Voltamos para casa, antes paramos no supermercado e compramos sorvetes.
— Fiquem aqui. disse Natasha
— Está bem. disse Lilian
Quando voltei, estavam jogando papéis uns nos outros.
— Não poso deixar vocês sozinhos? perguntou Natasha
— Com certeza, não. disse Liam
— O que trouxe? perguntou Lilian
— Sorvete. respondo
— Como conseguiu roubar? perguntou Liam
De imediato puxo o freio de mão do carro.
— Ficou maluca? perguntou Liam
— Como assim, “roubou” ? pergunto
— Foi apenas uma brincadeira. respondeu Liam
— Muito sem graça por sinal. disse Natasha
— Desculpe. disse Liam
Tomamos sorvete como jantar, foi divertido. Lilian propôs um jogo. Concordamos e jogamos.
— Então, escolho você, Andrew. disse Lilian
— Sim? perguntou Andrew
— Qual é o seu maior medo? perguntou Lilian
— Meu medo, não sei, que tal. Ficar invisível para a sociedade, não ser notado. disse Andrew
— E o seu Natasha ? perguntou Liam
— Não tenho medo. respondo — Minto, só um. Ficar sozinha, de modo que ninguém perceba meu sofrimento.
Mas não se engane, Natasha não tinha nada do tipo. “Frágil e que adora batom sabor cereja”. Nada disso. Encara os perigos de cabeça erguida, tomando cuidado para não tropeçar.
— Chega desse jogo. disse Natasha
— Tudo bem. disse Lilian
Recebo uma ligação, era a mamãe.
— Alô? Mãe? Tudo bem? pergunto
— Sim filha, preciso de um favor. disse a mãe
— Claro o que é? pergunto
— Preciso que você vá ao banco. disse a mãe
— Sem problema. respondo
— E entregue nesse endereço. Rua Oeste nº 150. disse a mãe
— Está bem. disse Natasha
Saímos e fomos até o endereço indicado um pouco afastado da cidade.
— É aqui? perguntou Andrew
— Sim. respondo
Era uma casa grande, roxa e assustadora. Parecia abandonada há anos.
— Vamos entrar. disse Natasha
— Espera, vocês nunca assistiram filmes de terror ou suspense. Assim que começa, um grupo de pessoas vão até a casa abandonada e depois desparecem. disse Liam
— Estou com medo Natasha. disse Lilian
— Não precisa é apenas uma paranoia de Liam. disse Natasha
— Fico melhor ouvindo isso. disse Lilian
— Não se preocupe. disse Andrew
— Eu não vou. disse Liam
— Então fique aqui sozinho. disse Natasha
— Quer saber eu vou. disse Liam
Entramos na casa e nos separamos.
— Vem comigo, Liam. disse Natasha
— Vou com o Andrew. disse Lilian
Subimos as escadas e demos de cara com um quadro sem rosto. Ou seja, foram retirados.
— Que bizarro. disse Liam
— Nem me fale. disse Natasha
— O que exatamente estamos procurando? perguntou Andrew
— Não sei exatamente. disse Lilian
— Você é diferente. disse Liam
— Diferente? Por quê? perguntou Natasha
— Não é tão marrenta, quanto pensava. disse Liam
Dou um soco no nariz dele, não suporto as piadas.
— Não, isso foi um elogio. disse Liam
— Vamos deixar o dinheiro aqui e ir embora. disse Natasha
— Magnífica ideia. disse Liam
— Ela é espetacular. disse Andrew
— Gosta mesmo dela? perguntou Lilian confusa e com o olhar surpreso
— Sim, a cada dia me apaixono, pelo seu jeito, o modo de vestir, a sua calça rasgada, a sua camisa preta no formato de caveira, o seu cabelo alaranjado, preso no rabo de cavalo. Enfim de tudo. respondeu Andrew
— Rápido, vamos. disse Natasha
— Claro. disse Liam
— O que aconteceu com você? perguntou Lilian
— Te explico depois. disse Liam
Ouvimos ao longe sirenes de polícia se aproximando.
— Não temos muito tempo. disse Natasha
— Uma armadilha? perguntou Lilian
— Provavelmente. respondeu Natasha
Seguro nas mãos de Lilian e a puxo para entrarmos no carro, damos partida e saímos pela estrada de terra até a cidade.
— Estranho, por que a mamãe faria isso com a gente? perguntou Lilian
— Talvez aquela ligação não fosse a mamãe.