Capitulo 2

****Dois dias depois****

            Kate e Carter estavam escondidos escutando a conversa dos pais, que estavam preocupados, pois não tinham notícias da família Parker já tinha algumas horas, eles tinham ligado de manhã falando que chegariam naquele dia a Tampa, onde seria a reunião, e que ligariam quando chegassem, mas já fazia horas que deveriam ter chegado e não ligavam e os celulares estavam dando desligado, o que não era normal.

            — Eles nunca ficaram tanto tempo sem dar notícias, será que aconteceu algo? — falou o pai com uma voz preocupada.

            — Calma, querido, daqui a pouco devem ligar, a bateria deve ter acabado e ainda não tiveram tempo de recarregar, pela hora, Cecília e John já devem estar quase dormindo e eles devem estar os colocando na cama — disse a mãe também preocupada, mas tentando não transparecer.

            Nesse momento o telefone toca, o pai atende e dá respostas curtas e rápidas, Kate repara que tem algo errado quando o tom de voz do pai começa a mudar como se ele estivesse chorando ao telefone, e logo percebem que ele desligou o telefone e está chorando e ficam em alerta para tentar descobrir o que aconteceu.

            — Era a polícia, parece que eles sofreram um acidente grave de carro, Andrew, Jason e Amélia morreram na hora, John está vivo, mas muito machucado, mas não falaram nada de Cecília. Era como se ela não estivesse no carro — disse Carter, chorando pela perda dos amigos e pensando em John. — Vou comprar uma passagem de avião e vou para lá, alguém tem que cuidar de John e liberar os corpos, vou tentar descobrir o que aconteceu com Cecília — disse Carter, tentando se acalmar e ligando o computador para ver uma passagem com urgência de preferência para o mesmo dia.

            Nesse momento o pequeno Carter e Kate  entram na sala chorando, perguntando pelos amigos, preocupados.

            — Não consegui muitas informações, mas irei para lá o mais rápido possível para tentar descobrir o que aconteceu e trazer John para casa, ele irá morar com a gente como era desejo do pai dele caso algo acontecesse a Andrew e ao Jason — disse Carter, encontrando uma passagem de um voo que sairia em 3 horas, ele comprou e foi arrumar as malas.

            Antes de sair, mandou alguns e-mails para alguns diretores da empresas informando que teria que se ausentar por alguns dias, sem entrar em muitos detalhes. Antes de sair se virou para a esposa e disse:

            — Querida, vá à casa do Andrew e traga todas as coisas do John e da Cecília, e cuide das crianças, estou indo, mas voltarei assim que for possível e trarei o John comigo e tentarei descobrir o que aconteceu com Cecília, pois não me informaram nada sobre o estado de saúde dela — disse Carter, dando um beijo na esposa.

            — Pode deixar, querido, prepararei um quarto para cada do jeito que eles gostam, para se sentirem em casa e amados nesse momento tão difícil — disse Melissa, tentando se manter calma, mas sentindo a perda de sua querida amiga Amélia, e ao mesmo tempo preocupada com as crianças, tanto com seus filhos que não paravam de chorar quanto com John, que estava machucado e com Cecília, de quem não se tinha notícias.

            — Cecília sentiu que alguma coisa ia acontecer — disse Kate, lembrando-se do pedido feito pela amiga antes de viajar.

            — Por que você está falando isso, querida? — perguntou Melissa, colocando a filha no colo.

            — Ela, antes de viajar, me pediu para guardar a presilha que a avó deu para ela, com medo de que alguma forma a presilha fosse parar com as primas, você sabe como ela ama essa presilha, que foi presente da avó dela no último aniversário — respondeu Kate.

            — Vamos esperar o papai chegar lá para descobrir o que realmente aconteceu com ela, mas tenho certeza de que ela está bem — disse Melissa, tentando acalmar a filha e rezando para que Cecília estivesse bem.

*Enquanto isso numa estrada perto da Luisiana*          

Enquanto a família Thomas recebia a notícia do acidente da família Parker, um carro com dois homens com uma menininha desacordada está andando sem parar, só para abastecer o carro, quando o telefone de um deles toca.

— Oi, senhora, o plano deu certo, o seu marido e o irmão estão mortos, conseguimos pegar a menina, o menino deixamos, pois estava muito mal, acho que não vai sobreviver, a menina, como estava na cadeirinha, está um pouco machucada, estava inconsciente, mas em melhor estado que o irmão, fazemos o que com ela agora? — perguntou o cara ao telefone.

            — Tem um colégio interno em Nashville, é de uma amiga minha, quero que vocês a deixem lá e digam que fui eu que a mandei para lá que depois eu acerto os detalhes — disse a mulher ao telefone. — Agora tá na hora de fazer o papel da viúva sofrida que acabou de perder o marido e ficou com duas filhas para criar, e irei assumir todos os bens do meu marido — disse, desligando o telefone.

            Depois do telefonema os dois param num posto para ver qual era o melhor caminho para Nashville e aproveitam e dão um sonífero para a menina.

*De volta a Albany*

           

Amanda desliga o telefone, era a polícia informando sobre o acidente que seu marido tinha sofrido e sobre o falecimento do mesmo.

            Ela desliga o telefone e vai em direção aos quartos das gêmeas para lhes contar o que tinha acontecido com o pai delas, nesse momento o telefone toca novamente e era Melissa, mulher que Amanda não suportava, mas fingia ser amiga para não levantar suspeitas.

            — Melissa, acabei de saber do acidente, a polícia me ligou, que tragédia, não sei o que fazer, não tem como eu ir para lá e deixar as meninas aqui — disse Amanda, fazendo uma voz de quem estava chorando a perda do marido.

