Depois de dizer isso, ele a puxou de volta para a mesa de jantar, sentando-a novamente na cadeira antes de retornar ao lado de Amélia.
Naiara levantou o olhar, observando Afonso enquanto ele consolava Amélia. Quando ele percebeu seu olhar, lançou-lhe outro olhar severo de advertência.
Reprimindo a amargura em seu coração, Naiara ergueu a tigela e, suportando a dor, comeu cada pedaço de comida.
Com a cabeça baixa, lágrimas caíram na tigela. Ao engolir mais uma garfada, a sensação de queimação desceu pela garganta, misturada com o gosto salgado das lágrimas. Naquele momento, ela não sabia dizer o que doía mais: o estômago ou o coração.
O jantar finalmente terminou em meio ao silêncio de Naiara e à intimidade entre Afonso e Amélia. Assim que ela colocou os talheres na mesa, o som de um carro foi ouvido do lado de fora.
— Deve ser minha encomenda chegando. — Ao ouvir o som, Amélia sorriu e correu em direção à porta.
Enquanto isso, Afonso virou-se para Naiara, — A partir de hoje, Amélia vai morar conosco.
Ele observava cuidadosamente a expressão de Naiara, como se esperasse que ela fizesse uma cena e não permitisse que Amélia se mudasse.
Mas, depois das lágrimas, Naiara já havia conseguido lidar com suas emoções. Ela assentiu calmamente, — Entendi.
Vendo sua reação tranquila, Afonso se sentiu um pouco desconcertado, uma sensação estranha se espalhando por ele. No entanto, Amélia retornou nesse momento, naturalmente enlaçando seu braço.
— Afonso, em qual quarto vou ficar?
Com a presença de Amélia, Afonso afastou a sensação estranha e sorriu-lhe com carinho, — Vou te mostrar. Você pode escolher qualquer um que quiser.
Os três subiram as escadas juntos para ajudar Amélia a escolher um quarto. Depois de perguntar onde ficava o quarto de Afonso, ela foi diretamente para o quarto ao lado do dele.
Ao olhar na direção em que ela partira, Naiara sentiu um súbito pressentimento ruim e apressou-se em segui-la. Assim que entrou no quarto, viu Amélia olhando ao redor antes de se dirigir diretamente ao guarda-roupa.
— Afonso, eu acho que este quarto está ótimo. Vou escolher este aqui.
Vendo que a mão dela já estava prestes a tocar a porta do guarda-roupa, Naiara, sem pensar duas vezes, correu para impedir sua ação.
— Não pode! Este é o meu quarto, e eu não permito.
Afonso, ao ver a reação tão intensa de Naiara, franziu a testa instintivamente e a repreendeu: — Que comportamento é esse, toda apressada? Se Amélia gostou deste quarto, você deve cedê-lo a ela. Eu mandarei os empregados arrumarem outro quarto para você.
Mas, independentemente do que ele dissesse, Naiara continuava firmemente encostada no guarda-roupa, sem ceder.
Vendo sua teimosia, Afonso conteve a raiva crescente e disse: — Você realmente está ficando mimada demais!
Os dois permaneceram em um impasse, até que Amélia interveio para aliviar a tensão. — Tudo bem, Afonso, se Naiara não quer ceder, eu escolho outro.
Afonso olhou para Naiara, que continuava obstinada em frente ao guarda-roupa, e por fim riu de raiva, dizendo de propósito: — Muito bem, se ela não cede, então você vai dividir o quarto comigo.
Ao ouvir isso, Amélia envergonhou-se e escondeu o rosto no peito dele, enquanto Afonso, após dizer essas palavras, saiu do quarto com ela.
Ao sair, Naiara ainda viu Amélia levantar a mão, olhar para ela e perguntar intrigada:
— Que estranho, por que há sangue na minha mão? Eu nem me machuquei...
Depois de sair do quarto, Afonso ordenou que levassem as coisas de Amélia para o quarto dele.
Os empregados iam e vinham carregando as bagagens, mas Naiara não prestava atenção nisso. Tremendo, fechou a porta do guarda-roupa novamente.
Somente Naiara sabia de onde vinha o sangue na mão de Amélia.
Porque ela tocou o guarda-roupa, e lá dentro, estava o corpo de Naiara.
Naiara primeiro trancou a porta, depois encontrou uma fita adesiva no quarto e selou o guarda-roupa firmemente. O Ceifador havia dito que se seu corpo fosse descoberto antes do tempo, ela desapareceria prematuramente.
Depois de terminar tudo isso, Naiara finalmente relaxou e foi até a sala para servir-se de um copo de água. Ao passar pelo quarto de Afonso, através da porta entreaberta, viu ele e Amélia se beijando.
Ela fechou os olhos por um momento, desviou o olhar e não olhou mais, indo diretamente até onde estava pendurada a agenda e rasgou uma página da contagem regressiva.