Condemnatu - A Herdeira Luciferiana
Condemnatu - A Herdeira Luciferiana
Por: Cintia Toledo toledo
Prólogo

Cidade Celestial, subprovíncia da Criação Angelical. 4520 A. C.

– E Deus criou o homem, e de sua costela ele fez a mulher: Eva, para ser sua companheira e o servir. – disse Gabriel aos jovens criados. Os mais velhos apenas observavam, entoando hinos de louvor e adoração.

Lúcifer ouviu tudo aquilo e pensou, mais uma vez em quanta coisa havia ocorrido entre a criação do mundo e a criação de Eva. Inclusive pensando na antiga mulher de Adão, que fora excluída dos livros da criação. Apesar de ser o braço direito de Deus, não aceitava muitas coisas, e, sinceramente, já estava se sentindo sufocado por toda adoração sem fim.

Pensou em tentar algum diálogo, mas se lembrou de que isso nunca acontecia na verdade. Conforme o tempo passava e a indignação aumentava, traçou um plano em sua mente. Ele desceu mais uma vez à Terra, já planejando o roteiro de seus próximos atos. Percorrendo a imensidão desértica daquele lugar, divagava entre a inebriante sepsia constante da paisagem, juntando as partes finais do quebra-cabeça de um trilhão de peças em sua mente. Olhava o chão coberto de areia, percebendo ao longe uma pequena vila, simples, mas que certamente possuiria habitantes interessantes. Mas uma, em especial, ele procurou.

─ O que você faz aqui, Lúcifer? – ela o surpreendeu, retirando-o de seus pensamentos, antes que ele pudesse enxergá-la vindo por detrás de um conjunto de pedras perdido naquele lugar.

─ O que você faz aqui, garota? – ele se virou, reparando na bela mulher de cabelos escuros e corpo escultural ─ Eu pensei que você estivesse presa em alguma prisão qualquer, e que teria que te resgatar de lá!

─ E isso aqui é o que? – ela disse, se aproximando e olhando-o nos olhos ─ Não tem ninguém aqui! Nem animal algum, nem vida alguma… esse vilarejo é desértico, há muito tempo ninguém aparece aqui. Não que eu tenha afugentado alguém. – Ela colocou o dedo na boca e começou a bater contra os lábios, pensando – ah, tudo bem, uns cinco, ou seis, ou sete talvez.

Ela possuía longos cabelos negros, que lhe desciam em cascata até a cintura. Eles eram lisos e brilhantes, combinando com os olhos negros e boca vermelha, como se tivesse sido pintada pelos próprios dedos de Deus. E de fato foi! Seu rosto era fino e seu corpo escultural. Não haveria motivo algum para ela não ter sido criada extremamente bela, formosa e sensual.

─ Sabe que os boatos a seu respeito diziam que você se tornou um deles? Mas sinceramente, você continua linda como quando morou no Paraíso.

─ Sei sim. Ele sempre tenta denegrir a imagem de todos que estão contra ele. Típico e previsível – ela deu uma pausa, enquanto seus olhos fitaram o horizonte longínquo. – Pra que deixar os inimigos com uma imagem neutra?

─ E você está contra Ele? – Lúcifer questionou.

─ Não sei se devo confiar em você – ela olhou de canto de olho, enquanto tentava decifrar o olhar misterioso daquele anjo ─ afinal, você é o Seu braço direito.

Lúcifer riu contido e continuou caminhando ao lado dela.

─ Eu estou muito chateado com algumas coisas. Na verdade, eu e mais alguns não concordamos com os últimos acontecimentos. E você sabe, lá em cima não existe democracia. Nem adianta tentar nada.

─ E nunca vai ter! – ela disse, já começando a se irritar. ─ Aliás, a própria ideia de criar a mulher para servir ao homem é totalmente equivocada, machista e ultrapassada!