            — Carter está indo para lá, já comprou a passagem, o voo parte em algumas horas, estamos preocupados com as crianças, parece que John está muito ferido e foi levado para o hospital, mas não nos falaram nada sobre a Cecília. Estamos preocupados, pois não sabemos se ela está viva ou não — disse Melissa com uma voz preocupada.

            — Espero que ela esteja bem e possa voltar logo para casa — disse Amanda com um tom preocupado, fingindo que se preocupa com os sobrinhos.

            — Também espero, quando amanhecer irei na casa deles buscar algumas coisas, deixa eu ir que Kate está me chamando, qualquer coisa te ligo para avisar — disse Melissa, desligando o telefone.

            — Se o pirralho sobreviver, ficarei com a guarda dele e todo o dinheiro que ele herdar, assim com a maior parte da construtora, com isso serei extremamente rica, e ele o mandarei para um internato ou darei um sumiço nele de alguma forma — disse Amanda com um olhar maligno, já pensando em como se livrar do sobrinho, para ficar com o dinheiro.

            Nisso se senta em frente ao computador e manda um e-mail para Megan, uma amiga de infância, que tinha herdado dos pais um colégio interno em Nashville onde as duas tinham estudado e se conhecido. No e-mail explica que em dois dias dois homens chegarão ao colégio com uma menininha cujo nome era Rose Cortes, mas que na realidade era sua sobrinha que ela precisava sumir com a criança, para mais no futuro poder usá-la para ter acesso à herança que a menina tinha direito, mas que no momento aparentemente a mesma não se lembrava de nada.

            Após o e-mail para Megan, mandou um e-mail para um cara que ela conhecia e solicitou documentos em nome de Rose Cortes, inventou o nome dos pais da menina, mandou uma foto para a pessoa usar, além de já pagar o valor que geralmente ele cobrava para tal tipo de serviço.

            Amanda era uma pessoa ligada ao tráfico de crianças, então já estava habituada aos procedimentos que precisava para fazer uma criança mudar de nome e já tinha os contatos para isso, ela mandava as crianças para o exterior, usando o México, ou então as enviava para o internato da amiga durante um tempo até as investigações acabarem e depois tirava a criança do país, isso era mais fácil com bebês e crianças até os 3 anos, mas ela precisava da sobrinha para no futuro declará-la incapaz e ter acesso a tudo que a mesma estava herdando, por isso seu plano era mantê-la no colégio até a véspera de seu aniversário de 18 anos e trazê-la de volta, alegar que a menina era incapaz e assumir toda a herança dela, e se o menino sobrevivesse, também arranjaria um jeito de ter a sua guarda para ter acesso à herança, e depois daria um sumiço nele usando os seus contatos.

*Dois dias depois*

           

Já haviam-se passado dois dias desde o acidente, John continuava em estado grave e os médicos também descobriram uma lesão em sua coluna que se ele recuperasse a consciência não voltaria mais a andar, mas tinham esperança que ele fosse sobreviver, e por incrível que parecesse, Jason também tinha sobrevivido, mas o estado dele era grave, então Carter resolveu manter essa informação em segredo e o enviaria para uma clínica onde ele seria mantido até recuperar a consciência.

            No dia em que chegou a Tampa, Carter descobriu que Cecília tinha sumido e não se tinha nenhuma pista de onde ela estaria, e nenhuma criança machucada de um acidente de carro tinha dado entrada em nenhum hospital da região, diversos hospitais tinham recebido a foto da menina caso alguém aparecesse com ela em algum outro lugar.

            Também o acidente estava sendo investigado, pois uma perícia feita no carro apontou uma sabotagem nos freios, o que teria feito o motorista perder o controle do carro, ter saído da pista, batido numa árvore e ter capotado o carro como aconteceu no acidente.

            Naquele momento Carter estava na delegacia conversando com o delegado.

            — Muito estranho esse relatório, eu lembro que Andrew antes da viagem fez uma revisão no carro, trocou o óleo, verificou o freio, trocou os pneus e estava tudo certo com o carro, será que alguém mexeu no carro durante a viagem? — disse Carter após ler o relatório da perícia e achando estranho a parte em relação aos freios, pois sabia que o amigo sempre estava fazendo manutenção no carro.

            — Podem sim, teremos que ver todos os lugares que eles pararam e tentar conseguir as imagens das câmeras de segurança — disse o delegado. — Em relação à menina, continuamos sem pistas do paradeiro dela, quem a levou tomou cuidado para não deixar pistas, mas não desistiremos de encontrá-la, o alerta de criança desaparecida continua em todo o país, espalhamos a foto dela nas delegacias, colocamos alertas nos aeroportos, se tentarem viajar de avião com ela, não conseguirão.

            — Espero conseguir encontrá-la rápido e com saúde, a presença dela vai ser importante para a recuperação do irmão — disse Carter.

            — Quando ele se recuperar talvez consiga nos ajudar a desvendar o que aconteceu, e talvez tenha visto quem levou a irmã — disse o delegado.

            — Também espero que ele consiga ajudar — disse Carter. — Então por enquanto é isso, irei agora terminar os trâmites para o transporte dos corpos, e se você não se importar tentarei a transferência de John para perto de casa, quando ele se recuperar o trarei para prestar depoimento sobre o que aconteceu, ou se demorar a gente vê como faz. Em Albany temos amigos médicos que já estão a par do que aconteceu com ele e estão esperando por ele para tratar de suas lesões.

            — Sim, pode levá-lo, acho que irá se recuperar mais rápido em casa perto dos amigos — disse o delegado.

