Era hora de dormir. Com o travesseiro nos braços, Mariana foi bater à porta de Ana.Ana estava aplicando uma máscara facial.Desde que ela e Mariana haviam se reencontrado, sua vontade de aproveitar a vida parecia ter despertado de novo.Aquela máscara, aliás, tinha sido comprada com a ajuda de Mariana.— Mãe! — Mariana bateu na porta. — Posso dormir com você hoje?Ana acenou com entusiasmo: — Vem, vem logo!Como a mãe ainda estava com a máscara no rosto, Mariana, atenciosa, preferiu não puxar muito papo.Depois, ela removeu a máscara e iniciou a sequência de cremes.Só quando todas as etapas estavam concluídas, as duas recostaram na cabeceira da cama, prontas para conversar.Mariana perguntou: — Mãe, se Renato for arrumar uma namorada, teria alguma exigência?— Desde que a família seja decente e a moça seja uma boa pessoa, o que mais eu poderia querer? — Respondeu Ana. — O que me preocupa mesmo é ele não sabe amar, e muito menos lidar com um casamento.— Mas ele e a mãe de Andinho...
Na tarde de domingo, a família arrumou as coisas e voltou para casa.Antes de ir, Mariana ainda perguntou a Susana, e Susana contou que havia ido embora na noite anterior.Disse que o hotel do resort era caro demais, que não tinha condições de bancar uma estadia ali.Na hora de irem embora, enquanto Mariana e sua família se preparavam para partir, o mordomo coordenava os funcionários, pedindo que colocassem no carro todas as frutas e hortaliças que eles mesmos haviam colhido.Foi então que Nizia finalmente enxergou tudo com clareza. A mulher que estava ao lado daquela limusine de luxo era Mariana.E o homem ao lado dela...Definitivamente não era seu marido!A razão de Mariana estar hospedada numa vila tão luxuosa não era por conta da família dela.Mas sim... porque ela tinha se tornado a amante de alguém!E aquele homem... dava pra ver de longe que era casado!Nizia ficou observando o carro deles se afastar, e logo em seguida foi perguntar ao mordomo: — A família que estava hospedada
Lucas se inclinou, deixando um beijo leve em sua face: — Fico feliz que gostou. Só que...Ele hesitou, e Mariana o olhou. — Só o quê?— Só que você pode, por favor, não aceitar flores de outros homens no futuro? — Lucas disse: — Eu compro o que você quiser.Mariana disse: — Você... está com ciúmes?Lucas assentiu, admitindo sem rodeios: — Ciúme sim. Tanto que até considerei dar um soco em Simão. Você não acha que sou... mesquinho demais?Mariana riu: — É normal que casais sintam ciúmes, certo? Mas, eu e Simão... talvez ele goste de mim, mas eu não sinto nada por ele. Então, você não precisa ter ciúmes.— Eu sei, mas não consigo controlar.Lucas olhou para ela, a garganta se movendo ligeiramente: — Mariana, já faz dois dias que não nos vemos, e eu... quero te beijar...Mariana ergueu as flores que estava segurando: — Essas flores vão atrapalhar, não é?Ela não terminou a frase, pois Lucas já segurou sua nuca, se inclinando em direção a ela.Quanto às flores...Mariana só teve tempo de a
— Não, você é mais bonita. — Lucas beijou a orelha dela. — É só ao seu lado que a vista aqui vale a pena.— Se o dono do restaurante ouvir isso, vai morrer de raiva.— Não vai. — Lucas respondeu. — Mas se você gostar, posso comprar esse restaurante.— Deixa pra lá. — Mariana disse, rindo. — Falando nisso, depois de tantos anos de casados, já não somos mais aqueles jovens cheios de romantismo.— Ainda temos muito fôlego. — Lucas disse: — Se você gostou, podemos voltar sempre. — Combinado. — Mariana sorriu. — Então vamos ficar aqui a noite toda?Lucas se aproximou mais, o calor do seu hálito tocando sua pele. — E se... você não voltar para casa hoje?Mariana hesitou, surpresa.— Voltar pra nossa... para a minha casa. O seu quarto já está arrumado, você não vai dar uma olhadinha?Mariana sabia muito bem o que ele queria dizer com "dar uma olhadinha".Se ela concordasse, aquela noite realmente não teria volta.Mas, aos poucos, seu corpo foi ficando tenso.Lucas, que a abraçava, percebeu i
