixar para pensar sobre isso quando chegar lá, e agora, prestar atenção nos meus passos.

                                                                      * * *

  Uma hora depois, chegamos à praia, que esta praticamente deserta, com exceção de alguns poucos grupos de pessoas.

  Estendi uma toalha sob a sombra de uma árvore e me enchi de protetor visando evitar qualquer tipo de queimadura solar, e lá, e deitei e tentei continuar a linha de raciocínio de onde parei.

  Ontem a noite...

  Ontem a noite foi quando Nicholas falou comigo... Ele  trabalha no hotel. Mais que isso, é o filho do dono. A reação das pessoas perante a mim pode ter algo haver com isso.

  O que mais aconteceu? Será que ele notou que eu sou apenas um ser humano inofensivo e que não há por que agir assim?

  Não, não conversamos o suficiente para ele ter qualquer tipo de opinião sobre mim.

  Pensa, o que mais aconteceu ontem?

  Teve... o colar.

  Claro, o colar que Nicholas me deu!

Seguro o colar enquanto penso.

  Esse gesto aleatório e totalmente inesperado, não é normal dar uma joia para alguém que se quer conhece. Talvez... Será? será possível?

  Não, não há como essas coisas terem ligação uma com a outra, um simples acessório não mudaria a opinião de tantas pessoas sobre mim. Mas...

  A postura tensa e até rude que Nicholas aparentava antes de eu colocar do colar foi totalmente substituída por uma personalidade descontraída e relaxada assim que eu o coloquei.

  Seria possível essas coisas terem relação?

  Como?

  Não posso me dar ao luxo de pensar que Nicholas Daren é um bruxo e colocou um feitiço no meu colar para fazer as pessoas gostarem de mim. essa é uma ideia infantil, vergonhosa e inviável. Porque bruxos não existem, e se existirem, certamente não lançam feitiços. Se lançarem... bem, eles não iriam perder tempo me ajudando de graça.

  Então é isso, a hipótese de bruxos foi desconsiderada.

  Mas de qualquer forma, as peças se encaixam. Uma pessoa que não me conhecia me presenteou com uma joia em um momento completamente aleatório afirmando ter feito isso apenas porque achou que o presente combinaria comigo.

  No mesmo momento, todas as pessoas que antes me tratavam mal passam a me tratar bem.

  Essas coisas tem que ter ligação uma com a outra, parece loucura, mas também faz sentido.

  Acho que só me resta uma opção, tenho que falar com Nicholas e tentar comprovar minhas hipóteses, e, a parte mais difícil, sem parecer uma maluca no processo.

  Que Deus me ajude.

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