            — Obrigado, por favor, não esqueça de me informar caso descubra algo sobre Cecília — pediu Carter, saindo da sala.

*Enquanto isso em Nashville*

            O carro que levava a menininha inconsciente chega aos portões imponentes de uma grande construção com a placa de “Colégio Interno Para Meninas da Senhorita Megan”, era o endereço para onde a mulher que os tinha contratado tinha mandado levar a menina, que durante a viagem tinha chegado a recobrar a consciência e aparentava não se lembrar de nada, nem mesmo de seu nome, a menina estava com amnésia, então os homens disseram que o seu nome era Rose e que a estavam levando para um lugar muito maneiro, que era para menininhas como ela que não tinham pais. Tinham cortado o seu cabelo bem curto para fingirem que era um menino para que ninguém desconfiasse caso esbarrassem com alguém no caminho.

            Na porta do prédio principal estava uma mulher com a idade por volta dos 35 anos, com uma expressão séria de quem não gostava de ser contrariada e já esperava a chegada da menina conforme combinado com sua amiga Amanda, que tinha contado quem era a menina e o motivo de a esconderem lá, e ela receberia um pagamento muito alto para manter a presença daquela menina às escuras, tanto que já tinha providenciado a matrícula dela na escola com o nome de Rose Cortes, uma menina que tinha acabado de chegar do Novo México após perder a mãe que estava doente e não conhecia o pai.

            — Vejo que conseguiram finalmente chegar, e a menina, como está? — disse a mulher com rispidez. — Espero que esteja inteira.

            — Está sim, senhora, só um pouco assustada, mas não se lembra de nada o que aconteceu, e nada sobre você sabe quem, na realidade, não se lembra de nada do seu passado, então ficará mais fácil o seu trabalho, dissemos que o nome dela é Rose Cortes — disse o homem que estava dirigindo enquanto o outro abria a porta para a menina sair.

            De dentro do carro saiu uma menina magra, com o cabelo muito curto, com um corte na testa e alguns arranhões, os homens a entregaram para a mulher dizendo que era ali que ela moraria a partir daquele dia e foram embora.

            — Seja bem-vinda, senhorita Rose Cortes, aqui é o local onde você passará os próximos anos até completar 18 anos, idade máxima que é permitido as meninas permanecerem no colégio, quando você fizer 15 anos terá um curso profissionalizante, e aos 17 terá que arranjar um emprego, para quando sair daqui tenha como sobreviver — disse a senhorita Megan. — Além disso, você não poderá sair do colégio, só poderá ter contato com as meninas daqui, horário de se recolher para os seus quartos é às 19 horas, luzes desligadas às 21 horas, em cada quarto dormem 3 meninas, você dividirá o quarto com a Emily e com a Maddisson, elas são 2 anos mais velhas que você, mas cuidarão bem de você, elas têm família fora do colégio, então só permanecem parte do ano aqui, mas você não poderá sair com elas para passar uns dias na casa delas, aqui só estudam meninas ou que são órfãs como você, e tem tudo pago pelo governo, ou meninas de famílias ricas, o caso de suas companheiras de quarto — disse a mulher com uma voz séria enquanto a levava para o quarto. – Além disso faremos testes com você para ter uma noção de conhecimento que você tenha para ver em que série você se encaixa, mas provavelmente entrará na mesma que as suas colegas de quarto que estão na primeira série.

            — Senhorita, eu não tenho outras roupas, somente essas que eu estou usando — disse a menina, envergonhada pelo seu estado.

            — Não se preocupe com isso, aqui vocês só usam uniforme da escola, e terá algumas roupas pro dia de folga, isso arrumaremos depois — disse e, nesse momento, chegam na porta de um quarto. — É aqui que você irá morar de agora em diante — falou, abrindo a porta onde estavam outras duas meninas, uma ruiva e uma com cabelos castanhos. — Meninas, essa é Rose Cortes, ela será a nova colega de quarto de vocês.

            Nesse momento, Rose se sentiu acolhida por aquelas meninas, e as 3 se tornaram grandes amigas e viveriam grandes aventuras.

            Já haviam-se passado 11 anos desde que Rose chegou ao internato da senhorita Megan, uma mulher severa que não permitia que se quebrassem as regras e que punia severamente quem as quebrasse. Nesse período, Rose se transformou em uma linda mulher, com 1,80m de altura, cabelos loiros que viviam presos num rabo de cavalo ou num coque, gostava de praticar vôlei, mas não podia participar de competições fora do colégio.

            Rose durante esses 11 anos tentou se lembrar de seu passado, mas não conseguia, quando pensava só sentia medo e ouvia gritos e de repente o silêncio. Durante esse tempo como foi dito pela senhorita Megan, ela não pôde sair do internato para nada, tanto que com isso já tinha terminado os estudos, pois além de estudar durante as férias ela entrou com 5 anos na 1ª série e com isso terminou os estudos 2 anos antes e agora trabalhava como monitora para as crianças menores, e juntava o dinheiro do salário, para que quando pudesse sair de lá no próximo ano, pudesse fazer uma faculdade, ela já até tinha entrado em uma, estava armando um plano com as amigas para conseguir fugir do colégio, mas não sabiam se daria certo, ela queria fazer arquitetura, pois o curso que ela fez era um de secretariado, mas ela sempre se interessou pela área de arquitetura, e gostava de montar maquetes, atualmente ela estava fazendo a maquete de uma casa que ela sempre via em seus sonhos.

