História de crianças que sofreram assedio, abuso sexual por pessoas próximas e nunca contados… Onde muitos pais não acreditam se quer na palavra de seus filhos… Observem mais e deixem as crianças falarem… Escutem-na!
Ler maisEste guia se propõe a abordar algumas das principais questões que envolvem o abuso sexual de crianças e adolescentes, buscando incentivar as pessoas a conversa abertamente sobre este assunto e pôr fim ao silêncio que protege aqueles que cometem este crime. Criar um clima propício em que crianças e adolescentes, vítimas de abuso sexual, se sintam mais seguros, a fim de que possam buscar ajuda sem serem considerados culpados ou sentirem que não são acreditados e fornecer informações para adultos que lidam com eles para que possam criar um ambiente favorável de conversa sobre o abuso sexual, objetivando também sua prevenção.
Os indivíduos que abusam sexualmente de crianças e adolescentes na sua maioria são familiares, amigos íntimos da família, ou pessoas conhecidas em que as crianças confiam. Esta posição de confiança na qual os agressores se encontram, assim como a posição indefesa da criança na família, torna mais fácil encobrir o crime e persuadir ou assustar a criança para que esta se mantenha calada.
O fato de a maioria das pessoas se mostrar relutante em falar sobre a vitimização sexual da criança e do adolescente, quando envolve familiares ou amigos de confiança, só contribui para o medo, para o isolamento e para a formação de indivíduos infelizes e desadaptados socialmente.
O abuso sexual é um assunto delicado e perturbador, pois implica na violação de "tabus" sociais como "incesto", passando a causar desconforto na família e entre os profissionais envolvidos.
Como a natureza do abuso sexual infantil é complexa, é necessário que médicos, psicólogos, outros profissionais de saúde, da área jurídica, assistentes sociais, professores e a sociedade em geral trabalhem para facilitar a descoberta e a revelação dessa pratica, para que soluções de fato possam ser viabilizadas.
Por outro lado, a pedofilia e a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes são temas atualmente, de grande visibilidade e que mobilizam as sociedades de todos os povos do mundo. No entanto, no Brasil eles são ainda assuntos pouco estudados. Esta cartilha pretende informar, sensibilizar e mobilizar a sociedade brasileira para romper o silêncio, saindo de uma fase de negação da realidade para uma fase de ações afetivas.
A literatura sobre o método científico sobre abuso sexual, como também estatísticas e pesquisas a respeito, é reduzida no Brasil e tanto sua incidência quanto prevalência são desconhecidos no nosso meio. Porém, alguns números apresentados em estudos indicam que sua ocorrência é algo que não pode mais ser ignorado: dados do CRAMI – Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos da Infância de Campinas, DP – estimam que em 1.251 crianças atendidas no Instituto Médico Legal de Campinas, foram vítimas de abuso sexual 67,3% entre 7 e 14 anos; 31,7% entre 2 e 7 anos e 1% abaixo de 2 anos de idade (1982 – 1985); 14,4% dos adolescentes atendidos no Serviço de Assistência Integral a Adolescência (SAIA) de São Paulo demonstraram ter sido algo de vitimização sexual, estudos no ABC Paulista registrou que 90% das gestações em jovens com até 14 anos foram fruto de incesto, sendo o autor na sua maioria, o pai, o tio ou o padrasto, ou seja, pessoas próximas ou conhecido da criança.
Em casa 100 denúncias de maus tratos contra a criança e o adolescente feitas a ABRAPIA, 9 são de abuso sexual, a vítima é do sexo feminino em 80% dos casos, sendo que 49% tem entre 2 e 5 anos e 33% entre 6 e 10 anos.
Pesquisa nos Estados Unidos indicam que:
Durante uma vida, um pedófilo ativo em média abusa de 260 crianças ou adolescentes. Apesar das diferenças sociais e econômicas, da maior ou menor sensibilização, informação e mobilização da sociedade para o tema (e para denunciar) da maior ou menor eficiência e eficácia das ações governamentais e não governamentais, visando a proteção das vítimas e a punição dos agressores, é possível afirmar que a situação no Brasil não difere das outras sociedades ocidentais.
Outras pesquisas feitas nos EUA demonstram que 1% da população infanto juvenil americana é vítima de violência doméstica todos os anos e cerca de 10% das denúncias correspondem ao abuso sexual, por analogia, podemos afirmar que:
No Brasil 165 crianças ou adolescentes sofrem abuso sexual por dia ou 7 a cada hora.
O abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes entraram como prioridade nas agendas políticas e nacional, demandando uma serie de reflexões teóricas e conceituais que transformou de forma paradigmática o seu enfrentamento nas últimas duas décadas.
Hoje há um consenso político e institucional sobre a multidimensionalidade do fenômeno e a necessidade de uma visão interdisciplinar e multiprofissional sobre a proteção da criança e dos adolescentes e a discussão sobre a sexualidade como direito sexual da criança e adolescentes.
É uma sistematização do debate e das pesquisas nacionais e internacionais sobre o tema das duas últimas décadas nos planos conceitual, metodológico, jurídico e pedagógico. A necessidade da sua atualização é um claro exemplo de que Direitos humanos não são categorias ou conceitos estáticos, mas que mudam com a transformação social e política e dependem diretamente do processo e do nível de mobilização social.
