O restaurante reluzia com uma elegância opulenta. Lustres de cristal pendiam do teto alto, iluminando mesas impecavelmente dispostas com talheres de prata e taças de cristal. Era o tipo de lugar onde apenas os ricos e poderosos jantavam, e Ana Paula nunca se sentiu tão fora de lugar quanto ali, servindo bebidas para aqueles que não faziam ideia do que era viver com tão pouco.
Ela ajeitou o avental enquanto caminhava com uma bandeja equilibrada sobre a mão. O cheiro dos pratos finos misturava-se ao perfume caro dos clientes, criando uma atmosfera que era ao mesmo tempo acolhedora e sufocante. "Mais uma noite," pensou ela, forçando um sorriso para esconder seu cansaço. Foi então que ela o viu. Sentado em uma mesa isolada, ele parecia à vontade, como se o restaurante fosse uma extensão de sua própria casa. Leon. Seu olhar esverdeado captou o dela por um instante, e Ana sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ele era o tipo de homem que chamava atenção em qualquer lugar: alto, com ombros largos e um sorriso perigoso que parecia prometer tudo e nada ao mesmo tempo. Quando ela se aproximou para servi-lo, Leon a observou com interesse. Não era o tipo de mulher que ele costumava admirar, mas havia algo nela – talvez a simplicidade, a firmeza em seu olhar castanho – que o intrigava. "Quem é essa garota?" ele pensou, sem tirar os olhos dela enquanto tomava um gole de seu vinho caro. Ana colocou a taça na mesa dele com a mesma eficiência de sempre, mas não pôde deixar de sentir o peso do olhar de Leon sobre si. — Como é seu nome? — ele perguntou de repente, sem rodeios, a voz baixa e aveludada. Ana, que estava acostumada a clientes metidos e desrespeitosos, manteve a postura profissional. — Ana Paula — respondeu, seca, desviando o olhar para longe dele. Tinha mais mesas para atender e queria sair dali logo. — Ana Paula... — Leon repetiu o nome, como se experimentasse o som. — Que tal ser minha companhia esta noite? Ela parou no meio do movimento, o corpo tenso. Virou-se para encará-lo, com a raiva começando a crescer no peito. — Como é? — ela perguntou, tentando se certificar de que tinha ouvido certo. — Dinheiro não é problema — disse ele, com um sorriso desafiador. — Eu pago bem. O mundo pareceu congelar ao redor de Ana. A arrogância, a prepotência, o modo como ele falou... Tudo nela gritou em fúria. — Você só pode estar brincando! — Ana explodiu, a bandeja tremendo em suas mãos. — Eu sou uma garçonete, não uma dessas garotas que você compra por aí! As mesas próximas ficaram em silêncio, os olhos curiosos voltando-se para o confronto que se desenrolava. Leon continuava calmo, olhando para ela como se estivesse esperando aquele tipo de reação. — Não precisa exagerar, Ana Paula — disse ele, ainda sorrindo, mas agora havia uma ponta de frustração em sua voz. — Pensei que você pudesse se divertir um pouco. — Divertir? — Ana deu um passo à frente, desafiadora. — Você pensa que porque tem dinheiro, pode tratar as pessoas como brinquedos? — Você está sendo despedida! — A voz do gerente ecoou pelo salão, cortando a tensão. Ele se aproximou rapidamente, vermelho de raiva. — Como você ousa falar assim com um cliente importante? Está fora! Ana sentiu o chão sumir sob seus pés. As palavras do gerente ecoavam em sua mente, mas a humilhação de ser tratada como um objeto por Leon ainda queimava mais forte. Ela tirou o avental e o jogou no balcão antes de sair. Antes de passar pela porta, deu uma última olhada para Leon, que a observava com um interesse renovado. — Você ainda vai se arrepender de ter me tratado assim — murmurou Ana, mais para si mesma do que para ele, enquanto deixava o restaurante, o coração batendo acelerado. Leon apenas sorriu, já imaginando como faria para tê-la de volta, mas desta vez, sob seus próprios termos.