--Capítulo 7--

- As tuas desculpas não vão valer de nada! - rosnou mais alto assustando os dois jovens lobos que assistiam. Amora olhou surpreendia e assustada para Kioushiro, aquele não era o lobo que a tinha ajudado por causa dos seus pais e muito menos o que lhe tinha dado um pouco de carinho - Vamos procurá-la! - ordenou afastando-se com os companheiros atrás de si.

Kioushiro estava com receio de os levar para um território que já não era o seu, mas agora era necessário se quisessem encontrar a loba cinzenta. Aron e Amora correram para os lados a chamar por ela, enquanto que os mais velhos farejavam para ver se a conseguiam localizar.

- Eu vou por aqui - disse Cinza afastando-se, deixando o lobo branco sozinho. Ele sabia que o melhor era ficarem juntos, mas assim era mais fácil encontrar a Judy.

Kioushiro continuou a farejar e encontrou vestígios do odor da cria de Jerome, mas não era o único. O lobo branco com patas pretas voltou a farejar para ter a certeza de que não estava a ficar maluco e as suas suspeitas confirmaram-se, aquele era o cheiro da raposa que ele andava a sentir nestes últimos dias no seu território. Mas o que fazia ela ali?

Seguiu o rasto até a um monte de arbustos, de repente um vulto alaranjado passou por ali muito rápido que Kioushiro não teve tempo de ver bem que animal era. Por isso continuou para a frente, saltou por cima dos arbustos e viu Judy com uma pata presa devido a uma pedra.

- Judy! - exclamou o lobo branco com patas pretas correndo até ela.

- Kioushiro! Ajuda-me! - pediu a jovem em desespero puxando ainda mais a sua pata, o que fez com que ela soltasse um gemido de dor.

- Não te mexas muito... - disse Kioushiro examinando a pata da loba cinzenta - Só estás a bem a arranjar sarilhos, não é Judy? Eu disse para não se afastarem e tu fizeste exatamente o contrário.

- Desculpa... - pediu a loba cinzenta baixando a orelhas - Eu só queria ver o que havia por estes lados.

- Agora já sabes o que há, Problemas! Por isso não me voltes a desobedecer! - disse Kioushiro desta vez de forma mais autoritária.

Judy baixou a cabeça como se tivesse reconhecido o seu erro e não disse mais nada, esperou que o lobo branco a tirasse dali. E foi isso que ele fez, encostou a sua cabeça à pedra, empurrando-a para trás até haver espaço suficiente para que Judy conseguisse sair. Quando a loba mais jovem percebeu que se conseguia mexer, tirou a sua para e Kioushiro largou a pedra, fazendo com que uma pequena nuvem de poeira aparecesse.

- Não voltou a fazer o mesmo, prometo - disse Judy coxeando até ao seu líder de orelhas baixas.

- Eu sei que não vais prometer o que disseste, Judy - falou Kioushiro - Afinal a tua curiosidade é maior do que qualquer outra coisa. E isso pode vir a ser um problema. Agora vamos voltar, os outros devem estar preocupados.

Dito isto, o lobo branco com patas pretas retomou o caminho por onde viera com Judy ao seu lado, mas não resistiu em olhar um pouco à sua volta. Aquele odor de raposa ainda estava por ali e ele sabia que esse animal provavelmente os estava a observar escondido no mato.

- Judy! Onde te meteste?! - exclamou um lobo com pêlos claros aproximando-se dela.

- Eu queria explorar mais um pouco, Aron - explicou a loba cinzenta.

- Interessa é que não te aconteceu nada - disse Cinza aproximando-se com Amora.

- Já está a ficar tarde - disse Kioushiro interrompendo a conversa vendo que o céu estava a escurecer - É melhor voltarmos para o nosso território e arranjarmos um lugar para passarmos a noite.

- Não vamos voltar para a alcateia? - perguntou Amora.

- Hoje já não dá - disse Cinza, seguindo o lobo branco com patas pretas, que já se estava a ir embora - Talvez amanhã.

Os cinco lobos andaram durante um bom bocado e Kioushiro ficou aliviado por já estar no seu território e por não ter acontecido nada aos seus companheiros. Levantou a cabeça e farejou o ar, na esperança de encontrar qualquer lugar desabitado para que eles pudessem passar a noite. Andou durante uns instantes, o silêncio predominava o grupo, nenhum se atreveu a abrir a boca depois do ocorrido. A lua já era visível no seu escuro da noite e o foi ai que o lobo branco com patas pretas encontrou uma toca.

- Está desabitada? - perguntou o lobo cinzento aproximando-se de Kioushiro.

- Está - disse o lobo branco depois de ter posto lá a cabeça e farejado as paredes - Podem entrar...

- Não dá para todos... - disse Aron, depois de os lobos mais jovens estarem lá dentro.

- Cinza, fica com eles. Eu fico de guarda - disse Kioushiro afastando-se, subindo para o ramo de uma árvore e, em seguida deitando-se. De certa forma o barulho que o vento fazia quando batia nas folhas da árvore onde estava, acalmava-o. Olhou para as estrelas e começou a pensar na sua irmã, em como ela era cheia de alegria, nos seus pais, no quando eles eram carinhosos com ele e com Raika... Isso era tudo apenas uma ilusão, não passou de um sonho que se tornou num pesadelo.

Um barulho nos arbustos despertou a sua atenção, ele levantou-se de orelhas espetadas e cauda levemente elevada. Olhou para baixo e jurou ter visto novamente o animal com pelagem alaranjada, mas visto de um ângulo diferente, embora o animal tivesse passado rápido demais, Kioushiro tinha a certeza de que não era uma raposa, pois era um pouco maior. Mas se não era uma raposa o que poderia ser? Que animais há que têm o pêlo alaranjado e que cheiram levemente ao odor de uma raposa normal?

Kioushiro arranhou o ramo com a sua pata, incomodado por não saber que tipo de animal era aquele. Decidiu esquecer isso e tentar descansar um pouco, amanhã iria ser um dia longo.

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