>ELIZABETH<
Meu corpo parecia pesado. Minha cabeça latejava, e um gosto estranho tomava minha boca.Pisquei algumas vezes, sentindo meus olhos demorarem a focar. O teto branco e a luz amarelada não me deram pistas imediatas de onde eu estava. Meu corpo estava quente, e uma sensação de torpor percorria meus músculos.Tentei me mover, mas algo parecia errado. O lençol macio contra minha pele me fez perceber a ausência de roupa, e meu coração disparou.Onde eu estava? O que tinha acontecido?— Liz?A voz grave e familiar me fez virar a cabeça devagar. Meus olhos encontraram os de Patrício, e, por um segundo, meu coração se acalmou.Mas então percebi a expressão séria em seu rosto. Ele parecia tenso, preocupado... e furioso.— O que... o que aconteceu? — minha voz saiu rouca.Patrício suspirou, esfregando o rosto com a mão.— Você não lembra de nada?Tentei me concentrar, mas minha mente era um borrão.— Eu... eu estava com Bianca e I>ELIZABETHPatrício se levantou e pegou meu vestido, ajudando-me a vesti-lo. Seus gestos eram cuidadosos, e a preocupação em seus olhos fez meu coração apertar.Quando finalmente estávamos prontos, ele segurou minha mão.— Vamos para casa.Assenti, permitindo que ele me guiasse para fora daquele pesadelo.Mas uma coisa era certa: Estela precisava pagar por isso. E pagar caro.O caminho de volta para casa foi um turbilhão de emoções sufocantes. O carro estava silencioso, quebrado apenas pela minha respiração entrecortada e pelos soluços que, por mais que eu tentasse conter, escapavam da minha garganta. As lágrimas escorriam pelo meu rosto sem controle, quentes, incessantes, lavando a dor, mas sem levá-la embora.Eu queria dizer algo. Queria confortá-lo, dizer que estava tudo bem, que agora estava a salvo. Mas eu mesma não sabia se era verdade. O que havia acontecido comigo enquanto eu estava desacordada? A ideia me fazia estremecer, e
>ALLANMeu corpo ainda tremia. As luzes da casa que Estela e eu estávamos hospedados estavam baixas, e o silêncio ao nosso redor era quase ensurdecedor. Eu deveria estar satisfeito. Afinal, o plano dela tinha sido perfeito, certo?Não.Porque não funcionou.Mas o que realmente estava me perturbando não era isso.Cruzei os braços, me recostando contra a parede. Meus pensamentos estavam uma bagunça. As imagens da noite passada ainda passavam pela minha cabeça como um filme em câmera lenta.Liz desmaiada.Meu pai com um olhar que eu nunca tinha visto antes, apesar de todas as nossas brigas.Ele não estava só com raiva. Não era ódio. Não era fúria.Era decepção...Algo que apesar de tudo ele nunca demonstrou com tanta força. Meu pai me olhava como se não me reconhecesse mais e isso estava me enlouquecendo.E isso mexia comigo de um jeito que eu não queria admitir.Por que aquilo me afetou tanto? O que há de errado comigo? E
>ALLANLiz não teria ido para aquela cama por vontade própria.E Estela tenta me convencer do contrário é no mínimo suspeito.— Você deveria ter feito sexo com aquele puta.— Ela foi dopada.Estela revirou os olhos.— Isso é detalhe. O importante era que Patrício acreditasse!Minha mandíbula travou.— Detalhe? Estela, você drogou uma mulher e queria que eu estuprasse ela! Você tem noção do que está dizendo?Ela revirou os olhos de novo, impaciente.— Não fui eu, foi a garota do hotel.— O mesmo vale pra você? A ordem foi sua.— E você concordou.— Concordei em armar para Patrício e destruí o relacionamento dos dois, mas não concordei em molestar ela.— Você é um frouxo.— Não — gritei frustrado — Eu só não sou um pedófilo como você.— Você é um covarde, isso sim. Mas eu vou te ensinar a ser homem nem que seja já marra. Está me ouvindo? Agora volta para porra do seu esconderijo e não saia de lá até segunda ordem
— ELIZABETH MONTGOMERY — "Prólogo" Até onde você iria por um amor que nunca deveria ter acontecido? Eu nunca soube a resposta até conhecer Patrício... Na verdade, eu nunca procurei por ela até conhecê-lo. Antes dele minha vida era como um roteiro bem escrito: faculdade, estágios, noites silenciosas dedicadas ao futuro que eu acreditava ser o certo. Eu até tinha um namorado, mas eu nem mesmo podia dizer que aquilo era amor. Eu gostava dele? Sim. Mas amar? Acredito que era um termo um pouco forte para descrever tal situação. Mas então ele apareceu, com seu jeito reservado, seus olhos que escondiam tempestades e aquele sorriso que parecia prometer o mundo e destruí-lo ao mesmo tempo. Ele vinha com aquela intensa bagagem que prometia grandes problemas e dores de cabeça. Mas quem importa? Afinal, o amor prevalece, né verdade? Eu lutei contra isso, sabe? Tentei me convencer de que era só uma atração, uma curiosidade passageira. Mas como você foge de algo que parece estar gravado na
> ELIZABETH
>ELIZABETH<- Não é nada do que você está pensando. - Allan fala. Será que ele acha que eu sou estúpida? Ou burra? Cega, talvez?Não, não é o que eu estou pensando é o que eu estou vendo. Tenho vontade de gritar mas permaneço quieta.Em um reflexo percebo que a minha “amiga” vadia ainda está na porta e continua olhando para a sua roupa que está aos meus pés.Fico estática enquanto controlo minha respiração. O que essa mulher ainda está fazendo aqui?Ela está tentada a se abaixar e pegar, mas sabe que não é uma boa ideia no momento. Eu sempre fui uma pessoa calma em qualquer situação, não gosto de brigas e não sou de fazer barracos, e talvez eles queriam aproveitar disso, mas não agora, eu preciso extravasar toda essa raiva pela dupla traição.E ela continua parada as minhas costas.Essa vagabunda só pode estar me testando. Respiro fundo, me abaixo e pego no chão com um sorriso desdenhoso no rosto.- É isso que você quer, amiga? - pergunto com um ódio que chega a me cegar.Com fúria, p
>ELIZABETH
>ELIZABETH