            Nesses 11 anos ela ficou muito amiga de Emily e Madisson, e os pais das duas, apesar de nunca terem visto pessoalmente Rose, só via chamadas de vídeo escondidos que elas faziam, criaram um carinho muito grande pela menina, sempre enviavam presentes para ela em seus aniversários e no Natal, além disso, o pai de Emily, que era um detetive famoso, resolveu tentar ajudar a menina a descobrir mais sobre o seu passado, e no meio dessas investigações encontrou pistas de um possível envolvimento da dona do colégio em desaparecimentos de crianças, crianças que apareciam de repente no colégio e algumas que depois de um tempo no colégio sumiam do dia para a noite, ele contava com a ajuda da filha que sempre informava quando aparecia uma criança nova que diziam que era órfã e sempre mandava fotos para o pai, que foi montando um dossiê sobre a dona do colégio e com isso começou uma operação secreta para investigar mais de perto a dona Megan.

            Naquele verão pela primeira vez em 11 anos lhe foi permitido sair do colégio, pois o mesmo teria que passar por uma reforma, após de alguma forma misteriosa ter dado problema no encanamento de todo o colégio, além de uma tubulação quebrada, forçando uma grande reforma, e não teria como ela ficar lá, então ela pôde passar uns dias na casa de Emily, onde conheceria o pai dela que era detetive e que estava investigando a dona do colégio e ajudou em sua fuga do local, e a mãe que era arquiteta, ambos vinham de famílias ricas, mas apesar de suas heranças gostavam de trabalhar.

            Rose não pretendia voltar para o colégio, para isso iria aproveitar a oportunidade de ter podido sair e o fato de que a família de sua amiga Emily estava se mudando para Albany, para isso conversaria com o pai dela para ele ajudá-la.

            Para essa fuga, as duas tinham entrado escondidas no escritório da senhorita Megan e pegado a pasta com o nome de Rose e tinham deixado uma parecida com papéis em branco, sabendo que não se mexiam naquelas pastas, além disso, Rose pegou todas as suas economias que tinha juntado em 2 anos de trabalho na escola, além de uma mesada que ela passou a ganhar de senhorita Megan, que com o tempo se apegou à menina.

            Naquele dia as duas estavam a caminho da casa da família de Emily com a mesma dirigindo o carro que tinha ganhado de 16 anos.

            — E aí, o que está achando da vida fora dos muros do internato? — perguntou Emily, que tinha acompanhado durante esses 11 anos o tormento da amiga de ter que ficar sozinha no verão sem as amigas, só tendo a companhia de outras meninas que como ela não tinham família.

            — Estou adorando essa liberdade — disse Rose, feliz da vida com a saída. — Você acha mesmo que o seu pai poderá me ajudar a descobrir mais sobre o meu passado? Eu acho que tem algo muito errado na história que me contam, tenho a sensação de que mentem para mim, principalmente sobre aquela mulher Amanda, que às vezes aparece no colégio, além disso, quase não recebemos crianças que estejam passando pelo que eu passei. Essa mulher me dá arrepios e não sei por quê — falou Rose, que apesar de não se lembrar de nada do seu passado, com o tempo começou a desconfiar de algumas coisas, principalmente com a senhorita Megan caindo em contradição às vezes em sua história, e o fato da mulher chamada Amanda só se preocupar com o que acontece com Rose e mais ninguém.

            Sempre que essa mulher aparece no internato, parece só se preocupar com o que acontece com Rose, como ela está, se precisa de ago. Ela já tinha levado outras crianças para o colégio, mas não tinha o mesmo interesse que tinha por Rose.

            Mas o que mais chamava atenção na mulher era que assim como ela já tinha levado algumas meninas para o colégio, ela já tinha buscado outras, alegando que tinha encontrado algum parente vivo, ou então que conhecia alguém que podia dar emprego as meninas, principalmente aquelas que já tinham terminado a escola.

            Mas por algum motivo desde que os professores Antony e Marcos, que eram na realidade policiais infiltrados no colégio, tinham começado a trabalhar lá, Amanda simplesmente, parou de levar as meninas embora, ou aparecer com novas meninas por lá,  além de ter diminuído a frequencia de idas ao colégio.

            — Não acredito que o nosso plano deu certo, a nossa sorte foi que o Tony e o Marcos aceitaram nos ajudar a causar os problemas no encanamento da escola, além de estarem muito interessados em te tirar daquele inferno — comentou Rose, rindo. Antony e Marcos eram rapazes que trabalhavam no colégio, mas na realidade eram dois policiais que estavam investigando um possível envolvimento da dona do colégio com o desaparecimento de crianças e com o tráfico internacional de crianças, e tinham se infiltrado no internato como funcionários, Antony como professor de Educação Física e Marcos como professor de História.

            No meio de suas investigações os dois chegaram a Rose e começaram a investigar e fazer perguntas para a menina, que junto com as amigas descobriram a verdadeira identidade dos dois que por acaso trabalhavam com o pai de Emily, e ajudaram com o plano de fuga de Rose, que já não aguentava mais aquela vida.

*3 anos antes*

            Os professores de história e de educação física tinham pedido demissão durante as férias alegando problemas pessoais e com isso dois novos professores tinham sido contratados, Antony e Marcos Lopes, dois irmãos com aproximadamente uns 35 anos de idade, latinos, supergentis, que tratavam superbem as alunas e que conquistaram rapidamente a simpatia de todas as alunas e professores.

            Eles conversavam muito com as alunas órfãs, sempre perguntando como elas estavam, como tinham parado ali, o que tinha acontecido com os seus pais, entre outras perguntas, mas sempre muito discretos, também conversavam com as outras alunas para não chamar a atenção, mas pareciam ter uma preferência em conhecer melhor as órfãs.