─ Mas isso é até bem interessante, você não acha?! – Ele disse, se aproximando dela e segurando seus braços com as mãos. ─ Afinal, os dois podem ganhar…

─ Me solta, idiota! – Falou, se soltando dele. – Aliás, somente os homens ganham. Até o corpo feminino foi feito para seduzir vocês. Não é justo que, se somos todos iguais, teoricamente, a mulher tenha que ser submissa ao homem. Não existe, e nunca existirá ninguém nessa terra, no céu, ou em qualquer outro mundo que possa vir a existir que me convença que isso é justo. Prefiro vagar por aí, ser “endemoniada” e ridicularizada por Ele, mas não aceito ser submissa, nunca, por ninguém.

E saiu caminhando a passos rápidos. Lúcifer teve que se apressar para alcançá-la.

─ Espere – ele disse, segurando suas mãos – e se…

─ E se o quê? – ela respondeu, com os olhos marejados, mas não permitiu que caísse uma lágrima sequer.

─ E se a gente tivesse uma oportunidade…

─ Do que você está falando? Oportunidade de quê? Começar tudo de novo? Isso é ridículo, até pra você.

─ É verdade que você já se aliou aos demônios? – ele disse, impedindo-a de se soltar – Responde, é verdade?

─ Você vai correndo avisá-lo?

─ Não!

─ Posso te dizer que eles me acolheram como filhos, já que…

─ Olha, me escuta. Há um tempo tenho pensado a respeito. Ele criou o céu e a terra, mas os demônios existem e vagam por aí.

Ela apenas o ouvia, sem esboçar nenhuma reação.

─ E se a gente criasse um ser dotado de toda a bondade dos céus e de toda perversidade e ódio que existe nos demônios? E se a gente…

─ Tivesse um filho? – ela disse, soltando uma gargalhada descontrolada.

─ Isso, um filho… – ele repetiu, como se tivesse achado a solução para uma equação impossível de ser solucionada.

─ Querido Lúcifer, só existe um problema nisso tudo.

─ Qual? – ele virou a cabeça, com dúvidas. Não havia problemas, não na visão dele.

─ Ele tirou de mim isso. Não posso ter filhos. Não posso ser mãe!

─ Não pode gerar um filho?

─ Não posso parir um filho.

─ Resolvemos esse problema. Tenho certeza que seus amigos podem te ajudar com isso. O importante é ter o seu sangue, possuído por demônios; e o meu, possuído pelo poder de Deus. Esse Herdeiro será nosso trunfo contra ele. Gerado embaixo de Seus olhos, pelo ventre da mulher que foi expulsa do paraíso.

Os olhos dela se iluminaram com a possibilidade de uma vingança e seu coração bateu acelerado com a possibilidade de gerar uma vida.

─ Isso é uma besteira. Como poderei ter um filho, Lúcifer? Você acha que não tentei, todo esse tempo que estive aqui? – ela pensou naquele momento em por que havia afugentado os aldeões daquela vila.

─ Sangue de demônio, ou como quer que você chame o líquido que corre dentro deles, tem poderes inimagináveis. Tome-os, se prepare. Depois só precisamos conceber um filho.

─ Você quer me dizer que pretende me possuir? Você?

Ele apenas riu, satisfeito com a ideia.

─ Posso te deixar me possuir se quiser, querida. – Ele a prendeu contra a parede com uma das mãos, enquanto a outra agarrava sua cintura, puxando-a para junto dele. ─ O que for mais excitante pra você.

Ele não precisou que ela falasse. Seu sorriso malicioso e o tempo que ela deixou que seus corpos ficassem próximos respondeu por ela.

Algumas semanas depois, eles marcaram o local onde seria realizado o “ritual” de acasalamento. Para isso, Lúcifer fez questão de manter sigilo, bem como exigiu que ela o fizesse. Assim que fosse concebido, ela deveria se ausentar, e criar a criança até que ela se tornasse capaz de liderar um exército poderoso, e se isso realmente funcionasse, se o ser gerado realmente tivesse toda a força e poder que eles planejaram, logo eles criariam um exército de seres semelhantes. Apenas poucos anjos sabiam dos planos de Lúcifer, somente os extremamente necessários para o sucesso da operação. Ele havia preparado uma cabana no meio do deserto, com o mínimo necessário. Ela havia feito apenas uma exigência: que fosse tudo feito ao natural, sem magia, pelo menos no momento da concepção. Lúcifer achou aquilo muito interessante, e não se opôs em nenhum momento.

