capítulo 8

Quando a dor de perder a sua mãe estava menor, ele perdeu a sua única irmã, Júlia. Ela era a mãe de Murilo e morava em outro estado, mas isso não impedia deles serem próximos, assim como a diferença de idade entre eles. Quando Fernando nasceu, Júlia estava com 10 anos, mas sempre foram muito ligados um ao outro, e ficaram ainda mais com a morte da mãe, quando Fernando passou visitar a irmã mais vezes e vice versa.

Júlia sofreu um acidente de carro, um caminhão desgovernado atingiu o carro onde ela e o marido estavam e o impacto levou os dois a morte, deixando Murilo órfão aos 14 anos.

A noticia destruiu Fernando, o seu coração doia tanto que parecia não ser capaz de continuar vivo, mas descobriu ser mais forte do que imaginou ser, afinal precisava ser, o seu sobrinho Murilo, a quem amava, precisava dele, pois só tinha ele para se tornar o seu tutor.

Não foi fácil seguir em frente, ele tinha acabado de inaugurar a sua empresa de acessoria, e se não fosse os amigos que estiveram ao seu lado nesse período, teria desistido. Karen foi uma das pessoas que esteve ao seu lado nesse período, sendo uma boa amiga.

Fernando aos trancos e barrancos, conseguiu se manter de pé, as vezes fingindo ser mais forte do que era na verdade. Mas ele conseguiu chegar onde estava, e ver o seu sobrinho formado e de bom caráter o enchia de orgulho.

Fernando sempre fez aquilo que acreditava ser o certo, mas ali parado à frente da casa de Helena se pergunta se as suas atitudes com ela foram corretas. Se foram, por qual motivo se sentia tão arrependido?

Murilo, depois do acidente que levou os seus pais se isolou, mesmo os dois sendo próximos, Fernando não conseguiu fazer o sobrinho reagir. Sabia que havia sido difícil para Murilo, ele precisou deixar o apartamento onde morava com os pais para morar em uma casa enorme cheia de quartos vazios, com apenas uma empregada.

Murilo se isolou de tal forma que era como se morasse em uma bolha, nada o fazia sorrir, nada o fazia se abrir e nem mesmo chorar, mas um dia ele deixou a tristeza para trás e passou a falar incansavelmente de uma amiga que o fazia feliz, Helena. A verdade foi que desde que Murilo conheceu Helena, tudo mudou na vida dos dois. Helena na verdade era dois anos mais nova que o seu sobrinho, e os dois eram como irmãos, nunca imaginou que Murilo fosse ter uma amizade como a que eles tinham.

Helena com o seu jeito alegre de ser, conseguiu tirar Murilo da solidão que se encontrava, e não demorou para ele voltar a sorrir, deixando para trás a tristeza que havia se apossado dele, não sabia os argumentos que ela tinha usado, mas o que importava para ele era ver o seu sobrinho feliz.

Fernando suspira, sentindo o corpo doer por estar tanto tempo dentro do carro, ele olha a hora no relógio, demoraria para amanhecer. Decide procura um hotel para passar o restante da noite, não ficaria ali estacionado até amanhecer o dia. Chegando no hotel, e depois de tomar um banho, ele se j**a na cama ainda com as lembranças do passado. Pensa em Helena, a sua menina travessa como a chamava as escondidas.

Ela as vezes ia a casa dele, geralmente para aproveitar a piscina ou assistir filmes com Murilo, e não demorou a conhecê-la. Um dia, ao chegar em casa, escuta risadas na área da piscina, era um sábado e ele tinha saído com alguns amigos, voltando para casa apenas para trocar de roupa e sair novamente, já que Murilo não estaria sozinho naquele dia, seria a primeira vez que Helena passaria a noite na casa dele. Ele vai até onde o sobrinho estava e vê uma jovem na piscina fingindo afogar Murilo, que fazia o mesmo com ela.

— Oi tio! — Murilo o cumprimenta ao vê-lo ali parado os olhando.

— Vejo que estão se divertindo. — Fernando responde, vendo o sobrinho sair da piscina.

— Muito, com essa atentada é difícil não se divertir. — Murilo olha para Helena que ainda estava dentro d'água os olhando, sorrindo para eles — Sai da água sereia, quero te apresentar o meu tio, afinal essa é a primeira vez que ele te encontra aqui. Você parece fugir dele.

— Se eu fugia, não fujo mais — Helena se aproxima deles rindo, vestida em um biquíni vermelho, não muito pequeno, ela era muito magrinha e parecia ser muito mais jovem que Murilo.

— Esse é o meu tio, de que eu sempre falo.

— Bem ou mal? — Fernando pergunta rindo.

— Assim...— Helena finge pensar — Na verdade, do jeito que ele falava, pensei que você fosse um velho barrigudo, mas muito boa gente — Fernando solta uma gargalhada.

— Só não sou barrigudo, mas para vocês eu já sou um velho.

— Se todo velho fosse como você, soltariam fogos — Helena responde rindo.

— Tio, nem preciso dizer quem é essa, não é?

— Muito prazer Helena — Fernando dá um beijo no rosto de Helena que faz o mesmo com ele.

— O prazer é todo meu. E que prazer — Responde rindo, o fazendo rir também.

— Vou deixar vocês se divertindo, vim em casa apenas tomar um banho e trocar de roupas.

— Vai sair de novo?

— Está em boa companhia, e sei que não sentirá a minha falta. Se sinta em casa Helena, fique a vontade.

— Cuidado para não se arrepender depois, mandando eu me sentir em casa.

Fernando apenas sorri para ela, ele gostou de Helena, ela era exatamente como Murilo dizia, divertida e alegre, e fez o que ele não conseguiu fazer, tirou o seu sobrinho da prostração que se encontrava, o fazendo voltar a sorrir, e isso para ele já era compensador.

Depois de ser apresentado a ela, Fernando passou a encontrá-la sempre em sua casa, mas isso não o incomodava, nem mesmo quando ela começou a querer se aproximar dele com segundas intenções, dizendo que o conquistaria, mas ela era muito nova e ele jamais se envolveria com uma adolescente.

Helena não desistia, a principio pensou que ela estivesse brincando, mas ela não podia o ver que se aproximava com o seu jeitinho travesso, Fernando jamais imaginou que aos 30 anos fosse receber uma cantada de uma adolescente de 15 anos, chegava a ser hilário.

— Você é muito chato, eu não sou criança e você não é nenhum velho.

— Você é muito doidinha, me esquece Helena, procure um jovem da sua idade — Ele fazia questão de repetir isso, tentando a convencer de esquecer aquela ideia maluca.

— A gente não manda no coração e eu gosto de você, quantas vezes preciso te dizer isso?

— Você não gosta de mim, você só está fantasiando com um homem mais velho...

— Isso não é verdade, eu sinto o meu coração disparar quando te vejo, ainda mais quando estamos assim, pertinho um do outro, veja como ele está disparado — Fernando fugia, rindo das coisas que ela dizia, como se fosse piada, e nunca disse a ela palavras que a encorajasse.

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