Existem agressões que perpassam o corpo e atingem o mais profundo do psiquismo humano. O abuso sexual é um exemplo dessas agressões e, no livro Abuso sexual contra crianças e adolescentes: conceituação e intervenção clínica, os autores Luiza Habigzang e Renato Caminha demonstram com grande propriedade como esse tipo de ocorrência pode deixar marcas profundas e negativas no desenvolvimento psíquico, afetivo e cognitivo de uma criança.Juntamente com essa demonstração, no livro, também é realizada uma sistematização de conceitos, dados epidemiológicos e principais consequências experimentadas pelas vítimas de abuso, além de formas de diagnóstico e tratamento, sendo, desse modo, uma literatura de grande utilidade para profissionais e estudantes de psicologia. A obra possui no total quatro capítulos, sendo nomeados respectivamente com os títulos, “conceituando o abuso sexual na infância e na adolescência”.“intervindo em abuso sexual na infância e na adolescência”; “anal
A Rede Nacional de Organizações Não GovernamentaisUm processo similar ocorreu no âmbito da sociedade civil brasileira. Muitas instituiçõesestabeleceram como prioridade a mobilização contra a violência sexual e iniciaram um processo de especialização para o atendimento e o enfrentamento do fenômeno. Essa tendência começou a gerar frutos em termos de articulação e organização da sociedade civil, tendo como um de seus marcos a criação da Rede Nacional de Organizações Não Governamentais para o Combate da Exploração Sexual, da Violência e do Turismo Sexual de Crianças e Adolescentes.A busca por recursos para financiar essas iniciativas encontrou suporte na cooperaçãointernacional, principalmente dos organismos multilaterais que há muito tempo vinhaminvestindo no País. A principal rubrica dos financiamentos foi a das campanhas de erradicaçãodo trabalho infantil, que começaram a ser imple mentadas no Brasil no começo da década de 199
Parlamento insere a temática na agenda de debates e propostasDiante da repercussão dos artigos de Gilberto Dimenstein e da mobilização de ONGs,as autoridades brasileiras sentiram-se pressionadas a se posicionar diante desse problema.O Congresso Nacional respondeu com a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), em abril de 1993, destinada a apurar a responsabilidade pela exploração sexual de meninos e meninas – a CPI da Prostituição Infantil, como ficou conhecida. Com essa intervenção, o tema entrou definitivamente para a agenda das autoridades públicas.O termo “exploração sexual” começou, então, a ser utilizado para designar tanto aprostituição infantil quanto o abuso sexual, contribuindo para gerar uma questão conceitual que, futuramente, traria problemas para a especificação das estratégias metodológicas de enfrentamento da violência sexual.As campanhas públicas
O contexto brasileiro de atenção a crianças e adolescentes sexualmente abusadosNo Brasil, apenas no final dos anos 80 começaram a surgir entidades de atenção acrianças e adolescentes em situação de violência e de defesa de seus direitos. Dessas iniciativas, resultou, em grande medida, a participação ativa de pessoas físicas e organizações brasileiras no movimento internacional, criando as contrapartes nacionais e regionais do ISPCAN, assimcomo os serviços disseminados por essas instituições.Atualmente, qualquer pesquisa que se faça em relação ao período anterior a essa época,seguramente registrará que o atendimento de crianças e adolescentes em situação de violência doméstica e sexual era realizado na rede hospitalar geral ou especializada. Acredita-se que uma busca nos arquivos da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) poderá oferecer dados ainda não revelados sobre o enfrentamento da negligência, dos maus-tratos e do
A trajetória de construção do abuso sexual como um problema socialPioneirismoO surgimento de uma atenção “institucional” especializada para crianças e adolescentes sexualmente abusados no Brasil parece haver antecedido a história do próprioenfrentamento da exploração sexual comercial. No atual estágio dos estudos históricos, édifícil saber se as sociedades, incluindo a brasileira, algum dia produziram mecanismosinformais para proteger crianças e adolescentes do abuso sexual ou para resguardar aqueles que foram vítimas de abuso sexual intra e extrafamiliar antes da era moderna, particularmente da era do bem-estar e dos direitos de crianças e ado lescentes.Apenas a partir desse momento, começaram a ser criadas instituições específicas para lidar com a temática de crianças e adolescentes negligenciados, maltratados e sexualmente abusados.A primeira organização no mundo dedicada
A ABRAPIA é membro eleito dos seguintes conselhos e fóruns:CONANDA - Conselho nacional dos direitos de crianças e adolescentes;CEDCA-RJ – Conselho estadual de defesa da criança e do adolescente;CMDCA-RJ – Conselho municipal dos direitos de crianças e adolescentes;Fórum DCA - fórum de defesa das crianças e dos adolescentes;Fórum estadual permanente de enfretamento da violência sexual contra criança e adolescente no estado do RJ.Faz parte da ABRAPIA juntamente com outras organizações não governamentais de todo o país proporcionar melhores condições de atendimento a criança e adolescente, vitimas de abuso e exploração sexual e de responsabilização do agressor, através da implantação em todos os estados brasileiros de:Dele
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