ELETRICIDADE

Graziella

Olho a mulher que se reflete no espelho a minha frente, ela veste um vestido amarelo com alças finas, decote comportado, comprimento na altura dos joelhos e com uma fenda que se desdobra ao longo de uma das coxas, suas madeixas ruivas estão em um coque bagunçado no alto da cabeça e a maquiagem leve, apenas com rímel e Gloss. rosa claro deixavam seu rosto com ar de inocente, mas ao olhar para seu corpo coberto pelo vestido colado que marcavam suas curvas e saltos altíssimos foda-me de tiras brancas que se estendiam por suas panturrilhas dava um grande sentido a frase que diz: rosto de menina e corpo de mulher, eu me sentia bem assim mesmo.

Eu me descrevi em terceira pessoa pois a mulher que reflete no espelho não parece em nada comigo, bem na verdade depois que comecei a trabalhar aqui cada dia pareço menos com aquela garota frágil de algumas semanas atrás quando cheguei aqui. Me volto para Dalila e Barbara que estão atrás de mim mal contendo suas empolgações.

-Acho que vai servir. - Digo um pouco apreensiva.

Dalila me lança um olhar de reprovação.

-Está brincando? Você está maravilhosa! - Dalila diz com convicção escorrendo de sua voz.

-Concordo plenamente! - Bárbara conclui dando pulinhos de animação.

-Obrigada meninas! - Falo enquanto baixo a cabeça corando um pouco. Nunca fui boa com elogios, na verdade só passei a recebê-los depois que conheci as duas, o que me fazia amá-las mais e mais.

-Temos de nos apresar, já devem esta te esperando lá fora! - Dalila me tira dos meus devaneios enquanto me puxa pela mão para fora do pequeno camarim em direção aos corredores que levam ao salão, Barbara vem logo atrás.

Antes que eu possa pisar nos corredores que levam a saída do edifício do porto di piacere, paro abruptamente, a duas me olham confusas.

- Estou tão nervosa! - Desabafo, tudo agora parece real, eu vou ser acompanhante de um homem que nem mesmo conheço, ontem tentei esquecer por um momento, mas agora meu nervosismo está a mil por hora.

Dalila estende uma mão para tocar meu rosto enquanto Barbara me dar um de seus abraços de urso.

-Você vai se sair bem garota é só ser você mesma! - Dalila conclui enquanto abraça eu e Barbara ao mesmo tempo.

- Obrigada Dali, obrigada Barbi! - Digo sorrindo.

- Só não vou te bater por que você está espetacular com esse vestido, não quero estragar o nosso trabalho. - Barbara fala e todas soltamos uma risada.

Me desvencilho das meninas e acenos um adeus enquanto me afasto em direção as portas duplas que dão para as ruas de Verona, está na hora de encarar seja lá o que for.

Assim que saio vejo uma limusine preta parada na entrada, um senhor de meia idade vestido com um terno negro e um quepe na cabeça está parado próximo a porta traseira, ele tem um pequeno sorriso estampado em seu rosto desgastado pelo tempo, me sinto relaxar aos poucos enquanto me aproximo dele.

-Senhorita. - Ele diz em forma de comprimento enquanto toca a ponta de seu quepe, o lanço um pequeno sorriso sincero.

Ele abre a porta traseira da limusine e meu corpo volta a ficar tenso ao ver que tem alguém lá dentro, deve ser ele, o homem que sr. K se referiu.

Ligo o meu modo automático e entro na limusine, sento o mais próximo que posso da porta e olho para frente, pela minha visão periférica vejo que seu olhar está cravado em mim.

Mantenho a postura ereta enquanto o motorista fecha a porta e se dirige para seu lugar. Quando a limusine sai eu solto o ar que não sabia que estava prendendo e apoio o corpo no coro macio do banco.

-Olhe para mim. - Ouço um comando, a voz rouca e masculina envia arrepios pelo meu corpo me fazendo virar meu rosto rapidamente para ele.

Santo Deus! É ele, o homem que me enviou o bilhete a uma semana atrás, e como se fosse possível ele está ainda mais lindo do que a última vez que o vi, então me permito analisá-lo descaradamente, sua barba rala esta emoldurando sua mandíbula máscula e desenhada, seus lábios são simplesmente a perfeição, carnudos e um pequeno sorriso brinca neles, seus olhos castanhos suavizam um pouco quando olho diretamente para eles.

-Surpresa? - Ele pergunta, há um pouco de diversão na sua voz.

-Confusa. - Digo a verdade, ainda o olhando embasbacada.

-Não fique. - Ele fala e sinto um pequeno comando no seu tom.

Volto meu olhar para frente, para o vidro opaco que nos separa do espaço do motorista. Vejo o assento se mover embaixo de mim e noto ele aproximando seu corpo do meu, quando sua mão toca a minha que estava espalmada ao meu lado uma onda de eletricidade me percorre, sinto um pequeno choque, mas não é algo desconfortável e sim agradável essa sensação assusta o inferno fora de mim.

Volto meu olhar para ele e vejo que olha para nossas mãos entrelaçadas, talvez ele tenha sentido a mesma sensação e isso me agrada um pouco. Ele me paga o olhando e rapidamente desvia seu olhar, o mantendo a frente a sua expressão impenetrável.

-Será apenas um almoço de negócios. -Ele diz como se esclarecendo algo. Ele brinca com meus dedos o resto do trajeto e não trocamos mais nenhuma palavra apenas esse pequeno toque nos mantêm ciente da presença um do outro.

Seguimos por um caminho rodeado de plantas, que logo identifico como sendo as famosas videiras, Verona é conhecida por seus grandes vinhedos, mas nunca vi um de perto como este que admiro neste momento, é uma paisagem impagável.

A limusine para e noto que estamos em um jardim, onde outros carros de luxo estão amontoados em um canto e uma mansão está logo a frente, estava tão maravilhada analisando toda a beleza do lugar que quando a porta do meu lado é aberta e aquele homem lindo estende sua mão para que eu possa pegá-la fico o encarando surpresa, como ele saiu do meu lado e eu não percebi? Rapidamente toco sua mão saindo da limusine e mais uma vez a corrente de eletricidade me atravessa, me ponho ao seu lado e olho para ele que retribui o olhar com um pequeno sorriso torto nos lábios.

- Matteo. - Ele diz me deixando confusa.

-O que? - Pergunto perdida nas profundezas de seus olhos castanhos penetrantes cravados nos meus.

-Meu nome é Matteo Barelle - ele esclarece, eu não devia gostar tanto da forma que seu nome soou em seus lábios perfeitos, mas eu fiz e sei que não tem volta.

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