No horário marcado, ele entrou no quarto e ela se encontrava de pé, olhando pela janela uma nova tempestade de areia ir embora. Ela vestia uma camisola branca de seda que ia até os pés, com alças e uma fenda provocante que deixava toda sua perna esquerda à mostra. Nessa coxa, possuía um laço, estrategicamente posicionado, próximo à virilha. Não vestia nenhuma roupa embaixo dessa camisola, então, estava totalmente visível e vulnerável a Lúcifer.

Ele, ao adentrar o quarto, se perdeu pelas curvas dos seios dela, ao notar o quanto ela estava sensual, umedeceu os lábios, mordendo-os. Se aproximou lentamente, tocando sua cintura com força, e ela retribuiu ao toque levantando a perna com o laço apoiando-a na cama.

─ Tire – ela disse, com autoridade.

Ele ameaçou tocar sua coxa com as mãos, sendo interrompido por ela;

─ Não... não use isso.

Ele se abaixou, voltando a tocar sua coxa com as mãos, mas elas agora percorriam a extensão da perna, torneada, passando pelo seu quadril e fazendo cócegas entre suas pernas. Ele abaixou mais um pouco, e com a língua percorreu desde seus dedos até o lugar onde o laço estava, passando por ele, encontrando a intimidade dela.

Ele a fez soltar um gemido de prazer. Mordeu o laço, descendo com ele na boca até seus pés, largando-o no chão em seguida.

Ele se levantou, chegando perto da sua orelha esquerda, sussurrando:

─ Gostei do sabor!

E agarrou seus seios, por cima da camisola, pressionando-os enquanto beijava a sua boca. Retirou suas mãos dali e percorrendo a silhueta de seu corpo, avançou por entre suas pernas, brincando com seu clitóris de maneira selvagem. Sem pedir permissão, a penetrando com três dedos.

─ Mais… – ela arfou, arcando sua cabeça para trás.

Ele agarrou o seu pescoço, mordendo com força, até sentir que iria feri-la, e retirou os dedos dela.

─ Eu disse mais! – ela pegou as mãos dele, recolocando no lugar em que estavam ─ e quando eu digo mais, você obedece!

Ele nada falou, apenas riu. Ela era incrivelmente sexy e gostosa, e estava adorando tudo o que estava acontecendo. Seu corpo musculoso e seu órgão estavam à espera dela. Ela seria aquela que carregaria a esperança de um mundo diferente do que viviam.

Ele pôs mais um dedo, e antes que ela pedisse por mais, ele a jogou na cama, abrindo suas pernas.

─ Agora quem manda sou eu. – Sem pudor ele se colocou dentro dela , que gemia de prazer com cada estocada que ele dava. Ela arranhava suas costas, fazendo sangrar, e ele se divertia com isso. Ele a mordia em todos os lugares possíveis, e o contato entre eles estava cada vez mais íntimo. Tão íntimo que ela se sentiu tentada a passar as mãos pelas suas asas, mas se lembrou de como isso era perigoso, já que a alma de um anjo se encontra em suas asas. E ela sabia que nem ela, nem ele, estavam ali para se envolver emocionalmente, apesar do desejo.

─ Você está gostando? – Ele disse, olhando para ela, sem parar o que fazia.

─ Vou gostar mais quando você estiver abaixo de mim.

─ Tente… – ele falou, sorrindo maliciosamente. No mesmo momento ela se virou, de um jeito que nenhum dos dois entendeu, e montou nele.

Ela percorreu o peito de Lúcifer, arranhando-o de cima a baixo com suas longas unhas em forma de garra. Se levantou um pouco, pegando o membro dele com a mão, lambendo desde o final de seu abdome até chegar na base de seu pênis. Ele estava extremamente excitado, lambuzado com o próprio orgasmo dela da posição anterior. Ela estava de quatro em cima dele, e com a língua rodeou todo o órgão, engolindo-o várias e várias vezes. Lúcifer gemia de prazer, vendo aquela mulher lhe devorar com toda vontade de uma garota safada.