No fim, Lucas levou Mariana de volta antes das dez.Em frente à mansão da Família Marques, ele a beijou mais antes de a deixar entrar.Assim que abriu a porta, Mariana se deparou com Renato.— Renato? — Ela trocou de sapatos e se aproximou. — Ainda não foi dormir?Renato fechou o livro que estava no colo, tirou os óculos e explicou: — A mãe me pediu para esperar e ver a que horas você voltaria. Se passasse das dez e meia, não deixaria você sair à noite de novo.— Nossa família... tem toque de recolher agora?— Só para você. — Respondeu ele, secamente.Mariana sorriu e se sentou ao seu lado. — Renato, seja flexível comigo.Renato apontou para o relógio no pulso. — Nem chegou às dez e meia, né?— É que, no futuro... se um dia eu me atrasar, você não conta pra mãe, ok? Não sou mais criança, sei me controlar.Renato não resistiu e deu um leve peteleco na testa dela. — Já está pensando em próxima vez? Hoje já foi tarde o suficiente.— Quando você começar a namorar, vai entender. — Mariana r
Mariana sabia que Susana se referia à doença do pai.O tratamento dele realmente exigia recursos financeiros pesados, algo que poucas famílias comuns conseguiriam sustentar.Mariana: [Então por que não considerar alguém em melhor situação?]Como, por exemplo, seu irmão.Susana: [Não é o momento. Tenho meu pai para cuidar, os processos dos operários para resolver, e ainda preciso arrumar um emprego. Não sobra espaço para isso agora.]Mariana se arrependeu um pouco de ter tentado aproximar Susana e Renato.Eram dois ocupados, e ela não conseguia imaginar como seria se eles se envolvessem em um relacionamento.Mas, por outro lado, sua primeira impressão de Susana foi muito boa.Ela também tinha a intuição de que Renato não se opunha a ela.Ela também tinha a intuição de que Agora estava claro: tudo não passou de uma ilusão dela.Os dois envolvidos não demonstravam o menor interesse.Mariana teve que deixar o assunto de lado.O que ela não esperava era que, na segunda-feira à tarde, ao ch
Lucas a acalmou com um olhar, sem dizer nada.Quando chegaram na porta da casa de Família Marques, Mariana deixou Diego entrar primeiro.Só então Lucas falou: — Não se preocupe, quando era criança, também pensei assim. E agora? Você me deixou completamente apaixonado.Mariana não conseguiu segurar o riso: — Apaixonado? Não vi nada disso.Lucas olhou para ela: — Quer ver? Então vem pra casa comigo.— Bem, tá bom, acredito! — Mariana disse: — Agora fico mais tranquila. Achei que ele não gostasse de meninas.— Não tem problema se ele não gostar. O que uma criança curte ou não a gente não controla. Nosso papel como pais é dar a ela um ambiente saudável. Como ela vai ser no futuro? Isso não depende da gente. Não fica ansiosa por isso, tá?Mariana assentiu: — Entendi.Lucas não queria ir embora, mas sabia que ela precisava de tempo com Ana, afinal, as duas haviam se reencontrado há pouco.Ele acariciou seus longos cabelos e lhe apertou o lóbulo da orelha, dizendo: — Vai lá.Mariana acenou pa
No pronto-socorro do Hospital São João.Após várias cirurgias, Mariana estava exausta e preparava-se para sair do trabalho. Enquanto trocava de roupa para ir embora, a porta se abriu repentinamente. Lucas apareceu na frente dela, vestido com um terno caro feito sob medida.O homem exibia uma postura nobre, seu rosto era austero e imponente, com sobrancelhas e olhos sérios. Seu nariz alto e lábios finos, com um queixo firme e bem delineado. Sem dúvida, ele tinha uma boa aparência.Porém, naquele momento, ele carregava nos braços uma garota pequena e delicada. Por trás de sua expressão fria, era impossível esconder o nervosismo. — Ela está ferida, dê uma olhada nela. — Lucas pediu.O olhar de Mariana pousou sobre o rosto da garota. Ela tinha uma aparência doce, com um olhar inocente. Mariana sabia que esse era exatamente o tipo de mulher que Lucas gostava. Mesmo depois de tantos anos, o gosto dele não mudou nem um pouco.— Onde você está machucada? — Mariana perguntou.— Torci o tornoz