            A única aluna que realmente conhecia os dois era Emily, pois os dois professores eram colegas de seu pai e estavam ali para uma investigação, mas nunca tinha comentado isso com ninguém, porém um dia após mais uma visita da senhora Amanda a Rose, ela resolveu conversar com as amigas e aproveitar e colocar Rose para conversar com Antony e Marcos para ver se os dois conseguiam ajudar a menina a descobrir mais sobre seu passado.

            — Meninas, precisamos conversar — disse Emily, sentando na cama e sinalizando para as amigas fazerem o mesmo. — Preciso contar uma coisa para vocês.

            — O que houve, Emily, você anda muito séria e cheia de segredinhos com os professores novos — comentou Rose, que tinha reparado que a amiga estava diferente desde que os novos professores entraram na escola.

            — Bem, vocês sabem que o meu pai é um detetive, correto? — perguntou Emliy, e as outras duas concordam com a cabeça. — Bem, os professores Lopes, na realidade, não são professores, eles são policiais infiltrados aqui no colégio e estão numa investigação envolvendo o desaparecimento de crianças órfãs ou pobres que vem para esse colégio e com uma determinada idade desaparecem sem deixar pistas, por isso eles têm conversado tanto com as alunas que estão aqui como órfãs, eles trabalham com o meu pai e contei para eles a sua história, Rose, e eles querem conversar com você para tentar te ajudar, eu os tenho ajudado nessas investigações mandando informações pro meu pai e agora ele infiltrou os dois aqui para nos proteger e descobrir novas pistas sobre esses casos.

            — Será que isso vai dar certo? Ninguém antes se preocupou muito com isso, como vou saber se finalmente vou descobrir algo do meu passado? — indagou Rose nervosa e com medo do que pode acontecer.

            — Não custa nada você conversar com eles, e não se preocupe, os dois são de confiança, já trabalham com o meu pai tem alguns anos e ele confia demais neles, além do mais, eu tenho mandado pro meu pai, toda semana, fotos e pistas que eu consigo para ajudar nas investigações sobre as meninas que chegam e saem daqui — disse Emily.

            — Emily tem razão, Rose, converse com eles, talvez eles consigam te ajudar, e mesmo que não consigam, não custa nada, talvez você consiga descobrir algo sobre o seu passado, que é algo que te incomoda — disse Madisson.

            — Vocês têm razão, vou conversar com eles e vamos ver no que dá essa história, tomara que dê certo — disse Rose.

            Naquele mesmo dia Rose conversou com os dois, explicou as suas desconfianças, o que ela sabia da sua história, o que tinham contado para ela, e os dois ficaram de ajudar e criaram um carinho muito grande por ela, e quando ela fez 16 anos e entrou para a faculdade, pois tinha conseguido pular dois anos de estudo com aulas durantes as férias que ajudaram muito, eles a ajudaram a fugir do colégio com a ajuda de um outro policial, eles conseguiram causar um grande problema na tubulação e na parte de energia do colégio forçando uma grande reforma e a retirada de todos os alunos, pois o colégio ficaria um bom tempo sem água e sem luz até conseguirem consertar tudo.

            Os dois aproveitaram e pediram demissão para poder acompanhar as meninas em Albany, e no lugar deles entraram outros dois policiais para continuarem as investigações, eles aproveitariam a mudança para Albany para seguirem algumas pistas que conseguiram na escola sobre uma mulher misteriosa que estava sempre ligada à chegada de meninas que vinham de famílias ricas, mas ficaram órfãs, a única pista que tinham era que ela era conhecida como senhora D.

*Dias Atuais*

            — Já conversei com o meu pai e ele falou que fará de tudo para te ajudar, ele tem contato com pessoas pelo país inteiro e fará de tudo, além disso, ele já teve acesso a alguns documentos que o Tony e o Marcos enviaram para ele e já está analisando para te ajudar — disse Emily, parando na porta de uma mansão. — Está preparada?

            — Estou há 6 anos já — disse Rose, que com 10 anos começou a tentar entender a sua história. — Será que seus pais vão aceitar de me levar junto com eles? — perguntou Rose com medo dos pais de sua amiga a rejeitarem, enquanto sai do carro um pouco nervosa e pegando sua mochila com as poucas mudas de roupa que ela tinha, e sua preciosa pasta de documentos.

            — Claro que vão, eu falo tanto de você quando eu volto para casa que eles falam que parece que te conhecem — disse Emily, rindo. — Além do mais, essa transferência que a minha mãe vai fazer no emprego é a oportunidade perfeita para te levarmos para longe desse colégio e você começar uma vida nova.

            Nesse momento a porta da mansão se abre e de lá sai um menininho ruivo de aproximadamente 11 anos que corre na direção de Emily, sendo seguido de um casal, que veio recepcionar as meninas.

            — Vocês demoraram — disse o menino, abraçando Emily.

            — Oi para você também, Jake, pegamos um pouco de engarrafamento, mas chegamos — falou Emily, abraçando o irmão. — Jake, essa é a Rose, minha melhor amiga da escola e que eu disse que traria nesse verão para vir morar com a gente — disse Emily, virando o irmão na direção de Rose.

            — Prazer, Jake, sua irmã fala muito de você — disse Rose.

            — Ela fala de você também, assim como o Tony e o Marcos quando eles vêm aqui fazer um relatório para o papai do que está acontecendo no colégio, é como se a gente já se conhecesse, seja bem-vinda à família, vai ser legal ter mais uma irmã — falou Jake, abrindo um belo sorriso.

            — Olá, meninas, sejam bem-vindas, espero que tenham feito uma boa viagem — disse a mãe de Emily. — Oi, Rose, me chamo Nancy Thomas, sou a mãe de Emily, seja bem-vinda à nossa casa. Espero que você goste.

            — Eu sou Leonard Thomas, o pai de Emily — apresentou-se o pai.

            — Vamos entrar, o almoço está servido, podem deixar as bagagens que a governanta leva aos quartos, assim aproveitamos para conversar um pouco — disse Nancy, entrando na casa sendo seguida por todos.

            Rose deixou sua mochila ao lado da porta e só levou consigo a pasta com os documentos sobre ela, para poder mostrar ao senhor Leonard e ver no que ele poderia ajudar.

            — Querida, você se lembra do seu tio Carter, de Albany? Bem, ele me chamou para trabalhar com ele na construtora que ele tem, ele disse que após a morte de seus sócios há 11 anos ele tem precisado de alguma ajuda, tanto que tenho sempre dado uma força para ele em diversos projetos, agora resolvemos fundir nossas empresas e ele pediu para irmos para lá, por isso que com você terminando a escola fica mais fácil — falou a senhora Thomas enquanto se serve de comida.

            — Vai ser bom rever o tio Carter, o primo Carter e a prima Kate. E como ficou a história do menino John, encontrou a irmã? — perguntou Emily, animada.

            — John e Carter terminaram a faculdade e estão voltando para Albany, mas como você sabe a lesão que ele teve no acidente é irreversível, mas agora ele consegue levar uma vida normal. Em relação à irmã ele continua na busca e qualquer possível pista ele vai atrás, mas nada até hoje, quem a levou conseguiu apagar qualquer pista que pudesse levar ao paradeiro dela — respondeu o pai, que tem ajudado nas buscas. — Ele terminou a faculdade de direito e vai assumir a parte dele na empresa, que também pertencia ao pai dele, mas a parte da presidência continua com o Carter, e o Júnior terminou engenharia e vai trabalhar na empresa. Agora eles correm contra o tempo, pois se Cecília não aparecer até o aniversário de 18 anos as ações que ela tem direito irão à venda e isso pode ser prejudicial à companhia.

            — Quem é essa menina? — perguntou Rose curiosa, pois não conhecia a história.

            — O irmão do meu pai uns 30 anos atrás fundou uma construtora junto com 2 grandes amigos, o Jason e o Andrew Parker, dois irmãos, essa construtora cresceu muito e há 11 anos esses amigos do meu tio foram viajar para fechar um contrato, um deles estava com a esposa e os dois filhos, o John, que na época tinha 11 anos, e a Cecília, que na época tinha 5 anos, no caminho para Tampa, onde eles fechariam o contrato, eles sofreram um grave acidente, John foi o único encontrado com vida, a Cecília ninguém sabe o que aconteceu com ela, simplesmente sumiu do mapa, como se nunca tivesse existido. John após o acidente foi criado pelo meu tio como era a vontade do pai dele, apesar da viúva do tio dele ter tentado de qualquer maneira impedir isso para que tivesse acesso à herança dele, mas o meu tio tinha uma cópia do testamento do pai de John onde ele deixava claro que a guarda dele e da irmã, caso ocorresse algo aos pais e ao tio de John, a guarda ficaria com o meu tio, parece que o pai de John para não ter tentativa de fraude deixou diversas cópias do testamento — explicou Emily, que tem vontade de estudar Direito.

            — Caramba, que história mais doida, parece até a história de um livro, espero que a menina apareça antes — disse Rose, impressionada com a história.

            Depois do almoço Emily resolveu levar Rose ao shopping para fazer compras para a menina, onde iriam encontrar Madisson, pois as três escondidas tinham se matriculado e sido aceitas na universidade do Estado de Nova York, em Albany, Emily iria fazer Direito, Rose Arquitetura e Madisson faria Medicina.

            Tanto Emily quanto Madisson disseram que Rose não podia ir para a universidade com um guarda-roupa tão mixuruca de 3 conjuntos de roupa e 2 pares de sapato.

*Enquanto isso em Albany*

           

Um belo carro com 3 jovens dentro para na porta de uma bela mansão, dentro desse carro estão John Parker, de 23 anos, e os irmãos Katerine e Carter Thomas, de respectivamente 16 e 22 anos, Carter e John estão voltando após terminarem a faculdade e Katerine resolveu após terminar a escola fazer faculdade em sua cidade natal, na esperança que sua melhor amiga aparecesse depois de quase 12 anos desaparecida.

            Os três tinham mudado muito ao longo dos anos, Kate tinha a pele morena com cabelos pretos que iam até a cintura, 1,70m de altura, jogava vôlei na escola, Carter tinha o mesmo tom de pele e o mesmo cabelo da irmã, só que curto, e jogava vôlei também, já John, era loiro, tinha 1,90m de altura e praticava triatlo, tudo adaptado para sua paralisia, que era sequela do acidente que matou seus pais e tinha causado o desaparecimento de sua irmã.

*11 anos antes*

            Já fazia duas semanas desde o acidente, e John ainda estava internado, mas a sua recuperação estava sendo rápida, no entanto o que lhe preocupava era o paradeiro de Cecília, que continuava desaparecida. Ele já tinha prestado depoimento e contou o que se lembrava, que de repente o pai começou a reclamar que o freio estava estranho e que iria parar no próximo posto para pedir que olhassem isso, mas que de repente um cervo entrou na frente do carro e quando o pai tentou frear e desviar, perdeu o controle do carro, bateu na árvore e capotou.

            Depois do depoimento o detetive responsável pelo caso ficou de entrar em contato novamente com novidades, mas sempre dizia a mesma coisa, que ainda não tinham pistas e que provavelmente quem levou Cecília levou para não devolver mais.

            John iria receber alta naquele dia, mas não sabia ainda para onde iria, estava com medo de ter que ir morar com a viúva de seu tio, pois não confiava naquela mulher, que queria de qualquer maneira a guarda dele, até aparecer com um testamento do pai apareceu, o qual dizia que a guarda dele a da irmã iria para ela mesmo que Jason morresse, mas o senhor Carter na mesma hora viu que era falso pelo fato de ter uma cópia do testamento de Andrew no qual ele dizia que a guarda iria para Carter se algo acontecesse a Jason.

            Naquele momento entra o tio Carter, discutindo no telefone com alguém, e estava irritado, o que era raro de se ver.

            — Já mandei avisar para a sua cliente que ela não terá a guarda do John, que o testamento de Andrew era claro, que se algo acontecesse com ele e Jason a guarda das crianças era minha e ponto final, meu advogado tem a cópia que Andrew deixou comigo onde ele deixou isso claro, então não tem discussão, e se ela continuar insistindo terá que conversar com o meu advogado — disse o senhor Carter, desligando o telefone.

 — Desculpa, John, era o advogado da sua tia insistindo que você tem que ir morar com ela e ficar com a sua família, mas conhecendo aquela mulher é capaz de ela te mandar para um internato e te interditar para ficar com a sua herança — disse o senhor Carter, acalmando-se. — Pronto para sair desse hospital?

            — Estou pronto desde o dia que eu acordei — respondeu John. — Teve alguma notícia do paradeiro de Cecília? — perguntou John, que continua na esperança de reencontrar a irmã.

            — Ainda não, mas não irei desistir até encontrá-la, nem que isso leve toda a minha vida, Cecília voltará para casa — disse o senhor Carter, empurrando a cadeira de rodas de John.

            E assim que começou a nova vida de John com a família Thomas, como era o desejo de seu pai foi morar com o melhor amigo dele e sua família, e eles nunca perderam a esperança de encontrar Cecília, mesmo após o arquivamento do caso pela polícia.

            Após o arquivamento eles contrataram um detetive particular para continuar as investigações e tentar encontrar a criança desaparecida.

*Dias Atuais*

            Os três eram como irmãos inseparáveis, John morria de ciúmes dos namorados que Kate arranjava, como qualquer irmão, ele e Carter sempre se juntavam para espantar os namorados da garota, principalmente aqueles que eles não aprovavam.

            — A tia Nancy, o tio Leonard e a prima Emily devem chegar essa semana também, pelo que a mamãe falou — comentou Kate.

            — Pelo que eu ouvi parece que Emily vai trazer 2 amigas da escola e as 3 vão estudar na mesma faculdade que você — disse Carter.

            — Pelo que ela me disse é a Madisson, que a gente já conhece das férias que passamos lá, e a outra menina se chama Rose, que era colega de quarto das duas, no entanto por ser órfã não saía da escola, mas que parece que é muito inteligente, tanto que conseguiu uma bolsa de 100% para a universidade e terminou a escola mais cedo, como eu. Mas parece que elas desconfiam de algumas coisas ligadas ao passado dessa menina que chegou ao colégio sem memória e foi deixada lá, e que desde o início foi proibida de sair. A história é muito confusa e a Emily disse que me contaria melhor quando chegasse, pois ela não quer que saibam onde essa amiga está até chegarem aqui, visto que podem pegá-la e mandá-la de volta para o internato — comentou Kate.  

— Mãe, pai, chegamos — avisou Kate, abrindo a porta de casa.

            — Que bom que vocês chegaram, o almoço está na mesa — disse Melissa, feliz ao ver seus três filhos mais velhos de volta ao lar. — Como foi a viagem de volta para casa? — perguntou ela, abraçando cada um dos 3.

            — Cansativa, mas é bom estar de volta — todos responderam.

            — Cadê Sophie? Achei que a pirralha estaria aqui para nos receber de volta — indagou Kate, estranhando a ausência da irmã mais nova.

            — Está na escola, hoje teve uma feira e ela teve que participar e pediu para eu levá-los lá depois do almoço — respondeu Melissa, com orgulho da filha mais nova.

            O almoço passa com os garotos contando as últimas novidades para a mãe, afinal, Melissa nesses 11 anos cuidando de John, virou uma segunda mãe para ele.

            Após o almoço os 4 saem e vão para a escola Cecília Parker, uma escola fundada pela família Thomas há 4 anos em homenagem à menininha de cabelos cacheados loiros que nunca foi esquecida por eles e sempre está em seus pensamentos, e que nunca mais foi vista, para encontrar a caçula da família que vai apresentar um trabalho sobre a independência do país juntamente com os seus colegas de classe.

*Enquanto isso na casa dos pais de Emily*

           

Leonard Thomas se encontra em seu escritório analisando os documentos entregues por Rose, além dos documentos enviados por seus agentes infiltrados no colégio e encontrando algumas inconsistências neles, além de pesquisar dados contidos nos mesmos na internet, e também encontrando alguns furos, ao que indicava, Rose podia ser uma das vítimas de sequestro, fazendo com que a necessidade de tirá-la da cidade ficasse mais forte e necessária, além de precisar estudar os arquivos de crianças desaparecidas na época do aparecimento dela no internato.

            Para não ter problema por levar a menina embora do internato, antes de tirá-la de lá Leonard entrou com uma petição pedindo a guarda dela, alegando que a menina era órfã e estava largada num colégio interno e que ele e a esposa queriam dar uma vida normal para ela, e conseguiram, com isso puderam matriculá-la na faculdade e poderiam levá-la para morar com eles sem problemas.

            O que mais chamou a atenção dele foi o fato de que Rose apareceu no colégio 2 dias após a tragédia envolvendo a família Parker, na qual uma menina da mesma idade dela desapareceu, além desse caso, mais dois chamaram a atenção dele, envolvendo o desaparecimento de meninas na mesma época, mas para isso ele precisava entrar em contato com os detetives responsáveis pelas investigações na época.

            Ele resolve não levar suas suspeitas para a menina para não criar falsas esperanças, pois podia ser uma grande coincidência, então resolveu entrar em contato com o detetive que investigou esse caso, só que o mesmo tinha mudado de cidade já fazia uns 3 anos, mas prometeu tentar ajudar e iria solicitar a um antigo colega que mandasse os documentos digitalizados para ele, mas isso demoraria um pouco, pois o colega estava de licença médica e demoraria uns 2 meses para voltar para a ativa e mais um tempo para conseguir enviar tudo, pois o caso tinha sido arquivado.

            Os outros dois casos ele precisava estudar um pouco mais para poder descobrir quem investigou na época para poder entrar em contato e pedir ajuda, com as suas, mas já sabia que em seu escritório na nova casa montaria um mural onde colocaria todas as informações que tinha e as que tivesse acesso.

            Depois disso, ele desliga o computador, o guarda na pasta e o coloca junto das malas que já estavam prontas e nesse momento chegam as meninas carregadas de bolsas, e uma Rose sem graça, pois Emily a tinha feito experimentar e comprar um monte de roupas pagas pela menina e pela mãe dela.

            — Não acredito que você me convenceu a comprar tanta roupa, Emily, não preciso de tanta coisa assim, além disso, onde vou levar tanta roupa? Eu trouxe apenas uma mochila que era onde cabia o que eu tinha.

            — Querida, você vai começar uma vida nova, vida nova, guarda-roupa novo, além disso o que mais temos aqui são malas, posso te emprestar uma, e mesmo assim quando chegarmos em Albany e você conhecer a Kate, você vai ver o que é uma doida por compras — disse Emily enquanto as duas sobem as escadas para terminarem de arrumar suas coisas, pois  eles pegariam o voo aquela noite.

            — Já vi que se for depender de você e da sua prima, tenho que chegar lá e arranjar um emprego que pague bem, pois senão não sei como pagarei as minhas contas, já que não vou viver às custas dos seus pais para sempre, só apenas enquanto eu não conseguir nada— disse Rose, rindo.

            — Você acha que só com 3 opções de roupa ia conseguir algo? É claro que não, por isso que também compramos algumas roupas que ficarão ideais para entrevistas de emprego — disse Emily. — Só acho que você tinha que ter comprado uns cordões e pingentes novos, além dos anéis e brincos, esse que você usa já está muito velho.

            — Por algum motivo que eu não lembro, não consigo me afastar desse cordão, ele deve ter algo a ver com alguém do meu passado — disse Rose, segurando o seu amado pingente de pássaro com pedras azuis.

            — Que bom que vocês chegaram, meninas, terminem de arrumar as malas que daqui a pouco teremos que sair, o voo é às 9 horas da noite — disse Nancy, indo receber as meninas na porta.

            — Já vamos, mamãe, está faltando guardar poucas coisas, tomar um banho e estaremos prontas — falou Emily, subindo as escadas acompanhada por Rose.

            As meninas terminam de guardar as compras, tomam um banho, pegam as suas malas e saem do quarto para encontrar o resto da família para irem pro aeroporto.

            — E os móveis, vocês vão fazer como? — perguntou Rose, curiosa com o fato de nenhum caminhão de mudanças ter passado para levar os móveis.

            — A casa nova já é toda mobiliada, e a minha mãe pediu para montarem um quarto para você morar com a gente lá, quando soube do nosso plano de fuga, até a Madisson vai ter um, a minha mãe disse que assim vocês não têm que se preocupar com moradia e aluguel enquanto estiverem na faculdade — respondeu Emily. — Ah, antes que eu esqueça, a minha mãe pediu para avisar para você não se preocupar em procurar emprego quando chegarmos lá, ela está precisando de uma secretária nova com a mudança, então eu contei que você fez o curso de secretariado e ela disse que a vaga é sua.

            — Ela não precisava fazer isso, parece até que eu estou querendo me aproveitar da nossa amizade — falou Rose sem jeito.

            — Eu estava conversando com ela e comentei com ela o seu sonho de ser arquiteta e que pretendia procurar um emprego quando chegássemos em Albany, e disse que você tinha feito o curso de secretariado, então ela viu uma boa oportunidade para você conhecer como é o dia a dia de um arquiteto trabalhando com ela, minha mãe apesar de ter te conhecido agora, ela diz que parece que já te conhece faz muito tempo, pois sempre falava de você, então ela criou um carinho muito grande por você.

            — Também tenho um carinho por ela e pelo seu pai, pois eles, apesar de não me conhecerem, foram as únicas pessoas além dos pais da Madisson que se preocuparam em como eu estava ou se eu precisava de algo, ninguém nunca fez isso por mim durante esses últimos 11 anos — disse Rose, lembrando-se que os pais das amigas sempre que podiam falavam com ela por telefone, mandavam presentes de Natal e aniversário e sempre tiveram carinho por ela. — Agora vamos que estou ansiosa por Albany, alguma coisa me diz que serei feliz lá — falou Rose, entrando no carro sendo seguida pela amiga.

            E assim os 5 partiram para o começo de uma nova vida cheia de novidades e segredos a serem descobertos e amizades a serem retomadas.

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