Capítulo 4 – Carol: O Desabafo e a Despedida

Depois daquele dia com minha mãe as coisas ficaram mais fáceis, minha mãe estava me ajudando muito. Decidi sair do emprego que eu estava e consegui o emprego dos meus sonhos na empresa dos meus sonhos, estava indo tudo bem, já estava até fazendo faculdade de engenharia civil, Flavio realmente era um assunto que tinha decidido deixar no passado.

Fui para casa um pouco mais aliviada, mas como diz o ditado “felicidade de pobre dura pouco”. Flavio entra em contato comigo novamente, no primeiro momento levei um baque, já estava paquerando outro rapaz que trabalhava comigo.

Flavio insistiu muito para me ver, dizia que precisava resolver um assunto e precisava da minha ajuda. Ele me pegou no ponto fraco, não conseguia negar ajuda a ninguém, ainda que fosse meu maior inimigo me pedindo ajuda, nunca iria recusar. Continuou insistindo por dois dias, então resolvi me encontrar com ele.

Marquei em um restaurante que sempre freqüentava e onde todos me conheciam, assim me sentiria mais segura, traumas ficam. Enfim, fui para o restaurante e chegamos quase que ao mesmo tempo, ele me viu e longe e logo, veio querendo me beijar como se fossemos namorados ou qualquer coisa do gênero, mas rapidamente eu afastei, virando o rosto para forçar o beijo na bochecha e ele me deu um abraço que retribui com frieza.

— Você está diferente. - ele fala se afastando e me olhando intrigado.

— Impressão sua. Sou a mesma, alta, gorda de sempre. - disse sem emoção.

— Você está mais fria e distante.

— Já disse que é impressão sua. Vamos entrar, não quero ficar aqui por muito tempo, tenho outros assuntos para resolver. – disse isso enquanto ia entrando no restaurante, cumprimentando a todos que me conheciam.

Sentamos em uma mesa mais ao fundo, ele tentou ser cavalheiro comigo, mas não permiti, confesso que no fundo, no fundo, não queria mais vê-lo, estava gostando de outra pessoa, não queria colocar tudo a perder novamente.

— O que você tem? – perguntou mais uma vez.

— Já disse que nada. Vamos direto ao assunto, para que você quer tanto a minha ajuda, estou  ficando curiosa. – falei para ele parar de perguntar o que eu tinha, estava tentando não ser ignorante e nem grossa.

— Então, como você é uma pessoa muito importante para mim, vim pedir sua opinião.

Ele explicou que recebeu uma proposta de trabalho, porém teria que morar em outra cidade, mas tinha conseguido uma bolsa de estudos para entrar na faculdade, não sabia se ia trabalhar ou se ficava na cidade e fazia faculdade.

— Vai para o trabalho e transfere a faculdade para lá, você já vai trabalhar na área que você vai estudar, então ficará mais fácil conseguir um estágio na sua área. – ele sempre quis morar no interior, então me baseei nisso.

— Tem certeza?

— Você não tem nada e nem ninguém que te prenda aqui, então vai fazer sua vida em outra cidade, não é o que você sempre quis.

— Nossa não precisa falar desse jeito. – disse ele, visivelmente magoado.

— De que jeito? – eu disse da forma mais cínica que consegui.

— Do jeito que você falou para eu ir embora.

— E eu disse alguma mentira por acaso?

— Claro que você disse, eu tenho você.

— Não tem não, não sou absolutamente nada sua, no máximo amiga você sempre preferiu as outras a mim, eu sempre fui seu consolo. Elas te chutam e você sabe que a trouxa aqui está sozinha, que ainda te amava e era só estalar os dedos que eu voltava. Só que a trouxa aqui cansou desse jogo, durou tempo depois. Quero alguém que me ame de verdade, me ame como eu sou. Então é melhor você fazer sua vida longe de mim. – desabafei e ele me olhou perplexo, não acreditando que eu realmente estava falando aquilo.

— Nossa você mudou mesmo, não me ama mais.

— A dor e a decepção fazem as pessoas mudarem. Cansei de dar murro em ponta de faca. Você sempre soube que eu queria me casar com você e ter uma família com você. E o que você fez? Casou com outra mulher, que te traiu com um amigo de trabalho. Então, vamos cair na real, você nunca quis nada comigo, além de cama, não é mesmo?

Diante do silêncio dele e do fato de que ele não conseguia olhar para mim, pude concluir a realidade desse fato.

— Posso te ajudar em mais alguma coisa?

— A única coisa que consigo dizer nesse momento é obrigado e desculpa. Vejo o quanto está magoada comigo, me ajudou na decisão.

— Ótimo, então preciso ir já de que decidiu. Não posso ficar mais tempo.

Levantei da mesa sem esperar que ele esboçasse uma reação, quando vi, ele já estava do meu lado.

— Então isso é um tchau, não pretendo vê-lo novamente. Seja feliz na sua escolha e nunca deixe ninguém ditar a sua felicidade, seu caminho. Você é capaz. Se não der certo, tente novamente, mas nunca desista. - eu disse a ele.

Ele me deu um abraço, vi que estava demorando demais, mas eu permiti, tinha decidido que aquele seria o último abraço, como realmente foi nunca mais tivemos contato.

Quando cheguei em casa, em meio a tantas lagrimas olhei para o céu, pela janela do meu quarto, e disse pra Deus que nunca mais ia cair de novo nas conversas dele, e que arrancaria toda aquela paixão do meu peito, que como uma mulher apaixonada aceitei vários desvios de caráter, e abusos sentimentais por anos, ate chegar ao ponto de agressão física e sentimental, por achar que ele me amava da mesma forma que eu, então  fui percebendo que não era amor, nem da minha parte e nem da dele, era puro e simplesmente sentimento de posse.

Já estava sem rumo àquela altura, quando o convite salvador da Weenny apareceu. Uma viagem para o Rio de Janeiro, ela tinha um congresso e decidiu chamar algumas amigas para acompanhá-la.

Como estava cansada de tudo, tive uma conversa com a minha mãe sobre o que ela achava dessa viagem, decidi cair de cabeça nessa viagem, era um ótimo presente de aniversario que estava dando a mim.

Olhei-me no espelho que tinha no meu quarto e falei que voltaria de lá outra pessoa. Então sem mais pensar respondi que sim para a Weenny, coloquei tudo nas mãos de Deus, e viveria o melhor que tinha para viver e veria o que daria essa viagem.

Weenny entra com contato comigo para confirmar se realmente vou mesmo com ela para o congresso, confirmei que sim e ela me pede para ajudar a resolver alguns assuntos pois ela está muito corrida, ela pede para procurar um hotel que seja em conta e também  próximo do local do congresso que será em Ipanema.

Pesquiso bastante e encontro o hotel “The Light House”, perto da praia com uma promoção incrível de quarenta e cinco reais a diária. Entro em contato e reservo o quarto para quatro pessoas, vamos ficar em torno de uma semana e chegaremos dia quatorze de abril a tarde. Pois iremos de ônibus para economizar ainda mais.

Weenny me fala que Mayara e Samara também vão.

May, eu e Weenny trabalhamos juntas. E Samara é vizinha da Weenny acabamos pegando uma amizade também. Como conheço as meninas e temos liberdade ligo para elas e informo que o hotel está ok, passei o valor pra cada uma, porém não falo que é próximo à praia, quero fazer uma surpresa.

 A May e eu quando recebemos o convite para essa viagem combinamos de guardar parte do salário para nos divertir sem maiores preocupações, eu já tenho algum dinheiro guardado devido alguns sonhos que quero realizar, mas vou usar parte dele nessa viagem. Isso se lá eu não decidir gastar todo ele, algo me diz que essa ida ao Rio de Janeiro possa mudar minha vida.

Samara é legal, a mais ambiciosa de nós, sempre querendo o melhor, porém muito deslumbrada, gosta de chamar atenção e gosta das coisas mais caras, por morar com a mãe, irmã e avó doente, tem uma vida simples e não pode sustentar os luxos que quer e sonha ter. Essas atitudes dela sempre me deixam com o pé atrás, fico sempre na reserva. Algo me diz que essas atitudes ainda nos colocarão em alguma enrascada. Espero que realmente esteja enganada.

Quando liguei para ela não questionou muito as condições do quarto nem do valor somente pela localidade do hotel. Samara sendo Samara.

Elas fazem a transferência do valor que cada uma deve pagar do hotel e fecho a reserva, como é promoção, não podemos perder muito tempo, senão correríamos o risco de perder essa oferta e os quartos com uma ótima vista que escolhi.

O tempo é apertado, para poder resolver tudo que preciso referente ao trabalho para poder viajar. Como era terceirizada. Meu contrato acabou. Estou em processo de dar baixa na carteira, fazer o exame demissional, correr atrás do seguro desemprego será um dinheiro a mais para levar.

Essa viagem tem mais do que tudo para ser especial, o motivo para isso é que em abril além de ser meu aniversário também o aniversário da Weenny. Então vamos aproveitar muito.

Ainda estou sofrendo demais, por toda história que havia acontecido com o Flavio, ainda dói bastante.

Sinto-me uma idiota por ter disposto a prestar aquele papel, me repudio tanto.

Ainda não acredito onde minha carência tinha me levado. Começo a repassar na mente tudo que minhas amigas sempre disseram sobre ele, e começo a perceber que a única cega fui eu. Minha mãe não gosta muito dele, lembro-me que ela sempre questionava sobre como estava indo o namoro, e dos seus abraços quando voltava dos inúmeros encontros que ele desmarcava em cima da hora. Quanto mais eu reflito, mais frustrada eu fico. Decido me concentrar no atendimento que já está complicado o suficiente para poder ficar “viajando” nos meus problemas.

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