─ Desse jeito, vai ser agora mesmo.

─ Então, espere um pouco – ela falou, montando novamente. Ela sentia seu órgão tomando espaço dentro dela, a invadindo.

Instantaneamente, ela arqueou o tronco para trás, se enchendo de prazer com aquela situação. Sentiu uma pressão se formar em seu ventre e se entregou ao novo orgasmo naquela hora. Rebolou de um jeito que foi impossível que ele não gozasse também. Sim, aquilo tudo era apenas um negócio, e ambos sabiam, mas era deliciosamente excitante.

─ Não fica assim, sei que faço as mulheres perderem a noção do tempo. – Lúcifer disse, roubando um beijo dela. ─ Se quer saber, você foi uma das melhores. – Ele não queria admitir, mas também desejou que ela tivesse tocado em sua asa, também havia gostado de cada atitude de mandona e dominante que ela havia tido.

Ela deu um sorrisinho, mas se manteve deitada.

─ Eu te procuro daqui a alguns meses. – Ele disse, se vestindo ─ Qualquer coisa me procura. – Se levantou, mas percebeu que ela o olhava de maneira diferente. – O que foi?

─ É que, na verdade, eu nunca pensei que pudesse um dia estar assim.

─ Tudo bem. Você tomou direito as injeções com o sangue de Damballa?

─ Sim, tomei, cada uma das 25 injeções.

─ Você sabe que terá que tomar essas até o final da gravidez, não é? – ele disse, apontando para uma pilha de frascos azuis-celestes que estavam sobre a mesinha do quarto.

─ Sangue dos anjos?

─ Sim.

─ O seu também está aí?

─ Não. O meu já está dentro de você.

(…)

─ Éli, espere, o que você pensa que está fazendo? – Jacó disse, assustado, enquanto a companheira corria segurando aquela criança nos braços.

─ Venha, agora conseguiremos voltar. – ela disse entrando por um beco apertado, nas proximidades de Ur.

─ Está frio, essa menina vai morrer congelada. E você acha mesmo que Ele vai aceitar esse sacrifício?

─ Vai sim, quando souber quem ela é! – Elizabeth corria, já que não possuía mais suas asas. Jacó tentava acompanhá-la, até chegarem ao desfiladeiro onde efetuariam o sacrifício.

─ Aqui, duvido essa menina sobreviver. Será difícil encontrar uma parte unida lá embaixo assim que ela cair! – Elizabeth dizia, enquanto constatava a altura em que estavam. ─ Segura um minuto enquanto eu preparo o ritual. Não olhe para ela! Ela é um demônio, se você olhar, você vai ficar enfeitiçado.

Ela entregou a criança com poucos dias de vida a Jacó, que sempre foi mais emotivo que a companheira. Em seus braços, a pequena menina começou a sacudir os bracinhos e esboçar sorrisos para o homem, ou anjo, que a segurava.

─ Não olhe, não olhe, não olhe – Jacó dizia consigo mesmo, mas naquela hora, uma rajada de vento forte atingiu o lugar onde estavam, e ele instintivamente trouxe para junto de si aquele ser minúsculo, protegendo-o do vento.

E então ele olhou.

Seus olhinhos eram azuis como o céu, e seus pequenos lábios vermelhos como romãs, desenhavam um sorriso encantador.

─ Você sempre foi nosso elo mais fraco – Elizabeth disse, puxando a menina com força, deixando o pedaço de tecido que a cobria voar longe. A pequena bebê começou a chorar, e no intuito de xingá-la, a anja acabou olhando para a menina, que já havia ficado roxa pelo frio, pelo vento e pelo choro.

Ela, então, também se apaixonou pela menina.

─ O que vamos fazer Éli? – ele perguntou, enquanto desciam toda a colina.

─ Vamos impedi-la de ser má, Jacó. Vamos escondê-la e criá-la para o bem.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo